Capitulo 20 — Os Cullen são um problema a parte.

Pov Jacob Black

Caos.

A família Cullen não tinha palavra melhor para descrevê-la.

Desde o momento em que Nessie colocou os pés em casa, dizendo que foi sequestrada, berrando a sua explicação chorosa, todos os Cullen simplesmente enlouqueceram por um par de horas. Eu estava no meio, bufando de raiva, assistindo como o caos fazia efeito em uma família de vampiros.

Sendo sincero, a culpa foi toda da Rosalie. Ela tinha que ser estourada e sair correndo como uma louca, caçando a garota sem saber de toda a história? Nem foi realmente grave para ela querer o pescoço de Anna, mas ela sequer quis saber.

Assim que Renesmee contou, logo que chegou em casa das compras da Rosalie, todos ficaram bravos, é claro. Havia um incrível instinto protetor na família para com Renesmee e qualquer ameaça, mesmo que mínima, sempre causou o pior efeito em nós. Havia como esperar coisa menor ao ouvir da boca da própria Ness que ela fora agredida por um cara?

Tudo pareceu ainda pior quando, ao invés de ela contar diretamente para nós, ligou para Claire (quem não tinha nada a ver com a história) e jogou a história sobre todos os vampiros que tem uma audição boa demais para deixar algo como aquilo passar. No fim, todos chegamos a mesma pergunta: quem foi o retardado que pensou em sequestrar uma meia-vampira?

A conclusão de Renesmee sobre ser Anna quem mandara aqueles homens atrás dela tornou tudo pior. Uma raiva incendiaria foi imediata contra a garota. Não havia como não fircarmos bravos e irritandos com a situação.

Todos andavam de um lado para o outro, dizendo especulações e xingando quando Edward fez todo mundo parar de falar. Até aquele momento, havia passado meia hora da declaração de Renesmee e ela havia sido levada ao quarto para ser consolada por Bella.

Edward ficou irado quando ouviu outra versão na mente de Renesmee, muito diferente da versão em que ela contara. A verdade era que Nessie nem sabia se foi a Anna mesmo que mandou ele atrás dela. Não podíamos tomar ela como culpada sem ter a certeza.

Porém o estrago já havia sido feito, pois Rosalie não estava mais lá para ouvir o que Edward tinha de novo para dizer. Renesmee havia mudado sim a história e a aumentado em proporções gigantes e agora, Rosalie estava correndo como louca atrás de Anna, querendo explicações e talvez uma vingança.

Todos saíram atrás de Rosalie e eu fui à floresta com a intenção de achar algum lobo que estivesse perto sufiente da casa de Seth para avisa-lo de Rosalie. Para minha surpresa Seth estava como lobo e o aviso que eu iria dar se tornou uma discussão rapidamente. Quil havia chegado primeiro, pré avisado por Claire. Seth ofendeu diretamente Renesmee e não houve como eu não defende-la.

“Você é um imbecil, Jacob! Todas vez ela faz uma coisa dessas! E o pior, você continua a seu favor, passando a mão na cabeça! Por isso ela é a arrogante e imprudente que é!”

“Cale a boca, Seth! Você não tem nenhum direito de falar qualquer merda de mim!! Sua amada Anna parece que mente aos montes para cima de você também!!”

Ele rosnou alto, ainda correndo desesperadamente pela floresta.

“Nem sonhe em compara-las!”

“Vocês querem parar de brigar?? Temos algo mais importante para fazer agora!” Interrompeu Quil, que corria em sua forma de lobo muito mais próximo de Anna do que eu ou Seth.

Na mente de Quil, vimos quando ele pegou o cheiro de Anna pelo ar antes de chegar na casa de Sue. Ela havia saído de casa e pego a estrada, e Quil não gastou seu tempo indo até lá para conferir, confiando no rastro fresco dela.

Porém, ele não foi o único a pegar o cheiro da garota. A chuva ajudou a deixar seu cheiro mais forte e o vento forte o levava longe. Quando sentimos pelo nariz de Quil o cheiro doce de vampiro, foi impossível ficar parado. Rosalie havia chegado incrivelmente rápido a aquela parte de La Push.

