Wrong | Cobrina escrita por Bruna


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Dois mil reais. Era o meu valor para ele. O idiota havia aceitado. E o pior: minha irmã que estava por trás de tudo. Ofereceu o dinheiro só para eu me afastar do namoradinho idiota dela, que também sabia de tudo.

Eram 02h13min, constatei em meu celular. E lá estava eu, sentada na beira da calçada, encarando a praça que, devido ao horário, estava vazia.

Encarei meu reflexo no visor do aparelho e me arrependi. Não por causa dos olhos inchados e vermelhos devido às lágrimas incessantes que insistiam em cair, não por que a maquiagem estava borrada e nem pela dor que meus olhos transmitiam.

Me arrependi do motivo por eu está ali, naquela situação.

O ruído de uma porta sendo aberta me tirou dos meus devaneios. Meus olhos encontraram rapidamente a tal porta. QG.

Eu pensei em me esconder, mas seria em vão. Ele já havia me visto.

­­­— Cê tá maluca, garota? — perguntou debochado, andando em passos lentos em minha direção.

Eu apenas baixei a cabeça, tentando, inutilmente, conter as lágrimas. Não queria que ninguém me visse assim. Muito menos ele.

— Me deixa em paz, Cobra!

Era pra ter sido em um tom sério, decidido, mas saiu baixo, quase um sussurro e... fraco. Assim como eu.

— Karina... — chamou — Você não tá bem.

Não respondi. Afinal, ele tinha razão.

Continuei na mesma posição, ainda sem encará-lo, esperando que ele fosse embora e me deixasse ali, sozinha. Mas Cobra não fez isso, senti quando ele sentou ao meu lado. Sem dizer uma palavra sequer.

Segundos, minutos... Não tinha a mínima ideia de quanto tempo havia passado. Eu só queria sumir por dias, meses, anos. O tempo suficiente para que eu pudesse esquecer a bendita traição, tempo suficiente para que eu pudesse esquecê-lo.

— Já chega, Karina! — Cobra explodiu impaciente — Olha, você preci — foi interrompido pelo toque de seu celular.

Aproveitei a distração dele e limpei o rastro de lágrimas em minha face,

Olhei de relance para ele. O identificado de chamadas mostrava “Dama”. Jade, concluí. Ele hesitava, como se não soubesse o que fazer. Por fim, atendeu e se levantou, afastando-se um pouco, mas o suficiente para que eu pudesse ouvir a conversa.

— Ei, Dama... Então, eu tô com um problema aqui e hoje eu não posso ir...

Problema. Até para ele eu era um problema.

Levantei da calçada e segui andando, tentando conter aquela coisa molhada, salgada e idiota que me acompanhou por toda a noite, e dessa vez, eu fiz um bom trabalho, pois elas já haviam cessado.

Para onde eu iria? As opções eram muitas: debaixo da ponte, para um meio fio, para um prédio abandonado, para o fim do mundo... Para qualquer lugar onde eu não fosse um problema.

— Dama, eu preciso desligar — o ouvi dizer impaciente — Karina, onde é que cê pensa que vai? — falou, alto o suficiente para acordar a vizinhança.

— Fala baixo, cara. Não quero acordar ninguém. — disse, ignorando a pergunta — Pode ir se encontrar com a Jade. Não quero te atrapalhar.

Teria continuado meu percurso, mas Cobra tinha que se meter.

— Eu não vou pra lugar nenhum... — disse decidido.

— Sério, cara, ela tá te esperan ­—

­— ... Nem você!

Segurando meu pulso, começou a me arrastar em direção ao QG.

—Me solta! —quase gritei.

Tentei me livrar da sua mão que segurava meu pulso, não forte o bastante para me machucar, apenas para me manter ali.

— Cê tá pirando se acha que eu vou te deixar largada por aí.

— Cobra, me larga!

— Olha aqui, Karina — disse com raiva, soltando meu pulso. Soube naquele instante que ele iria me dar mil motivos para que eu fosse, mas seus olhos avistaram algo que o fez parar — Faz o que bem entender. — e saiu andando.

Virei para ver o que ele tinha visto. E me assustei.

Cinco homens me encaravam fixamente. Sim, eu era boa de luta. Mas contra um, talvez dois, não cinco de uma só vez.

— Cobra! — chamei, correndo em direção a ele que estava a poucos metros do destino — Eu vou com você — sussurrei, quando estava ao seu lado.

Ele riu, quase gargalhou, enquanto abria a porta. Entrei e logo em seguida ele fez o mesmo. Trancou a porta e me encarou sorridente.

— Deveria ter te deixado do lado de fora, marrenta.

Não respondi, apenas o fuzilei com o olhar, o que fez com que o sorriso que estava plantado em seus lábios crescesse ainda mais.

— A Jade ainda está te esperando — lembrei da ligação de alguns minutos atrás — Vai lá. Não me importo em ficar aqui sozinha.

— Já disse: não vou a lugar algum.

— Por quê? — perguntei impaciente.

­ — Eu tenho uma gatinha pra cuidar. — respondeu sorrindo. Não foi um sorriso debochado como das outras vezes, foi... sincero.

Lembrei da vez em que ele havia em chamado assim. E, pela primeira vez naquela noite, sorri.


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Notas finais do capítulo

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