Wrong | Cobrina escrita por Bruna


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Oieee, galera!

Demorei? Sim! Mas eu já tinha avisado, né? :/ Algo me diz que essa demora vai acontecer mais vezes, mas só porque é realmente necessário. :(

Ai gente, eu encontrei uma leitora fantasma no twitter. TÔ SURTANDO ainda! Kkkk Viu só, você que nunca deu as caras, aprenda com a A.L. Apareçam! No tt, nos comentários... Só apareçam e me façam feliz! Kkkkk
Vejo vocês nas notas finais.

Boa leitura!



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Minhas pálpebras pesaram. E eu tive que me esforçar para levantá-las. Temia toda aquela monotonia e solidão que assolavam meus dias. A primeira coisa que meus olhos capturaram foram as luzes avermelhadas que irradiavam do relógio digital ao meu lado e faziam minha cabeça doer um pouco.

04h:16min.

Bufei, sentindo raiva de mim mesmo por acordar naquele horário, e o pior: em um domingo. Mas quando me dei conta da palma quente que descansava em meu peito, sorri como um idiota. O idiota que ela me tornara.

A cama não era muito grande, mas era suficiente para nós dois. A distância que nos separava era pequena. O bastante para eu admirá-la.

Alguns fios loiros caíam sobre a testa da garota, e se moviam de leve quando ela respirava. O nariz arrebitado transmitia aquela pose de lutadora durona que só ela parecia ter. Os lábios me pareciam tão convidativos como nunca antes, e eu tive que me controlar para não beijá-la. Meus olhos desceram um pouco e encontraram a pele exposta de seu pescoço. Meus dedos foram até lá, e acariciaram o local. K estremeceu um pouco, mas não acordou. Eu fiz o possível para o contrário, mas ainda assim consegui deixar uma pequena marca roxa que se destacava naquela imensidão branca que era sua pele.

Era tão difícil manter a razão quando eu estava perto da garota. Na noite de ontem, por exemplo, no meio de tantos beijos, carícias e palavras, meu lado marginal só queria levá-la para cama e fazê-la minha, satisfazer todos aqueles desejos insanos que tomavam conta de cada célula do meu corpo quando eu estava com ela. Mas não podia. Precisava manter a calma. Meu lado racional sempre alertara: a última coisa que ela precisa é alguém para assustá -la. Então, vamos com calma, Cobreloa. Você tem de aguentar...

E eu aguentei. Paramos com todos os beijos e nos rendemos ao cansaço do dia. Ela se aninhou em meus braços, e se entregara ao dono. Eu fiz o mesmo minutos depois, mas não sem antes observá-la. Era uma das coisas que eu mais gostava de fazer. Ela era ainda mais bonita dormindo.

Ao ver o corpo da loira, eu compreendi toda a impaciência que o lado marginal sentia. Era difícil observá-la ou tê-la por perto todos os dias sem que aqueles pensamentos voltassem de novo. E com uma força ainda maior.

A caçula do mestre era absurdamente linda, e por mais que ela não compreendesse isso, qualquer um concordaria comigo. O rosto delicado, e tendo-a tão perto, nunca quis tanto que ela abrisse os olhos só para eu mergulhar naquele oceano tão profundo. As curvas tão bem desenhadas, as pernas tão atrativas e... Meu Deus, que merda!

Meu polegar e o indicador massagearam minhas têmporas. Tentava espantar todos aqueles pensamentos, tentava não sentir o calor que ela emanava e que o meu parecia emanar também. Tudo era um empecilho.

— Ei... — a menina sussurrou sonolenta enquanto soltava um longo bocejo. Estirou os braços, se espreguiçando. O movimento fez com que a blusa que usava levantasse um pouco.

— Não me chute como da primeira vez — falei brincalhão me referindo ao dia em que ela dormira ali e me chutou, literalmente, da cama. O único lado bom daquilo tudo foi vê-la vestida com a minha camisa, e melhor ainda foi o fato de o tecido ter sido rasgado quando acordamos, me fazendo ter uma das mais belas visões da minha vida.

— Eu não vou — sorriu ainda de olhos fechados, a voz estava arrastada devido ao sono — O único especialista em chutar pessoas aqui é você, esqueceu? — seu tom era neutro. Não parecia calma, mas também não me parecia brava.

— Não começa, Karina — repreendi — Não vou brigar com você. Ainda é muito cedo para começarmos uma —

— Puta merda! — ela sentou de repente, assustada — Que horas são? — olhou o relógio ao meu lado enquanto bagunçava ainda mais os fios desalinhados de seu cabelo — Merda, Cobra! Quase cinco horas! Eu preciso ir pra casa. Meu pai deve tá surtando atrás de mim. A Bianca —

— K — segurei firmemente seu pulso, impedindo que ela levantasse — Relaxa — ela parecia a ponto de rebater, mas eu fui mais rápido — Quando cê dormiu, eu liguei pro viciado. Tava bêbado, mas pareceu entender o que eu disse. Ele deu um jeito na coisa toda.

— Tem certeza? — estreitou os olhos em desconfiança.

