Entre o Espinho e a Rosa escrita por Tsumikisan


Capítulo 10
Destinação, Determinação, Deliberação


Notas iniciais do capítulo

Heeey gente. :3 Esse capitulo É ENORME. Me empolguei pacas escrevendo ele rç Espero que gostem.



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— Eu não vou perguntar para o Draco que ele está aprontando, Harry. – resmunguei talvez pela milésima vez.

— Mas Mione! Pode ser a nossa chance, por favor!

— Isso é espionagem Harry! É igual o que aquela Skeeter nojenta faz.

— Mas você não gostaria de saber por que ele anda com tantas alunas por ai?

Essa foi totalmente golpe baixo e ele sabia disso. Mas eu tinha certeza que Harry não conseguiria entrar na sala precisa caso Draco realmente estivesse lá, então não faria diferença. E eu não devia ficar bisbilhotando o que Draco faz, devo respeitar o espaço dele como ele respeita o meu.

— Você não vai conseguir o que esta planejando. – resmunguei.

— Veremos.

— Veremos. – repeti olhando para ele.

— Eu acho que você devia prestar mais atenção no problema do Slurghon. – disse firme. – Não concorda Rony?

— Sei lá, Hermione.

— Olhe – ele tirou o profeta diário da coruja que estava a minha frente e falou em voz baixa. – Não esqueci Slurghon. Mas não faço idéia de como vou fazer. E, ate que eu descubra, porque não posso saber o que Malfoy esta fazendo? Nãoo concorda Rony?

— Sei lá, Harry. – ele disse descontraído, olhando mais alem da nossa mesa.

— Já lhe disse que você deveria persuadir o Slurghon. – disse pegando o profeta das mãos dele. – O que você acha Rony?

— Eu queria aparatar como um elfo domestico.

— Você vai conseguir. – eu disse, animada pela mudança de assunto. – Eu sei que vai.

Ele sorriu e meu comentário pareceu revigorante. Ele e Harry logo entraram em uma discussão acalorada sobre quadribol. Lancei um olhar furtivo em direção a mesa da Sonserina. Infelizmente, Harry estava certo e eu realmente queria saber o que ele andava fazendo com uma porção de alunas, que só talvez fossem Crabbe e Goyle.

— Da para parar de olhar para lá? – Rony disse com raiva. – Esta me dando nos nervos.

— Você não fica assim quando Lilá olha para cá. – olhei para o fim da mesa, Lilá olhava para mim com ódio nos olhos. – Se ela não acabar te matando, acho que eu o farei.

Terminamos de tomar café e seguimos para a aula de poções. Lilá se aproximou, puxando Rony possessivamente pelo braço. Harry olhou para mim como se pedisse por socorro, mas eu me afastei e procurei Draco na turma de alunos da Sonserina. Ele estava encostado em uma parede próximo a Crabbe, Goyle e Pansy. Ignorei a cara de bulldogue e me aproximei.

— Oi. – sorri. Ele passou o braço por minha cintura, se afastando dos amigos. Pansy Parkinson ficou muito vermelha e Crabbe e Goyle esconderam risadinhas.

— Olá. – ele sorriu de volta. – Por que olhava tanto para a minha mesa na hora do café? Sabe que podia ir lá a qualquer momento. – ele sorriu maliciosamente.

— Ah claro, seria uma aventura incrível. – revirei os olhos. Instintivamente olhei para o braço esquerdo de Draco, onde uma possível marca negra estaria. Ele não usava roupas sem mangas longas mesmo nos dias mais quentes.

Balancei a cabeça. Eu não podia deixar as ideias malucas de Harry me afetarem.

— Vem, vamos entrar na masmorra. – Segurei propositalmente aquele braço, buscando leva-lo comigo para a sala de poções, mas Draco o afastou com rapidez, com uma careta. – O que foi?

— Nada. – ele resmungou.

— Draco...

— Pode ir entrando na sala, eu já vou. – Draco se afastou antes que eu pudesse contestar. Deixei meu braço desabar, transtornada.

