A casa do medo escrita por Ninna


Capítulo 1
Capítulo 1 - A casa quase perfeita




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– A última caixa está pronta! – Gritei.

Olhei ao redor e tinha que me despedir do meu quarto, o quarto em que cresci, ainda estava com as paredes rosas e alguns adesivos descolando, confesso que escapou uma lágrima mas eu tinha que ir, fechei a porta branca com a maçaneta descascando e desci a escada de madeira que fazia o barulho mais alto e mais irritante possível, meus pais e minhas irmãs já estavam no carro, fechei o portão e parei para admirar a beleza exterior da casa:

– Alice, quer fazer o favor de entrar no carro logo? É uma casa, qual o seu problema garota? – Blair falou.

Olhei para Blair e revirei meu olho, fui em direção do carro, peguei meu celular, coloquei música e o fone. Blair é minha irmã mais velha e mais chata, ela está indo para faculdade, um dos motivos para mudarmos de casa, fica mais perto para ela ir sozinha, e também porque o Andrew foi promovido e quer uma casa grande e nova. Missy é minha irmã mais nova, ela tem uma imaginação fértil, e sempre me faz rir, é a melhor pessoa que já conheci. René é minha mãe, que atualmente não precisa mais trabalhar mas continua pois ama o que faz, ela é médica mesmo com pouco tempo livre, nos ama incondicionalmente. E tem o Andrew ele é meu padrasto, eu não gostava dele no começo mas as coisas mudaram, ele é um cara legal, e um bom pai, trabalha em uma empresa de sucesso e recentemente foi promovido. Blair, eu e Missy tínhamos um pai perfeito, eu sei que é impossível mas nós tínhamos, ele brincava sempre conosco e nos amava demais, ele era policial e morreu durante um trabalho, não gosto de pensar muito, mas com certeza morreu como um herói.

A cidade era pequena então a viagem também, Andrew preferiu manter segredo de como a casa é, porém eu sou extremamente curiosa então descobri a senha do e-mail dele e entrei, vi as fotos da casa e é linda, me senti um pouco culpada depois, mas passou. Quando chegamos fiquei surpresa, era totalmente diferente, não tinha nada haver na verdade:

– Te enganei né princesa? – Andrew falou piscando para mim.

– 1X0 pra você – Falei rindo. P.s: ainda não acredito que fui enganada por um meia-idade.

Grande e bonita define a casa, ela era de madeira, com um andar, as janelas eram grandes e o quintal também, eu e Missy fomos as primeiras a entrar, ela estava segurando minha mão, quando abri a porta senti um calafrio, Missy apertou forte minha mão:

– Você sentiu isso também? – Perguntei.

Missy abaixou a cabeça, largou minha mão e andou para o lado oposto. A sala tinha uma cortina branca que separava a sala de estar da sala de televisão, ambas eram espaçosas, a cozinha tinha o chão xadrez, era iluminada, e tinha uma janela que podia ver o fundo, a piscina e o quintal. Haviam dois banheiros na parte de baixo, além de escritório e sala de jantar, a escada era feita de madeira também, ela parecia mais velha que a casa, conforme subia para o andar de cima percebi que essa escada fazia mais barulho que a antiga, a parte de cima era um corredor para o lado esquerdo e para o lado direto, do lado esquerdo tínhamos o quarto dos meus pais e o de Blair, e o esquerdo meu e da Missy, todos suítes, e havia um quarto no fim do corredor esquerdo que ainda não sabíamos o que era ou o que fazer:

– Filha venha pegar suas coisas – Minha mãe gritou.

Desci aquelas escadas barulhentas, passei pela sala de estar e vi uma sombra parada atrás da cortina, me aproximei, minhas mãos estavam frias, eu estava ficando com medo, segurei a ponta da cortina e a empurrei rapidamente:

– Bú! – Blair gritou.

– Blair!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! – Gritei.

Havia 30 minutos que Blair não parava de rir do susto sem graça que ela me deu, o carro já estava vazio, o caminhão de mudanças já havia colocado os móveis:

– Alice? – Andrew falou.

– Sim? – Respondi.

– Lá fora, tem uma última caixa, pegue-a e leve-a para o porão por favor – Ele falou.

– Ok! – Respondi.

Peguei a caixa, cheguei na cozinha e abri a porta do porão, a luz estava piscando, coloquei a caixa no canto e me virei, dei de cara com um espelho que me refletia, e percebi que atrás de mim havia uma pessoa:

– Muito engraçado Blair – Falei.

Me virei, e a pessoa continuou imóvel:

– Acabou a graça Blair... – Gritei.

– Com quem você está falando? – Blair falou da porta.

Olhei para ela e olhei novamente para pessoa e não havia ninguém, foi de longe a coisa mais assustadora que já aconteceu comigo. Fui para meu quarto e vi Missy arrumando suas bonecas na prateleira, meu quarto ficava de frente para o dela, entrei e me sentei em sua cama:

– Gostou da casa Missy? – Perguntei.

