Anti Sociedade - Interativa escrita por AceMe


Capítulo 4
Ferido e Mistério.


Notas iniciais do capítulo

Desculpe pela demora, é que minhas aulas voltaram e já passaram um monte de pesquisa e dever, então não vou ter tanto tempo para escrever, quanto nas férias. E fiz o capítulo menor, como a maioria pediu e daqui por diante devem sair com mais ou menos esse tamanho. Ah, e muito obrigada a Srt. Illusion por favoritar, e um agradecimento (muito) atrasado para Milla por ter recomendado "Nephilins de Londres". Boa leitura.



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Abrimos a porta da enfermaria. Lá dentro é completamente branco e parecia a recepção de uma clínica. Há várias portas e um monte de pessoas com jaleco andando de um lado para o outro, até que um homem nos notou parados na porta e se aproximou:

–Com licença, no que posso ajudar?

–Oi. Eu sou Kelly Murray e esses são meus amigos. Nós ficamos preocupados e viemos ver como está o menino que chegou ontem na base.

–Ah, sim. A gente o operou na ala de emergência. – Ele conta enquanto nos mostra o caminho. – Felizmente, ele não ficou em coma, como imaginávamos e conseguiu até mesmo se levantar e andar hoje de manhã, apesar de parecer não enxergar direito e estar falando por sussurros. O nome dele é Renny Hierro, de Porto Velho, antigo Brasil. O pai dele vinha aqui regularmente para ajudar na organização militar, entre outras coisas. Aqui está ele. – O médico abre a porta que mostra uma grande sala, com macas espalhadas pelas duas paredes do cômodo inteiro. Somente uma ou outra pessoa estão deitadas nelas. Caminhamos até a maca do Renny. Ele está sentado, encostado na parede fria, mexe a cabeça para os lados, parece tentar enxergar alguma coisa, sem sucesso, os cabelos pretos ondulados muito mais bagunçados, está com uma daquelas roupas de pacientes. É estranho imaginar que ele veio de um lugar que algum dia já fora considerado o mesmo que o meu próprio, mas que hoje só tem em comum língua e ponto de referência. – Olá, Renny. Trouxe visitas. – A cabeça dele se virou em nossa direção, como se estivesse seguindo a voz. – Infelizmente, ele não entende o que falamos e não podemos contá-lo tudo o que aconteceu, já que ninguém aqui fala português. Ainda estamos inseguros para instalar o tradutor.

–Helen pode ajudar. – Angel disse. – Ela também veio do antigo Brasil.

Eu olhei para ela, tentando dizer: “Não faça isso! Eu não quero arranjar confusão!” E ela revidou meu olhar com cara de: “Já foi. Quem manda ficar aí se apresentando para todo mundo falando que é do antigo Brasil?” e eu respondo: “vocês mesmos”, antes que ela pudesse me responder silenciosamente de novo, o doutor interviu.

–Mas que bom. Você poderia então traduzir para ele o que eu falo?

–Acho que posso sim.

–Excelente. Se apresente a ele para que eu comece a ditar.

–Oi, Renny. Eu sou a Helen. Vou traduzir tudo o que o doutor falar para você. –Ele se virou para mim e respondeu sussurrando:

–Obrigado.

–Nós realizamos uma cirurgia em você, mas não podemos dizer que foi um sucesso total. Você perdeu completamente a visão do olho baleado, e a do olho perfurado pelo estilhaço foi severamente comprometida, além de a parte do cérebro que cuida da fala ter sido altamente prejudicada.

Eu repito o que ele disse, e me bateu muita dó do tal de Renny. Ele apenas levantou as sobrancelhas e levou a mão para o rosto, pensativo.

–Você terá que ser declarado incapacitado.

Eu repito de novo o que ele disse e o menino se espantou. Vem mais para frente e parecia que queria gritar, mas a voz sai apenas um pouquinho mais alta do que antes:

–Vocês não podem fazer isso comigo! Assim eu serei um completo inútil! Por favor, não me façam passar por isso! – Implora.

–Mas, há ainda um jeito. Apesar de não termos nada para recuperar a fala, nós temos produzidos olhos artificiais que podem ser conectados ao nervo óptico intacto, salvar a visão e anular a sua lesão, mas as chances de falhar e de perder a pouca visão que ainda lhe resta, além de poder afetar nervos do rosto e causar paralisia facial são incrivelmente altas.

Eu repito mais uma vez o que ele disse e o menino dessa vez dá um sorriso de canto:

–Não importa. Se tenho chance de conseguir, eu aceito passar por essa cirurgia.

. . .

–Vocês acham que ele vai ficar bem? – Pergunto enquanto saímos.

–Bem, depende. Acho que se o Spartan continuar sem fazer nenhum comentário engraçado deve ser um caso grave de febre amarela com uma esquistossomose braba e uma pitada de sarampo querendo surgir.

–Ei! Eu sou só uma pessoa sensível que sabe que não se pode falar nada perto dele por que quando recuperar a visão sabe que ele vai se lembrar da minha voz e bater em mim.

–O que essas doenças tem haver com o ridículo bom senso dele? - Angel perguntou.

–Nada. Eu que queria falar mesmo.

–Eu estava falando do Renny. O médico disse que a cirurgia é muito arriscada.

–Não sei. Tudo vai depender da sorte. Ainda bem que conseguiram encontrá-lo. Não sabia que o Senhor Hierro tinha filhos.

–Como assim? Vocês já conheciam ele?

–Ele não. O pai dele vinha aqui de vez em quando para ajudar os militares ou coisa do tipo.

