Harukaze escrita por With


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Eu não desisto, meu povo!



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Harukaze

Capítulo 3

Hoje eu vou passar o tempo rindo de novo

Apesar do

Meu peito doer um pouco.

— Estou com fome... — Tsuhime reclamou, enquanto ainda passeava por Konoha com Shino. Um delicioso cheiro de lámen atingiu covardemente suas narinas, fazendo seu estômago doer.

Oe, Shino! — Uma voz estridente o chamou, e Shino não precisou procurar por muito tempo. Logo um rapaz vestido com roupas laranja, cabelos loiros e um enorme sorriso, saiu do Ichiraku Lámen e veio ao seu encontro. — A gente tava te procurando e...! — Pela primeira vez, depois de toda a euforia, Naruto percebeu que Shino não estava sozinho. — Quem é?

— Ela se chama Tsuhime. — O Aburame a apresentou, enquanto a garota não sabia muito bem como se comportar. Aquele rapaz de olhos azuis transmitia-lhe uma sensação de estar em casa que ela jamais sentiu, e deixou-se sorrir para ele. — A Hokage ordenou que eu tomasse conta dela.

— Ótimo! — Naruto comemorou sozinho, puxando os dois para o Ichiraku. — Quanto mais pessoas melhor! Não é, minna?

Todos os presentes olharam entediados para o genin, e logo notaram a nova presença entre eles. Os diversos olhares atravessaram a garota, que constrangida encolheu-se um pouco, aproximando de Shino em busca de refúgio. Alguns deles a garota se lembrava que constavam nos arquivos do pai, porém não cogitou que encontraria a grande maioria deles ali e vivos. Analisou cada um, como se quisesse ter a certeza de que eles realmente não eram ilusões.

— Ei, vocês não irão se sentar? — Naruto como sempre gritou, sendo servido por mais uma tigela de lámen. — Itadakimasu!

— Tem lugares disponíveis aqui! — Ino alertou, espremendo-se entre Shikamaru e Chouji.

— Sente-se. — Shino indicou o assento a Tsuhime, que obedeceu prontamente. Em seguida, acomodou-se ao lado dela.

— Ei, Shino, onde você estava? Te procuramos o dia todo! — Kiba pronunciou-se de mau humor, soprando o macarrão que acabara de lhe ser entregue. — E quem é essa garota estranha?

— Kiba-kun, seja mais gentil. É a primeira vez que você a vê... — Hyuuga Hinata repreendeu-o, sorrindo amigavelmente para a garota.

— Mesmo assim ele deve explicações, Hinata! — E como confirmação para seu argumento, ouviu-se um latido forte. — Isso mesmo, Akamaru!

— Esta é Tsuhime. — Entre os pensamentos, o domador de insetos se perguntava por quanto tempo teria que repetir aquela apresentação. — É uma turista.

Wow, e de onde você é? — Apesar de estar com a boca cheia, Naruto não hesitou em questionar.

— Naruto, deixe de ser intrometido! — Uma garota de cabelos róseos e grandes olhos verdes puniu Naruto com um forte soco na cabeça.

— Sakura-chan... — Choramingou o Uzumaki, envergonhado.

E eram muitas questão para que Tsuhime pudesse responder. Um rubor se instalou em seu rosto, todos ali se mostravam gentis e ela não se sentia no direito de estragar aquele momento com a verdade. Sorriu simpaticamente para Naruto, e não soube de onde retirou tanta coragem para se comunicar:

— Na verdade, sou de vários lugares. Não tenho lugar fixo.

— Como assim? — Akimichi Chouji, um rapaz acima do peso, interrogou interessado. Logo, ele ocupou-se com os acompanhamentos do lámen.

Em busca de consolo, Tsuhime procurou proteção nos olhos de Shino, entretanto o domador de insetos apenas continuou calado, como se a encorajasse a prosseguir. Ela não entendeu aquela atitude, cogitou até se ele descobrira a verdade sobre sua vida. Todavia, Shino apenas encontrava-se bastante curioso a esse respeito.

— Eu... Apenas gosto de descobrir os lugares, aprender um pouco mais sobre a cultura de cada vila.

— Tenho certeza de que irá gostar de Konoha. — Mitsashi Tenten disse um pouco mais baixo que os outros, dirigindo-se apenas a ela unicamente. Entendeu pela expressão da garota que ela estava se sentindo desconfortável.

Logo que a curiosidade cessou, todos puderam degustar o delicioso lámen do Ichiraku. A reunião foi regada de conversas animadas, algumas discussões entre Ino, Sakura, Sai — que até agora não dissera nenhuma palavra até o Uzumaki afrontá-lo — e Naruto, fazendo com que Tenten e Neji interferissem antes que definitivamente evoluísse para quesitos pessoais, o que resultaria em graves machucados vindos com muita força pela Haruno.

