Assisto Riley conversando com o rei de longe. Ele a olha com nostalgia, como se estivesse olhando para alguém que conhecia fazia muito tempo. SInto algo em meu peito, doer. Olho para o outro lado da mesa e vejo Emily, ela está do mesmo jeito que a conheci, mas se recusa a falar comigo. Imagino se é por causa de Riley, mas ela mentiu pra mim, me fez pensar que era uma pessoa. Me apaixonei pela pessoa errada. Não é? Riley se aproxima da mesa e passa por mim, ela vai até Emily e senta ao seu lado. As duas conversam entre si, Emily ri de algo, o que deixa Riley vermelha. Dou um meio sorriso, Riley fica muito linda quando está com vergonha. Balanço minha cabeça, o que está acontecendo comigo? Eu amo a Emily! Não Riley! Riley...

        "Lucy? Você está bem?". Lilly toca meu ombro, tirando-me de meus pensamentos.

        – Estou bem, não se preocupe. - Ela me analisa e depois olha para Emily e Riley.

        "Então Riley não é a Emily?". Ela suspirou. "Devo imaginar que é por isso que vocês estão separadas?".

        – Sim. - Me encolho. - Riley mentiu para mim.

        Lilly me encara com espanto.

        "O quê!? Você bateu com a cabeça, não é?".

        – O que foi?

        "Riley nunca disse que era a Emily, você e a mestra assumiram isso desde a primeira vez que a viram. Nunca perguntaram nada para ela, nunca contaram nada! Simplesmente fizeram o que achavam certo".

        – Não, você está errada-

        "Não estou errada e você sabe disso. Quando foi que Riley disse para você, claramente, que era Emily em carne e osso? Ela nunca lhe disse isso. Está inventando coisas na sua cabeça, Lucy. Apenas quer uma justificativa para o rompimento sem sentido de vocês".

        – Cala boca, Lilly. - Levanto e saio andando.

        "Não adianta fugir, Lucy! Um dia ou outro você vai admitir seu erro!".

        Volto para meu quarto, não quero ouvir as idiotices de Lilly, não hoje. Deito na minha cama, sem perceber, acabo dormindo.

        Estou em um quarto, Riley e Emily se aproximam de mim com sorrisos maliciosos no rosto. Emily começa a desamarrar o corpete enquanto Riley me empurra para a cama. Mas elas não fazem o que imagino, apenas ficam lá, paradas me encarnado. "O que foi?" Pergunto. Riley me encara nos olhos e se vira para Emily. "Você precisa escolher, Luce" Riley diz. "Estamos cansadas desse jogo. Não queremos mais isso, você precisa escolher. Reilly". "Ou Emiliya?" Riley completa. Encaro as duas. Claro que vou escolher a Emily, sempre amei ela. "Reilly" Até mesmo eu me surpreendo pelo que digo. Emily dá um sorriso triste e sai do quarto. Riley pula nos meus braços e me beija. Sinto meu coração acelerar com seu toque. "Obrigada". "Não agradeça, eu sempre escolheria você, Reilly. Sempre, não importa o que aconteça". Riley sorri para mim.

        Acordo e olho e volta. Não posso escolher a Riley. Não posso, ela mentiu para mim! "Riley nunca disse que era a Emily"  A voz de Lilly ecoa em minha cabeça. Alguém bate na minha porta, eu abro e Emily entra, ela olha em volta e senta em uma poltrona, não sinto nada com sua visita, nem um pouco de emoção. Por que será?

        – O que faz aqui?

        – Vim dizer que você nunca me amou. - Sinto meu corpo travar.

        – Como assim?

        – Você nunca me amou. Nem um pouco, sempre estava atrás de Reilly. Sempre Reilly. Por isso, depois que eu morri, pedi para que Lyubov me colocasse ao seu lado antes de transformá-la em uma Outra. Claro, nossa irmã nunca gostou muito de mim e pregou uma peça em mim.

        – Uma peça?

        – Você deve se lembrar de tudo direitinho, não é? Eu me declarando para você, nossas noites juntas... Eu pensava que finalmente tinha tido meu tempo ao seu lado, minha chance de fazer você esquecer Reilly. Então um dia, eu acordei no meio da noite, você se mexeu e me empurrou um pouco para o lado, eu lhe abracei, para fazê-la parar de se mexer. Você se aproximou de mim e sussurrou um nome... "Reilly". Depois daquele dia, percebi que toda vez que você falava meu nome, na verdade estava falando 'Reilly' todos aqueles meses ao seu lado, você não estava me vendo, estava vendo Reilly no meu lugar, como se eu estivesse usando uma fantasia. Lyubov me enganou direitinho, disse que ia fazer você se apaixonar por mim, mas acabou usando isso para me humilhar ainda mais. - Ela respirou fundo. - Então como eu disse, você nunca me amou, Lucy. Você sempre amou Reilly, era tudo uma ilusão para me ensinar uma lição, afinal, Lyubov é a Senhora do Amor.

        Fico em silêncio, absorvendo tudo o que ela disse. Emily se levanta e vai até a porta.

        – Tenho que admitir, sempre achei que você e Riley ficavam muito bonitas juntas. Riley está muito depressiva sem você, Lucy. Tenho dó dela, foi a vítima de uma coisa que nunca teve culpa.

        Emily sai do quarto. Me jogo em minha cama, sinto meu mundo girar, de repente entendo tudo. Agora sim entendo. Nunca foi Emily ou Emilyia, sempre foi e sempre vai ser Reilly ou Riley.

[...] Vejo de longe Reilly me encarnado do canto do salão e tenho vontade de gritar "Eu te amo Reilly! E irei me casar com você!" Mas sei que isso apenas faria com que nos queimassem na fogueira, ou apenas Reilly. Eu teria que viver sem ela... Talvez seria melhor ser queimada agora, não me importo muito... Não consigo imaginar minha vida sem ela. [...] "Eu te amo Reilly. Com toda a minha vida". "Eu te amo Lucy. Com toda a minha vida".

        Eu entendo agora, porque Emily ficou estranha depois de um certo tempo, ela havia descoberto a travessura de Lyubov, mas não queria partir, agora entendo porque ela sempre fazia uma cara estranha quando a chamava, por que não estava chamando-a de Emily e sim Reilly. Sinto lágrimas escorrerem pelo meu rosto... Sempre fui tão burra, tão perdida. Sempre fui tão... Lucy.