Harukaze escrita por With


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, tudo bem?
Espero que goste do capítulo.
Boa leitura!



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Harukaze

Capítulo 27

Eu sempre sou agradecido
pela gentileza de todos,
É por isso que eu quero me tornar mais forte
(Eu estou no caminho)
Isso me lembra dos velhos tempos
Essa dor está satisfeita em mim

Após comerem, Haru preferiu ficar sentado em volta da fogueira. Embora não estivesse só, a presença do garoto ali não diferenciava em muita coisa. Ele era calado, os olhos sempre cobertos pelos óculos escuros e vestias roupas que lhe cobriam todo o corpo. Constantemente o via brincando com insetos. Porém, nenhum dos outros colegas proporcionava a Haru a calma que ele precisava.

Aquele estranho mexera com seus pensamentos e já não se mostrava tão interessado nas atividades que Iruka-sensei havia planejado para amanhã. Com um graveto, riscava alguma coisa desordenada no chão. Gostaria de estar com a mãe, talvez ela pudesse fazê-lo se acalmar. A sensação que tivera quando teve com o estranho foi a de conhecê-lo, de algo nele ser familiar. Mas eram especulações vãs já que nunca antes o vira.

— Cuidado. — O garoto que lhe fazia companhia disse, bloqueando os movimentos de Haru. — Você ia machucar ele.

— Ele? — Haru olhou para o garoto confuso, as sobrancelhas franzidas.

Logo, o garoto mostrou o indicador a ele e havia, andando familiarizado, um bichinho de cor preta. Não o questionou, afinal, acostumara-se com explicações de poucas palavras do colega de turma.

— Você...?

— Aburame Saga. — O menino completou-lhe a frase, indo se sentar em outro canto perto da fogueira. — E você Yatsuki Haru, filho de Hatake Kakashi. Eu sei, papai me disse.

— Hunf... Você também não é diferente dos outros. — Haru murmurou, remexendo o graveto novamente. — Mas eu não ligo.

— Meninos, hora de dormir. — Iruka-sensei acenou, indicando que entrassem logo nas barracas.

Aburame Saga obedeceu prontamente, entretanto Haru não se moveu do lugar. Não estava sentindo sono tampouco vontade de ficar perto dos amigos Hideki e Souma, embora quisesse a companhia deles. O estranho despertara uma curiosidade absurda em descobrir quem ele era e como era, mas coincidências nunca se repetem. E foi com esse tipo de pensamento que Haru se deu por vencido e adentrou a barraca que os irmãos gêmeos já dormiam. Acomodou-se em silêncio, cuidadoso para não acordar ninguém.

(...)

Dois dias depois:

Ansiava por ver a mãe e contar como fora o acampamento. Ocupou a mente o dia inteiro, então aquele estranho sumiu por longas horas de seu inconsciente. Conversara com Hideki e Souma no caminho para casa, um pouco mais atrás para que ninguém além deles soubesse o que não deveria. Hideki, como o mais velho dos dois, levou um dedo ao queixo em sinal pensativo. Haru revirou os olhos, logo estaria escutando a exagerada teoria do amigo.

— Você não deve comentar com Tsuhime-san o que você viu. Ela vai ficar preocupada e não deixará mais você vir com a gente pra floresta. — Hideki foi breve, expondo sua ideia como se ela fosse à salvação de todos.

— É! — Souma agitou os braços, hiperativo. — Imagina só o rolo que ia dar! Seu pai ia ficar bravo e colocar a culpa no Iruka-sensei.

Até aquele momento, Haru não havia pensado uma vez sequer no pai. Não por querer, ele apenas se preocupava mais com a mãe naquela questão. Entretanto, o que Souma dissera condizia e a última coisa que queria criar seria confusão entre seu pai e o professor. Ele fora o irresponsável, pois quando se dera com o estranho deveria ter voltado às barracas e não oferecido conversa a ele. Mas por que ele estava tão preocupado, afinal?

Dispersou-se ao ver Souma e Hideki correndo na frente, em direção aos pais, e visualizou a mãe acenando para ele com um sorriso bonito nos lábios. Observou os cabelos de Tsuhime dançando com o vento, totalmente soltos. Gostava da forma como os fios negros caíam sobre as costas dela.

— Que saudade! — Tsuhime abaixou-se para receber o abraço do filho. — Foi legal?

— Sim! Montamos barracas, fizemos fogueira, pescamos e comemos peixe! — Haru contava eufórico, fazendo com que a mãe risse. — Quando o papai voltar quero contar o que eu fiz!

— Ah, e não quer contar para mim? — Tsuhime fingiu tristeza, enquanto caminhavam de mãos dadas.

— Mas eu já contei... — O menino rebateu baixo, virando o rosto para o lado.