Senti os olhos de Harry em mim durante a aula, mas não expliquei, apenas preparei minha poção em silêncio. Não sei por que ainda me dava o trabalho, já que Harry ganhava toda a atenção de qualquer jeito. Tentei tirar Draco da minha cabeça o resto do dia, mas sentia que ele estava me evitando e não podia deixar de me perguntar o motivo.

No dia seguinte teríamos aula de aparatação exclusiva apenas para quem faria dezessete até abril. Eu, Rony e Harry descemos para o saguão de entrada, as orelhas de Rony estavam muito vermelhas e ele parecia que iria vomitar a qualquer momento. Harry divagava sobre tentar entrar na sala precisa naquela manhã, aproveitando que metade dos alunos do sexto ano estariam fora e Draco não seria um deles.

— Você faria melhor, - comecei.

— Se fosse ao escritório do Slughorn e tentasse obter a lembrança. – Harry completou. – Eu sei, Hermione, eu sei! Estou tentando.

— Então vai ter que continuar insistindo.

Ele revirou os olhos quando achou que eu não estava vendo. Rony sufocou uma risadinha. Nossa vez na fila chegava, mas eu olhava apreensiva para os lados. Draco sabia que nós teríamos aulas hoje fora da escola, poderia ao menos vir me dar boa sorte. Mas nossa vez na fila para passar pelo detector de magia negra de Filch chegou e eu não pude esperar mais.

******

Chegamos bem cedo e caímos de cara no almoço. Os outros alunos ainda deviam estar em aula, mas logo o Salão Principal começou a se encher. Harry sentou-se ao lado de Rony, parecendo meio aborrecido, mas não teve a chance de falar nada, pois Rony logo foi contando que conseguiu finalmente aparatar, mas para o local errado. Perguntou educadamente como eu fui, ignorando nosso atrito mais cedo, mas Rony também respondeu essa por mim, me elogiando em todos os sentidos. Sorri para ele e depois me virei para Harry.

— E você? Ficou lá em cima na Sala Precisa esse tempão? – Adivinhei.

— Fiquei. – ele concordou sem vergonha alguma. – E adivinhe quem eu encontrei lá? Tonks!

— Tonks? – eu e Rony repetimos, atônitos.

— É, ela disse que tinha vindo visitar Dumbledore...

— Se você quer saber minha opinião. – Rony comentou com a boca cheia de batatas depois de Harry contar a conversa que tivera com Tonks. – Ela esta pirando. Perdeu a coragem depois do que aconteceu no ministério.

— Pensei em uma coisa. – Harry olhou para mim como se esperasse ajuda. – Você acha que ela talvez fosse... sabe... Apaixonada pelo Sirius?

Arregalei os olhos.

— De onde foi que você tirou essa ideia?

— Não sei. – Harry deu de ombros. – Mas ela estava quase chorando quando mencionei o nome dele... E o Patrono dela agora é um quadrúpede... Fiquei pensando se não teria se transformado... Sabe... Nele.

Franzi o cenho. Aquela historia era totalmente confusa e nunca em milhões de anos eu imaginaria isso. Mas quem sabe o que se passava pela cabeça de Tonks?

— É uma ideia... – comecei. – Mas continuo sem saber por que ela entraria no castelo de repente para ver Dumbledore, se esse realmente era o motivo pra ela estar aqui.

— O que nos trás de volta ao que eu disse não é? – Rony comentou. – Ela ficou esquisita. Se acovardou. Mulheres.

— Ainda assim... – disse com a voz acida. – Duvido que você encontre uma mulher que fique meia hora emburrada por que Madame Rosmerta não riu da piada que ela contou sobre a bruxa, o curandeiro e a Mimbulus mimbletonia.

Rony não falou comigo pelo resto do almoço.

