Entre o Espinho e a Rosa escrita por Tsumikisan


Capítulo 5
O Proibido Automaticamente se Torna Mais Gostoso


Notas iniciais do capítulo

aulas voltaram, posts agora só fds amores! :3



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— Srta. Granger? – alguém atrás de mim chamou com a voz absolutamente cansada.

Era manhã de natal. Eu estava pronta para descer e ir tomar café para depois me encontrar com Draco nos jardins, como fizemos nos últimos dois dias. Alias, eu até usava o cachecol da Sonserina dele, que havia me esquecido de devolver no dia anterior. Trazia também em minhas mãos um embrulho feito as pressas, considerando que só tive tempo de encomendar algo para ele no dia anterior.

— Sim? – Me virei ao ouvir a voz. O Diretor Dumbledore vinha em minha direção. – Oh, alô prof. Dumbledore!

— Poderia entregar isso a Harry para mim, por favor? – ele estendeu um rolo de pergaminho. – Acho que já sabe do que se trata. – completou com uma piscadela.

Assenti, pegando o pergaminho e colocando em um bolso interno das vestes. Estava me preparando para ir embora, mas o diretor mais uma vez me chamou.

— Srta. Granger?

— Sim?

— A senhorita esta usando um cachecol da Sonserina?

Fiquei vermelha imediatamente. Abri a boca e a fechei, pensando em uma desculpa plausível. Finalmente, me esquivando dos intensos olhos azuis de Dumbledore, murmurei:

— Encontrei nos jardins e estava levando para o achados e perdidos agora.

— Ah, ótimo. – o diretor concordou, para o meu alivio. – A pessoa que o perdeu não vai precisar se preocupar muito, agora que tem você. Mas vamos torcer para que ela não perca mais nada, não é mesmo? Feliz natal!

Ele sorriu bondosamente e saiu andando, me deixando plantada ali. Algo me dizia que ele sabia que eu estava mentindo e também de quem realmente era o cachecol. Esperei até ele estar bem longe para me mecher, indo direto para os jardins sem passar pelo salão principal. Draco havia me informado que raramente comia alguma coisa lá e só tinha ido das ultimas vezes por minha causa. Acertei que dessa vez ele não estaria lá também, por que quando cheguei aos jardins ele estava sentado em baixo de uma arvore, um pano impedindo o contato com a neve, lendo um livro que eu havia recomendado. Sorri e sentei ao lado dele, dando-lhe um beijo na bochecha. Não se contentando, ele me puxou e me deu um beijo longo. Tive que ter muita força de vontade para me afastar.

— Feliz natal. – sorri e estendi o presente para ele.

Draco pareceu surpreso. Ele abriu o presente sem falar nada e ficou admirando o livro ainda dentro da caixa. Mil e uma jogadas espetaculares no Quadribol – versão para apanhadores. Não era um livro barato e eu temia que ele já o tivesse, considerando todo o dinheiro que sua família tinha. Mas ele passou a mão pela capa com extremo cuidado. Depois olhou para mim com a sobrancelha franzida.

— Mas eu não comprei nada pra você.

— Ah, não precisa! – disse, corando. – Eu achei... Que você ia gostar.

— Gostar? Hermione, eu adorei! Obrigado. – ele me puxou para mais perto, passando o braço ao redor do meu ombro.

Me aconcheguei a ele e fiquei observando-o ler. Às vezes acompanhava a leitura e fazia perguntas que eu sabia que deveriam soar tolas, mas ele me respondia com toda a paciência do mundo. Infelizmente logo começou a escurecer e nós tivemos que nos despedir. Draco parecia não querer me deixar ir embora, me beijando vorazmente. Quando me soltou, seus olhos cinzentos pareciam em chamas, pedindo por mais.

— Alias, tenho que te devolver isso. – comentei, tirando o cachecol.

— Não, esta muito frio. Pode ficar com esse, eu tenho mais. – ele apontou para o enrolado no pescoço. – Vamos.

Fomos de mãos dadas até o saguão de entrada, onde Draco me beijou mais uma vez, ignorando meus protestos. Comecei a subir as escadas, ciente que o olhar dele me acompanharia ate me perder de vista. Mais uma vez fui dormir sozinha, o dormitório completamente deserto. Eu gostaria que todos os dias fossem assim, mas amanha as pessoas voltariam de suas casas e as aulas voltariam. O pensamento me deixou triste, mas eu o espantei, pegando um livro e me sentando em frente a lareira do salão comunal.

*****

— Por que você está sorrindo? – Draco perguntou, segurando minha cintura para que eu não caísse.

— Nada. É proibido sorrir agora? - perguntei, me virando para ele.

— Desculpe, senhorita certinha. – ele riu. – Não pergunto mais.

— Você não gosta da neve? – perguntei, olhando a superfície branca refletindo em todas as direções.

— Por que eu gostaria da neve?

