A semana seguinte ao natal passou super rápida, eu e Noah estávamos cada vez mais próximos. Meu intercâmbio estava perfeito apesar da saudade, mas por hora eu estava meio que desanimada por ter que começar um novo ano em casa.

Hoje é o ultimo dia do ano e eu estou tão ansiosa. Não sei por que, mas réveillon sempre foi um dos meus feriados preferidos, e em todos eu estava em algum balneário com minha família. É meio estranho hoje eu estar do outro lado do mundo, e meus parentes estarem todos juntos. Minha vontade mesmo era estar lá com eles, pegar o primeiro voo e ir. Mesmo sabendo que existem pessoas aqui das quais se importam comigo e tal, mas acontece que eu andei percebendo que a virada de ano não é algo tão importante para os estadunidenses. (SIM! Estadunidenses porque americanos até nós somos, que mania desse pessoal achar que a América é só deles).

Depois de lamentar tanto para Luke e Bea –que dormiu nas minhas três primeiras frases- que iria passar a virada de ano em casa, pensando em minha família pulando as sete ondas eu adormeci. Acordei no dia seguinte e Luke não estava mais na minha cama, olhei para o lado Bea também não estava em sua cama, fui ao banheiro e fiz minha higiene matinal e logo desci para tomar café.

_Ela vai ficar louca!! – Beatrice dizia toda animada e alguma coisa me falava que estavam se referindo a mim.

_Louco iria ficar eu se tivesse que ouvir o discurso dela de lamento da virada de ano.

Fui andando até onde a conversa começava e cheguei na cozinha. Para a minha surpresa eles pararam de falar assim que cheguei, trocando totalmente de assunto.

_É o Noah é um porre mesmo! –Bea falou a primeira coisa que veio em sua cabeça.

Não que eu esteja gabando da minha inteligência, mas sei quando alguém esconde algo de mim. E nesse momento eles estavam escondendo! Abri a geladeira e peguei o leite, depois abri a gaveta e peguei o cereal e iria preparando o meu café da manha só percebendo a conversa sem noção que eles estavam inventando. Depois me sentei de frente para ele na mesa da cozinha e comecei a comer apenas ouvindo e então resolvi falar.

_Ta legal, já podem falar!

_Hã? Falar o que guria? – Luke disse tentando (apenas tentando) fingir que não sabia de nada.

_Se vocês preferem assim! Mas eu sei! – Fiz uma expressão assustadora olhando diretamente no olho deles.

_Mas você estava dormindo! Não tem como saber. –E olha lá Luke caindo no meu “colher verde”.

_E vocês não me acordaram pra me convidar? – tentei descobrir mais um puquinho o que era e semicerrei os olhos.

_Mas era pra você saber só .....

Bea o interrompeu.

_A Isa ta colhendo verde, seu trouxa. Ela não sabe de nada. Mas agora eu vou falar!

Eu ouvia atentamente comendo meu cereal enquanto ela falava.

_SURPRESA!! –ela me olhou com um sorrisão que acompanhava o do Luke, ainda com a boca cheia franzi a testa pra ela entender que eu estava boiando.

_Nós quatro vamos passar o Reveillon na times square.

No momento que ouvi réveillon e times square na mesma frase eu soltei tudo que estava mastigando e eles gargalharam. Fiquei envergonhada pela “cuspida”, realmente eu não imaginava.

_Tipo ver a bola descer?!?! Ahhhhhhhhhhhhhhh que máximo. –Corri para abraça-los.

_Isso, vamos sair daqui meio dia então não demora pra arrumar as malas. O vô do Noah fez um preço muito bom na diária do hotel e fica bem perto.

_Só que me diz que o “nós quatro” era eu a Bea, você e sua namorada.

_Não, ela foi viajar ontem e nem sabe que eu estou indo pra lá. Noah é quem vai aproveitar a carona.

Olhei para eles com cara de “não mereço ir com o insuportável do Noah falando até lá”. Mas porque mesmo eu estava com essa cara? Eu iria ver a bola descer na Times Square. Eu não conseguia fechar meu sorriso, e aquela sensação gostosa não iria sair de mim tão rápido.

Terminei meu café e em seguida fui arrumar minhas malas, coloquei tudo que acharia que seria necessário, mas acabou dando duas malas então o meu host brother show de bola veio e desfez uma mala inteira jogando as coisas na cama alegando que não teria lugar no carro.

_Só quero ver como vai ser passar a virada de ano com o Luke, uma italiana e uma índia.

Essa voz eu conhecia, e a cada palavra ia se aproximando até aparecer na porta do meu quarto e se encostar ali mesmo. Eu percebi que ele estava me observando e a pergunta “por que você não esta implicando” estava na ponta da sua língua. Mas continuei ajeitando os últimos detalhes na mala e tentando o ignorar.