Estávamos sentados perto do lago, vendo a Lula Gigante nadar tranquilamente quando Draco finalmente foi me procurar. Eu estava procurando algo sobre Horcruxes em alguns livros da biblioteca, mas não parecia nada promissor. Tentei fingir que não o via se aproximando, mas com o canto do olho pude notar o quanto ele estava pálido e abatido. Parecia que um dementador havia acabado de sugar toda a felicidade nele.

— Mione? Posso falar com você? – ele perguntou, parando diante de mim.

— Ah, então se lembrou que eu existo? – perguntei amargamente, sem deixar de olhar para o livro.

Rony e Harry se entreolharam, claramente desconfortáveis. Rony reprimiu uma risada. Draco suspirou e fechou os olhos, parecendo tentar se controlar.

— Por favor, eu preciso falar com você. A sós.

Fechei o livro o mais lentamente que pude e comecei a fazer tudo muito devagar, colocando-o na mochila, fechando-a, colocando ela nos ombros, me levantando delicadamente. Draco cruzou os braços, claramente muito aborrecido, mas não ousou falar nada. O acompanhei para dentro do castelo, evitando que nossos olhares se encontrassem.

Draco me levou para um corredorzinho estreito que eu nunca havia reparado. Parecia ser o mesmo que levava os calouros para a ante sala do salão principal e não era usado em nenhuma outra ocasião a não ser o inicio do ano letivo. Como Draco se lembrava disso era um mistério.

Ele parou no meio do corredor e se virou para mim. Olhei para ele com as sobrancelhas erguidas, aguardando. Draco pareceu tentar falar muitas vezes, mas em todas elas calava a boca antes mesmo de começar. Parecia não encontrar as palavras para o que queria dizer e eu estava começando a me desarmar. Ver ele daquela forma era torturante.

— Isso não vai dar certo. – ele murmurou.

— O que não vai dar certo? Nós? – cruzei os braços. – Me diga logo o que você quer Draco, por que se acha que vai ficar brincando comigo desse jeito...

Ele chegou tão perto que eu tropecei para trás e me vi encostada na parede. Seus olhos cinzentos pareciam vorazes. Engoli em seco, intimidada com tamanha proximidade e ao mesmo tempo querendo que ele acabasse com o espaço que restava.

— Eu quero você. De todas as formas possíveis. – ele me olhou de cima a baixo sem se preocupar em esconder o desejo. – Mas tem muita coisa acontecendo... Nós dois sabemos as chances de isso terminar bem e não são grandes. Tem uma guerra ai fora. E você, você é a melhor coisa que já me aconteceu. Não posso te perder por um deslize ou...

— Você não vai me perder a menos que queira. – sussurrei.

— Eu não quero. Mas existem outras circunstancias, muitos meios de tudo dar errado e... E... – ele pareceu sufocar com as palavras, fechando os olhos para se acalmar.

Ergui delicadamente a mão, pousando-a no rosto dele. Draco estremeceu ao meu toque.

— Eu sei que as chances estão todas contra nós. Não sou burra. Mas se perdermos a esperança, o que mais nos restara? – disse em voz baixa. – Vamos viver o agora, Draco. Se nos vivermos pensando no futuro ou no passado, só perderemos as oportunidades atuais.

Não dei chance para que ele respondesse, selei minhas palavras com um beijo. Draco pos a mão dele contra a minha ainda pousada em seu rosto e com a outra puxou minha cintura. Seu beijo parecia urgente, como se temesse que aquele fosse o ultimo. As coisas começaram a ficar mais rápidas e ele me prendeu contra a parede, suas mãos apertando minha cintura. Ele mordeu o meu lábio de leve, fazendo meu corpo se arrepiar e pedir por mais. Deslizei minhas mãos para o cós da calça dele e passei os dedos pelo encaixe do cinto dele, puxando-o para mim. Parecia impossível que ficássemos mais perto um do outro, mas ambos queríamos mais. No segundo em que ele parou de me beijar, talvez para tomar fôlego já que sua respiração estava muito acelerada, eu me direcionei para seu pescoço, beijando e mordendo-o. Draco arquejou, segurando minha cintura com tanta força que chegava a machucar. Ele parecia lutar consigo mesmo e por fim me afastou delicadamente, arfando.

