Anti Sociedade - Interativa escrita por AceMe


Capítulo 8
Um dia com Ren - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Dividirei esse capítulo em duas partes para não ficar muito grande. Não sei quando postarei a segunda parte, mas tá aí. Espero que gostem! Ah, e nas notas finais vou perguntar algumas coisas, então leiam. Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/586225/chapter/8

Quando abri a porta, achei que havia confundido de quarto, pois estava parecendo mais com um lixão. As camas estavam bagunçadas, as gavetas abertas, tinha um monte de coisas, como piercings e tinta de cabelo, espalhadas pelo chão. Fechei a porta, e andei um pouco para dentro, tomando muito cuidado por onde pisava, quando a porta do banheiro abriu, e de lá saiu a Lola, cantarolando e penteando parte do cabelo molhado.

–O que é isso tudo, Lola?

–Não chega perto! - Ela berrou, largou o pente no chão e correu para minha frente e esticou os braços para impedir a passagem. -Esses são os brinquedos da minha irmã, você não tem permissão para mexer neles!

–Você tem uma irmã!? - Perguntei, realmente surpresa.

–Não é da sua conta, fofa. Aliás, se quiser pode pegar qualquer coisa pra você, mas terá que pagar.

–Não, eu quero é que arrume o quarto! Tive aula de luta corporal hoje, estou toda suada e cansada! Quero tomar banho e ir dormir! - Falo enquanto passo o braço na testa, para demonstrar o suor, e tento ir para dentro do banheiro, mas tropeço em algo e caio de joelho. - Ai!

–Isso que dá ser... Deixa que te ajudo a levantar. - Lola estende a mão, e quando levanto a minha, ela puxa a dela de volta. - Opa! Háháhá! - E ela vai embora.

De qualquer forma, me levanto sozinha, tomo banho naquela cabine, e quando volto, já estava tudo arrumado. Não me pergunte como, pois eu não sei. A única coisa que parecia estar fora do lugar, era um papel que notei na cômoda da Lola quando fiquei entre nossas camas. Nele estava escrito:

Piercings:...50 Dollars

Teinture pour les cheveux:...25 dollars

Sidecute:... 30 Dollars

Autres coupes stylisées:... 30 Dollars

Sourcils coiffants:... 10 Dollars

Tatouage:... 80 Dollars

Styling barbe et la moustache… 30 Dollars

Boucles d'oreilles:... 70 Dollars

Maquillage:... 20 Dollars”

Não sei o que essas palavras significam, mas também estou cansada demais para ir pegar os meus óculos para descobrir. Só me jogo na cama e apago.

Acordo com um flash de luz na minha cara. Tapo os meus olhos com uma mão e uso a outra para me sentar, e tiro-a do rosto quando eles se acostumam. A Lola estava parada na minha frente com um aparelho branco na mão.

–Você dorme que nem o Marty Mcfly.

–Quem?

–Olha só. Compara só a foto sua que tirei com uma dele dormindo. - Ela mostra uma foto minha naquele aparelho, que deve ser a que ela tirou ainda a pouco, e depois a de um cara que dormia na mesma posição do que eu estava.

–Quem é esse cara?

–É de um filme. O que é que tu está...!? Vai ver algum clássico, sua sem cultura! - Ela tirou o aparelho da minha frente e saiu do quarto com uma bolsa grande. E pijama de coelhinhos. Melhor não contrariar.

–Adoro croissant italiano! - Ren contou quando chegou na mesa com a bandeja cheia deles.

–Como assim? Tinha croissant onde você morava? - Pergunto.

–Não. Meu pai trazia de vez em quanto daqui.

–Ah, é mesmo, o seu pai vinha ajudar os militares as vezes. O que aconteceu? - Kelly perguntou. Ren olhou para o lado, distante. - Ah. Se você não quiser falar, tudo bem.

–Ou então você fala só com a Angel, fingindo que ela também é um croissant. São praticamente a mesma coisa. - Angel puxa a orelha dele enquanto Clare ri. - Ai, não sabe brincar.

–Sei sim, mas com você não dá. Por que ao invés de fazer isso comigo, não faz com a Juanita?

