Pov. Nico

- Percy, você acredita em reencarnação? - perguntei, impedindo ele de continuar a falar sobre Jason.

- Hm... Nunca parei pra pensar nisso, Nico. Por quê?

- Por nada. Foi só uma coisa que veio a minha mente. - virei de costas para ele, tentando fugir das orbes esverdeadas que me fitavam.

- Está tudo bem com você? - e antes que eu pudesse pensar em responder, ele já estava com seu corpo sobre o meu. - Tem alguma coisa que você não está me contando.

- Saia de cima de mim que eu conto...

- Jura?

- Eu juro!

- Pelo Estige?

- Está querendo demais, Jackson. - reclamei.

- Então vou continuar aqui. Seu corpo é bem gostosinho, eu dormiria aqui...

- Pare! Isso é uma coisa boba, não é motivo para jurar pelo Estige! Agora sai de cima. - gritei, e em seguida o empurrei, fazendo ele cair da cama.

- Pronto! Já saí.

- Você não saiu, foi empurrado. - resmunguei.

- Tanto faz. Agora conta!

Flash back on

Quando Nico di Angelo estava no Hotel e Cassino Lótus, ele não ficou sempre lá dentro, como é contado por aí, ele conseguiu sair algumas vezes. A primeira vez foi em um dia de inverno, Nico estava entediado e olhava para o nada, quando viu um felino de pelos negros parado na porta do hotel.

Não se conteu e correu atrás dele, quando chegou perto viu o animal fugir e parar aos pés de um rapaz moreno. Mesmo com a timidez que o acompanhava, foi até o rapaz e o cumprimentou.

- Olá... Meu nome é Nico.

- Olá, Nico. Eu sou o Noah. E essa aí é a minha gata, mas acho que vocês já se conhecem. - falou o mais velho, quando Nico pegou a gata no colo e a afagou.

- Qual o nome dela?

- Ainda não tem nome. Ganhei ela ontem. Gostaria de escolher o nome? - o menor assentiu, mas sem olhar para Noah. - Qual nome?

- Hm... Sally!

- Certeza?

- Sim. - respondeu, olhando pela primeira vez nos olhos de Noah. Percebeu que ele tinha olhos esverdeados, que o hipnotizaram.

- Então vai ser Sally!

O maior admirou Nico, que brincava com a gata. Nico parecia o típico garoto solitário, provavelmente não tinha muitos amigos, devia ser um garoto calado, de poucos sorrisos, que eram tímidos nas poucas vezes que apareciam, além dos cabelos negros que lhe cobriam os olhos. Exatamente como o garoto que viraem seu sonho.

Foi um sonho muito esquisito. De início apareceu um homem sério, com cabelos compridos, e que exalava a morte em cada palavra dita. O homem falou a Noah para ir a Las Vegas, que lá ele encontraria o que faltava em sua vida. Apareceu de relance um garoto com as características de Nico, e o sonho acabou.

E no momento que avistou Nico ele percebeu, o que faltava era Nico. Mas o garoto devia ter, no máximo, 14 anos, era novo demais.

- Nico. Qual sua idade?

- Eu tenho 12 anos. E você?

- Eu tenho 19.

- Legal. Noah, eu quero comer um hamburguer! E tomar Coca-Cola... Melhor eu voltar para o hotel.

- Não. Eu levo você para uma lanchonete, e depois tomamos sorvete!

- Está bem, mas não posso demorar. A Bianca vai ficar preocupada.

- Não vamos demorar.

Noah puxou Nico para perto de si e foi para a lanchonete mais próxima. Nico devorou a comida e se lambusou com o sorvete, fazendo Noah gargalhar.

- Nico, você está uma graça, mas acho que é melhor limpar seu rosto. Vamos ao banheiro.

- Está bem! - disse ao jogar uma batata frita em Noah.

- Você me paga, Nico.

Eles foram ao banheiro da lanchonete, que era mais limpo do que eles esperavam. Noah trancou a porta sem que Nico percebesse. Tirou todo o sorvete que cobria o rosto do mais novo e fitou suas orbes negras. Admirou o menor, com seus jeans escuros, uma camiseta azul-marinho e um AllStar gasto.