— Não. Eu não sei se ele conseguiu dobrar o seu pai — disse sincero — Mas o mestre ainda não apareceu por aqui, o que é uma boa coisa — e como era.

— Você tem razão. João deu um jeito, sempre dá — fechou os olhos e respirou profundamente — Pedro e Jade viram e ouviram o suficiente ontem. Não acho que eles vão manter a boca fechada por muito tempo. Se é que já não falaram nada — ela tombou a cabeça para trás e voltou a deitar ao meu lado.

O silêncio pairou alguns instantes sobre o ambiente. Ambos sabíamos o que aquilo tudo significava. Aonde a situação nos levaria.

— E o que isso nos torna? — questionei em um sussurro.

— Cobrina? — ela sorriu em meio a incerteza de seu tom. Apoiei meu peso em meus cotovelos e passei a observá-la. Meus dedos afastaram algumas mechas que cobriam seus olhos — Foi isso que a guitarrista nos disse, lembra? Somos Cobrina, Cobra e Karina. A junção dos nomes e tal...

A lembrança invadiu minha mente. Lia nos disse isso. É claro que eu lembrava.

— Lembro — assenti acariciando sua face — Lembro também o que ela disse — ficou séria com a lembrança — Todo aquele lance de não a traia, não minta, não vá embora... Ela parecia bem magoada.

— É, parecia. Espero que esteja tudo bem com ela — disse. Senti as mãos quentes da garota se fixarem em minha nuca.

— Eu também... — sussurrei.

— Você sabe que as coisas vão se complicar a partir de agora, né? — ela fez uma careta engraçada — Quer dizer... Daqui a algumas horas, todos vão saber sobre nós e se quisermos manter tudo isso sem tantos riscos de morte, acho melhor —

— Falar com o seu pai — completei por ela. E foi a minha vez de fazer uma careta ao pensar na conversa que viria.

— Com medo, Cobreloa? — ela zombou enquanto gargalhava.

— Porra, K! Eu lembro quando o lance era com o Duca. E isso porque seu pai o considera quase um filho... —apertei a ponta de seu nariz, ela sorriu brevemente com o gesto — Agora imagina o que ele vai fazer comigo, o marginal que ele e todos tanto abominam — suspirei pesadamente só por imaginar o caos — Eu não sou o tipo de cara aceitável, que se apresenta aos pais ou o que vai a festas de família, Karina.

— Eu vou entender se não quiser fazer isso, Cobra. Sério! Não quero que mude por mim. Gosto de você do jeito que é — ela disse com uma convicção absurda. K corou ao se dar conta do que falava. Não era do tipo que dizia essas coisas com frequência, e eu aproveitava esses pequenos momentos.

— Eu não disse que não quero fazer isso. Eu gosto de uma boa aventura. E você vem sendo uma das melhores nos últimos tempos — ela baixou os olhos, sorrindo. Talvez soubesse que aquilo também seria o máximo que arrancaria de mim — E se quer saber, você me faz querer ser esse cara às vezes. Por mais que eu odeie tudo isso como disse ontem... É bom. É bom me sentir assim — sentei na cama de uma maneira mais confortável e ela fez o mesmo um tempo depois — Enfim, só tô querendo dizer como vai ser difícil conversar com o seu pai. Encarar o mestre é sempre dureza. Mas estou disposto a ganhar essa luta. A ganhar você! — a puxei para um beijo, mas ela recuou.

— Eu não sou um prêmio, Ricardo! — bateu em meu peito enquanto fazia uma carranca.

— Você é mais que isso! — sussurrei encarando seus lábios, esperando eles encontrarem os meus e começarmos aquela dança alucinante — E não me chame de Ricardo, Duarte... — meus olhos se estreitaram em uma clara reprovação.

— Ricardo Cobreloa! — deu leves batidas em meu peito — Por que não gosta?

— É ainda mais difícil manter o controle com você falando dessa forma tão... sexy — ela corou violentamente ao ouvir a última palavra. As mãos antes firmes, cederam de repente — Sei que não é a intenção. E é isso que torna tudo mais bacana. Você não tem ideia do efeito que causa.

— Efeito? — revirou os olhos, descrente — Não causo efeito nenhum, Cobra — fez menção de se afastar, mas eu segurei seus pulsos.

— Você não tem noção de como eu quero te fazer minha. Te jogar na minha cama e não te deixar sair. Nunca mais — meus olhos se fixaram nos seus. Ela, para a minha surpresa, sustentou o olhar — Esse é o efeito que você causa! — os olhos pareciam buscar algum rastro de mentira em minhas palavras — Não tô mentindo, K.

Ela não disse nada. Me olhava de uma forma indecifrável. Não se afastara. Continuava ali, próxima a mim, mesmo depois de tudo o que eu havia dito. Seu peito subia e descia em um ritmo acelerado. Era claro o nervosismo.

Aquilo não era um dos assuntos em nossa pauta. Nunca foi. Mas já estava na hora de ao menos falarmos sobre.

— Não vai dizer nada? — ergui as sobrancelhas, questionando-a depois de alguns segundos em silêncio.

Ela soltou as mãos e as levou até a cabeça.