–Já fiz. Não está vendo ela rebolando lá? Daqui a pouco percebe que tem pimenta dentro da calça. - Angel faz cara de assustada. - Que foi? Ela quem começou colocando queijo dentro da minha armadura.

–Mereço.

–Mas, então Ren, não quer contar nem como chegou aqui? - Clare perguntou.

–Shhh. - Ele pediu silêncio. Estava armando uma torre de croissant, já havia colocado dois em pé, equilibrados certinho, e tentava colocar o terceiro. Parecia muito concentrado mesmo no que fazia, e conseguiu pôr último com sucesso. Aplaudimos, a torre caiu. - Droga! - Ele olhou para nós. - Tudo bem, eu posso contar. Meu pai, minha irmã gêmea, Alice, e eu, estávamos em casa, quando uns policiais entraram e atiraram no meu pai. Ele já havia nos treinado pro caso de algo assim acontecer. Nós corremos pro carro e começamos a fuga, até que batemos num poste e um estilhaço do vidro da janela furou meu olho. Alice não foi atingida e me ajudou a sair, para achar a base, já que meu pai conseguiu chamar ajuda deles, mas alguns policiais ainda estavam nos perseguindo e acertaram ela, e eu cai. Eles pensaram que eu estava morto e foram embora. Tentei me arrastar para perto da minha irmã, e um dos agentes deles voltou e me viu. Automaticamente peguei a arma que estava antes no porta malas do carro e atirei nele, e acertei, mas ele também havia puxado o gatilho e acertou o meu outro olho. Então, os rebeldes me acharam e me trouxeram pra cá.

–Puxa. Sinto muito.

–Não precisa. Acho que já estou me acostumando a ficar sem eles.

Um silêncio recaiu sobre nós, até que a Kelly falou:

–Ah, o senhor Tanaka me pediu para te avisar que amanhã vai começar a te fazer perguntas.

–Mas não era o seu pai que fazia isso?

–Sim, mas Tanaka também é um dos líderes daqui, então vai fazer essa coisa de conversar com os novatos enquanto papai está de férias.

–Papai. - Michael repetiu rindo.

–Qual o problema? Ele é meu pai!

–Sim, mas é muito infantil. A sua cara.

–Você quis dizer a sua, não é?

Os dois ficaram se acotovelando, até que o Senhor Murray se aproximou de nossa mesa, e Kelly se recompôs. Para minha surpresa, ele pôs a mão na minha cabeça e disse:

–Feliz aniversário, Helen.

–Obrigada. - Ele foi embora e Kelly bateu as mãos na mesa e se levantou:

–É seu aniversário!? Quantos anos vai fazer?

–15.

–15! E por que não nos contou? Como vamos comer bolo assim!?

–O que é que tem a ver aniversário com bolo?

–É que aqui, diferente do resto do mundo, se comemora os aniversários dando uma festa. - Angel explicou.

–Você não sabia disso, Kelly? Pensei que havia nascido em Londres, e não aqui na base. - Clare perguntou.

–Não! Eu nasci lá sim, é que… eu vim pra cá muito pequena, ainda bebê. Nem me lembro de como eram as coisas ali. Com licença, preciso falar com meu pai, nos encontramos na aula. - E ela saiu correndo para fora do refeitório.

Depois disso, nós terminamos de comer e fomos cada um para a sua sala. E não, o Ren não ficou no mesmo nível que eu. Ele sabia o suficiente para ir pro nível 2. Preciso logo fazer a prova pra passar de nível.

–39 graus. - Professor Jean disse quando tirou o termômetro de uma menininha que está passando mal na aula. - Vou ter que te levar para a enfermaria.

Ao dizer isso, as outras crianças comemoraram que o professor teria que sair e suspender um pouco a aula, gritando “Viva a Samantha!”, que acho que deve ser o nome dela, mas pararam quando o professor olhou para elas. Ele levou a menina até a porta, pediu para que esperasse só um minutinho, e veio até mim.

–Helen, você pode cuidar da sala até eu voltar?