Pisquei.

— Ah, por que fica tudo tão lindo quando está nevando. Parece até um cartão postal.

— Cartão postal?

—... E além do mais... – disse, ignorando a pergunta típica de bruxos que não se importam com o mundo dos trouxas. Peguei um pouco de neve no chão e formei uma bola de neve. – Podemos fazer uma guerra de bolas de neve!

Joguei a bola de neve nele e comecei a rir. Draco revirou os olhos.

— Não vejo graça em ficar todo molhado. Vem aqui, você vai congelar assim.

Ele me segurou pela cintura novamente e me puxou para um abraço quente. Infelizmente aquele seria nosso último momento juntos antes que todos voltassem para o castelo. Pensando nisso, olhei para as janelas.

— O que foi? – Draco perguntou.

— Acho que temos que entrar. – comentei.

— Por quê?

— Porque já deve ter gente no castelo... – mordi o lábio. – Eu odeio ter que ficar me escondendo.

— Por mim, não precisamos nos esconder. – ele sorriu marotamente.

— Não posso. – mordi o lábio. – Se Harry descobrisse... Nunca mais me perdoaria.

— E quem liga para a opinião do Potter? – ele me largou, se levantando e indo para o castelo com as mãos no bolso.

— Eu ligo. – fui andando com ele. – Ah, Draco não fique assim.

Enquanto tentava alcança-lo, tropecei em uma pedra escondida pela neve e acabei caindo em cima dele, fazendo com que nós dois acabássemos no chão

— Se quisesse que eu ficasse era só pedir, Granger. – ele sorriu de um jeito malicioso.

Ainda deitados na neve, eu o beijei. Draco mordeu meu lábio e aprofundou o beijo. Segurei a blusa dele com mais força, já não sentindo tanto frio assim. Mas ele me empurrou gentilmente, com um ar tristonho.

— Você tem razão. Vamos entrar.

Suspirei, me levantando. Estendi a mão para ajuda-lo a se levantar, mas ele a ignorou e ficou de pé em instantes sem ajuda. Idiota orgulhoso. Revirei os olhos. Ele riu e segurou minha mão, dando um longo beijo em cada um dos meus dedos encobertos pela luva. Sentindo meu rosto ficar vermelho, comecei a andar, com ele logo atrás de mim.

Soltamos as mãos antes mesmo de entrarmos no saguão. Evitei olhar para ele ao sussurrar um “tchau” apressado e subir para o meu salão comunal. Não queria me despedir. Não queria que aqueles dias acabassem nunca. Na verdade, eu tinha medo de que tudo acabasse no momento em que as aulas voltassem. Quer dizer, nós nunca prometemos nada um para o outro. Não havíamos conversado mais sobre o que sentíamos desde aquele dia na biblioteca. Eu sentia que só estávamos protelando o inevitável.

— Não! – Ouvi a voz da mulher gorda no momento em que pisei no corredor que levava para o salão comunal.

– O que você quer dizer com ‘não’? – a voz conhecida parecia indignada.

Ajeitei um pouco mais minhas vestes. Dos jardins até ali eu sentia como se todos que olhassem para mim fossem instantaneamente saber o que eu tinha feito.

— Tem uma nova senha. E por favor, não grite.

— Mas nós não estávamos no castelo, como você acha que nós...

Consegui distinguir Harry, Gina e Rony em frente ao quadro. Eles pareciam cansados e nervosos. Caminhei em direção a eles, ajeitando as vestes mais uma vez.

— Harry! Gina! – sorri, evitando o nome de Rony de propósito. Pensar nele me fazia sentir absolutamente culpada.

— Ei Mione. – Harry retribuiu o sorriso. – Você não ia para a França com seus pais?

— Mudei de idéia!

Gina tossiu, olhando para mim descrente. Ela obviamente já sabia o porquê de eu ter mudado de idéia. Fiquei um pouco mais vermelha.

— Tiveram um bom Natal? – perguntei, mudando de assunto.

— Sim. - Rony entrou no assunto. - Aconteceu tanta coisa... O ministro...

—Tenho uma coisa pra você, Harry. – disse, sem olhar para Rony.

— Não sabemos a senha. – Gina comentou.

— A senha? Abstinência!

A mulher gorda girou o quadro, dando passagem para o salão comunal. Ela parecia muito mal humorada.

— O que houve com ela? - perguntou Harry.

— Ela e Violeta beberam todo o vinho naquele quadro dos monges bêbados no corredor de Feitiços. – dei de ombros. - De qualquer forma...

Peguei no meu casaco o bilhete de Dumbledore e entreguei a ele. Harry o abriu animado, lendo de uma vez as informações.

— Ótimo - disse. - Eu tenho muita coisa para contar a ele. E para você também!