— O que quer que eu diga? — seus olhos desceram para o meu ombro e senti quando seus dedos também foram até lá, desenhando alguns círculos por cima do tecido vermelho da minha blusa. Estava constrangida. A respiração aos poucos voltava ao normal — Você sabe que eu não sou mais... — seu tom era inaudível. Só compreendi o que ela disse graças a leitura labial.

— Ei, Karina! — levantei seu queixo, fazendo com que seus olhos encontrassem os meus. Confusão transbordavam deles — Eu sei disso. Sei que não é mais virgem — pronunciei o que ela não fora capaz de dizer.

Lembro de quando o guitarrista fizera um texto ou algo assim sobre eles. A notícia correu o bairro, e claro que também chegou a mim.

— João comentou uma vez comigo o motivo de ele ter aberto o jogo contigo — comentei. Ela me encarava com um certo receio — Disse que as cois —

— As coisas chegaram a um nível hard entre nós — completou o que eu iria dizer, tentando sorrir com a piada do gamer. Os olhos da garota pesaram e eu soube que sua mente vagava por memórias distantes — Disse que eu precisava saber, que aquilo já tinha ido longe demais...

E foi exatamente o que viciado havia dito. Há algumas semanas, em uma das suas inúmeras visitas ao QG, ele deixara escapar. Os olhos vidrados na tela do computador enquanto desabafava sobre o amigo e sem querer acabou dizendo o motivo que o levou até a garota.

— Eu gostaria de ter sido o primeiro... — o comentário escapou antes que eu controlasse.

— Por que? — ela questionou em um sussurro. Os olhos fixos nos meus novamente.

— Dizem que é especial, né? — sorri, tentando brincar — Seria bacana ser especial pra alguém. Quer dizer, eu já fui o primeiro de muitas, mas eram só aventuras. Coisa de uma noite. Sem compromisso.

— Foi especial porque eu o amava — explicou lentamente.

— Você não me ama, Karina — eu disse o óbvio.

O silêncio pairou sob o ambiente novamente.

— Eu tô confusa. Nunca foi boa nesse lance de sentimentos.

— Bem vinda ao clube! — saudei — Acho melhor levantarmos. Esquece isso. Vamos continuar assim, ok? Não sei nem por — estava prestes a mudar de assunto, mas os lábios dela encontraram os meus sem nenhum aviso. Rápido e brevemente. Apenas para que eu me calasse.

E quando eu a olhei com confusão, ela balançou a cabeça em negação como se não acreditasse no que iria dizer, como se estivesse em um embate interno. Talvez o pior de sua vida.

— Escuta — o aperto em minha nuca demonstrou seu nervosismo — Talvez, mas só talvez... Eu esteja apaixonada por você, Cobra.

As palavras me pegaram de surpresa. Karina talvez estivesse apaixonada por mim. Sorri sem controlar. Por um instante, achei que ainda dormia, que aquilo tudo era só um sonho. E em uma tentativa de buscar ainda mais realidade naquilo, eu impulsionei meu corpo até ela. Karina acabou deitada, eu por cima da garota que parecia surpresa por eu a ter pego desprevenida.

— Talvez eu também esteja apaixonado por você, marrenta.

Foi a última coisa que disse antes de capturar os lábios da loira com voracidade. Senti ela sorrir em meio ao toque e logo depois seus braços cercarem meu pescoço, nos aproximando ainda mais. Minhas mãos atravessaram o tecido de sua blusa, sentindo a pele macia em meus dedos. O lado marginal ganhava vida, e pela primeira vez eu só queria libertá-lo.

Nos separamos quando o maldito ar se fez necessário. Karina estava ofegante, os lábios vermelhos e o brilho de seus olhos eram espetaculares. Desejo. Transbordavam desejo. Um perfeito contraste do meus, poderia apostar.

Senti sua respiração em meu pescoço, me arrepiando de leve. As unhas cravaram em meu ombro ao sentir os meus lábios em sua orelha. Ela me levaria a loucura. E eu nunca quis tanto estar louco.

— Desculpa atrapalhar o casal... de novo, mas cês têm visita. E algo me diz que é especialmente pra você, Cobreloa. O mestre tá te esperando. Bem impaciente pra falar a verdade — a voz zombateira de Thawick nos fez parar, assustados e ofegantes.

Levantei um tempo depois, e Karina fez o mesmo, tentando de toda a forma evitar qualquer tipo de contato com o cara a nossa frente que nos encarava sorridente.

Idiota. Só estava ali pra me ver apanhar, zombar da minha cara.

Levei minhas mãos a cabeça, bagunçando ainda mais os fios. Respirei profundamente, temendo o que viria, temendo toda a fúria do mestre.

É, eu teria que encarar. Por ela.


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Notas finais do capítulo

E ENTÃO? Compartilhem tudo comigo. Aguardarei vocês!

Ai, hoje tenho duas indicações pra quem está a procura de fics Cobrina. São elas: Beside You, da Santos (http://fanfiction.com.br/historia/627717/Beside_You/) e Quimera, da Kat (http://fanfiction.com.br/historia/624520/Quimera_-_COBRINA). Espero que curtam! Eu as amei.

Beeeeeijos!