Dez Desejos escrita por Gii


Capítulo 50
Ele ainda é apenas um garoto


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Capitulo 51 — Ele ainda é apenas um garoto.

Seth

Eu estava tentando não demonstrar. Estava tentando aguentar o máximo possível em silencio, me mostrando forte e determinado, mas eu não conseguia esconder por completo o real estado que eu estava por dentro. Destruído, em caos completo.

Eu tentava agir como... Como se estivesse tudo bem comigo e com Anna quando ela se foi, mas eu sabia que não estava tudo bem. Eu ainda podia sentir aquele aperto no peito que dava — agora — mais raramente, mas que eu sabia que era por causa dela e de seu desejo de querer acabar com o nosso imprinting.

Anna queria me dar livre passagem para Carol, mas ela não sabia metade da situação. Eu não podia deixar que ela agisse antes de eu poder falar. Precisávamos conversar antes que a flor acabasse em suas mãos e Anna acabasse fazendo alguma besteira.

Eu não sabia se tinha mais medo era da flor nas mãos de Renesmee ou de Giovanna. Estou enlouquecendo aos poucos, só pode.

E o pior de tudo é não ter qualquer noticia dela. Nenhuma dor em meu peito para dizer que ao menos viva ela estava. Tudo estava parado demais. E eu estava começando a ficar com medo de todo aquele mar de calmaria.

Talvez, e eu estava torcendo para que aquela possibilidade estivesse totalmente errada e que era apenas coisa da minha cabeça, mas talvez... Talvez o desejo de Giovanna de não ser mais o meu imprinting já tenha acontecido e eu não havia percebido.

E aquilo fazia sentido, já que eu não sentia mais nenhuma emoção de Anna em mim como acontecia com frequência antes. Nenhuma dor, nenhuma alegria em excesso, nada. Talvez eu devesse perguntar para Jon se ele sentira alguma coisa naqueles tempos... Mas olhando para ele agora, pendurado de ponta cabeça no lustre daquela sala colorida rindo aos litros enquanto alguns passageiros tentavam acerta-lo com taco de beisebol, como se ele fosse uma piñata ou algo do tipo... Eu desisti. Ele parecia estar se divertindo.

Eu sai daquela sala abafada e cheia de fumaça e comecei a vagar pelos corredores atrás da escada que me levaria de volta para o andar superior.

Eu precisava de ar limpo e sem todo aquele cheiro de maconha que parecia que estava em todo o lugar aqui em baixo.

Meus pés estavam pesados e meus ombros pareciam pesar quilos enquanto eu andava. Desisti de andar mais ou menos alguns segundos depois, sentindo que eu desabaria ali mesmo no corredor.

Não, eu não podia deixar ninguém ver o homem destruído que eu estava por dentro. Eu estava fazendo o meu papel de homem forte e determinado e... Droga, quem eu estava tentando enganar?

Deixei meu corpo encostar-se à parede do corredor que tinha luzes de natal pendurada por todo o teto e deslizar até o chão sentindo as lagrimas que se formavam nos meus olhos.

Meu corpo parecia pesar agora mil quilos e minha mente só pensava, imaginava e implorava por Anna. Minha abstinência dela estava fazendo efeito maior agora.

Eu tentei não pensar naquilo até agora. Evitei com pensamentos somente felizes e lembranças boas de nós dois juntos, como quando fomos visitar Sue ou Emily alguns dias antes de sua festa... Mas agora não havia como mais. Os pensamentos voltaram, trazendo todas as minhas inseguranças e tudo que tentei fugir até agora.

A lembrança de quando Anna se foi, saindo por aquela porta, minha ultima imagem dela era seu olhar de traída que me lançou. Havia magoa e tristeza em seu olhar. Acusações que eu não tive tempo de contestar.

Droga, ela tinha mesmo que sumir em nossa primeira briga de verdade? Será que se eu tivesse evitado tudo aquilo, ela ainda estaria aqui nos meus braços, dizendo que ela acabaria virando um sorvete derretido de tanto tempo que fica perto de mim?

Eu só queria encontra-la e implorar o seu perdão, implorar para que ela não se vá e apenas... Apenas fique mesmo que seja para ficar com Jonathan. Eu não me importaria se o preço para tê-la em minhas vistas e em meu alcance fosse Anna ser de Jon. Não me importaria de ser só mais um na multidão desconhecida para ela se eu apenas pudesse... Pudesse ter certeza todo o dia que ela estaria bem viva e segura.

Ouvi algo como um soluço, e por um segundo me perguntei quem fez esse barulho estranho, só para depois perceber que quem fizera fora eu.

Eu estava chorando. Encolhi-me entre um soluço e outro.

— Homens não choram, Seth — Eu me recriminei com a voz embargada, limpando as lagrimas.

— Homens que nunca amaram, não choram. — Jacob falou me assustando. — Chorar não é nenhum pecado, Seth.

