Fita de Seda escrita por moonrian


Capítulo 36
Capítulo 36 - Ela me Destrói


Notas iniciais do capítulo

UAAN ISTEEP CLOSAR... AI DAI EVRIDEI UEIRI FO IU, DARLIN DON BIAFREI AAAI LOUTIU FOR A TAUZEN IIRS, AI LOVIU FOR A TAUZEN MORS! *sinto olhares questionando minha sanidade* (sim, isso foi uma tentativa de cantar “A Thousand Years”).
Olá, pessoinhas mais lindas desse Nyah!
Tia Milla chegou na área para atender o pedido das minhas leitoras amadas: postar o capítulo anterior na versão de Zero Delícia Albina! – principalmente a linda da Thamyres, que me pediu pelo review e por mensagem, então aqui está seu presente de aniversário atrasado o/
Oh, sim, esse é o “Como Fogo e Pólvora “ na versão de nosso lindo, maravilhoso, irritante, porém perfeito, Zero Kiryuu *braços para cima balançando loucamente*
Eu tava sem ideia de como chamar esse capítulo, mas levando em conta que o nosso querido albino tem um autocontrole de mestre que foi completamente desintegrado com a ousadia da nossa princesinha (toma essa, protagonistas de shoujo, que sempre ficam imóveis quando o mocinho as abraça e/ou as beija!), achei que esse nome tinha algum sentido hehe
Agora vão ler o capítulo de novo, mas na versão do albino!
*Boa Leitura!



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“E assim cada homem mata a coisa que ele ama,

Por cada vez que esta seja ouvida,

Alguns fazem com um olhar amargo,

Alguns com uma palavra lisonjeira,

O covarde o faz com um beijo,

O homem bravo com uma espada!”.

– Oscar Wilde, “A Balada do Cárcere de Reading”.

Rumei para a cozinha, enfurecido com Kaien e ainda mais com Kaname Kuran; desejando voltar ao escritório do diretor e acabar com a existência odiosa daquele ser.

Kaien estaria ocupado àquela noite em um debate com Kaname sobre as melhores maneiras de manter um olho sobre Hime, que eu preferi não participar, pois não concordava com a permissão que Kaien estava dando a Kaname para continuar participando ativamente da vida de Hime – não fazia sentido pedir ajuda a vampiros. Ele fazia a mesma coisa com Yuuki quando ela morava conosco, sempre se intrometendo e agindo como se fosse meu patrão, me usando como uma peça de seu jogo para proteger sua futura esposa – a quem ele não estava honrando atualmente.

“Parece que o Kaname-Sama não é um vampiro gentil, Yuuki...”

Eu não me deliciava nem minimamente com a dor de Yuuki por estar perdendo o homem por quem ela sempre foi apaixonada, e além do mais, Yuuki nunca poderia pertencer a mim, mesmo que ela não estivesse noiva de Kaname e não fosse uma vampira Sangue-Puro.

Meu fim já estava traçado e não havia nada que pudesse se fazer em relação a isso.

Dediquei-me a preparar a janta, tentando ocupar minha mente com coisas triviais como temperar, cortar, mexer e amassar. Eu não me importava realmente de cozinhar, na verdade, era uma das poucas coisas que me relaxavam em tempos que eu estava tão próximo de decair.

Eu picava alguns temperos na ilha de granito quando vi uma movimentação na entrada da cozinha, ao mesmo tempo em que um aroma doce e tão terrivelmente tentador me fez erguer os olhos em direção à fonte.

Hime estava paralisada na entrada da cozinha com uma expressão catatônica, seus olhos negros a me observar com uma atenção excessiva; a surpresa e a atração dela por mim envolvendo todo o ar ao meu redor.

Meu coração falhou uma batida e minhas mãos pararam de picar os temperos no instante que nossos olhos se encontraram. Senti-me incomodado por estar recebendo tanta atenção advinda dela, mesmo que uma parte odiosa e egoísta de mim parecesse estar apreciando.

Não sei o que está acontecendo comigo, mas não estou gostando disso...

– Vai ficar aí me encarando igual uma pateta? – reclamei, incomodado.

Para meu alívio, ela fez uma expressão desgostosa e ofendida para mim, e levou seu olhar para outro ponto.

Enquanto ela rumava para um dos bancos do lado oposto da ilha de granito, um sentimento que não tinha nada a ver com minhas palavras amargas se fez notar nela; e eu soube naquele instante que havia algo que ela estava me escondendo.