–Eu sabia. - Kelly disse. - Meu pai me falou sobre. Ele disse que ele não queria que os filhos crescessem aqui e queria que tivessem uma infância mais “normal”.

–Filhos!? O que houve com os outros?

–Não sei. Se quiser saber, terá que perguntar a ele. - Kelly olhou para o relógio de pulso. - Ih, já são 15 horas. Precisamos pegar a Clare e ir almoçar.

–Quem?

–Ah, você ainda não a conhece. Ela é nossa amiga e também é novata, chegou há dois meses.

–Por que ela nunca esteve com a gente?

–Meu pai e outras pessoas que comandam chamam os novatos para conversarem. Faz perguntas, vê se conseguiram se adaptar a vida daqui ou então se precisa de alguma coisa. As suas sessões devem começar em breve. - Eu devo ter feito uma cara de espanto, por que logo depois, Angel completou:

–Não é tão ruim. É como se fosse uma prova oral sobre si mesmo.

–Obrigada, eu acho. - Quando percebi havíamos chegado no último andar, no limite de onde podíamos ir. O senhor Edson Murray sai da sala com uma menina do lado. Ela á muito branca, os cabelos castanhos são longos, e os olhos castanho escuro estão envoltos em o que parece rímel demais ou cílios postiços e usa um batom vermelho forte.

–Aqui está ela. - Edson a entregou a nós. - Helen, depois também te chamaremos para saber como você está.

–Claro. - Eu disse e ele voltou para a sala.

–Oi, gente. Rebelde nova? - Ela pergunta enquanto passa a mão no cabelo.

–Oi. Eu sou Helen Monteiro, 14 anos, novata, Niterói, antigo Brasil. - Essa já deveria ser a milésima vez que me apresento a alguém, quantas vezes mais será que eu vou ter que fazer isso?

–Clarisse Hans, 16 anos, novata, Doncaster, antiga Inglaterra. Mas pode me chamar de Clare. - Ela estende a mão para mim e eu a cumprimento.

–Vamos descer logo! Eu estou com morrendo de fome! - Spartan reclamou.

–Você está sempre com fome. - Michael respondeu.

Nós descemos até o refeitório, e fomos pegar a comida, até que a gente chegou na parte das bebidas e a Juanita estava lá de novo.

–Aleniul.

–Tia Juanita. - Os dois se encararam como se estivessem se desafiando a alguma coisa.

–Quantas vezes tenho que te falar para não me chamar de tia? Eu não sou irmã de nenhum de seus pais para que me chame assim.

–Que pena que não tive essa sorte. Se fosse da sua família, além de ser charmoso, lindo e sedutor eu poderia me parecer com um monstro e botar medo em geral lá fora.

Juanita estreitou ainda mais os olhos, como se tivesse tomado aquilo como um insulto e disse:

–Você já é um monstro desde o dia em que fez aquilo e chegou aqui. - Eu fiquei boiando na conversa deles, mas ao invés do Spartan dar uma resposta divertida, ele fica sério e vai para a mesa, parecia que ela havia atingido o ponto fraco dele.

–O que foi que houve com ele? - Pergunto baixinho para a Clare, que estava do meu lado. Ela olhou para mim.

–Eu soube por acidente, acho que ele não gostaria que outra pessoa que não é ele contasse para alguém o que aconteceu com ele. - Isso só aumentou ainda mais a minha curiosidade. Passamos pelos rivais e notei que os três, até mesmo o Jou, estavam muito bem juntos, “mas que bipolaridade”, pensei. Quando chegamos na nossa mesa, ele deixou a comida de lado enquanto brincava com um lápis que eu já o vira observando antes. Quero perguntar para ele sobre aquilo, mas achei melhor não. Ao invés disso, eu pergunto para a Clare:

–Que tipo de pergunta fizeram para você?

–As mesmas que fazem para todo mundo. Data de nascimento, se tinha algum amigo ou família antes de chegar, se consegui me adaptar, o que pretendo fazer para ajudar na base, se já estive envolvida com mercado negro,...

–Mercado negro?

–Isso é um problema bastante comum lá fora. - Angel comentou.

–Alguns de nós, ou então qualquer outra pessoa que tenha algum tipo de acesso aqui vende a rebeldes que ainda não conhecem a base produtos que não se tem nas cidades para que possam mostrar a rebelião dentro de si. - Conta Kelly.

–Tipo o que?

–Piercings, tatuagens, tinta para cabelo,... Coisas incomuns e que chamam atenção.

–Assim, o governo consegue reconhecê-los, e normalmente não conseguimos chegar a tempo de salvá-los. - Michael completou.

–Como assim o que o fazem com eles?

Spartan passa o dedão rapidamente pelo pescoço enquanto faz um som, significando que os matavam. Fiquei muito surpresa. Nesse momento percebi que nunca vi nenhum adulto com tatuagem, piercings, ou coisas do tipo. Eu pensei que eles tiravam quando cresciam, mas isso faz sentido.

–Mas, como que eles conseguem isso?

–Não sabemos. Suspeitamos que talvez uma ou mais pessoas daqui da base dão isso para eles, como se fossem espiões, ou tivessem sendo subordinados, ou alguma coisa assim.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por terem lido e espero que tenham gostado e entendido o por que de capítulos menos frequentes. E, desculpa se ele saiu com menos qualidade do que os outros e se seu personagem não está aparecendo muito, é bem complicado fazer com que todos tenham uma boa aparição e com sentido. Até a próxima. :).