E apesar de ser a primeira vez que participava de algo social, Tsuhime sentia-se bem. Pudera sorrir, compor-se de algo realmente especial. Aquelas pessoas tinham personalidades extremamente diferentes, todavia não os impediam de serem amigos. E, de fato, surpreendeu-se. Sua convivência com Kabuto e Orochimaru nunca fora das mais sociais, aprendera desde cedo a lidar com qualquer dúvida sozinha, sem ter o apoio de ninguém. Em outras palavras, cresceu sozinha, sendo necessária e participando de algo apenas quando seu pai queria. Até quando ficaria relembrando?

Enquanto eles ainda resolviam suas desavenças, Tsuhime afastou-se sem que notassem. Andou um pouco, não a ponto de se ver longe do Ichiraku, apenas para que pudesse desfrutar um pouco do silêncio. Levou os braços para trás do corpo, e nos lábios um sorriso bobo enfeitava seu semblante antes triste e sem cor. Talvez fosse dessa oportunidade que sempre ansiou. Contudo, ainda preocupava-lhe até quando a tranquilidade duraria.

(...)

Orochimaru andava nervoso pelos cômodos de sua casa, logo atrás sentia a presença de Kabuto o acompanhando. Era o cúmulo terem perdido sua maior experiência, sua maior chance de sucesso. Há essa hora ela deveria estar longe, muito longe de seu alcance e teria que novamente investigar vila por vila até que a encontrasse.

Quando eu encontrá-la seu castigo será pior, Tsuhime-chan”, ele conversava consigo ao adentrar o quarto de sua filha. Por incrível que pudesse parecer, a garota não levara nada. Seus pertences, desde armas a roupas, encontravam-se todos dispostos nos devidos lugares. Conseguia captar o seu perfume impregnado no local, o perfume que Orochimaru sempre apreciou: Medo.

Seus lábios se curvaram em um sorriso maldoso ao pensar nas inúmeras maneiras de torturar sua preciosidade. Ele jamais admitiria tais comportamentos, de ninguém. Tsuhime pertencia a ele e ao seu lado deveria ficar até quando quisesse. Volveu-se a Kabuto, que esperava prontamente por sua ordem. Ao menos o seu braço-direito não o abandonara.

— Kabuto, procure-a. Encontre Tsuhime nem que ela tenha se escondido no inferno. — Ele falava irritado, tocando na kunai disposta sobre o criado-mudo. — Use tudo o que precisar, mas eu a quero aqui. Entendeu? — Voltou seus olhos amarelados ao subordinado, e o viu acenar com a cabeça. — Se ela pensa que conseguiu escapar de mim, está muito enganada.

— Orochimaru-sama... — Kabuto atreveu-se a interrompê-lo. — O que o senhor acha de deixarmos que Tsuhime-chan desfrute um pouco da pseudo-liberdade? Quando ela for capturada, a vontade de se ver livre novamente destruirá sua determinação e ela ficará mais flexível com o senhor. Será uma ótima oportunidade para testarmos o DNA que coletou especialmente para ela.

— Isso pode ser divertido. — Orochimaru sorriu, fincando a kunai na madeira e deslizando-a em seguida, formando um sulco pelo movimento forçado. — Quando encontrá-la, quero que a observe e acabe com seus sonhos ao perceber que ela realmente acredita que conseguiu tudo o que sempre quis. Tsuhime não tem noção das consequências, e me encarregarei de mostrá-las a ela em breve. Pessoalmente.

— Sim, Orochimaru-sama. — Kabuto curvou-se e retirou-se do quarto da garota. Tinha que preparar tudo para quando Tsuhime voltasse. — Ela terá uma grande surpresa.

(...)

Ficou observando-a de longe, apreciando o sorriso que Tsuhime abria de minutos em minutos. Era evidente sua felicidade, quase como se fosse plenamente. E não pôde se manter indiferente ao testemunhar tamanha beleza na garota. Recebera a ordem da Hokage para que se mantivesse ao lado de Tsuhime, atendendo-a nos pedidos e fazendo com que ela se abrisse o suficiente para confiar nele e revelar o que gostaria de saber, porém, ao vê-la tão frágil, Shino cogitou se deveria prosseguir. Havia um brilho escuro preenchendo os olhos amarelados da garota, algo que foi se transformando em uma luz contagiante.

Claramente podia-se notar que ela não desfrutava de momentos como o que participaram, e tudo ficou tão errado ao servir apenas de mediador para a Hokage. Um peso grande instalou-se em seus ombros, fazendo com que Shino o negligenciasse. Iria ser mais para Tsuhime, mesmo que ela ainda fosse uma completa estranha.

O domador de insetos aproximou-se, tomando o cuidado de não fazer barulhos e manteve certa distância, perfeita para que tivesse o conhecimento de que Tsuhime era muito mais baixa que ele. O topo da cabeça dela alcançava seus ombros, e por baixo da gola que cobria metade de seu rosto, Shino sorriu com a comprovação.

— Então, era aqui que você estava. — Tentou soar o mais inflexível, contudo, ao vê-la se sobressaltar e virar-se apressada para ele, suavizou a expressão. — Poderia ter me avisado, Tsuhime.

