Maria Joaquina narrando

Depois que eu e Daniel finalmente nos acertamos, decidimos que nós falaríamos com Marcelina e Mário sobre isso, mas logo enquanto nos beijávamos a chuva deixou de ser uma garoa fina para uma chuva mais forte, digamos que ficou três vezes mais forte do que antes.

–E agora? Como vamos contar a novidade pra eles?- perguntou Daniel.

–Você trouxe o seu celular?- perguntei.

–Claro que trouxe, olha.

–Então, liga pro Mário que eu ligo pra Marcelina.

–Ótima ideia.

E assim nós dois começamos a discar os números deles, mas foi quando um bipe soou no meu ouvido, pensei que o telefone estivesse sem bateria, mas estava em 85% ainda, então qual era o problema? A resposta eu descobri quando eu percebi que em cima da tela estava anunciando que não tinha sinal.

–Merda!- esbravejou Daniel.

–Acho que eles não imaginariam que nós íamos trazer nossos celulares pra cá e não colocaram sinal aqui.- concluí.

–É claro, só pode ser isso, mas tudo bem, de qualquer maneira, uma hora essa chuva vai ter que passar, quando ela passar a gente fala com eles né?

–Tá, mas o que vamos fazer nesse tempo todo?

–Que tal assistirmos um filme? Tem alguns lá em cima do DVD.

–Pode ser, mas eu escolho.

–Tá bom.

Quando entramos na sala, percebi que havia cinco filmes em cima do aparelho de DVD, mas enquanto Daniel escolhia, liguei a tevê pra conferir se ela estava ligada, porque se lá não tinha sinal de celular, podia também acabar ficando sem luz quando chovesse, mas por sorte, tanto o aparelho de DVD quanto a televisão estavam ligadas.

–Escolhe...- disse ele, colocando os filmes na mesa de vidro da sala, quando olhei os filmes, fiquei em completa dúvida, todos eles eram legais e eu gostava. Tinha "Percy Jackson e os Olimpianos", "Harry Potter", "Jogos Vorazes", mas apenas um filme, "Loucas pra Casar" e "Procurando Nemo", claro que nós já estávamos bem grandes pra assistirmos esse último filme, mas mesmo assim tinha lá, escolhi o que eu achei mais convincente.

–Prefiro Loucas pra Casar.- respondi.

–Tá, depois vamos ver Harry Potter.- disse ele já colocando o filme dentro do aparelho.

E assim passamos o resto da tarde, assistindo filme, ele ficou abraçado comigo o tempo todo enquanto eu apoiava minha cabeça na dele, de vez em quando ele me olhava, como se estivesse me perguntando o que eu estava achando do filme e eu respondia que sim com a cabeça, só faltava ali um chocolate quente, ou uma pipoca com uma bebida, mas estando vendo com ele já era muito bom.

Daniel narrando

Foi uma pena que nas cabanas não tinha sinal pra celular, mas acho que a Maria Joaquina tem razão, eles não sabiam que nós traríamos os celulares pra cá, aposto que só eu, Mário e as meninas trouxemos, nem o Gabriel ou o Matheus trouxeram, mas o importante agora é me concentrar no filme. Já acabamos de ver Loucas pra Casar, agora estamos vendo Harry Potter, mas até que o outro filme foi legal. Pena que aqui tem microondas, mas não tem pipoca para estourar e nem um refrigerante, mas tudo bem, estar nos braços dela é melhor que nada.

Quando o filme acabou, peguei em sua mão e nós fomos para o corredor de nossos quartos, chegando na porta do dela, que ficava antes do meu, virei-a de frente pra mim e a beijei.

–Boa noite.- eu disse sorrindo e acariciando seu rosto.

–Boa noite.- ela retribuiu com um sorriso ainda maior.

Como nossos quartos tinham banheiros, nós tínhamos que nos despedir ali, tomei um banho um pouco demorado pra não gastar água, sem sinal é ruim, mas sem água é pior ainda, coloquei uma camisa regata preta e uma bermuda branca, deixei os cabelos um pouco úmidos para que o vento passasse por eles me refrescasse mais, deitei e dormi pensando no que fazer no dia seguinte.

Marcelina narrando

Assim que finalmente paramos de nos beijar, embora eu não quisesse porque estava com muita saudade daquela boca, daquele beijo, a falta de ar se fez necessário e eu vi que a chuva piorou, de fina passou para grossa e forte.

–Vamos entrar?- perguntou Mário ao ver que um centímetro a mais pro lado e a água da chuva nos atingiria.

–Vamos.- eu respondi e entrei na cabana de mãos dadas com ele.

Depois nós ficamos um tempo lá na cozinha, ele pegou uma pera e começou a comer enquanto eu comia uma maçã, conversamos bastante sobre algumas coisas, menos sobre o que aconteceu naquele dia na escola, sobre o jornal.

–Sabe o que tenho pensado recentemente? O que vou fazer depois que sairmos desse acampamento.- disse ele.

–Voltar a estudar.- eu disse e rimos.

–Claro, mas é que no começo, tudo estava passando devagar sabe? Nos três primeiros dias parecia que estávamos aqui há três meses ao invés de um só, mas desde aquele dia em que brincamos de verdade ou desafio em volta da fogueira, tudo têm passado tão depressa. Nunca entendi o motivo.

–Nem eu entendi ainda, mas em breve a gente vai descobrir.

–É verdade. Mas acho que depois que tudo isso acabar, vou voltar à antiga rotina, ir pra escola, treinar para os jogos, andar de skate na praça, que é o que eu mais tenho vontade de fazer.

–É, acho que eu também vou fazer isso, eu só tenho dado atenção para a Maria Joaquina, precisamos sair juntas com outras meninas.

–Pois é. E acho que vou começar a chamar o Gabriel e o Matheus pra sair com a gente também.

–Como será que eles estão?

–Não sei, devem estar por aí, se divertindo...

–Pode ser. Bom, vamos conversar lá na sala? Esta cadeira é tão desconfortável.

–Claro. Que tal um filme?

–É pra já.

Chegamos na sala, ele nem perguntou qual que eu queria ver, logo pegou um e me mostrou a capa, era o filme Meu malvado favorito 2, eu já tinha visto esse filme e adorei, acabei aceitando ver aquele mesmo. Ele colocou o filme e começamos a ver.

Quando o filme chegou no final, eu comecei a ficar com sono, ainda mais com ele acariciando meus cabelos, olhei as horas no meu celular e vi que já eram 23:15 da noite. Acabei deixando minha cabeça cair no colo do Mário e me entreguei ao sono, eu não queria, mas não tive forças pra lutar contra o sono, aliás, eu nunca tenho, mas um dia vou aprender.

Mário narrando

Aquele filme estava muito bom, quando os créditos começaram a aparecer, senti Marcelina cair no meu colo, deve ter caído de sono, mas, para não acordá-la, a levei com cuidado para a cama delicadamente. A cobri com os lençóis, e dei-lhe um beijo na testa. Eu realmente gostava dela, tudo nela era tão... perfeito, como um sonho. E eu tenho medo de acordar, de perder tudo isso, demorou tanto para a gente se acertar...Eu me pergunto o que teria acontecido se aquele incidente do jornal não tivesse acontecido. Qualquer dia eu pergunto a ela, mas não agora, por enquanto só quero que ela fique bem.

Agora eu sei como é estar apaixonado e é muito bom!