Ao mesmo tempo Nico o observava, com sua bermuda, uma camiseta verde-oliva e um AllStar verde militar impecavelmente limpo. Ele tinha o corpo totalmente definido, o corpo de um esportista nato. A pele bronzeada, muito diferente da pele pálida de Nico. Os cabelos achocolatados e os lábios perfeitamente desenhados. Um conjunto que fazia Nico desejá-lo por completo.

- Noah...

- Fale, Nico.

- Você já beijou um garoto? - perguntou, praticamente sussurrando.

- Não. Você já?

- Nunca beijei nem uma garota, quanto mais um garoto.

- Então... Eu vou ser o primeiro a ter os seus lábios?

- Acho que sim. - enrubesceu Nico.- Você quer me beijar? - perguntou fitando seus tênis, que pareciam muito interessantes naquele momento.

- Nico, eu quero fazer tanta coisa com você.

- Então, você poderia destrancar a porta e me levar para outro lugar?

Noah o tirou da lanchonete e o levou para o hotel onde estava hospedado. Era simples, mas Nico o achou perfeito. Um lugar sombrio e ao mesmo tempo acolhedor. Quando estavam no quarto de Noah, Nico correu e logo se jogou na cama. Noah foi logo atrás, observando o mais novo. Estava se apaixonando por ele, e temia que essa paixão não acabasse. Mas esse pensamento logo foi cortado, quando lembrou que havia deixado a gata na frente da lanchonete.

- Sally!!!

- O que foi, Noah?

- A Sally. Esquecemos ela.

- Não. Ela está aqui!

- Não, Nico. Ela não está.

- Está sim, Noah. - resmungou o menor. - Ela nos seguiu e agora está embaixo da cama. - Noah olhou embaixo da cama e viu Sally dormindo tranquilamente. - Você está muito desatento, Noah.

- É meio difícil lembrar das coisas perto de você. - Noah sentou ao lado de Nico, pensando em como beijá-lo, e se seria certo.

Por mais tímido que fosse, Nico estava impaciente com a demora dele, e sem pensar duas vezes, roubou um beijo do maior. Quando Nico se afastou, sentiu a mão de Noah na sua. Logo a mão foi passando pelo corpo dele até chegar na cintura. E ansiando continuar o beijo, Noah o trouxe para junto de si. Deitou na cama e o colocou sobre si. Distribuiu beijos pelo rosto do menor, e depois o beijou nos lábios. Quando sua língua adentrou a boca do menor, Noah buscou conhecer cada cantinho dela, e mesmo Nico sendo inexperiente no assusto, foi muito bem. O jeito como tentava aprender, e como suas mãos curiosas tocavam o corpo de Noah, deixaram o maior excitado. E o modo como seus membros roçavam um no outro, separados pelas roupas que usavam, deu a Noah uma grande vontade de possuí-lo.

- Nico, eu quero mais do que beijos!

- O que mais você quer? - perguntou confuso.

- Eu quero ter o seu corpo! Eu quero estar dentro de você! - implorou o mais velho.

- Não! E-eu não posso.

- Nico, por favor! Eu preciso disso...

- Não, Noah. Eu não quero.

- Está bem! - bufou o mais velho. Noah levantou e foi ao banheiro lavar o rosto. Estava frustrado, mas o mais novo tinha o tempo dele, entendia isso. Quando estava mais tranquilo, voltou ao quarto. - Nico, está ficando tarde. Acho melhor voc... - o maior vê Nico dormindo e não o acorda, resolve que o levaria no dia seguinte. Dá um beijo na testa do menor, deita ao lado dele e pega no sono.

No dia seguinte, Nico acordou em seu quarto no Hotel e Cassino Lotus. Estava confuso, não sabia como chegou ali. Esfregou os os olhos, deu beliscões no braço, mas não era um sonho, estava de volta a sua "casa". Preocupou-se com Noah, sentia que não o veria mais.

Flash back off

- E depois? - me perguntou Percy.

- Depois o quê?

- Ah, você sabe, Niquito! Vocês se encontraram novamente?

- Não. - respondi, me escondendo sob as cobertas.

- Não? Por quê?

