A Filha de Sherlock Holmes escrita por sayuri1468


Capítulo 6
A Verdade


Notas iniciais do capítulo

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Quando Sarah jogou aquela enorme pilha de jornal, na frente de Emma, a garota pulou de susto. Fazia um pouco mais de duas horas que Sarah tinha deixado à amiga, na mesa de piquenique do parque. Como eram recém-fugitivas, voltar para Baker Street não era uma opção sensata, e Sarah e Emma decidiram usar o parque como esconderijo momentâneo. Sarah insistiu para que a amiga esperasse por ela, enquanto ela fazia uma busca. Emma faria pelo celular, e Sarah iria a todas as bancas da cidade.

– Nenhuma noticia! – informou Sarah, enquanto a amiga ainda olhava para a pilha depositada – Nem mesmo uma nota!

– Na internet também não! Chequei todos os sites de notícias nacionais, internacionais e até os de teorias da conspiração!

– Certo, então ninguém sabe do coma do meu pai, e acham que as explosões foram acidentais! “Vazamento do duto de gás”, na escola e “ Enfraquecimento da fundação” no hospital! – suspirou a garota desanimada. – Parece que tio Mycroft fez um bom trabalho!

– Agora que sabemos disso, o que pretende fazer?!

– Aquilo que meu adorado tio, queria que eu fizesse! A diferença é que trabalharei por mim mesma!

Sarah pegou sua bolsa e retirou o celular de Sherlock. Emma exclamou.

– Tem certeza que é uma boa ideia?! E se ele perceber que você não é o tio Sherly?

A garota hesitou, mas logo recuperou a confiança. Afinal, não diziam o tempo todo que ela tinha personalidade do pai? Ela teria que confiar nisso agora! Por mais que não quisesse trabalhar com o tio, ela sabia que era uma boa ideia utilizar o nome de Sherlock Holmes nesse momento. Tudo era tão propício, e seria muito mais fácil descobrir a identidade do homem por trás de tudo o que estava acontecendo.

– Nesse momento...- Sarah divagou – ...meu pai seria arrogante e desafiador! Ele acabou de impedir que a última bomba fizesse um estrago grande, logo, o SM estaria nervoso pelo plano não ter dado certo, e meu pai o cutucaria, deixando-o mais nervoso! – Sarah fez uma pausa – O nervosismo o faria agir de forma mais irracional, e isso tornaria tudo mais fácil!

Emma engolia em seco, enquanto Sarah digitava a mensagem para SM.

“Parece que arruinei seus planos mais uma vez! SH”.

A respiração das duas parou, quando Sarah apertou a tecla “enviar”. O silêncio quase sepulcral, que havia sido instaurado, fazia com que cada segundo, levasse horas para passar. Os olhos das duas não desgrudavam da tela do telefone. Elas esperavam a resposta, que não tardou a chegar.

“Bravo Holmes, mas o jogo não acabou! Eu sei do seu pequeno segredo! SM”.

– O que isso quer dizer?! – perguntou Emma eufórica.

Sarah voltou a pensar. SM havia virado a moeda, e se tornado o provocador, o que seu pai faria nesse caso? A resposta chegou instantaneamente: viraria de novo! Mas não viraria de qualquer jeito, ela sabia, seu tio John havia lhe contado uma vez. Ele era cordial e sarcástico,e assim, conseguia arrancar das pessoas as informações que queria. Tendo absoluta convicção de como deveria agir, Sarah digitou imediatamente uma resposta.

“Tenho muitos segredos, terá que ser mais específico! SH”.

Uma resposta limpa, que denunciava uma total falta de preocupação. Isso faria com que SM se irritasse, pois sua tentativa de ameaça não funcionara. Será que SM sabia que Sherlock estava em coma? Era esse o segredo? Será que SM iria agora, dizer que sabia que não estava falando com Sherlock Holmes, e todo o plano dela iria por água a baixo? Sarah podia sentir que a qualquer minuto, seu coração iria pular para fora. Emma a olhava com a mesma expressão agoniada, e, ao menos, Sarah sabia que não estava sozinha dessa vez. As duas deram um pulo quando o celular tocou, e por um instante, nenhuma das duas disse nada, depois que leram a mensagem que acabara de chegar.

