Fernando tomou banho primeiro e vestiu uma roupa do meu pai, o que me fez lembrar do dia bizarro de quando o encontrei vestido de drag queen. Dia memorável aquele. Enfim tomo meu banho e visto uma das roupas que o Luigi comprou para mim. Minha rotina como uma mulher que se cuida é mais demorada, pois além do banho, preciso pôr as lentes de contato, secar o cabelo e pranchá-lo, fazer maquiagem... antes eu só fazia uma trança engomada e coloca os óculos. Mas essa aparência desleixada não refletia a pessoa especial que dizem que sou. Quando estamos bem interiormente, isso transparece no nosso exterior e até nos estimula a nos cuidar mais. Sei que o Fernando me ama como sou, mas seu amor me estimula a estar ainda mais bonita para ele, pois ele faz por merecer.

Enfim descemos para o café da manhã.

– Bom dia Seu Erasmo - diz Fernando que, quando meu pai ofereceu a mão, em vez de aperta-lá, o abraçou.

– Bom dia sogrinha - diz Fernando, que abraça minha mãe.

– Hihihi bom dia Seu Fernando. - minha mãe responde.

– Bom dia Seu Fernando! - meu pai responde.

– Gente, para quê tanta formalidade, agora sou da família, não? - diz Fernando

– É verdade gente! - digo - Bom dia Mamãezinha - digo beijando-a - Bom dia Papaizinho - beijo-o também.

– Bom dia Moty, fofinhoo - diz Fernando, apertando o Moty que logo late.

– Não aperte o cachorro, ele não gosta! - diz meu pai.

– Calma, meu velho. - diz minha mãe - Ele está se acostumando com o Fernando, por isso latiu.

Fernando imediatamente larga o Moty e o coloca em seu lugar de sempre na mesa, ao lado da minha mãe.

Nos sentamos na mesa e enquanto comemos, explicamos detalhadamente para minha mãe o que aconteceu na noite passada, já que meu pai contou de qualquer jeito e ela estava sonolenta.

Depois do café, subi para o meu quarto e peguei tudo aquilo que me pertencia, tirando as roupas antigas, aquelas não iria mais precisar. Peguei meus pertences de valor sentimental, lembranças, fotos etc e coloquei tudo em uma mala. Peguei a chave de meu carro e, depois e me despedir de meus pais, fomos para a casa dos pais de Fernando.

Lá estava a maioria de suas coisas, pois quando vendeu sua casa, levou seus pertences para o apartamento que se mudou, com Omar e Márcia. Mas Omar mudou-se para a casa de Carolina e Márcia ficou e quando Fernando resolveu que ia embora, pegou apenas uma parte de suas coisas, e o que restou, a Márcia deixou na casa de Dona Terezinha e Seu Humberto.

Chegamos na casa dos meus sogros e primeiramente contamos tudo o que aconteceu na noite passada e quando percebemos já era hora do almoço, então almoçamos e depois fomos para o antigo quarto de Fernando.

O quarto era enorme e bem... adolescente! Sentei-me em sua cama.

– Fernando, com quantos anos você se mudou da casa de seus pais?! Pois esse quarto é bem adolescente - sorrio.

– Ah sim, bom, eu me mudei com 18 anos, queria aproveitar a " liberdade", dividi o apartamento com o Carvajal e dividíamos as despesas. - ele responde.

– Mas você trabalhava? - pergunto

– Não, só estudava, é que meus pais me davam uma mesada. - diz ele.

– Que vida boa! - digo, sorrindo

– Boa, mas vergonhosa. Eu não tinha as coisas por mim mesmo, era sustentado pelos meus pais e ainda achava que era um "homem". Sempre fui mimado. Isso me prejudicou. Nos prejudicou.

– Sim, mas você mudou e isso é incrível. Restaurou a empresa de seus pais e pagou todas as dividas. Foi capaz de ser meu assistente, ficar em uma sala minúscula, me dar um direito de esolher entre você ou Aldo e ainda protagonizou uma série hihihi - digo rindo - Você se tornou um homem melhor. Honesto, independente, amoroso e fiel.