— É melhor... Parar... – sua respiração estava decididamente vacilante. – Não serei responsabilizado por meus atos se não pararmos.

Baixei os olhos, sentindo que estava ficando vermelha. Ele pegou uma mecha do meu cabelo e a colocou atrás de minha orelha, sorrindo.

— Acho que entendi seu ponto. Viver o agora ein? – ele riu e eu consegui sorrir também, apesar de estar morrendo de vergonha. – Me desculpe por ter sido um babaca.

— Desculpado. – declarei, sorrindo.

Demos as mãos e saímos daquele corredor estreito, com os corações mais leves e um andar mais calmo.

******

O céu muito azul indicava a aproximação do verão, mas apenas eu parecia feliz com o tempo. Harry estava mal humorado por não conseguir entrar na sala precisa, mesmo depois de eu ter dito tantas vezes que ele não conseguiria. Rony ansiava pelo teste de aparatação, muito nervoso com a hipótese de não passar. E Draco, infelizmente, estava cada vez com uma aparência mais doente e quieto. Normalmente nos encontrávamos no lago ou em algum lugar longe dos olhares de outros alunos e mesmo que eu tentasse conversar ele parecia abatido demais para responder e, por fim, me pedia para ler um pouco em voz alta para ele. Eu gostava muito de passar minhas tardes ali com a cabeça dele no meu colo lendo algo que eu sabia muito bem que mais interessava a mim do que a ele, mas se o preço fosse o comportamento taciturno dele, eu trocaria muito bem pelo Draco sarcástico e orgulhoso que eu havia me aproximado a alguns meses.

Eu estava pensando nisso enquanto eu Harry e Rony tirávamos uma folga em um canto do pátio depois do almoço. Eu e Rony segurávamos panfletos sobre erros mais comuns na aparatação, já que íamos fazer o teste naquela tarde. Rony na verdade parecia quase esmagar o dele. Harry mais uma vez puxou o mapa do maroto da mochila, para verificar.

— Pela ultima vez, esquece o Draco. – resmunguei.

Ele me ignorou. Era verdade que toda vez que eu tentava extrair alguma informação de Draco, ele conseguia digamos, me distrair. Mas ele era meu namorado. Harry só queria descobrir algo para provar que estava certo o tempo todo e ferrar com Draco. No ultimo mês eu tinha aprendido a não me meter na richa dos dois, pois sabia que nenhum dos lados de repente viraria o melhor amigo para sempre do outro.

Rony se escondeu atrás de mim rapidamente ao ver uma garota entrar no pátio. Olhei para cima, descrente, mas disse em voz baixa:

— Não é a Lilá.

— Ah bom. – ele disse relaxando.

— Termine com ela logo se...

— Harry Potter? – a garota que entrara no pátio perguntou, um tanto insegura. – Me pediram para lhe entregar isso.

Ele esperou a menina se afastar para exclamar:

— Achei que Dumbledore tivesse dito que não teríamos mais aulas até eu conseguir a lembrança!

— Talvez ele queira saber como você está indo? – arrisquei e Rony concordou.

Harry leu a carta e seu semblante se fechou rapidamente. Ele empurrou a carta para Rony e eu com um muxoxo de descaso.

— Ah, pelo amor de Deus. – exclamei, lendo o bilhete de Hagrid.

— Ele é maluco! – Rony disse. – Aragogue mandou a turma dele nos devorar! Disse para se servirem! E agora Hagrid espera que a gente vá lá em baixo chorar por aquele defunto peludo?!

— E não é só isso. Ele esta nos pedindo para sair da escola a noite, sabendo que a segurança está mil vezes mais rigorosa e nos meteríamos em uma baita encrenca.

— É, eu sei. – Harry suspirou. – Presumo que Hagrid vá ter que enterrar Aragogue sem a nossa presença.

