Mags nos Jogos Vorazes 10ª edição escrita por Leah Janowski


Capítulo 2
Arena preferida


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu volteeei!! O prólogo foi mais pra apresentar a fic, mas como voces podem ver, já vamos direto rpa parte da arena. Durante os jogos, a mags vai tendo flashbacks pra mostrar o que aconteceu nesse meio tempo que eu pulei. Tudo bem? Espero que gostem!!



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— Senhoras e senhores — anuncia a voz de Claudius Templesmith nos alto-falantes —, bem-vindos à Septuagésima Edição dos Jogos Vorazes!

Minha plataforma alcança o solo e uma eletricidade de nervosismo começa a tomar meu corpo. A arena deste ano não é uma floresta densa ou paisagem verde, é algo mais... tropical. O chão é de areia branca e fina e há algumas áreas arborizadas ao longe. Decepcionada, imagino que a arena se trata de um deserto, quando avisto um reflexo azul no horizonte. Ele desaparece no mesmo instante. Era o mar? Fixo os olhos naquele cantinho e novamente uma onda reflete a luz do sol. Sim, é o mar! Posso sentir o cheiro salgado no ar. Percebo que estamos em uma ilha, uma enorme ilha rodeada por um extenso anel de água marinha. Eu não poderia desejar outra arena... Preciso chegar à praia logo, na praia eu tenho vantagem sobre os demais.

A Cornucópia se encontra no centro do circulo de tributos, mas os suprimentos e aparamentos que eu almejava, não me chamam mais a atenção. Tudo que eu preciso é chegar ao mar. Existem mais praias do que tributos para ocupá-las e os coqueiros próximos à orla significam cocos, ou seja, água potável. Posso pescar com basicamente qualquer coisa, então, apenas necessito conseguir uma arma para me defender. Miro a mochila a alguns metros de mim. Pela minha experiencia assistindo edições passadas, mochilas possuem itens importantes para a sobrevivência e no mínimo uma faca para cortar a caça.

Faltam exatos 30 segundos para o sinal de inicio. Flexiono as pernas para correr e dou uma última olhada ao redor. Procuro meu primo Gregor e o avisto do outro lado do circulo, quase atrás da Cornucópia. Tento desviar a atenção dele, uma vez que não posso me preocupar. Se eu quero voltar viva daqui, a minha única preocupação precisa ser eu mesma.

A garota da plataforma ao lado treme e chora sobre seu círculo de metal. Fico com pena por ela e me lembro de sua nota 4 na avaliação individual, a menor nota desta edição. Ela mantém a expressão de choro em todas as vezes que a vi. Nos treinos, na entrevista, no desfile... Não consigo me recordar da garota do 9 sem os olhos vermelhos de lágrimas.

Ela encontra meu olhar e não se importa por eu assisti-la, parece nem ligar para o fato de toda Panem estar vendo-a chorar, vendo-a ser fraca. A garota volta a atenção para os próprios pés e encara o chão de areia por alguns segundos. Não posso me concentrar muito tempo nela devido à contagem estar chegando ao fim. Quando decido voltar minha cabeça para frente, a menina se atira da plataforma. Antes do tempo.

A explosão foi tão próxima que me desequilibra por alguns segundos. Na verdade, não sei se foi o impacto de fato ou o meu próprio susto. Alguma coisa mole e nojenta se agarra ao meu ombro, mas não quero virar para conferir o que é. O cheiro é de churrasco e eu imagino que seja um pedaço da garota do 9. Imagino não... Eu tenho certeza.

O gongo soa bem na hora em que tento me estabilizar depois do suicídio inesperado e demoro um pouco para começar a correr. Procuro mochila que eu mirava antes do sinal de inicio e ela não está mais lá. Xingo alguns palavrões mentalmente, odiando brevemente a garota suicida. Como posso ser tão egoísta? Ela estava tão atormentada que se matou e eu estou odiando-a por me atrasar? Quando foi que me tornei um monstro?

Circulo a cornucópia desesperada, olhando o mais rápido possível e decidindo o que pegar. Preciso ter certeza do que quero, pois não posso parar por muito tempo. Encontro um cabo de plástico, provavelmente de uma faca, enterrado e esquecido no chão de areia. Puxo para mim e a lâmina é mais longa do que eu imaginava. É um comprido facão curvo com apenas um gume afiado. Já está sujo de sangue e a areia impregna o metal, formando uma espécie de lama vermelha.