“Sarah! SM”.

O que isso significava? Ele sabia que estava falando com ela? Impossível! O cérebro de Sarah virou um turbilhão de pensamentos, e ela tentava fortemente voltar a se concentrar. Sarah respirou fundo, e tentou ignorar de todas as formas os gritos desesperados de Emma. Ninguém sabia que seu pai estava hospitalizado, seu tio assegurara isso. Mesmo que SM soubesse a verdade, agora ela teria que trabalhar com a possibilidade dele não saber. Pensando dessa forma, ela era o segredo? Seu pai nunca saiu com ela, e ela realmente nunca usara o nome Holmes, fora do seu círculo familiar. Os Watson’s eram os responsáveis legais por ela, fosse na escola ou pra qualquer emergência. Será que ela era o segredo? Será que seu pai a evitou esse tempo todo, para que ninguém soubesse que ela a filha dele? Só tinha uma pessoa que poderia responder isso para ela, nesse exato momento, e por fortúnio, ela se encontrava bem ao lado dela.

– Emma, vocês me esconderam esse tempo todo? – perguntou secamente.

Emma hesitou, mas os olhos de Sarah permaneceram firmes. A amiga precisava entender a gravidade da situação.

– Sim! – admitiu Emma com certa culpa e relutância. – Tio Sherly pediu isso pro meu pai, assim que você nasceu! Por isso eu e minha mãe sempre cuidamos de você!

A confirmação dessa suspeita, fez Sarah voltar imediatamente aos seus pensamentos, ignorando totalmente as explicações de Emma a respeito. Ela era o segredo de Sherlock Holmes, e esse tal de SM a havia descoberto. Ele estava chantageando, sem dúvida, mas por que só estava utilizando ela como chantagem agora? E por que estava chantageando seu pai? De repente, uma lampejo veio, e ela percebeu que não havia tempo para pensar nessas respostas agora. Se esse tal de SM a havia descoberto, só tinha um lugar para onde ele iria, e nesse lugar, só tinha uma pessoa nesse momento. Uma pessoa totalmente indefesa.

– Emma, Baker Street, rápido! Sra. Hudson!

Sarah disparou na frente. Depois do evento da escola e do hospital, a garota tinha certeza de que havia uma possibilidade nada remota de haver uma bomba na Baker Street. Ela precisava correr, precisava tirar a Sra. Hudson de casa. Emma conseguiu alcançar à amiga, quando Sarah foi forçada a parar, devido a o farol fechado. Sarah bufou, irritada.

– Não adianta! – arfou Emma – Não chegaremos lá a tempo!

Muito contragosto, Sarah percebeu que a amiga tinha razão. Ela calculou mentalmente o trajeto que deveria fazer, e concluiu que mesmo de táxi, elas levariam vinte minutos para chegar à Baker Street. Ela precisava de ajuda, não por ela, mas pela Sra. Hudson. Não podia ser tio John, Mycroft ou Mary. Só havia uma pessoa que poderia ajuda-la, e ela ligou imediatamente para ele.

– Tio, é a Sarah! – falou com determinação – Estou bem, mas preciso que você vá imediatamente à Baker Street, tirar a Sra. Hudson de lá! Tem que ser agora, depois eu explico! E leve um esquadrão anti-bomba!

Sarah desligou o telefone, e voltou a correr. Não tinha tempo para explicações, mas estava mais aliviada, sabendo que as forças da Scotland Yard iriam para lá também. O próximo passo, foi tomado quando Sarah foi forçada a parar em outro farol. Ela ligou para a casa da Sra. Hudson. O telefone chamava, enquanto a garota observava ansiosamente pelo sinal abrir.

– Só está chamando! – informou Sarah irritada – Droga, sempre que eu preciso que ela atenda...