— Certo... Quer ir para casa ou comer fora?

— Ir para casa. — Não que estivesse rejeitando o lámen, mas ainda incomodava-o ficar longe de casa. — Pode fazer Kare Rice*?

— Claro, amor, o que você quiser. — Tsuhime sorriu, olhando-o de soslaio. — Quer me dizer alguma coisa?

Haru cogitou a ideia, porém apenas sorriu sugestivo para a mãe.

— Ei, não é justo! — Tsuhime exclamou, indignada. — Não gosto desse seu sorriso. Vamos, eu quero saber!

Não adiantou muito coisa insistir, o filho apenas irritava-a alegando que somente o pai poderia saber. Dando-se por vencida, Tsuhime arrastou o filho para a feira. Já que estavam ali, aproveitaria para fazer compras. Em menos de uma hora, adentraram a casa com sacolas em mãos e Tsuhime foi para a cozinha enquanto orientava Haru a tomar banho e a não desfazer a mochila, ela faria isso.

Enquanto preparava o almoço com o pedido de Haru, Tsuhime notou que aquela sensação estranha sumira muito rápido. Talvez fosse realmente criação de seu psicológico. Enfim, concentrava-se no que preparava. Haru havia pedido Kare Rice, que era composto por nada mais nada menos de arroz com curry. Não soube de onde Haru tivera tal escolha, porém admitia que também gostaria de degustar algo que poucas vezes fazia. Adicionou cebola, cenoura, batata e carne de porco, por sinal uma das preferidas do filho. Não lhe apetecia carnes, ela preferia mais legumes. Portanto dobrou a quantidade deles.

Tsuhime cantarolava e não percebeu quando Haru sentou-se à mesa e colocou-se a observá-la de forma intensa. Poderia ser mais uma peça de seu inconsciente, porém nada lhe tirava da cabeça que o filho estava se comportando de maneira nervosa e estranha. Ele não era dado a chegar de repente ou assustar as pessoas, e essa era a impressão que tinha.

— Haru, quantas vezes eu disse para não chegar silencioso? — Tsuhime repreendeu-o, a mão que manejava a faca trêmula. — O que foi? Está preocupado com alguma coisa?

— Não, só estou com dor de cabeça, mamãe. — Ele respondeu simples, apoiando a cabeça na mão. — Lembra do sonho esquisito que eu disse que sonhei?

— Sim, o que tem ele? — Tsuhime dava atenção a várias coisas ao mesmo tempo, por isso não encarava o filho. Experimentou o conteúdo de uma panela e aprovando desligou o fogo.

— Então, nele tinha um homem alto que usava máscara no rosto. Ele me perguntou se eu estava com medo e eu disse que não. Agora, eu não consigo esquecer ele. — Decidira contar a verdade para a mãe em forma de sonho, usando-o como desculpa.

— Está tudo bem, amor, foi só um sonho. — Talvez Tsuhime devesse ter dado mais atenção ao que o filho falava, entretanto compreendia que o filho não queria ouvi-la discursar como os sonhos poderiam parecer reais às vezes.

— Eu vi os olhos dele. — Haru continuou, como se a mãe não tivesse dito nada que o interrompesse. — Eram vermelhos. Mas ninguém tem olhos assim, não é, mamãe? Quer dizer, só o papai.

Depois de escutar olhos vermelhos, Tsuhime não foi capaz de se ligar em mais nenhuma palavra de Haru. Sua mente repetia a característica como um disco arranhado, bloqueando seus movimentos e fala. Estagnou completamente, o corpo sendo dominado pela surpresa e medo. Fazia muito tempo que sua mente não voltava ao passado, exatos cinco anos, e agora era como se as muralhas que construíra estivessem desabando.

— Mamãe? — Haru chamou-a, não obtendo resposta. Aproximou-se, tocando nas mãos de Tsuhime. E apenas com o contato ele conseguiu fazê-la voltar o olhar para ele. — Tudo bem?

— Sim, sim, tudo amor. — Tsuhime sorriu forçado, os lábios trêmulos assim como todo o seu corpo. — Não fique pensando nisso, esqueça. Foi apenas um sonho. — Apenas um sonho. Ela repetia para si mesma, obrigando-se a acreditar nas próprias frases.

(...)

Depois do almoço, Tsuhime lavou as louças e dirigiu-se com Haru para a sala. O menino queria brincar com o novo jogo que Hideki havia lhe emprestado, um tipo de Mahjong. Fez a vontade do filho até mais ou menos às três da tarde, todavia alegou estar se sentindo cansada e foi se deitar um pouco. Quem sabe assim o coração não assumia o ritmo normal dos batimentos novamente?