— Realmente. – sorri, aliviada por Harry não tentar infringir as regras mais uma vez. – Olhe, a aula de Poções vai estar quase vazia hoje a tarde, já que estaremos fazendo os testes. Aproveite para amaciar o Slughorn um pouco!

— Sorte na quinquagésima vez, é isso?

— Sorte... – Rony murmurou, depois olhou para nós, alarmado. – Sorte! É isso ai Harry, mude a sorte!

— O que?

— Use sua poção da sorte!

Minha boca se abriu em um pequeno “o” de descrença. É claro! A resposta estava o tempo inteiro ali. Harry sempre teve o dom de convencer o Slughorn, só precisava de um empurrãozinho.

— Claro! – exclamei, também animada. – Por que não pensei nisso antes? Brilhante!

— Felix Felicis? – Harry repetiu, um pouco ansioso. – Não sei, estava pensando em guardar para outra coisa...

— O que pode ser mais importante do que essa lembrança, Harry? – perguntei, paciente.

Na melhor das hipóteses, ele queria uma chance para ficar com Gina sem que Rony atrapalhasse. Na pior, tentaria entrar na sala precisa para descobrir o que Draco supostamente estava fazendo.

— Bem... Ok. Se eu não conseguir fazer Slughorn falar hoje a tarde, vou tomar um pouco da Felix e tentar novamente essa noite.

— Está decidido então! – disse, com as energias renovadas. Me pus de pé. – Destinação, determinação, deliberação.

— Ah pode parar. – Rony pediu. – Já estou até nauseado...

A sineta tocou, o que só serviu para deixar Rony mais verde. Seguimos para o portão principal, onde um amontoado de alunos de todas as casas já aguardava Filch para que ele nos levasse a Hogsmeade, onde seria o exame. Lilá apareceu repentinamente e se jogou no pescoço de Rony. Eu e Harry nos entreolhamos, um pouco constrangidos.

— Mione!

Me virei com pressa e quase tropecei na barra da capa. Draco vinha em minha direção, sorrindo. Harry desejou boa sorte e se afastou, indo na direção oposta a Draco. Acabei com a pouca distancia que faltava com passadas largas e o abracei. Draco me levantou do chão e me girou.

— Vim desejar boa sorte. – ele disse, após me colocar no chão entre risadas. – Você vai conseguir.

— Espero que sim. – concordei, contente por ver ele animado daquele jeito.

— Ei vocês ai! Venham logo! – Filch ralhou, nos encarando com seus olhos disformes.

— Tenho que ir. – disse. – Não apronte nada enquanto eu estiver fora, certo?

— Irei pensar.

Revirei os olhos e beijei a bochecha dele. Corri para onde Rony aguardava, sem Lilá. Ele me encarou profundamente antes de começarmos a andar atrás dos outros alunos.

— Então... – começou. – Você e o Draquinho?

Aquele ia ser um longo dia.

*****

— Muito bom a todos! – Twycross nos saudou após os testes, sua vozinha esganiçada correndo por todo o Três Vassouras. – Mesmo para quem não passou neste ano, lembre-se que poderão tentar ano que vem.

Ele puxou alguns aplausos e um resmungão de Rony que estava absolutamente aborrecido por não ter passado.

— Ah, que tal uma cerveja amanteigada? – perguntei, tentando anima-lo.

— Pode ser. – ele deu de ombros.

Chamei madame Rosmerta e pedi duas cervejas amanteigadas. Senti que alguém olhava para mim e vasculhei a área, finalmente encontrando Lilá, fungando. Ela fez uma careta de desgosto e voltou a olhar para a amiga. Eu sabia que ela não tinha passado, já que metade do seu corpo havia ficado para trás era obvio que não passaria. Mas a forma com que ela olhava para nossa mesa me dizia mais alguma coisa.


— O que você fez para ela? – perguntei a Rony.

— Pedi que me deixasse em paz. – Ele sussurrou em resposta. – E que depois tínhamos que conversar.