- Quando eu acordei no Lotus, a primeira coisa que fiz foi ir para o hotel onde ele estava. Mas ele tinha saído. Esperei ele voltar por duas horas, mas nada dele aparecer. Rodei a cidade toda, e acabei me perdendo. Comecei a chorar no meio da rua, até que meu pai me viu e me levou de volta para o Lotus. - respondi, ainda sob as cobertas.

- Então você desistiu? - ouvi a voz dele perguntar.

- Não. Fiquei uma semana indo até o hotel, mas ele havia saido e não tinha voltado ainda. Todas as coisas dele estavam lá!! Mas no final da semana, a moça que trabalhava lá me contou que ele havia ido embora. E me entregou uma carta... - senti meus olhos arderem, as lágrimas lutando para escorrer pelo meu rosto.

- O que estava escrito?

- Não vou te contar, Cabeça de Alga, se toca...

- Ah não! Você também não, já basta a Thalia!- resmungou o meu moreno, isso mesmo MEU. - Você está chorando, Niquito?

- Não! E não me chama assim!

- Então não me chama de Cabeça de Alga! Mas, me conta! O que estava escrito?

- Não sei... - pensei por um instante, mas percebi que ele deveria saber. - Ele falou que tinha que ir embora, pois a noiva dele estava o esperando. O nome dela era Annie. Me contou que o nome dele completo era Noah P. Jackson, e disse que quando eu tivesse um filho deveria dar o nome dele ao meu filho, e se fosse menina, o nome seria Sally. Ele prometeu que faria o mesmo. E eu vou cumprir a promessa.

- Você ficou triste quando leu a carta? - perguntou enquanto puxava a coberta que cobria meu rosto.

- Claro que fiquei, Jackson! Eu chorei muito quando voltei ao Lotus, pensei que ele havia me deixado por que eu não fiz o que ele queria.

- E ainda pensa assim? - perguntou curioso.

- Não. Quando eu fui ao Mundo dos Mortos eu o encontrei. Estava velho, mas não muito, acho que morreu bem cedo. Ele me contou que a noiva dele estava grávida, por isso teve que ir, que devia cuidar dela e da filha tiveram. Ele deu a ela o nome de Sally! Sally Jackson!

- É o nome da minha mãe... - refletiu Percy por um tempo.

- É a sua mãe, Cabeça de Alga! - pelos deuses, como meu namorado é lento. - Ele era o seu avô!

- Que nojo!! Você beijou o meu avô!

- Você nem pensava em existir, Percy! - bufei.

- Mesmo assim!

- Então não me beije mais!

- Impossível! - falou selando meus lábios. - Espera, foi por isso que perguntou de reencarnação? E é por isso que pensou que eu voltaria para a Annabeth, mesmo sabendo que eu sou assumidamente mais gay do que todos imaginavam?

- Talvez sim, talvez não!

- Não acredito nisso! - gritou, mais alto do que devia.

- Qual é, Percy! Me deixa errar pelo menos uma vez. Eu tenho meus direitos...

- Eu também tenho os meus, então cala a boca e deixa eu te beijar! - ele se jogou em cima de mim e começou a distribuir pequenos e delicados beijos em minha face. Beijou o meu pescoço, me fazendo arrepiar, e foi subindo até chegar a minha boca, onde iniciou um beijo voraz, como nunca tinha tido antes. A língua dele passeava em todos os cantos da minha boca, e eu sentia na pele dele o cheiro de mar que me inebriava. Quando ele mordeu meu lábio inferior dei um gemido baixo, fazendo Percy rir. - Não acredito que achou que eu voltaria com a Annabeth por causa de uma burrice que meu avô fez! - e voltou a me beijar, mas eu o afastei.

- Ele o deixou pela sua mãe, Percy!

- Tanto faz. Não te trocaria nem por Afrodite!! - e voltou a me beijar.

O lábios de Percy me faziam esquecer de tudo e de tudos. Do passado e do presente, me fazia esquecer até mesmo de pensar no futuro. E naquele momento tive certeza, quando Percy fizesse o mesmo pedido que Noah fez, eu com certeza diria um alto e sonoro "SIM".