Vácuo escrita por Nael


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Tá, eu devia estar escrevendo minha fic que tá parada há semanas, mas por alguma razão eu preciso publicar isso.



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"Estou no vácuo, onde qualquer ruído pode ser um grito ardente e exprimido. Estou no momento de sentir saudades do que eu era, e do que ainda vou ser."

—Giovana Savieto

Eu o observava a alguns minutos. Os cabelos outrora bem alinhados no corte chanel estavam agora desalinhados, os inconfundíveis e ameaçadores olhos de safira mostravam um cansaço sem brilho. Os ombros caídos, a lateral do rosto com uma enorme cicatriz e os lábios vazios, a barra de chocolate jazia sobre a mesa entre nós.

— Mello? – chamei quase num sussurro. – Você ligou pra Lindner? O que houve? – havia acabado de entrar e estava parado em pé com um molho de chaves numa mão e uma caixa de cigarros na outra.

— Senta aí, Matt. – ele falou tão sério e ainda sim num tom melancólico.

Fui para a poltrona ficando de frente pra ele. Joguei as chaves em algum lugar e peguei o isqueiro acendendo o primeiro maço.

— Já sinto que isso vai dar merda. – ele se limitou a suspirar. - Porra Mello, tá parecendo condenado. Quer me contar o que diabos está acontecendo.

— Sei como resolver o caso. – ele finalmente me olhou parecendo um pouco mais com o Mello que eu conhecia. – Sei como fazer para deter o Kira. Posso acabar com tudo isso.

Me levantei de uma vez quase engasgando com a fumaça.

— Caralho Mello! – abri um sorriso. – Então o que estamos esperando? Vamos logo! Vingar o L, desbancar o Near, acabar com tudo isso. – eu estava animado, mas ele não se alterou em nada. – Por que a cara de cú?

— Matt... Eu não quero que você vá, mas eu precioso de ajuda e não tenho mais ninguém nesse mundo. – ele se levantou e caminhou até mim. – Eu sou o pior dos canalhas, um maldito egoísta, mas eu garanto que esse é o último problema que te envolvo, que depois vai poder viver sua vida, quem sabe procurar a Julie e... Com isso Kira estará acabado então... – ele riu de canto um momento melhorando sua expressão. – Você me seguiria uma última vez?

Nem precisei pensar muito. Ainda mais ele recitando uma frase clichê do Tolkien.

— Mas é claro que sim, irmão. Qual o seu plano?

— É arriscado, mas garanto que você vai ficar bem, basta seguir minhas instruções precisamente. – ele se fez de bravo, eu tinha mesmo um péssimo hábito de improvisar.

— Certo. Vamos lá.

∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞

Alguns dias depois estava tudo pronto. Eu estava prestes acender mais um cigarro para entrar no carro vermelho enquanto Mello iria na moto pegar Takada. Era um bom plano. Simples até. Mas o loiro parecia preocupado. Eu no começo fiquei meio furioso porque no final Near é que confrontaria Yagami e nós só poderíamos esperar. Talvez ele temesse que algo desse errado e então seria melhor que Near pagasse o pato, mas ainda sim...

— Ainda fazendo bico? – ele me provocou enquanto escondia uma arma dentro da jaqueta.

— Eu só não entendo. Deixar o Near com a melhor parte.

Ele andou até mim e me encarou com seus olhos azuis que cintilavam.

— Eu nunca digo obrigado nem peço desculpas. Eu sempre achei que nada disso seria necessário porque quando eu ganhasse tudo teria valido a pena. Para mim os fins sempre justificam os meios.

— Eu sei. Eu entendo isso. Nós temos nossa própria maneira de agradecer e desculpar. – falei e ele pareceu relaxar o corpo.

— Que bom, neste caso espero que me perdoe pelo que estou prestes a fazer. – ele se lançou sobre mim, sua mão na minha nuca me puxando e então unindo nossos lábios.

Fiquei catatônico por um momento, com os olhos esbugalhados. Ele me empurrou até que eu batesse no carro e por puro espanto cedi deixando sua língua invadir minha boca. Era doce, como seus chocolates. Curioso, assustado, não sei o que exatamente acabei não protestando e fechei os olhos deixando o momento acontecer.