— Ah você não fez isso! – exclamei.

— O que tem?

— Rony, “precisamos conversar” é o condigo mundial do namoro para “eu quero terminar”. Você devia ser mais sutil!

— E como eu ia saber disso? – ele perguntou, incrédulo. – Mas de qualquer forma, é exatamente isso que eu quero.

Ficamos em silencio por um tempo. Madame Rosmerta trouxe nossas cervejas amanteigadas. Rony não reparou no novo bigode de espuma e me olhava intensamente por baixo do copo. Comecei a me sentir desconfortável, algo que não sentia antes quando ficava a sós com ele.

— Que tal irmos para outro lugar? – ele sugeriu.

— Aqui tá legal. – rebati.

— Eu queria um lugar mais reservado. Para conversarmos a sós.

— Estamos a sós. – disse apreensiva.

— Quando digo a sós quero dizer longe dos olhares curiosos. – ele olhou pelo salão, Lilá não era a única que me mirava com ódio. Pansy Parkinson e outras garotas da Sonserina também olhavam para mim como se pudessem arrancar minha cabeça a qualquer instante.

— Ok.

Afinal, o que poderia dar errado? Nós éramos amigos ainda, certo?

Caminhamos tranquilamente pelas ruas de Hogsmeade. As mãos de Rony estavam devidamente atrás das costas, o que era um bom sinal. Chegamos perto da Zonko’s e eu fingi estar analisando um dos brinquedos atentamente para aliviar a tensão que havia se instalado.


— Muita coisa mudou ultimamente. – ele comentou distraidamente.

— Pois é.

— Algumas coisas eu nunca imaginaria quando te conheci no primeiro ano.

Não respondi. Encarava fixamente um pacote de luxo de bombas de bosta sem realmente enxerga-lo. Não estava realmente gostando do rumo daquela conversa.

— Por que fez isso, Hermione?


— Fiz o que? – perguntei.

— Saindo com o Malfoy como se ele nunca tivesse te feito nada, como se ele fosse o grande incompreendido da historia.

— Você nunca entenderia. – suspirei.

— Por que faz isso comigo? – ele lamuriou.

Finalmente me virei para encara-lo. Ele era uns bons dez centímetros mais alto que eu, mas eu olhei bem em seus olhos ao dizer:

— Eu o amo, Rony. Não sei como isso aconteceu, mas... Agora é inevitável.

— Bem. – ele estava muito próximo. Sua respiração parecia controlada enquanto ele colocava uma das mãos em meu rosto. Abri a boca para pedir que ele parasse, mas as palavras não saíram. – Dizem que a gente não sabe quem é nosso verdadeiro amor até você beija-lo.

Ele hesitou um pouco, mas eu estava estupefata demais para falar. Tomando meu silêncio como permissão, ele colou os lábios aos meus. Tinha gosto de cerveja amanteigada. Por um segundo, um único segundo, meu corpo se deixou levar. Afinal, aquilo era algo que a vida toda eu queria. Mas não era a mesma coisa. Não era o que eu imaginava, nem o que eu queria. Eu queria Draco. Alias, meu cérebro raciocinou, desde quando Rony é romântico daquele jeito? Aquele não era Rony realmente, ele só estava falando aquelas coisas para me agradar. Por esse e outros motivos, eu o empurrei. Rony caiu na calçada ao mesmo tempo em que um gritinho excitado ecoou pelas ruas de Hogsmeade.

— Eu sabia! – Pansy Parkinson sorriu com triunfo. – Eu sabia que você não prestava, sangue ruim!


Ela correu rua acima, em direção a Hogwarts. Meu rosto ficou branco. Ela obviamente iria correndo contar para Draco. Mas talvez ele não acreditasse. Isso! Ele confiava em mim. Com certeza não acreditaria naquela cobra. Infelizmente eu não estava muito convencida disso.

Rony se levantou com um gemido de dor. O encarei querendo soltar fogo pelos olhos.

