Certa vez tive um sonho estranho.

Em primeira impressão, achava que estava em meu quarto, mas as paredes antes azuladas estavam quase cinzas. Não apenas o quarto, mas todo o resto da casa estava mais obscuro. Até mesmo a água, usualmente límpida, estava com um tom deprimente.

Observei através da janela, tentando encontrar algum indício de vivacidade. O céu estava tão escuro que era surpreendente como sequer uma gota de chuva ainda não havia caído.

Agora estava no trabalho. Alguns sorriam para mim. Pareciam sorrisos amarelos, mas sem a cor em questão. Estavam mais para pretos que qualquer outro tom.

Quando me dei por conta estava em um shopping. Segurava uma boneca cuja cor original era indecifrável. Talvez minha filha a receberia.

Novamente em casa, encarava a televisão. A imagem no aparelho estava preta e branca. Duvidava se me encontrava nos anos 1950 ou nos dias de hoje.

De repente, acordei.

Olhei ao meu redor e vi paredes azuladas tão suaves quanto uma pluma. A piscina também estava como sempre, até parecia o oceano de alguma praia no Caribe.

Alguma mão divina varreu o céu, pois estava extremamente limpo de qualquer marca escura.

Então vi minha filha. Consegui decodificar a cor da boneca. Usava um vestido amarelo, quase igual ao de sua dona. Logo atrás, minha esposa sorria e segurava um bolo. Era meu aniversário.

Sorri, percebendo talvez o mais importante. Ao contrário de como no sonho, não usava mais óculos escuros.

Se o usaremos ou não, a escolha é nossa.