– Eu gostei, mas a Pandora não – Ela respondeu.

– Quem é Pandora? – Perguntei.

– Minha boneca – Ela falou me dando uma boneca.

A Pandora era a boneca da minha avó, ainda de pano, suja e velha, realmente me assustava.

– Por que a Pandora não gostou daqui? – Perguntei penteando o cabelo da boneca com as minhas mãos.

– Ela falou que coisas ruins acontecem aqui – Missy respondeu.

– Isso não é verdade, se acalme e não ouça a Pandora – Falei devolvendo a boneca e dando um beijo na testa de Missy.

Fui para meu quarto arrumar as roupas, colei um pôster da minha banda preferida na janela, e um quadro meu com o meu pai na parede em frente à minha cama, fechei a porta, deitei na cama e acabei tirando um cochilo.

Quando acordei eram 8:00 da noite, as portas do meu guarda-roupa estavam todas abertas, me levantei e fui fechá-las, foi então que a maçaneta da minha porta começou a girar, acabei com aquela tortura e a girei e puxei com força:

– Ai pirralha! – Blair falou.

– O que você quer? – Perguntei me acalmando.

– Andrew quer fazer um jantar para comemorar a promoção dele é para você descer – Ela falou.

– Eu não vou – Falei.

– Por que? – Blair perguntou.

– Estou com muita dor de cabeça, iria apenas para fazer vocês voltarem logo – Falei.

– Ok, não sentirei sua falta – Blair falou rindo.

Desci até a cozinha, tomei um comprimido para amenizar a dor de cabeça e vi o carro partindo, olhei a geladeira e não havia nada para comer, apaguei as luzes da parte de baixo e fui para meu quarto, quando estava chegando vi Pandora a boneca de Missy jogada na porta do meu quarto, olhei para trás e não havia nada a não ser escuridão, coloquei a Pandora em cima da cama de Missy e voltei para meu quarto, fechei a porta e deitei, coloquei meu fone e tentei dormir.

Acordei 00:13 não conseguia dormir naquela casa, talvez seja a mudança, sentei na cama e comecei a lembrar do meu pai, de repente a porta abriu e fechou fazendo um barulho muito alto, no mesmo momento o pôster da minha banda caiu e vi um rosto sorrindo na janela, gritei e fui escorregando o mais longe possível, até cair da cama, quando levantei o rosto não estava mais lá, e o alarme da porta da frente havia disparado, algo havia entrado, corri para o banheiro do meu quarto com o meu celular e liguei para polícia, a xerife atendeu e falou que estava a caminho, eu estava apavorada, havia uma pessoa andando no meu quarto, eu conseguia ouvir, coloquei minha mão na boca para não fazer barulho, foi então que tudo ficou em silêncio, eu pude respirar, mas a pessoa voltou e começou a tentar abrir a maçaneta do banheiro e girava forte e sem parar:

– ME DEIXA EM PAZ! – Gritei chorando.

– Querida? Sou eu a xerife, abra a porta – Ela falou.

Me levantei e fui me aproximando da porta, quando toquei na maçaneta para abrir, ouvi um carro parando fui na janela do banheiro e vi que era o carro da xerife:

– Que-quem está ai? – Falei.

Não houve respostas por alguns segundos:

– Eu só queria brincar – Falou uma criança.

Isso não é real pensei comigo mesma, não podia ser, limpei minhas lágrimas, coloquei meu cabelo atrás da orelha, respirei e inspirei:

– Abra a porta, é a xerife – Ela falou.

Destranquei a porta e girei a maçaneta, era a xerife, a abracei ainda chorando, meus pais chegaram em seguida após ela ter ligado para eles:

– Alice, você está bem meu amor? – Minha mãe falou.

– Sim – Falei ainda assustada.

– Como nossa casa pode ser invadida no primeiro dia? – Andrew falou para xerife.

– Alice, eu sei que é muito para uma noite, mas precisamos capturar esse infrator, olhe essas fotos, são algumas pessoas que já moraram aqui mas eu tive que os expulsar – A xerife falou mostrando várias fotos.

Passei cada foto, prestando atenção em cada uma, mas não havia nada até que uma foto me chamou atenção, era de um casal, mas havia um homem atrás da foto, segurando uma pá, a foto foi tirada na casa:

– Quem é esse homem? - Falei apontando.

– O jardineiro do casal - A xerife respondeu.

– Esse homem, foi ele que eu vi – Falei.

– Você tem certeza? – Ela perguntou.

– Sim, tenho – Falei.

– Alice, você tomou algum medicamente nas últimas horas? – Ela perguntou.

– Por que esta perguntado isso para mim? – Perguntei brava.

– Esse homem está morto – Ela respondeu apontando para o homem na fotografia.


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