– Tudo isso porque você me enxergou como ninguém exergava e acreditou em mim.

– E você fez o meu comigo, meu Seu Fernando... - digo e, após isso, o beijo lentamente. Nos afastamos e ele voltou ao que estava fazendo. Eu levantei e fiquei observando seu quarto. Cada pedaço e detalhe. As fotos dele criança, com os pais, suas formaturas da escola, fotos com o Omar. Sua coleção de carrinhos, de jogos de video games. Seus cd's, vídeos. Seus livros. Tudo ali me deixava mais apaixonada por ele, pois a cada lembrança me imaginava mais perto dele, mais perto de seu passado, pois o conhecia mais.

Depois de arrumar tudo, ele pga minha bolsa com sua mãe, e vamos embora.

– Amor, eu amei conhecer seu antigo quarto e um pedaço de sua infância e adolescência. - digo. Ele sorri de lado para mim. Que sorriso!

– Minha Lety, não temos nada para comer na nossa nova casa, temos que passar no mercado. - ele lembra.

– Sim meu amor, mas o que vamos comer? Não sei fazer nada, lembra? Hihihi - digo rindo.

– Tive uma ideia! - ele diz rindo e entusiasmado.

– Chegando no mercado compramos coisas essencias para higiene, como sabonetes, shampoos etc, comidas para almoço e jantar, supérfluos. Até que ele me puxa para uma sessão que já conhecia...

– É isso que vamos comer agora! - disse ele segurando animadamente uma caixinha de mistura para fondue.

– Hihihi, mas meu amor, não temos a máquina, não se lembra do que aconteceu na última vez que tentamos fazer isso? - digo

– Mas aqui vende a máquina! Vamos comprá-la e seguir as instruções de como fazer, vai dar certo!! - ele diz animado.

– Fernando... - digo desconfiada, mas aceito.

Ele consegue achar a máquina e passamos todas as compras no caixa e finalmente vamos para nosso apartamento. Fazemos quatro viagens para subirmos com todas as malas e compras. Quando finalmente chegamos, arrumamos nossos pertences no quarto e vejo que preciso comprar roupas e para isso preciso de um trabalho, e o Fernando também, temos que pensar no que vamos fazer.

Após isso, arrumamos as comidas nas dispensas e finalmente irei tentar fazer o fondue

– Meu amor, vou precisar de sua ajuda. Você corta o pão enquanto preparo o fondue.

– Tudo bem, sem problemas - disse ele, sorrindo. Mais uma vez ele se enrolou na tarefa de cortar o pão, lhe instruí de como fazer e ele cortou a maior parte e pôs em uma vasilha de vidro que compramos. Enquanto isso, eu fazia o fondue de acordo com as instruções e finalmente e deu tudo certo!

Escolhemos a varanda de nosso quarto para comermos o fondue, o tempo estava ameno, então sentamos juntos e nos cobrimos com um cobertor.

– Finalmente conseguimos comer o bendito fondue - digo, sorrindo.

– Olha Lety, se me dissessem a um mês atrás que hoje esse sonho estaria se realizando, eu não acreditaria. - ele disse.

– Você não acreditava que iríamos ficar juntos? - pergunto, supresa.

– Para ser sincero, não. No mês passado já tinha perdido as esperanças, você estava noiva de outro e estava disposta a ir para longe com ele. Se eu realmente tivesse uma crença de que voltaríamos, não tinha incitado ir embora. - ele diz

– Que triste, em pensar que quae me casei com Aldo, que era um grande amigo, mas não o amava como amo você. Nossa, só de pensar em viver sem você, meu coração dói. - digo

– E o meu coração doeu tanto quando estava sem esperanças. Quando via você com ele, rindo e beijando ele. - ele diz, pensativo.

– Mas agora estamos aqui, e para sempre, nada e ninguém pode nos separar. Somos um só. - entrelaço nossos dedos e o beijo.