Mello foi suavizando o beijo até separar nossos lábios por completo. Eu não sabia mais qual era o plano, onde estava e quem era. Fiquei apenas olhando para ele com cara de idiota. O loiro apenas me olhou sem expressão e disse:

— Dessa vez, só dessa vez Mail siga o plano.

Ele se virou e começou a andar, segurei ele pelo braço ainda sem saber o que falar. Então deixei sair qualquer coisa.

— O-O que foi isso? – ele virou o rosto apenas o suficiente para me encarar. – Você... Você é apaixonado por mim ou algo assim? – eu estava me fudendo pro Kira, pro Near, pra merda do mundo e aquela maldita competição. Queira saber o que foi aquilo, qual a explicação dele para aquele beijo.

Mello sempre fora meu irmão mais velho que me protegeu. Nós dividimos o quarto na Wammy's, já dormimos na mesma cama, nós passamos por infernos juntos, brigamos e tudo mais. Mas eu nunca o vi daquele jeito, mesmo agora... Quer dizer, ele é alguém que admiro e devo muito, mas... Tudo o que me importava no momento era saber se ele estava interessado em mim e desde quando.

— Mihael! – gritei seu nome e ele puxou o braço.

— Se seguir o plano quando voltar eu te conto. – ele sorriu de canto e foi até a moto. Colocou o capacete e antes de fechar a viseira se virou para mim uma última vez apenas rindo, numa expressão tranquila. Algo realmente muito estranho para Mello.

∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞

Enquanto fugia dos seguranças de Takada eu já tinha entendido. Ele não se desculpou pelo beijo, ele queria perdão porque sabia que acabaria morrendo, estava caminhando para a morte. Ele nunca me explicaria nada. Por isso disse que era um egoísta. Se eu seguisse o plano poderia me salvar, mas... Foda-se, eu quero uma porra de explicação. Depois de cadernos da morte e shinigamis o que quer que exista além disso, sob nós... Eu vou te encontrar, aliás, eu vou te esperar.

Me lancei na rua errada depois de tentar ligar em vão para o loiro e logo dei de cara com a barreira de carros.

Então esses carros me fecharam, não é. De quantos seguranças uma mulher precisa afinal?

Desci pronto para o que viria a seguir. Preparado para saber a verdade do Mello, para segui-lo, para fazer mais uma grande burrice em nome da nossa amizade.

— Ei, calma. Me dá um tempo. Desde quando japoneses podem andar com armas tão grandes? Vocês me pegaram eu faço parte de todo esse incidente do sequestro e isso significa que vão ter muitas perguntas.

Levei a mão até a cabeça pensando em soltar mais fumaças neles, mas era só um pretexto. Eu nem tinha mais munição.

— Não vão atirar. – falei minha última provocação.

O som estourou pelos meus ouvidos e os projéteis queimaram a minha pele. O gosto do cigarro se desfez e antes de mergulhar no vácuo eu pensei na minha mãe, revi Kadoshi, memorizei o sorriso de Julie e senti o gosto da boca de Mello.

Não era do Mello que eu precisava uma de confirmação. Era de mim. E estar ali naquele momento fazendo aquela idiotice era mais que suficiente. Mihael eu sempre soube que acabaria morrendo por você. E nunca desejaria nada menos que isso.


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Notas finais do capítulo

Yaoiii!!! -sqñ
Ok, não "O" yaoi, mas pra quem já me pede algo assim, tá aí. O melhor que saiu.
De verdade eu não gosto de yaoi, nada contra só não sei escrever isso. E um dos poucos casais que gosto nesse gênero (pra não dizer o único) é MelloxMatt.
Então fica aqui minha singela e deprimente homenagem a eles.
E sim, eu vou continuar a fic do Kuroshitsuji que tá parada, a criatividade só deu uma bloqueada, mas logo volto.
Ah! Sim, a fala do Matt eu decidi deixar como é no anime dublado porque achei mais divertida e a cara dele.

P.S.: Ai meu Shinigamis, nem acredito. Vácuo ganhou em terceiro lugar o prêmio de melhor oneshot pela page WFiction. *--*



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