Mas neste momento, ouvimos um grito muito fino de algo que parecia “Uon-Uon!”. Lilá Brown desceu as escadas do dormitório feminino mais rápido do que eu já havia visto qualquer uma fazer e pulou nos braços de Rony, beijando-o. As pessoas que estavam por perto deram risinhos; Dei uma risada calma. A culpa sumiu num instante.

— Você também vem, Gina? – Harry perguntou, indicando uma mesa vazia distante dos dois pombinhos.

— Não, obrigada. Marquei de encontrar Dino. - Disse Gina, com pouco entusiasmo.

Harry pareceu frustrado por um momento, sentando-se.

— Então, como foi o Natal? – Perguntou para mim.

— Ah, foi ótimo!- disse com um sorriso enigmático. – Como foi na casa do Uon-Uon?

— Te falo em um minuto. – disse Harry. – Olha, Hermione, você não poderia...

— Não, não posso. – interrompi prevendo o que ele ia me pedir. – Portanto não precisa nem pedir.

— Pensei que, você sabe, pelo Natal...

Do jeito que meu natal tinha sido, as chances de eu perdoar o Rony eram quase nulas.

— Foi a Mulher Gorda que bebeu um galão de vinho de quinhentos anos, e não eu. Então, quais são as novidades importantes que você tem para me dizer?

Harry começou a contar da noite do baile, de uma conversa muito estranha que ele tinha ouvido entre Snape e Draco. Me mexi na cadeira, desconfortável, mas ele não pareceu notar. Quando ele terminou, tentei olhar para o lado racional da historia, ignorando totalmente a confusão em que eu estava em relação a Draco.

—Você não acha que...

—... Ele estava fingindo oferecer ajuda para enganar Malfoy e descobrir o que ele estava armando? – ele completou, lendo meus pensamentos.

— Bem, é.

— Sr. Weasley e Lupin acham isso também. – Harry suspirou. Evitei dizer que sua obsessão por Draco estava impedindo-o de ver que era exatamente isso que Snape estava fazendo. – Mas isso prova que Malfoy esta fazendo alguma coisa, você não pode negar!

— Não, não posso – respondi, evitando o olhar dele.

— E ele está a mando de Voldemort, como eu tinha dito.

— Algum dos dois chegou a mencionar o nome de Voldemort?

Por algum motivo eu queria defender Draco. Ora, eu estive com ele o dia inteiro nos últimos quatro dias e não vi nada de errado, alem de um garoto que estava extremamente infeliz e solitário, se abrindo para alguém que o ouvisse. Harry estava claramente delirando.

— Não tenho certeza... Snape certamente disse “seu mestre”. Quem mais poderia ser além dele?

— Eu não sei - disse batendo nos lábios. - O pai dele, talvez?

Harry fez um muxoxo de descaso. Era a mesma coisa todos os anos, talvez fosse um hobbie pensar que Snape estava tramando alguma. Porem o que martelava em minha cabeça era o fato de Draco realmente estar fazendo algo que não queria que os outros soubessem. O que seria? E ate onde eu estava metida nisso?

Do lado oposto da sala, Lilá fazia cócegas em Rony. Ridículos.

— Como vai o Lupin? – perguntei, voltando a olhar para Harry.

— Nenhuma Maravilha. – respondeu. – Você já ouviu falar em Lobo Greyback?

Uma conversa veio instantaneamente na minha cabeça ao ouvir o nome.

— Já! E você também Harry!

— Quando, em Historia da Magia? Você sabe muito bem que eu não presto a mínima atenção...

— Não, Dra... – me contive. Quase o chamei pelo primeiro nome. – Malfoy usou para ameaçar Borges!

— Eu tinha me esquecido! – Harry parecia animado. - Mas isso prova que ele é um comensal da morte, como poderia estar em contato com Greyback se não fosse um?

Pensei na ideia. Draco, realmente um comensal da Morte? Isso explicaria por que o súbito interesse em se aproximar de mim. Chegar mais perto de Harry através de mim, de modo que... Balancei a cabeça, espantando esses pensamentos. Eu não podia julga-lo assim, havia prometido que não guardava mais rancor e acreditava que ele queria mudar.

— É muito suspeito. – sussurrei, enfim. – Mas pode ser que...

— Ah, fala sério! – Harry disse um pouco mais alto. - Não da para você justificar essa...

— Pode ter sido uma falsa ameaça! – disse zangada.

— Você é inacreditável. Parece até que quer defender o Malfoy. – Harry balançou a cabeça. – Você vai ver quem tem razão... Ah sim, falando nisso, eu também tive uma briga com Rufo Scrimgeour...

— Que?! – arregalei os olhos.

Passamos o resto da tarde xingando o ministro. Por volta das oito horas a neve começou a bater na janela, flocos enormes que se acumularam no parapeito. Fiquei olhando para eles, ignorando as risadinhas de Lilá. A ideia de Draco ser um comensal não me agradava nem um pouco.


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