Quando Quil emparelhou com Rosalie em corrida, a vampira pareceu ainda mais irada. Os dois correram no meio da estrada, com Rosalie correndo para alcançar a garota e Quil tentando impedi-la, sem se preocuparem em ser vistos em uma estrada sem movimento como aquela.

Nisto Seth havia pego um atalho e estava à alguns minutos de alcança-los.

Com Seth e Quil quase ao alcance de Rose, eu diminui o passo. Dois lobos eram o suficiente para conter ao menos a ira da vampira. Ela não conseguiria fazer nenhum mal à garota.

Pelo menos foi o que eu pensei antes de tudo acontecer.

Foi Seth quem viu tudo. Ele saiu muito mais á frente da estrada e acabou por descobriu que estava antes de Anna passar. Anna despontou na estrada e Seth viu quando Quil e Rosalie aparecerem logo atrás, perto o suficiente de uma Anna que lutava para manter-se em cima da moto que dirigia sob a chuva forte.

Seth ladrou, gritando para Quil malditamente parar aquela vampira. Quil deu impulso com as patas trazeiras, conseguindo saltar sobre a vampira e a fazer rolar no chão junto com ele. O som do corpo de granizo raspando no chão foi ensurdecedor e Seth assistiu quando aquilo assustou Giovanna e ela perdeu o controle da moto.

O uivo que se seguiu foi longo e estrangulado, atravessando pelos nossos pensamentos na forma de um chamado pelo nome dela.

Nunca vi Carlisle tão bravo com qualquer um dos filhos como ficou com Rosalie, que apesar de ter se machucado um pouco com a pequena luta, não ficou um terço do que Anna ficara.

Quando ela chegou ao hospital, Carlisle já estava esperando, correndo com a garota para dentro da emergência. Depois de horas, que pareceram eternidades, sem noticias, Carlisle apareceu e deu à terrível noticia de que a garota tinha grandes chances de ficar paraplégica.

Assim que Carlisle teve a oportunidade de ir para casa, houve uma briga realmente feia. Rosalie havia causado precitadamente o acidente de uma garota que ela sequer tinha certeza de que fizera algo e agora, as consequências disto estava afetando diretamente os lobos.

Eu havia assistido a briga pois fui obrigado à avisa-los que todos os Cullen (Menos Carlisle) não estavam autorizados à chegar perto do hospital. Seth havia pirado e eu não pude fazer nada além de concordar com ele quando exigiu que todos os Cullen ficassem bem longe de Anna.

Sua fúria não era algo discutível naquele momento e eu apenas concordei, deixando ele se acalmar para que pudéssemos resolver as coisas de uma forma mais racional no futuro.

Renesmee também havia se dado muito mal nas mãos de Edward. Debulhou-se em lágrimas na palavra ‘paraplégica’ e implorou perdão, contando a verdade, porém ainda se recusava a mentalmente mostrar realmente toda a verdade a ele. Aparentemente ela sabia como editar algumas coisas em sua mente para engana-lo e insistia que o cara havia feito realmente muito mal à ela, mas não mostrou o seu real rosto.

Quando Carlisle fez um sermão para ela, dizendo “Não se deve contar mentiras e que a sua mentira quase custou a vida de alguém...” A família se dividiu. Alguns contra Carlisle ser tão severo com ela e outro contra.

Renesmee só se tocou mesmo do estrago quando ele a proibiu de fazer o que ela mais gostava, ou seja, sair com os amigos e ir ás compras e ficaria agora o dia todo trancada no quarto, por um mês, pensando no que fez.

Ela pirou de raiva e gritou com todos.

E por eu não ficar só do lado dela, dizendo que ela estava certa em mentir e tudo mais, ela acabou brava comigo! Com isso, várias brigas se fizeram entre nos durante toda a semana.

Hoje pela manhã, Carlisle chegou anunciando que Anna não tinha ficado por fim paraplégica, deixando todos intrigados. Parecia um fato certo que ela ficaria. Quando foi questionado de como poderia ter ficado ilesa, tendo em vista que ele mesmo havia praticamente afirmado isso, ele não respondeu, falando algo sobre milagres.

Milagre nada, pois Edward pareceu bem surpreso pelo que lia na mente do seu suposto pai, então sabíamos que havia algo escondido. Todos da casa dos Cullen pediram — na verdade imploramos de joelhos — pra Bella tentar arrancar alguma coisa dele e saber o que o Dr. Presas escondia, mas tudo o que ela conseguiu foi uma discussão feia com ele.