Nesse momento, entrei em colapso. O Jóu havia comparecido, e se nenhum adulto estivesse por perto, ele poderia dar um soco em mim, já que ele ainda estava com esparadrapo no nariz pelos CDs que joguei nele. Mas, também não sei se eu dizer não, o que ele vai achar.

–Por que eu?

–Você é a mais velha aqui. Só tem que garantir que ninguém faça confusão enquanto eu estiver avisando os pais da Samantha. Se alguém fizer alguma coisa, é só perguntar o nome da pessoa e anotar no quadro com o giz. - Ele se voltou para a turma. - Crianças, enquanto eu estiver fora, a Helen será a responsável. Vai lá pra frente. - Fiz o que o professor pediu, e ele saiu com a menina.

A turma toda começou a conversar assim que ele saiu. Estava indo tudo bem, até que um pequenininho começou a balançar a mesa de um colega, e derrubou-a com tudo o que estava nela. Acho que esse é um caso de anotar o nome.

–Ei, garoto. Como você se chama?

–Vai anotar meu nome, dedo duro?

–Uuuhhh! Dedo duro! - A turma fez coro.

–Não sou dedo duro, é você que está destruindo a sala.

–Ah! Qual é!? Vacilão morre cedo, sabia?

Não acreditava que aquele garotinho estava me desafiando. Até eu sou maior do que ele, o menino deve ter uns 8 anos.

–Vou ter que perguntar seu nome de novo?

–Aí, o cara só estava se divertindo. - Jóu se levantou e foi para frente. A turma toda ficou quieta. - O que me lembra, que eu também estava só me divertindo quando você acertou meu nariz. - Ele estalou os dedos no punho.

–Briga! Briga! Briga! - A turma começou a torcer.

Jóu veio em minha direção, e com toda a força socou minha barriga. Caí no chão com a dor e o impacto. Ou ele é muito forte, ou eu sou muito fraca. Me levantei com uma mão na barriga, e a outra se apoiando na mesa do professor.

–Também vou anotar seu nome, Jóu. - Falo enquanto pego o giz e escrevo o nome dele no quadro negro. Tento fazer com que ele pense que não causou tanta coisa em mim, demonstrando o mínimo de dor possível. - Qual o seu nome mesmo, menino?

–Júan. - O menino diz assustado. Acho que minha atuação funcionou. Escrevo o nome dele no quadro também. Quando termino, Jóu tenta torcer minha mão, mas consigo afastar antes que complete a ação, mas ele rapidamente consegue puxar minha perna e me fazer cair.

A turma inteira dá risada, então eu dou o gancho que aprendi ontem na aula de luta corporal, versão pernas, e Jóu tomba de nariz. Acho que o professor Wave ficaria orgulhoso de mim agora. Se acertar mais ainda o nariz dele, acho que acabo deixando-o só com as narinas. Nesse momento, o professor Jean volta pra sala e vê a cadeira jogada e Jóu e eu no chão.

–O que aconteceu aqui!?

Eu e algumas crianças contamos o que aconteceu para o professor e ele deixou Jóu e Júan de castigo pós-aula. Acho que só estou cada vez piorando mais meu lado para o Jóu.

–Oi, Helen. - Ren me cumprimentou na porta da sala quando a aula acabou.

–Oi, Ren. Cadê os outros?

–Bem,... O Michael tem um encontro, a Clare foi chamada por um dos líderes para conversar, a Kelly foi ajudar o pai com algumas coisas, a Angel está na aula de química e o Spartan na de biologia. Só tem nós dois livres agora.

–Na verdade só você, agora tenho aula de tiro ao alvo.

–Anh, então eu vou com você para ter uma aula experimental. - Ele disse, e fomos juntos até a sala de aula. Lá já tinha algumas pessoas se preparando para a aula.

–No que você é boa?

–A Clare disse que eu seria muito boa com facas de atirar ou estrelas ninja, já que acertei o nariz de alguém com um CD.

–Como?

–Ah, é uma longa história. - Digo, enquanto pego uma das facas na mesa e tento acertar um alvo, mas elas tem um peso estranho, e acabo errando todas as vezes.