— Ronald Weasley! – eu disse furiosa, minha voz pelo menos dez tons mais alta. – COMO SE ATREVE?!

— Mas eu achei que estava indo tudo bem... – ele murmurou.

— Não! Não esta nada bem! – disse com lagrimas nos olhos. – Draco nunca vai me perdoar!

—Vamos ser sinceros, você realmente precisa dele?

— ARGH! VOCÊ NÃO ENTENDE NADA RONALD!

Sacudi a cabeça e sai pisando com força suficiente para quebrar o chão. As lagrimas corriam livremente por meu rosto e eu não tentava impedi-las. Sabia que ao me aproximar de Hogwarts, poderia estar perto do fim. Como eu pude ser tão estúpida?!

Rony, por ser mais alto e ter pernas mais largas, me alcançou facilmente. Ele se desculpava, mas eu o ignorei completamente, apenas preocupada do que viria a seguir. Finalmente chegamos aos portões de Hogwarts e eu estava sem fôlego. Rony tentava me tocar, mas eu o empurrava com as mãos. Estávamos entrando no pátio. Talvez Pansy ainda não tivesse encontrado-o.

— Hermione, por favor, me escute! – Rony praticamente implorou, só faltava se ajoelhar.

Parei com um muxoxo de descaso. Não exatamente por ele, mas sim por que minhas pernas doíam por ter andando uma longa distancia tão rápido. Rony estava muito vermelho e pareceu aliviado quando eu parei.

— Mione, eu...

— Ronald, você esta com a Lilá! – gritei. – E eu com o Draco! Não acredito que fez aquilo... No que estava pensando?

— Hermione, pense, só pense. – ele insistiu. – Você retribuiu!

Abri a boca para responder, mas fui interrompida por um grito alto e claro.

— WEASLEY!

Draco vinha em nossa direção com a varinha já me punho. Ele estava muito vermelho também, mas de raiva. Seu olhar era do mais profundo desprezo, algo que em todos esses anos escolares nem eu tinha visto.


— Como se atreve? – ele brandiu. – Ela é minha namorada!

Em um segundo a varinha de Rony também estava pronta. Olhei para os dois, abismada. Eles não iam brigar, não no meio da escola. Só podia ser um sonho. Um grupo de alunos parou ao nosso redor, observando o espetáculo.

— Não! Por favor, não briguem! Podemos resolver isso civilizadamente... – Gritei.

— Não encoste um dedo nela. Ouviu bem? Nunca mais.

— E se eu não quiser? – Rony o desafiou.

— Expelliarmus!

Ronald desviou do feitiço, que atingiu uma pedra fazendo-a em pedacinhos. Eu tentei me aproximar de Draco, mas Rony se recuperou rapidamente e lançou outro feitiço:

— Tarantallegra!

Draco fez um escudo sem emitir uma palavra. Pelo que ele havia me contado, era a primeira vez que vazia um feitiço não verbal com sucesso. Ele sorriu com desdém e lançou o próximo:


— Impedimenta!

O Feitiço de Draco atingiu em cheio em Rony, que ficou repentinamente parado. As pessoas ao redor arfaram e eu enfim encontrei uma chance, quando Draco sorriu vitorioso e levantou a varinha para um ultimo feitiço. Fechei os olhos e me atirei nele, impedindo-o. Ele perdeu o equilíbrio, mas conseguiu manter nós dois em pé.

— Draco, para com isso, por favor.

— Vai então! – Ele me empurrou. Surpresa, eu cai no chão. - Fique com ele! É o que você quis a vida toda não é? Agora você conseguiu!

Antes que eu pudesse contestar, ele se afastou sem ao menos me dirigir um olhar. Meu rosto estava muito molhado por causa das lagrimas e meus olhos começavam a ficar inchados. As pessoas cochichavam e apontavam, mas eu só queria ficar ali sentada e chorar mais e mais.


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Notas finais do capítulo

Como eu já disse, dramione >>>>>>>>>>>> resto. Então nem vem Rony u3u