No breve cochilo que tirara não teve a oportunidade de sonhar, pois logo a porta do quarto era aberta devagar e Haru chamava-a com a voz manhosa e quase chorosa.

— O que foi, amor? Está com fome? — Perguntou ainda mantendo os olhos fechados.

— Não me sinto bem... — Haru despejara o que sentia, esfregando os olhos com insistência.

— Tudo bem, a mamãe vai preparar um remédio para você. — A Yatsuki sentou-se na cama e espantou o sono, abrindo os olhos preguiçosamente. Porém, fixou-os nas mãos do filho sujas de sangue. — O que aconteceu, Haru? Cortou-se em algum lugar? — Ela examinava as mãos de todos os ângulos, não encontrando nenhum sinal de ferimento.

— Não, mamãe, eu não me machuquei. Começou a escorrer pelo meu rosto, não sei da onde vem.

— Tudo bem, amor, vou dar uma olhada. — Enquanto aparentava calma, Tsuhime já sentia todo o seu sangue gelar.

E quando conseguiu visualizar nitidamente o filho, percebeu que o sangue vinha dos olhos do menino, agora vermelhos e com dois pontos pretos e que ela conhecia tão bem. Afinal, Kakashi também os tinha na íris do olho esquerdo. Ali, ativado e causando-lhe tonturas pelo uso inconsciente, imperava o Sharingan. A linhagem herdeira do clã Uchiha.

— Mamãe, o que está acontecendo? Por que eu estou sangrando? — A voz de Haru falhava aos ouvidos de Tsuhime, que se tornou incapaz de dizer qualquer palavra. Apenas os lábios se mexiam.

Tsuhime sentia as pernas fraquejarem, como se seu peso fosse demais para elas suportarem. E à medida que Haru se aproximava, preocupado com a mãe, o corpo e mente da Yatsuki correspondia às ordens levianas que o filho controlava. A escuridão mesclava-se com as imagens instaladas em seu cérebro, embora a dor não fosse mais do que um simples incomodo. Suas funções entraram em colapso e rendeu-se submissa ao vórtice das ilusões.

Acorda, mamãe! — Haru agitava a mãe pelos ombros, sacudindo-a como podia. — Mamãe! — O menino levantou-se rápido e andou cambaleante até a o corredor, porém não avançou, pois a visão começou a embaçar.

Tadaima. — Aquela era uma voz importante naquele momento, não havia outra pessoa melhor do que o pai. — Haru? Tsuhime? Estão em casa? — Kakashi tirou o colete de jounin e colocou-o sobre o sofá claro, estranhando o silêncio da casa. Sempre que chegava do expediente encontrava a esposa e o filho brincando ou correndo pela casa inteira.

— Papai...!

Ele escutou o chamado fraco e encaminhou-se para o corredor, encontrando o filho com uma das mãos apoiando-se a parede. Tamanha foi a surpresa ao ver o Sharingan ativo nos olhos dele, aquilo definitivamente lhe inspirava mal sinal. Haru tentou dizer alguma coisa, porém entregou-se ao cansaço. Não sabia precisar por quanto tempo estivera sujeito ao poder oculto, no entanto não importava agora. Levou Haru para o quarto e em seguida seguiu para o que dividia com a esposa, deparando-se com Tsuhime deitada no chão e com o olhar vidrado no teto. Podia-se notar resquícios de lágrimas marcando o rosto dela e utilizando o próprio Sharingan despertou-a do transe.

Tsuhime sentia o ar entrar nos pulmões, causando-lhe desconforto. Por Kami-sama, fora uma sensação horrível! Era como se ela estivesse presa dentro de si mesma, sem poder falar ou mexer-se, apenas escutar. Os olhos captavam outra realidade, completamente condoída. Inspirou profundamente, tossindo.

— Ka-Kakashi? — Ela espantou-se ao vê-lo ali. A volta repentina dele sendo de difícil assimilação. — Por favor, diga que é mesmo você.

— Sim, sou eu. — Kakashi retirou as mechas de cabelo que se grudaram no rosto da esposa. — O que foi que aconteceu?

— Haru? Onde ele está? — Tsuhime verbalizou eufórica e confusa, procurando o menino por todos os cantos do quarto. Até que as mãos de Kakashi a detiveram, virando-a para ele.

— Está descansando no quarto. Agora, explique-me o que houve. — Ele exigiu categórico e firme, fazendo Tsuhime entender o real sentido do seu interesse.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, espero que tenha gostado.
Haru finalmente despertou o Sharingan, um poder que Tsuhime ainda teme. Será que ela estará disposta a confiar mais em Kakashi?
Deixe sua opinião, crítica construtiva, sugestões... Vou recebê-los com muito carinho.
Até o próximo,
Beijos!



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