Eu me coloquei de pé em um pulo limpando as lagrimas com rapidez.

— Jacob! Eu só... Eu só estava... Não é o que você está pensando.

Jacob sorriu torto para mim, levantando uma sobrancelha de maneira irônica.

— Vai dizer que estava suando pelos olhos? — Ele riu sarcástico

Eu encolhi os ombros evitando e Jacob se aproximou de mim.

— Não tem que ter vergonha das lágrimas, Seth, porque elas são uma das coisas mais puras que podemos ter em alguns momentos. — Ele disse passando a mãos em meus ombros para me dar apoio — Só porque somos Homens, não quer dizer que somos monstros sem sentimentos.

Jacob disse com a mão em meu ombro. Vi que em seus olhos havia compreensão e confiança. Jacob parecia querer me ajudar até mesmo quando não havia como, a não ser simplesmente ficar ao meu lado, me assistindo chorar como um besta.

Ele sempre me ajudou. Sempre foi meu irmão mais velho e me deu conselhos. Se eu podia pedir um irmão melhor? Nunca.

— É só... É só que dói tanto irmão... — Eu disse já sentindo meus olhos se encherem de lagrimas — Eu não sei se consigo aguentar toda essa falta... É como se houvesse um grande buraco em meu peito, Jake. E eu não estou conseguindo sobreviver sem ela... O que eu faço? Eu quero tanto...

E eu não consegui dizer mais nada. Apenas desabei no ombro dele por alguns minutos, me encolhendo e chorando tudo o que estava guardado dentro de mim todo aquele tempo.

Sem Anna eu era um homem destruído.

Sem Anna eu voltava a ser apenas um garoto e não mais o homem que eu batalhava para ser

Jacob.

Mas do que nunca eu pedi, em silencio profundo, apenas ouvindo o som dos soluços de Seth, para que Deus, Deuses, Semideuses e todo e qualquer ser divino existente nos ajudassem. Implorei por uma solução á aquela tempestade de neve que desabava sobre nós e uma maneira, mesmo que a mais difícil e impossível, de salvar finalmente Anna e Leah para enfim cessar aquela situação.

Seth continuava a se encolher e chorar em meu ombro, como o garoto que ele ainda era, mesmo depois de todos aqueles anos e sua idade já maior. Seth seria para sempre apenas um garoto e mesmo que ele contestasse e as vezes até mesmo tinha certas atitudes de um adulto, ele sempre seria apenas um garoto que cresceu rápido demais.

Eu sabia que o garoto não aguentaria muito tempo antes de sucumbir novamente a dor. Eu mesmo sentia naquele momento a minha própria dor querendo se libertar como a dor de Seth fazia. Nós estávamos cansados de tentar sermos tão adultos e maduros.

Eu estava cansado de ser forte. Cansado de ter tanta coisa sobre meus ombros.

Leah sumida, Anna sequestrada, Renesmee pirada, Claire machucada, Quil estressado, Seth destruído e ainda Howtheir...

Todos mais um problema que eu tinha pendente. Eles eram os carros e eu o mecânico velho e cansado.

Eu me deixe sentar no chão do corredor ainda com o garoto pendurado em meu ombro a soluçar. Tudo o que eu queria era uma solução para todos esses problemas. Uma única solução que nos ajudasse com tudo e com todos.

Deixei que as lágrimas caíssem dos meus olhos enquanto eu os fechava e encostava minha cabeça na parede, deixando minha mente ser dominada por todos os problemas, por todas as incertezas e todas as lembranças ruins que eu tinha guardado todos aqueles anos e finalmente chorar toda a dor da minha alma que havia se acumulado, exatamente como Seth estava fazendo.

Porque até mesmo os mais fortes têm seus momentos de fraqueza. E são depois desses momentos, de superar esses momentos, é que vem o impulso para a vitória.

Aquela noite foi a mais longa de toda minha vida e tenho certeza que também foi a de Seth, mas ao final, quando nós já não tínhamos mais lágrimas e toda a dor pareceu se esvair boa parte em nossas lágrimas já secas, eu me senti mais aliviado e mais leve. Me sentia preparado para enfrentar tudo aquilo que ainda estava por vir á frente.

Um sono sem sonhos ou pesadelos se seguiu depois daquilo, onde eu e Seth nos enfiamos na sala cheia de espumas de travesseiros que eu vira Jon dentro algum dia.

O dia seguinte eu esperava que um milagre houvesse acontecido e mesmo que esse milagre não acontecesse, nós faríamos ele acontecer e sairíamos logo dessa casa.

Não havia mais tempo para espera e tenho certeza que ninguém aqui quer esperar por mais nada.

Ainda em minha semiconsciência ouvi Quil chamar no corredor, a procura de mim e de Seth e pela primeira vez, sua voz parecia animada.


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