Entrei no quarto de Ness, com medo que ela brigasse novamente comigo. Essa semana ela estava incrivelmente irritadiça e qualquer coisa era motivo para briga. Nem eu conseguia domar totalmente ela, mesmo com todos os meus métodos de agrado.

Bati na porta aberta levemente antes de entrar, lembrando do motivo da nossa ultima briga (Não bater na porta).

— Ness? — chamei baixinho, esticando a cabeça pra ver dentro do quarto e a procurando pelo quarto.

Ela estava sentada na cama, de pernas cruzadas e quando me viu me mandou um olhar assassino.

— O quê? — ela perguntou seca.

— Nada. — eu disse de mansinho, entrando de vagar no quarto — Só vim aqui te ver.

Sua expressão melhorou bastante com o agrado — Me deixando um tanto aliviado — e até se iluminou um pouco. Eu tomei aquilo como bom pressagio e entrei no quarto de vez, mas ela me recebeu com a fatal pergunta:

— Veio me julgar também? Ou veio arranjar um motivo pra brigar de novo? — ela perguntou com sarcasmo na voz.

— Você sabe muito bem que eu nunca te julguei — respondi manso — e já acabaram nossos motivos pra brigar, de tanto que já brigamos! Não tem mais como nós brigarmos por mais nada.

Ela formou a carranca. A cara de brava apareceu ali e eu já dei um pulo pra ficar em pé, me mantendo longe.

— Você está me acusando de brigar com você por nada, Jacob Black? Quer dizer que só apareceu aqui porque não tem mais motivos pra gente brigar? Que agora a barra ta "limpa"?

— Não, não foi isso que...

— Se você acha que eu brigo demais, que eu sou um pé no saco pra você, porque não arranja outra namorada? — Ela gritou me empurrando porta a fora e eu me deixei ser empurrado até bater na parede do corredor — Ah! Melhor ainda, arranja outro imprinting e vá embora da minha maldita vida!!

BANG!

Ela bateu a porta na minha cara e assim permaneceu após três horas, mesmo que eu insistisse o tempo todo, completamente contra qualquer forma de contato comigo.

— Ness, por favor, por favor, abre a porta. — eu murmurei já cansado daquela situação. Por que aquela garota era tão cabeça dura??

— Não! Eu já mandei você ir embora! — Ela berrou de dentro do quarto pela primeira vez desde que bateu a porta na minha cara — Eu não sou um problema para você? Arranje outro imprinting já que sou tão ruim assim! Vá embora!!

Eu suspirei. Que garota cabeça dura! Já sei até pra quem puxou isso...

— Renesmee, eu nunca vou arranjar outro imprinting! Nós nascemos com isso e é impossível trocar você por qualquer outra!!

Assim que pronunciei tais palavras foi como se o mundo completamente parasse. De um modo muito testranho, todas as cores ao meu redor começaram a borrar, como se o vento tivesse levado as cores para fora das linhas e misturado a cor da parede com a cor dos moveis.

Uma voz sussurrante começou a crescer ao meu redor, entoando um tipo de mantra que no começo era impossivel de entender, mas que aos poucos, foi ficando mais alto e forte, como se cantasse dentro de mim e eu entendi. Meu sangue gelou.

Eu tentei me mover, mas minhas pernas pareciam pesar mil toneladas e mesmo com minha força "extra" eu continuava preso no chão.

Tentei tampar meus ouvidos com as duas mãos e tentar conter o fluxo de palavras, mas não adiantava em nada. A voz parecia atravessar minha mão e penetrar em meu cerebro.

Então, vindo com as folhas e o vento, um homem se materializou na minha frente, como se fosse de areia. Como se alguém fizesse um castelinho de areia e se transformasse nele.

Ele tinha um brilho amarelo, que lhe dava um ar divino característico e uma barba branca longa. Sua aparência era de um homem de 40 anos, com cabelos brancos e uma coroa dourada. Usava uma roupa branca, que eu jurava que já vira em um livro de história, que parecia mais um vestido.

"Renesmee sofra... Imprinting existente... quebre...".

Repetiu ele com sua voz era grossa e forte, com um sorriso torto no rosto.

— Jacob Black. Encontramos-nos novamente, não?