Levanto e vejo os tributos do 5 e o do 7 se enfrentarem ao meu lado. Lembro-me do tributo do 7 intimidando a todos nos treinos com seu machado. Por ter sido um lenhador desde sempre, ele sabe empunhar um machado como se fosse parte dele e, felizmente, não há nenhum machado em sua posse no momento. Ele usa uma faca para enfrentar o garoto do 5 que, por sua vez, detém uma espada. Por mais que a arma seja menor e inferior, ele parece em vantagem. Preciso sair daqui, pois quando ele derrotar o garoto do 5 e olhar para trás, eu serei o seu próximo alvo.

Viro-me para correr, alvejando mais uma vez o horizonte azul, minha salvação. Contudo, sobreviver à arena não vai me fazer ganhar os jogos. Mais do que isso, eu preciso sobreviver aos tributos. Fico imaginando o estrago que o garoto do 7 pode fazer ao encontrar um machado... e eu tenho quase certeza de que avistei um na Cornucópia. É questão de tempo até ele apanhá-lo para ele. Uma nota dez e um machado... Como posso competir com esse garoto?

Uma ideia absurda preenche minha cabeça. Volto para onde estava e me aproximo dos dois tributos em combate. Nunca pensei que eu fosse ser tão covarde a esse ponto, mas aproximo-me sorrateiramente por trás do garoto do 7. Ele está vulnerável, sequer me nota e é dessa forma que pretendo eliminá-lo. Isso é covardia, sim. É sujo e imoral, mas desde quando matar é algo honroso? Quem joga limpo não ganha esses jogos e eu quero ganhar. É tão clichê dizer que estou pensando na minha família? Bem, talvez... Mas estou preocupada comigo mesma também. Eu não quero morrer. Lei da sobrevivência.

Avalio formas de matar o garoto rapidamente. Eu não sou uma assassina, nunca tirei uma vida e não sei por onde começar. Não faço ideia de qual será a sensação quando minhas mãos estiverem sujas de sangue, mas não quero me concentra nisso. Não agora. Penso em atravessar meu facão em suas costas, porém isso me faria perder tempo demais para puxá-lo de volta. E se o tributo do 5 decidir me atacar após eu derrotar seu oponente? Não posso correr o risco, portanto, desfiro um golpe na nuca do tributo 7, fazendo um corte profundo que o derruba instantaneamente.

O sangue esguicha em meu rosto, bloqueando temporariamente minha visão. Enxugo o liquido viscoso com os dedos e o tributo do 5 me encara assustado, apertando sua espada com as duas mãos. Ele possui alguns cortes no ombro e na testa, provavelmente oriundos da faca do oponente. Não me movo por alguns segundos, fitando o rapaz a minha frente. Eu não quero lutar com ele, eu só precisava eliminar o concorrente do 7 antes que ele pudesse me matar. Foi puro instinto de sobrevivência.

Olho para a mochila nas costas do garoto caído e o tributo do 5 segue meu olhar. Só me faltava essa! Ele também quer a mochila! Mas será que ela vale a pena? Vale a minha vida? Posso morrer se for disputar por isso agora e quanto mais tempo aqui na Cornucópia, mais perigo eu corro. Decido ignorar a bolsa e retornar ao meu plano inicial: fugir para a praia e sobreviver. Eu já tenho um facão, não preciso de mais nada.

Torno meu corpo para trás e disparo o mais rápido possível, ignorando todos que possam ter ficado para trás. Meu primo, o garoto do 5, o grandalhão do distrito 10... Todas as minhas preocupações se dissolvem e me concentro apenas no horizonte azulado. Já posso sentir o cheiro da maresia e ouvir o chiado das ondas. Em todas as edições dos jogos, jamais tinha havido uma paisagem assim. Quem diria que a minha arena preferida seria a minha?

Mas... até quando?


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Notas finais do capítulo

Como estamos numa das primeiras edições, aind anoa existem carreiristas, embora os tributos dos distritos mais ricos possam ser mais fortes por terem sido bem nutridos e essas coisas!



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