– Talvez ela não esteja em casa! – tranquilizou Emma, enquanto corria com a amiga.

– Não! – respondeu Sarah, após um tempo – Hoje é quarta feira, ela vai voltar do jogo dela em...- e seus olhos miraram o relógio do celular – quinze minutos! Temos que correr!

E antes que sarah e Emma pudessem acelerar a passada, foram forçadas a parar em outro farol.

– Droga de faróis! – gritou Sarah enfurecida, chamando a atenção de todos em volta.

– Não há o que possamos fazer a respeito! – falou Emma, tentando consolar, ao mesmo tempo que tentava pegar uma golfada maior de ar.

Mas Sarah discordava da amiga, e discordava por que viu um caminho bem melhor, e apontou para a amiga. Emma estava prestes a se recusar, mas Sarah a puxou pelo braço, antes que ela o fizesse. As duas subiram pelas escadarias de emergência, e foram para o telhado. Sarah nunca agradeceu tanto, pelos edifícios de Londres serem tão próximos, uns dos outros.

Apesar das reclamações iniciais de Emma, ela logo começou a saltar telhados, como se tivesse feito isso a sua vida toda. Sarah também não ficava para trás, ela sempre fora boa corredora e escalava todas as árvores que podia, quando criança. Algumas vezes, Sarah olhava para a rua, tentando se guiar, e em menos de dez minutos, conseguiram chegar à Baker Street.

As viaturas da Scotland Yard ainda não haviam chego, e Sarah e Emma desceram as escadarias e correram para dentro do apartamento.

– Pegue a Sra. Hudson e saia, eu vou procurar a bomba, até que tio Lestrade chegue! – falou Sarah, e Emma, imediatamente, foi até o apartamento da Sra. Hudson, enquanto Sarah subia as escadas, indo até o apartamento onde ela morava.

– Bomba, bomba! – falou a garota para si mesma, assim que entrou no apartamento. Seus olhos percorrendo todo o apartamento, enquanto seus ouvidos procuravam pelo “tic tac” tão familiar. – Bomba, cadê você?

– Bum! – falou uma voz grave por detrás dela.

Sarah se virou imediatamente. O homem parado atrás da porta a empurrou e a trancou. Ele apontava uma arma para Sarah, que permanecia imóvel pelo choque. O homem alto, de bigode ruivo fez sinal para que Sarah não emitisse nenhum som, coisa que a garota sabia que não conseguiria fazer, mesmo se quisesse. Emma apareceu pelo corredor, e chamou por Sarah.

– Sarah, Sra. Hudson já está bem?! Sarah?! – a amiga chamava enquanto tentava abrir a porta – Sarah!

O homem olhou para Sarah, como que ordenando que ela tirasse a amiga de lá, e Sarah entendeu.

– Emma, vá embora! Está tudo bem por aqui! – gritou Sarah.

– Sarah, abre essa porta! – pediu Emma, mais uma vez.

– Vá embora! – gritou Sarah novamente, dessa vez com mais firmeza, pois a direção da arma agora apontava para Emma, por trás da porta – Eu estou bem, fique com a Sra. Hudson e não me atrapalhe!

Emma, com certa relutância, obedeceu ao pedido da garota, e Sarah ficou aliviada ao ver a arma voltar para sua direção.

– Mary Sarah Holmes! – começou – Que garota fantástica você é!

– Tá afim de me adotar? Por que não estou disponível! – Sarah reuniu todas as forças que tinha para superar o choque e iniciar um diálogo, ela sabia que essa a era forma de fazer com que o homem falasse, enquanto ela pensava em uma saída.

O homem riu com gosto, provavelmente havia gostado da resposta que ela dera.

– Tão agressiva! No seu pai é irritante, mas em você é bem bonitinho!

Sarah manteve o olhar firme.

– Estou em desvantagem, você sabe meu nome, mas eu não sei o seu! – começou a garota- nâo acha isso falta de educação da sua parte?

