Before - League of Legends II escrita por Ricardo Oliveira


Capítulo 10
Luz




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– Você tem certeza disso? Não me parece o melhor dos planos. – Suspirei, do topo de uma árvore, ao lado de Lucian. Dali, podíamos ver uma clareira com um altar no centro. Riven, Sarah, Vayne e Gangplank estavam amarrados ali, ainda vivos.


Ele se voltou para mim, surpreso: - Foi o seu plano.


– Viu o que eu quis dizer? – Respondi, contrafeito. – Oh, eles chegaram.


A galeria de monstros repentinamente apareceu, cercando o grupo amarrado. Mesmo de longe, senti um calafrio percorrer todo o meu corpo. Olhando atentamente, eles não eram como ninguém ou nada que eu já tivesse visto. Eles eram o mal de verdade. Criaturas que não deveriam ver a luz do nosso mundo nunca.


– Droga. Aquela é… Ela está com vocês? – Lucian me perguntou, apontando para Vayne, no que exigia muita interpretação, já que os quatro estavam bem próximos uns dos outros.


– Fomos prisioneiros no mesmo navio. – Falei, me contendo para não completar com “e ela tentou me matar”. – Sua amiga?


– Eu não tenho amigos. – Sua voz se tornou sombria e ele virou o rosto para longe de mim, antes de se recompor. – Vamos seguir a sua ideia. Consigo te ganhar dois minutos para tirar eles dali. Não importa o que aconteça, vocês correm. Sem olhar para trás.


– E se você…?


– Vocês correm. – Ele afirmou, decidido, agarrando as pistolas e pulando para a clareira, sem me dar a chance de fazer mais perguntas. Ou pensar sobre o que estávamos prestes a fazer.


Ainda no ar, ele fez o primeiro disparo, fazendo surgir uma estrela de quatro pontas com a luz de suas armas. Os monstros atingidos gritaram de dor enquanto a luz se fixava neles. Pousando no chão suavemente, Lucian se desviou da corrente verde que o esperava. Ele era rápido.


– Thresh. – Grunhiu para o monstro verde diante de si, que se limitou a sacudir uma lanterna fantasmagórica que emitia lamentos. Eu jurei que podia ouvir o nome dele em um desses lamentos.


Espinhos vermelhos surgidos do nada atingiram sua coxa antes que ele pudesse disparar um feixe de luz perfurante na mulher azul que o surpreendia. Ferida, ela se tornou visível, mas ele não poderia executá-la sem que a legião de monstros caísse ao seu redor executando-o. Mais uma vez, ele correu.


– Acabou. – Ele se limitou a dizer, novamente disparando aquela saraivada de luzes que fez quando me salvou. Um expurgo final.


Os monstros o seguiram pelas árvores, sem exceção, todos sedentos de sangue, deixando meus companheiros sozinhos. Esperei alguns segundos até o barulho de disparos e gritos desaparecer entre a floresta sombria e fui até o altar.


– Você! – Riven exclamou, surpresa, assim como os outros. Não era para menos. Eles provavelmente tinham me visto morrer.


– Eu! Brandon “Eu tenho um plano” Beck. Últimos ingressos, vamos nos apressar. – Falei, enquanto os desamarrava com uma faca que Lucian havia me dado. Dei uma piscadela para Sarah quando ela olhou diretamente para mim. – Vamos conhecer Piltover, como eu prometi. Ok, agora, corram.


Vayne segurou o meu braço em fúria: - Aquele era o Lucian? Você vai abandoná-lo?


– Ele mandou corrermos. Vamos correr. – Respondi.


– E depois?


– Depois? Haha. – Pulei e bati palmas, entusiasmado. – Nós vamos enganar a morte!


E corremos pela floresta sombria, na direção que Lucian havia me indicado enquanto planejávamos em sua base. Passaríamos longe dela dessa vez. Como sempre, algo deu errado. Riven foi a primeira a ser apanhada por uma teia. Então Gangplank, Sarah e eu. Riven rolou pelo chão, desaparecendo entre as sombras. Eu não ficaria surpreso se ela sumisse para sempre.


– Oh, eu dormi durante tanto tempo, tanta carne fresca me aguardando. – A mulher falou, surgindo do topo das árvores. Uma mulher perfeitamente normal, exceto pelas quatro patas de aranha em suas costas. Com um sussurro, ela fez surgirem milhares de aranhas. Muito mais do que nós tínhamos enfrentado logo quando chegamos na ilha.


– Você tentou, Brandon. – Sarah tentou me consolar diante daquela visão. Riven e Gangplank tentavam a todo o custo se libertar das teias, mas quanto mais tentassem, mais ficavam grudados na substância.


Antes que as aranhas nos devorassem, elas pararam. A mulher-aranha colocou as mãos na cabeça, como se recebesse uma mensagem telepática. Era assim que ela controlava as aranhas, telepatia.


– Sim, sim, mestra Maldíbula. Eu não tive culpa, foi a bruxa, a bruxa gélida. – Ela respondia em voz alta, embora não estivesse falando com nenhum de nós.