— Desculpe, mas eu não quis atrapalhá-lo. — Ela sorriu envergonhada, como uma criança flagrada fazendo algo indevido. — Você parecia estar se divertindo com eles.

— Eu sou seu guia, devo ficar perto de você o tempo todo. — O Aburame reclamou, mostrando que não havia chances de ela convencê-lo.

Como um raio atravessando seus pensamentos, Tsuhime percebeu o quanto se encontrava perto de Shino. Podia se ver refletida nos óculos escuros que ele usava, e por consequência seus batimentos cardíacos se alteraram. Temendo que ele pudesse escutá-los, desviou do corpo dele, voltando ao contato seguro.

— Vou me lembrar disso. — Tsuhime respondeu mais à vontade, divagando os olhos para qualquer ponto fixo que não fosse o rapaz a sua frente.

— Aburame Shino. — De repente, um membro da ANBU apareceu entre eles, pronto para cumprir o que lhe foi dado. — A Hokage-sama deseja vê-los imediatamente em sua sala.

Shino apenas afirmou com um gesto de cabeça e o ANBU logo desapareceu. A tarde dizia-lhe adeus preguiçosamente quando ambos adentraram a sala de Tsunade. Havia uma xícara de chá na mesa e o semblante da Hokage demonstrava que não estava muito bem para conversas. Shizune novamente não a obedecera e mentiu ao dizer que aquele líquido aguado era saquê.

— Como foi o passeio? — Tsunade inquiriu, na voz ainda uma leve irritação.

— Ótimo, Tsunade-hime. Konoha é realmente muito bonita. — Desta vez ela não deixaria que Shino respondesse por ela, o rapaz havia feito demais. — Obrigada.

— E pretende ficar aqui? — Basicamente aquela não era uma pergunta e sim uma afirmação. Com os dedos entrelaçados e olhar fixo em Tsuhime, a Hokage esperava escutar logo um sim.

— Se não for inconveniente... — Tsuhime curvou-se brevemente, agradecendo a gentileza da mulher.

— Convoquei seus pais para uma pequena reunião mais cedo, Shino, e eles concordaram em recebê-la em sua casa até que Tsuhime consiga um lugar fixo.

Houve uma onda de surpresa por ambas as partes. Shino era observador, e no mínimo percebeu que possuía segundas intenções no pedido da Hokage, embora estivesse tão abalado quanto Tsuhime, que tentava proferir algo a respeito. Impossível, ela não adentrara em Konoha para causar desconforto a ninguém, no entanto, não era exatamente isso que a preocupava. Kabuto e Orochimaru já deveriam ter notado sua ausência, e em breve estariam buscando-a em cada canto. Jamais se perdoaria se acontecesse o pior para aquela família por causa de seus caprichos. Talvez não estivesse preparada, contudo, era sua obrigação deixá-los saber da verdade.

— Tsunade-hime, eu não posso...!

— Está decidido, Tsuhime-chan. — A Hokage a interrompeu firme e convicta, sem consideração alguma para com suas palavras. — Sem objeções.

Engolindo o desespero, Tsuhime viu-se obrigada a seguir Shino. O céu agora se tornou escuro e apenas um grupo de estrelas o enfeitavam, poucas pessoas faziam presença nas ruas e o comércio começou a fechar. Seria o momento ideal para acabar com a brincadeira e voltar logo para casa, renunciando todos os seus sonhos, se a voz de Shino não a tivesse despertado:

— Vejo que não a agradou.

— É que... — Ela bloqueou a própria fala, abaixando os olhos amarelados para o chão, buscando ali refúgio. — Não quero causar problemas a sua família.

— Que tipo de problemas poderíamos ter? — Shino cessou a caminhada, sua casa estava próxima, e encarou a garota que o seguia um pouco mais atrás.

— Você não me conhece, não pode me colocar dentro da sua casa só porque Tsunade-hime pediu! — A voz de Tsuhime alterou-se, desesperada em fazê-lo compreender que aquela atitude não tinha sentido. Seus olhos marejaram, e ela conseguiu manter as lágrimas no lugar. — Eu não sou quem você imagina, entende? Eu...!

Um calor incomum a assolou, fazendo com que Tsuhime perdesse qualquer tentativa de ataque. O coração acalmou, a respiração tornou-se fraca, e tudo o que captava era a grande mão tocando o alto de sua cabeça em um gesto reconfortante. Ele a segurou antes de cair, ele a impediu de desabar. E tudo com um único movimento.

— Eu vou estar perto de você. — Shino retorquiu baixo, apenas para que ela compreendesse. Deu um passo a frente, diminuindo a distância desagradável. — Por quê? Porque a minha missão é te proteger.

E, ao sentir o impacto que aquelas palavras causaram, Tsuhime permitiu que as lágrimas escapassem, uma a uma.


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Notas finais do capítulo

Bom, esse foi o dessa semana.
Não se esqueça que críticas construtivas e sugestões ajudam muito.
Até o próximo,
Beijos!



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