Nos encontramos novamente, nossos corpos e almas. Agora somos um só. Sem mentiras. Um amor puro, forte e inabalável.

No dia seguinte acordamos cedo pois tínhamos que nos preparar para a reunião. Tomamos banho, nos arrumamos e tomamos nosso café da manhã.

A caminho da Conceptos, fiquei pensando spbre o que poderia ser essa reunião...

Chegando na Conceptos meu coração bate forte, quantas lembranças. Nunca imaginaria que entraria de mãos dadas com o Fernando, com todos vendo, como sua esposa. Quase me emociono, mas me seguro. Somos recebidos pelo Celso e o Sansão, Fernando como sempre simpático com os funcionários. A Yasmin nos recebeu na recepção com um sorriso grande para o Fernando, aquela rouba maridos...

Pegamos o elevador e saímos dele. E é quando a festa começa! Meu quartel me recebe com todo carinho.

– Letyyy, que lindaa que você está, quando tempo!! Ainda mais com esse gatão do Seu Fernando ao seu lado, com todo respeito. - diz Paula Maria.

– Paula Maria... - diz Irminha.

– Aiii Lety, nos conta, como foi a lua-de-mel menina? - pergunta Marta, curiosa.

– É isso mesmo, queremos saber! - diz Joana

– Meninas, eu gostaria muito mesmo de conversar agora, mas tenho uma reunião com a Dona Márcia. - digo apressadamente

– Viu meninas, o nosso azar não acaba, não acaba! - diz Lola

– Calma Lola, a Lety tem que ir a reunião, mas depois pode almoçar no "Comidinha" para colocar o assunto em dia, não é Lety? - diz Sara.

– Claro meninas, eu posso, não é, meu amor? - pergunto olhando para Fernando.

– Claro que pode Lety, eu aproveito e almoço com o Carvajal. - Ele sorri - Mas esse quartel nem me deu atenção hein! - ele diz fingindo estar chateado.

– Claro que não seu Fernando, nós o amamos! - diz Irminha

– CADÊ? ELE ESTÁ AQUI? FERNANDO! MI FRATERLOOO! - chega de repente rodopiando e correndo o Rámon.

– Oi Rámon - diz Fernando sorrindo e estende a mão.

– Seu Fernie, eu senti saudades do senhor - diz Rámon chateado, e logo depois o abraça. Fernando é pego de supresa.

– Também senti saudades Rámon. - diz ele, contente. - Gente, gostaríamos muito de conversarmos, mas temos que correr para a sala de reuniões, vamos meu amor? - pergunta Fernando.

– Claro, vamos sim. - digo e lhe dou a mão. - Até mais meninas. Bom te ver Rámon.

– É ótimo te ver dona Lety!! -diz Rámon entusiasmado.

Entramos na sala de reunião e estavam o Omar, Márcia, Luigi, Dona Terezinha, Seu Humberto, Ariel, Ana Letícia, Tomás e Lopez. Essa sala de reunião ficou pequena.

– Com licença, bom dia - digo

– Bom dia a todos - diz Fernando.

– Esperávamos por vocês, tomem assento, por favor. - diz Márcia. - Antes de mais nada, quero agradecer a presença de todos e o empenho em que tiveram no trabalho impecável da série "Coração, Coração, Amor" e da "DIF Nuevo Leon", nossas últimas produções. Espero que a disposição e qualidade de trabalho permaneça na minha gestão como presidente. E vou precisar da ajuda de todos aqui, todos mesmo. - ela diz esse último olhando para mim e Fernando. - Como todos sabem, antes de aceitar o cargo como nova presidente, eu ocupava o cargo de produtora executiva, ou seja, eu não faço ideia de como coordenar uma empresa desse porte da Conceptos, portanto, eu preciso propor algo e espero que aceitem - ela olha novamente para mim e Fernando - Eu quero, preciso e peço que vocês dois trabalhem ao meu lado.

Levou um minuto para eu perceber que ela se tratava de mim e Fernando...