– Lissandra! – Exclamei, desesperado. – Você enfrentou Lissandra! Onde ela está?


Ela me mirou atentamente, com um sorriso: - Oh, esse aqui é esperto. Um dos servos dela?


– Eu não diria isso. – Olhei por cima da cabeça dela, rapidamente, antes de desviar o olhar para ela. – Podemos te ajudar. Te ajudar a pegá-la.


– Por que eu precisaria de você? – Ela riu, e junto a ela, centenas de aranhas fizeram coro, batendo as pinças, outras simplesmente queriam nos devorar.


– Eu sou um cara muito esperto, sabe? Por exemplo, o fogo ou ácido poderiam desfazer as proteínas que você usa para constituir suas teias. – Olhei para cima novamente. – Qualquer idiota pode fazer fogo. Qualquer um. E assim que as teias estivessem desfeitas, poderíamos te derrotar. Aí você teria um exército de aranhas retardadas, sem comando. Elas são perigosas, claro, mas você é a rainha desse tabuleiro, então eu arrisco dizer que prefiro levar você. Isso, agora!


Tão logo ouviu o meu aviso, Lucian disparou um graveto em chamas na minha direção. Eu nunca tinha pegado fogo antes, não foi divertido. As aranhas se afastaram de mim enquanto eu ardia. A rainha das aranhas me assistia com um ar de desdém, como se me considerasse um idiota suicida. Ela estava certa.


Vayne e Lucian começaram a lutar contra as aranhas, não podíamos libertar Riven e os outros sem feri-los gravemente. Elise tentou atacar Lucian pelas costas quando eu finalmente me levantei, segurando a sua mão.


– Falei. Muito esperto. – Então a soquei no rosto de modo que a deixasse inconsciente. Estava me tornando bom naquilo de novo.


– Brandon! – Sarah gritou, desesperada. As aranhas estavam subindo pelos três, prontas para devorar toda a carne que encontrassem.


Vayne me segurou quando estendi a mão na direção deles: - Você não pode fazer nada.


– De fato, homenzinho. – A voz do centauro reluzente surgiu as nossas costas. Os monstros haviam nos encontrado. – Você não pode fazer nada.


– Isso não estava nos planos. – Lucian sorriu, conformado. – Sinto muito, Brandon. Perdemos.


Naquele momento, nós seis fomos sugados por uma espécie de luz dourada. Uma jornada mágica. Eu podia ver as inscrições em runas através do portal. Uma língua mais antiga do que o próprio tempo ou o universo. Nossos inimigos poderiam ter nos seguido, mas não o fariam. Não gostavam da luz. Não como nós apreciávamos cada segundo. As aranhas ao redor de meus amigos eram desintegradas embora as teias permanecessem.


– O que diabos foi isso? – Riven perguntou, caída com os outros em um santuário, que lentamente curava cada osso quebrado e arranhão que eles tinham. Até mesmo o sangue seco sumia. Era uma floresta, mas não a floresta da ilha das sombras. Na verdade, eu não achava que estivéssemos em algum lugar. Era mais algum tipo de não-lugar.


Eu o vi antes deles, mas não pude exclamar ou me surpreender. Pelo contrário, sua presença exalava serenidade. Mais do que jamais teríamos, mais do que eu podia compreender. O êxtase eterno. Eu conhecia lendas, mas elas nunca passaram disso até aquele momento.


– Bardo. – Me limitei a falar, inconscientemente, como se o conhecesse, pois era essa a sensação que eu tinha. Ele era tão confiável quanto um amigo íntimo. Tão conhecido, tão desconhecido. O que ele era, afinal?


Ele não me respondeu, se limitando a tocar seus sinos. Ele não tinha realmente um rosto. Grandes cabelos brancos com uma máscara dourada no centro estavam onde ele deveria estar. Mas não era assustador.


– Quem é Bardo? – Sarah perguntou, se livrando das teias graças ao santuário.


– O Protetor Andarilho, o Grande Protetor, o Errante Cósmico. Hahaha, quantos nomes você já teve? Fantástico! – Ri, abrindo os braços para eles. Estávamos a salvo. – O protetor de toda a criação, de todo o universo, nos salvando. A nós! Haha.


– Por que?


Mordi o lábio inferior diante da pergunta: - Bem, essa é a questão, certo? – Olhei para ele. – Somos tão pequenos, mas não insignificantes, não é? Até nós temos os nossos papéis.


Ele assentiu para mim, e eu retribuí sorrindo. Bardo estendeu a mão para mim, que emitiu um brilho dourado. Acenei para que meus amigos (e Gangplank) me seguissem, ele abriria mais um portal. Eu sabia, em algum lugar dentro de mim, que nunca mais veria aquela floresta ou o Bardo se saísse. Ainda assim, precisava desempenhar o meu papel:


– Para onde estamos indo? – Lucian perguntou, diante do portal.

– Casa. – Falei, estendendo a mão para a luz antes de embarcar rumo à Piltover.


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