POV Jace

Depois que fomos para a casa, resolvi tomar um banho e deitar, ainda era cedo e o jantar não estava pronto, me deitei na cama e peguei um livro para ler, mas minha mente não processava uma sequer palavra, sei lá, não entrava na minha mente, parecia que eu lia e as palavras sumiam antes do me cérebro processar. Resolvi descer e esperar o jantar na sala, entupir minha mente com programas de televisão sem sentido. Sentei no sofá e logo Alec desceu as escadas com o celular nas mãos, não sei como ele não caiu aqueles degraus, estava teclando rapidamente, parecia uma conversa bem animada, ele se sentou ao meu lado e eu o encarei por alguns minutos antes da minha paciência se esgotar.

– Será que você pode dar um pouco de atenção para mim? – Perguntei pegando o seu celular.

– O que foi agora Jace? – Ele perguntou.

– Com quem estava falando? Parecia uma conversa bem animada.

– Um amigo da Izzy que ficou interessado na Clary. Estava perguntando se eu podia dar uma “força”. – Ele disse fazendo aspas com a mão. O olhei incrédulo e ele ficou um pouco assustado. – O que foi? Você parece meio bravo.

– Como assim? Que amigo da Izzy? E de onde ele conhece a Clary? – Perguntei me atrapalhando com as palavras. Ele riu e pegou o celular de novo.

– Ciúmes Jace? – Ele perguntou e subiu as escadas.

– É claro que não Lightwood. Só estou preocupado com Simon, ele é o namorado dela. – Gritei sem ao menos ter certeza do que falava. Mas a quem eu estava querendo enganar, é obvio que eu estou com ciúmes da Clary.

Desde que aquela ruiva apareceu na minha frente, meu mundo virou de cabeça para baixo, e agora eu sequer consigo parar e pensar nela. Não comi aquela notei, só voltei para o meu quarto e me joguei na cama, esperando o sono vir.

Na manhã seguinte acordei com batidas frenéticas na minha porta, levantei da cama e abri a porta, Izzy já estava pronta para a aula e me encarava com uma expressão raivosa.

–Jace porque ainda não está pronto?

– Não ouvi meu celular tocar.

– Então se arrume depressa, temos 10 minutos para entrar na escola.

Fechei a porta e entrei no banheiro, tomei banho e fiz minha higiene matinal, peguei uma calça jeans preta, uma camisa preta e meu all star preto, peguei meu celular e minha mochila e desci as escadas, Izzy já estava na porta impaciente.

– Até que enfim. Vamos Jace. – Entramos no carro e faltava dois minutos para o portão fechar, acelerei o carro e nem sei como conseguimos entrar na escola na maior calma. Descemos do carro e fomos para a sala. Assim que cheguei na porta vi a ruiva, e quase tive um infarto. Ela estava de macacão, não era tão curto como aquele e ela estava com uma camiseta por baixo, mas mesmo assim estava linda, seus olhos encontraram os meus e eu perdi o compasso da respiração sorri para ela e entrei na sala, me sentei ao seu lado e o inferno começou.

POV Clary

As 06:35 meu irmão entrou no meu quarto gritando e cantando para me fazer acordar, logico que eu levantei depressa, porque ninguém merece meu irmão cantando. Expulsei ele do meu quarto e fui tomar banho, fiz minha higiene matinal e vesti um macacão um pouco mais comprido do que o outro que eu estava ontem. Confesso que não sabia que iria encontrar com o Jace lá, mas por um lado foi legal, um gato daquele olhar pra você já é um lucro imenso. Calcei meu all star branco e coloquei uma camiseta ao invés de um top, penteei meus cabelos e os deixei soltos. Passei um gloss e um lápis fraquinho, odeio maquiagem.

Assim que desci as escadas meu irmão me pegou pelo braço e me puxou até a porta.

– Sebastian, eu ainda não comi. Que pressa é essa? – Eu perguntei quando finalmente consegui soltar meu braço.

– Tenho uma coisa importante na escola. Tenho que chegar mais cedo. – Ele respondeu impaciente.

– E precisa de tudo isso? Eu posso ir sozinha depois. – Falei sem paciência.

– Não pode não. Clary você sabe que não pode ficar sozinha. Vamos logo. – Pensei por um tempo e ele tem razão, aposto que aquelas meninas da minha escola se me vissem sozinha era capaz de aprontar alguma coisa. – Vejo que escutou a voz da razão, agora vamos. – Ele abriu a porta e fomos até a garagem, entramos no carro e em cinco minutos estávamos na escola.

Descemos do carro e meu irmão me levou até a minha sala, lhe dei um beijo na bochecha antes de entrar. Assim que me sentei na carteira meu irmão foi para sabe se lá onde. Ainda tinha alguns bons minutos para as aulas começar, peguei meu caderno de desenhos e tentei me concentrar no retrato que eu estava fazendo, era eu, Luke, mamãe e Simon. Estava quase terminando quando Jace entrou na sala, nossos olhares se encontraram e minha respiração parou por segundos, ele sorriu e se sentou ao meu lado. Pouco depois o professor entrou na sala e a tortura, vulgo aula, começou.