Ren dá uma risada do meu lado, e eu fico com cara de tacho por ter me gabado e acabou que não sabia fazer. Tento então com as estrelas ninja. Pego três na mesa, miro bem e a primeira atinge a parte azul, a segunda a parte vermelha, e a última o amarelo, quase o centro do alvo.

–Nada mal.

–Elas sim se parecem mais com CDs.

–Agora é a minha vez. - Ele caminha até a mesa e pega uma pistola semi-automática e mira bem no alvo quando tiro as estrelas ninja. Ao contrário do que pensei, ele acertou todas as vezes no centro. Meu queixo caiu.

–Como você consegue?

–Esses olhos, apesar de desconfortáveis, deixam regular o tamanho da pupila, que faz ter uma mira muito melhor.

–Ah! Isso é trapaça. Assim você fica melhor do que todo mundo.

–Não se você usa isso para ajudar as pessoas. Estava pensando em entrar para o exército da base, assim como meu pai.

–Bem, aí sim fica legal trapacear. - Nós dois sorrimos um para o outro, e a porta atrás de nós bateu. Olhei para trás, esperando ser a Lola, que é a professora, mas em vez disso, vejo que é o Wave.

–A professora Louisa não pôde comparecer hoje, portando deixou a aula comigo. Sou o professor Wave, e normalmente dou aula de luta corporal. Deixarei vocês treinando um pouco, antes de testá-los no simulador.

Ao dizer isso, os outros alunos voltaram a seus alvos, e ele me viu, e caminhou até mim.

–Por acaso está me perseguindo? Até quando a aula não é minha.

–Não, senhor professor Wave. - Ele só é dois anos mais velho do que eu, mas sua aura sinistra deixava-o muito mais velho. - Já havia me inscrito para essa aula antes mesmo de me inscrever para a sua.

–Soube que ganhou uma luta com o Jóu Cartum hoje.

–Como sabe?

–Ele me contou, e me pediu para te castigar.

–Err… - Fico muito nervosa. Esse sim é um caso para pânico. - Não foi bem uma briga. Ele me deu um soco na barriga, tentou torcer minha mão e me deu uma rasteira, então para ele parar, eu dei um gancho nas pernas dele. Foi pura defesa. Por favor, não me castigue!

–Não iria te castigar. Reconheço quando um aluno tem um avanço, ontem entrou em minha sala sem saber fazer nada, e hoje mostrou um potencial. Apesar de ainda ser fraca e tola por desafiar um oponente que tem fama de arrasador.

–Obrigada. - Não sei direito se ele me elogiou ou não, mas achei melhor agradecer da mesma forma.

Ren me perguntou sobre essa briga, e eu contei a história e treinamos mais um pouco, até que Wave manda todos pararem e fazerem uma fila em frente ao simulador. As pessoas em minha frente entravam na máquina, e dava para ver o que a pessoa estava passando na simulação por um quadrado na parede, que me disseram se chamar televisão. Quando a pessoa saia, ele dava instruções sobre o que foi bom e o que foi ruim, e passava para o próximo. Quando chegou a minha vez, escolhi como arma: estrela ninja, soco inglês e uma faquinha, não as de atirar, as normais, e peguei qualquer objeto para ser o cenário, estava escrito “Filme: O Rei Leão - Disney”. Me lembrei que aquele cara da foto da Lola era de um filme, fiquei com uma vontade enorme de ver um algum dia desses.

Entreguei o negócio para o Wave, que colocou na entrada de cenários e habilitou o simulador para mim. Respirei fundo e entrei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente, queria saber o seguinte:
Que dias vocês estão disponíveis normalmente?
Já shippam algum casal, ou acham que algum tem potencial? Se sim, quem com quem?
Está com muitos diálogos e precisa de muito mais ação?
E, pro caso de o link não abrir, aqui está o link da imagem:
http://www.xn--sueo-iqa.net/wp-content/uploads/2013/12/marti-sufre-insomnio.jpg
Bem, é isso gente, espero que tenham gostado. Até a próxima! :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Anti Sociedade - Interativa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.