Só me senti a correr. Corri por todos os caminhos, voltei para trás, esbarrei-me contra os caminhos proibidos. Estava a dar em doida, apensas continuava a correr em busca duma saída, a correr a correr a correr....

- Ahhhhhhhhhhhhhhh!!!

- Leah? Leah fala comigo. Leah fala comigo por favor. Estás bem? Olha para mim!!

Eu apenas contemplava o vazio. Estava aterrorizada, assustada, desolada. Abracei o Jake sem mais nem menos, precisava daquele abraço há tanto tempo.

Acordei e senti uma presença ao meu lado. Eu conhecia aquele cheiro, aquele calor, aquela pele... Jacob.

Não queria acreditar... Adormecemos os dois. Depois daquele sonho horrível ele reconfortava-me apenas com a sua presença. Sentia-me tão bem ali que ficaria horas e horas sem me mover, mas infelizmente as minhas necessidades básicas humanas chamavam por mim.

Tentei sair da camada de mantas que nos cobriam sem o acordar, mas graças à sua ultra-sensibilidade, quando estava com apenas uma perna fora da cama ele deu um salto na cama olhando à volta à minha procura.

- Leah estás bem? - Perguntou preocupado. (estaria melhor se conseguisse chegar ao WC rápido...)

- Sim Jacob. Estou bem, sim. Desculpa ter-te acordado... eu bem tentei. - Disse desviando o meu olhar do dele que me encarava.

- Onde ias? Ias fugir? - Questionou ele muito sério.

- Podes me explicar para onde ia fugir? Eu ia ao WC, sabes ainda tenho necessidades...

- Que aconteceu ontem à noite? Com o que estavas a sonhar Lee?

Oh bom. Obrigada por me teres lembrado.

As lembranças do sonho vieram à memória como onda gigante e invadiram a minha cabeça num turbilhão de emoções. A dor voltou a emergir no meu peito e uma lágrima escorreu pela minha cara abaixo.

- Não foi nada de mais... - Disse virando me de costas tentando esconder as minhas emoções sem grande sucesso. - Eu vou só à casa de banho...

Afastei-me deixando-o constrangido com a minha reacção. Mas ele não tinha culpa, aliás ninguém tinha...

Já na casa de banho, sentei-me na beira da banheira, abrindo a torneira, de água quente do lavatório e deixando a agua escorrer pelos meus dedos para me acalmar. Deu resultado. Fiz a minha higiene matinal e esperei mais um pouco para me certificar que já não havia certas emoções na minha cara.

Voltei ao quarto e ele não estava lá o meu sonho pessoal deveria ter acabado ali. Com certeza tinha ido embora e mais uma vez me senti abandonada e sozinha. A mesma dor que senti antes voltou a atormentar-me duplamente.

É claro que eu nunca iria ser feliz, não estava destinada a isso. Seria sempre Leah, a Amargurada.

Mal viu que eu estava bem, virou costas... Eu devia ter percebido antes de me deixar mais uma vez envolver.

Desesperada com tudo o que tinha acontecido hoje, deitei-me na cama com a esperança que fosse tudo um sonho mau. Nesse exacto momento o telefone do meu quarto toca.

Não me apetecia falar com ninguém, mas o toque de chamada era irritante, por isso atendi.

- Estou! - Falei, mas a minha voz saiu muito rude.

Não podia ser, só poderia ser uma brincadeira. Reconheci-o pela voz forte e subtil.