– Eu vou passar um trabalho em dupla, e nem comecem, as duplas já foram escolhidas por mim. O trabalho será sobre uma peça famosa de Shakespeare. – Ele disse e eu me encolhi na carteira, foi exatamente assim que aconteceu da outra vez, a garota achou que eu me aproveitei do namorado dela. – Clarissa Morgenstern e Jonathan Christopher Herondale. – olhei para o Jace e ele sorria, mas sem me olhar, abaixei minha cabeça e esperei o professor terminar de falar as duplas.

– Que ótimo. – Sussurrei.

– Clary e Jace, vocês iram fazer sobre Romeu e Julieta. – O professor disse e sorri, amava a história de amor dos dois.

Depois que o professor disse que não precisaríamos atuar, mas sim encontrar uma maneira de contar a história, e isso poderia ser feito de qualquer maneira, um monólogos, uma texto, uma apresentação, um desenho, eu e Jace juntamos nossas mesas para conversar sobre o trabalho. Ficamos em silencio um bom tempo, apenas encarando um ao outro até eu quebrar o silencio.

– Eu pensei em desenho. Que acha? – Perguntei tentando me concentrar e seus olhos.

– Seria legal, mas musica também. Uma canção sobre a vida e tragédia dos dois. – Pensei por um tempo e sorri, era uma ótima ideia também.

– O que acha de juntar os dois? – Eu perguntei.

Jace e eu combinamos como o nosso trabalho seria feito, primeiro decidimos faze-lo por etapas, depois juntar tudo e apresentar. Confesso que nossos pensamentos parecem interligados, ele sabia como me agradar e minhas ideias eram sempre bem vindas para ele. Combinamos de fazê-lo na minha casa, já que era mais perto da escola e logico por que eu ficaria mais à vontade.

– Começamos na segunda? – Perguntei.

– Pode ser, que horas eu posso ir?

– Qualquer horário depois da escola. – Disse sorrindo. O sinal bateu para a próxima aula e ficamos em silencio até a coordenadora avisar que o professor tinha faltado e que estávamos livres para sair da sala.

Como nem eu e Jace tínhamos o que fazer, resolvi fugir da aula, mas claro antes mandei uma mensagem para o meu irmão, aposto que se ele não tivesse sido avisado ele surtaria e chamaria a polícia, o FBI, sei lá mais quem.

– Jace?

– Eu mesmo. – Ele respondeu me olhando.

– Topa fugir da escola? – Perguntei com um sorriso travesso ele me olhou novamente e sorriu.

– Seu namorado não vai se importar se fugir comigo?

– Simon não é bem meu namorado, só estou dando uma chance a ele. – Respondi e senti definitivamente que deveria explicar a história toda para ele. – Se fugir comigo eu te conto tudo. Pode ser? – Ele concordou com a cabeça e eu sorri.

– Como não podemos sair porque tem aula, teremos que fugir, tem um muro que dá pra pular, mas não sei se você ia querer...

– E por que não? Vamos Jace. – Ele pegou minha mão e puxou até um muro perto dali, não tinha ninguém por perto o que era ótimo, mas como eu ia subir aquele muro sozinha, não era alto, mas eu sou baixinha, então...

– Vou te ajudar a subir, me espera lá em cima, depois te ajudo a descer. – Jace disse como se lesse minha mente.

– Tudo bem.

Jace segurou firmemente a minha cintura e me olhou nos olhos, minha respiração parou por alguns segundos e me permiti me perder naqueles lindos olhos dourados.

– Confia em mim? – Ele perguntou me tirando do torpor e eu percebi que ele ainda segurava minha cintura.

– Confio. – Respondi e ele me levantou até que eu pudesse segurar no muro e subir sozinha. Me sentei lá em cima e esperei que ele subisse, segundos depois ele estava ao meu lado.

Ele sorriu de lado para mim e pulou do outro lado do muro, era uma queda pequena para ele, mas para mim parecia um abismo de tão alto, eu provavelmente quebraria minha perna. Jace me olhou lá em baixo e sorriu.

– Pula! – Ele disse e eu arregalei os olhos.

– Jace, eu vou quebrar uma perna se eu pular. – Ele riu e levantou os braços.

– Pula, eu pego você. Prometo.

Fechei meus olhos e pulei, esperei cair de cara no chão, mas os braços fortes e musculosos de Jace me agarraram com cuidado para me proteger da queda. Fiquei com os olhos fechados sentindo a sensação daqueles braços a minha volta e do seu peito junto ao meu por alguns minutos.

– Abra os olhos. – Ele pediu e eu sorri abrindo meus olhos. Mas meu coração parou, estávamos a poucos centímetros, menos de um palmo de distância e ele encarava minha boca, mordi meu lábio inferior olhei para os lábios dele, parecia tão convidativo. Respirei pesadamente enquanto fazia a pior coisa da minha vida... ou nem tanto.