– Não que vá fazer diferença, Sebastian Moran, senhorita!

– O que você tá querendo com meu pai?!

– Nada! Absolutamente nada! Só queria brincar!

Sarah sorriu sarcástica.

– Já ouviu falar em esconde-esconde? Muito mais legal do que ficar explodindo lugares por ai!

Sebastian se aproximou lentamente, como se estivesse brincando com ela.

– Eu não acho! – disse de forma cínica – Adoro quando as coisas fazem “bum”!

Sarah se deteve após aquela afirmação. Ela sabia que ele continuaria a falar, sem a ajuda dela. Isso daria tempo pra ela pensar em algo, ou até que seu tio Lestrade chegasse.

– Tenho uma dívida pra quitar! Tardei a cobrá-la, mas antes tarde do que nunca!

– Vai me matar? – perguntou Sarah, apenas para enrolar.

– É uma pena, mas vou! – a fala grave e pesada dele, deu a Sarah uma ideia de barganha.

– Então mata! – desafiou a menina – Vamos! O que está esperando?

Sebastian, como se tivesse levado um choque, hesitou, e encarou Sarah como se ela fosse uma criatura estranha.

– Se está esperando meu pai, desista! Ele não vai chegar! Está em coma! – informou a garota – Então se é pra me matar, me mate agora! Ele pode não ir atrás de você agora, mas depois é certeza que ele vai!

Sarah já estava ficando desesperada. Aonde estavam as sirenes da Scotland Yard? Porque Lestrade estava demorando tanto? Ela estava desafiando um homem psicótico com uma arma, se algo não acontecesse, ela seria morta, e sabia disso. Seja como fosse, ela não podia demonstrar isso. Seus olhos e todos os membros de seu corpo permaneceram firmes. Ela não podia ceder, e nem voltar atrás.

– Vamos!

O homem riu, meio desconcertado, meio sarcástico.

– Garota, você não tem noção do que está acontecendo aqui, tem? Ou você valoriza tampouco a sua vida assim?

“Está funcionando!”- pensou Sarah aliviada.

– De que adianta valorizar minha vida ou não?! Você está tão determinado a me matar, que não há nada que eu possa fazer a respeito! Você tem uma arma, apontada para mim! Espalhou bombas em todos lugares que podia, tentando me matar! – Sarah fez uma pausa – Estou desarmada, estou indefesa, e pelo silêncio lá fora, não há ninguém vindo me salvar! Aproveite!

De repente, o celular na mão de Sarah apitou. A arma na mão de Sebastian, que havia afrouxado, voltou rapidamente para a mira.

– Quem é?! – perguntou.

Sarah abriu a mensagem, e ficou confusa ao ler “Estou chegando, aguente! MH”.

– Quem é?! – perguntou Moran, com ferocidade na voz.

– Engano! Pediu torta de maçã pro jantar! – mentiu a menina.

– Me deixa ver! – ordenou Sebastian, e Sarah, como se tivesse tido uma brilhante ideia, esticou a mão com o celular para ele.

Assim que Sebastian Moran se inclinou para ler a mensagem, Sarah ergueu o celular com toda a força que possuía, golpeando-o no queixo. Esse ato fez com que a arma caísse, e antes que Moran pudesse se recuperar, Sarah pegou a arma.

– Espertinha! – falou com raiva – Mas você não sabe atirar! Vai gastar todas as balas, antes que me acerte!

Ele estava certo, Sarah não sabia atirar, e muito menos conseguia disfarçar que sabia. Suas mãos tremiam, e ela simplesmente não conseguia evitar isso.

– Ainda assim, tenho chances de acertá-lo! – falou – É um risco que você pode correr!

Aparentemente, Sebastian Moran iria pagar para ver, pois se jogou em cima de Sarah. A menina atirou, sem saber se havia acertado ou não. O que ela sabia, com certeza, é que um corpo estava em cima dela, e que algo a havia atingido fortemente.


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Notas finais do capítulo

arigato por todos os reviews