Eu gostaria de começar com “era uma vez”... Mas a vida não é um conto de fadas.

Lizzie sabia disso. Com apenas dezesseis anos e um metro e cinquenta e oito centímetros, Lizzie sabia muitas coisas.

Assim como a maioria, sua vida em família era uma luta diária. Sua mãe era alcoólatra, e seu pai era policial. A qualquer momento, Lizzie poderia perde-los.

Mas Lizzie não estava sozinha.

Perto de sua casa, havia um zoológico. E no zoológico morava o Leão de Lizzie. Era assim que ela o chamava – meu Leão.

A primeira vez que o vira, estava chovendo. Não literalmente, estava chovendo dentro dela. Era um daqueles dias em que Lizzie se sentia sozinha e presa em sua solidão. Presa naquele lugar.

Ela rumou para o zoo pela primeira vez em anos – seu avô a levava lá, e ela parou de ir quando ele faleceu.

Ao olhar para seu Leão, se sentiu compreendida. Ele também era vítima da solidão e da vontade de se libertar. Compreenderam os espinhos um do outro.

Lizzie ia diariamente lá, desde então. Contava-lhe sobre seu dia e depois o ouvia rugir sobre o dia dele. Ou às vezes ambos transbordavam em lágrimas, em silêncio.

A garota e seu Leão são cúmplices na vida. Criaram um laço eterno que supera qualquer barreira que lhes seja imposta.

Por isso, querido/a leitor/a, quero te dizer que, esteja onde estiver, nunca se esqueça: você não está sozinho/a. Em algum lugar do mundo, um leão compreende sua dor. Ele está por aí, você só precisa encontrá-lo.