Sua mãe havia lhe mandado ir alimentar os porcos, mesmo com a chuva torrencial desabando do lado de fora da casa. Peeta resmungou e pegou os pães, saindo do aconchego de seu lar logo em seguida.

Estava irritado com as reclamações da mais velha, mas sua expressão mudou ao ver, encolhida em uma árvore próxima, uma garota tentando se proteger dos pingos grossos d'água. Estreitou seus olhos afim de reconhecer a jovem e sentiu seu coração acelerar ao perceber quem era.

- Katniss... - sussurrou, mal acreditando que a garota de quem gostava estava ali. Olhou pela janela e viu sua mãe gritar com seu pai. Pareciam em uma discussão calorosa.

Segurou os pães com força e entrou em casa novamente, sob o olhar observador de Katniss. Pegou um guarda-chuva velho que tinha ali e saiu, indo até a menina que arregalou levemente seus olhos com a aproximação.

- Você deve estar com frio. Eu te levo pra casa. - ele abaixou-se e fez menção de puxá-la pela mão, mas a mesma recuou.

Katniss não disse nada, apenas continuou fitando-o. Não o conhecia e nem sabia se podia confiar nele.

- Escuta. Eu não vou te machucar, ok? - Peeta tentou sorrir, apesar do nervosismo atrapalhar um pouco. - Quer? - ofereceu um dos pães. Sabia que tinha grandes chances de apanhar de sua mãe depois quando ela descobrisse, mas não podia deixar Katniss naquele estado.

A Everdeen, ainda que um pouco receosa, aceitou e pegou o pão, levando a boca imediatamente e chegando a fechar seus olhos para conseguir saborear o alimento com mais intensidade. Fazia quanto tempo que ela não comia algo tão bom?

- Você tem uma irmãzinha, não tem? - Peeta tentou, mais uma vez, iniciar uma conversa com ela.

Porém, dessa vez, obteve uma resposta decente.

- Sim. Ela se chama Primrose. - respondeu, deixando sua desconfiança de lado. Ele havia lhe dado comida e nunca ninguém havia feito isso por ela, além de Gale.

- Então eu levo esse para ela. - levantou o outro pão e ofereceu sua mão vazia. - Vamos?

Katniss assentiu, levantando-se e se encolhendo debaixo da proteção. Juntos, chegaram à casa da garota e foram recebidos por uma menina alegre e sorridente. Ela se deliciou com o pão e Peeta percebeu que não poderia ter agido melhor.

Mas, então, alguns soldados da capital derrubaram a porta da residência e seguraram Katniss pelos braços, puxando-a para fora. O Mellark se viu sem chão e completamente desesperado. Tentava correr para salvá-la, porém suas pernas pareciam imóveis.

- KATNISS!! - gritou com toda a sua força.

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- Peeta! - abriu os olhos e sentou-se na cama, percebendo que estava suando. Olhou ao redor e se viu em seu quarto no trem. Foi um pesadelo. - O que aconteceu?

- Katniss! - em instinto, puxou-a para um abraço. - Você está bem... - suspirou aliviado.

- Sim. O que você tem? - a garota estava estranhando todo aquele comportamento.

Peeta respirou fundo e sorriu de forma nostálgica, mas ao mesmo tempo triste.

- Se eu tivesse ido até você e entregado o pão ao invés de jogar, algo teria mudado em nossa história? - a pergunta pegou a moça de surpresa e por alguns momentos ela não soube o que responder.

- Talvez. - disse, por fim. - Mas não podemos mudar o passado. Só podemos fazer isso com o futuro.

Peeta sorriu e concordou. E ele faria de tudo para que seu futuro fosse ao lado de Katniss.