– Qual o problema, Hime? – perguntei assim que ela se sentou.

A garota me olhou surpreendida, seus olhos negros se arregalando um pouco, uma confirmação de que ela estava mesmo me escondendo alguma coisa.

Hime sondou meu rosto com muita atenção, para o meu completo desconforto, parecendo pesar os prós e contras de partilhar a informação comigo; ao mesmo tempo em que eu sentia a sua culpa crescer até níveis astronômicos – seja lá o que Hime estivesse omitindo, não parecia ser boa coisa.

– Não é nada, Zero – ela resmungou, tomando sua decisão.

Eu estreitei meus olhos para ela, desconfiado, tentando entender porque ela estava mentindo para mim.

– Posso sentir o peso da sua culpa, Hime, – retruquei, não querendo deixa-la se safar tão facilmente – também posso sentir a sua hesitação. Conte-me o que foi.

Ela baixou os olhos para seus dedos sobre a bancada de granito, como se não pudesse mais suportar me olhar nos olhos, e sensação de seu incômodo preenchia a cozinha.

Então disse em um resmungo mal-humorado:

– Talvez eu só não queira falar sobre isso, Zero. Apenas continue o que está fazendo e me deixe em paz.

Ela não estava brava, estava tentando parecer brava para me distrair, e infelizmente ela conseguiu.

Fulminei-a com os olhos por sua resposta ignorante, perguntando-me como essa garota rabugenta conseguira me fazer me importar tanto com ela, pois não fazia sentido algum. Tudo que nós fazíamos era brigar e discutir, e ela era a única garota que não tinha medo de me enfrentar mesmo no meu pior humor.

Resolvi ignorar a sua resposta e me ocupei em despejar os temperos em uma panela, remexendo o conteúdo calmamente – e pude ouvir o ronco do estômago de Hime assim que o aroma subiu, e isso foi quase o bastante para me fazer sorrir.

Não apenas porque isso era um elogio para qualquer cozinheiro, mas também porque estava aliviado pelo apetite de Hime finalmente ter retornado e sua disposição para se matar de fome houvesse acabado.

– Devo dizer que estou surpresa de vê-lo cozinhando, Zero. – Ela falou calmamente, seu jeito ranzinza sumindo finalmente. – Onde está Kaien? É por acaso um jantar de dia dos pais para ele?

Eu revirei os olhos para a sua pergunta imbecil – algo que era bastante comum quando se tratava dela, – e eu me perguntei, não pela primeira vez, como consegui me importar tanto com alguém que se não estava me perguntando idiotices, estava me irritando com sua língua afiada.

– Kaien não é meu pai, Hime. – Lembrei-a com uma voz cansada de tanta bobagem dela. – E eu estou cozinhando porque ele está ocupado em seu escritório, conversando com Kaname Kuran.

“E porque precisava me distrair dos pensamentos sobre você”, foi a parte que eu não disse.

Senti uma animação súbita vindo dela, e quando me virei, percebi que seus olhos negros brilhavam de empolgação com a informação de que aquele monstro Sangue-Puro estava no segundo andar a conversar com Kaien; e saber disso me fez sentir uma súbita raiva de sua estupidez.

Não conseguia entender como uma garota que teve sua vida destruída pela escória dos Sangues-Puros podia ficar tão animada ao saber que um dos desprezíveis daquela espécie estava uns poucos metros dela.

Fulminei-a com meus olhos, me perguntando quando aquela idiota criaria juízo.

– Você não vai subir para vê-lo, Hime. – Avisei-a com um rosnar ferino.

Se ela achava mesmo que por um segundo que eu permitiria que ela se aproximasse daquela criatura nojenta, ela estava muito enganada. Eu já andara consentindo demais que ela se iludisse com aquele monstro, deixando-se levar pelas falas doces, e acreditando que Kaname Kuran não era apenas mais um dos grandes males que existiam no mundo.

Sendo tão enganada quanto Yuuki Kuran fora.

Hime me olhou com surpresa da minha reação, ficando petrificada. Fiquei preocupado de tê-la assustado, às vezes o monstro em mim (como ela chamava) influenciava minhas reações quando estava furioso. Mas Hime não tinha medo de mim, por isso no instante seguinte uma expressão confusa tomava suas feições doces.

– Por que não? – ela indagou, curiosa – Eles estão tratando de algum assunto confidencial?

Vi-a caminhar para o meu lado calmamente e analisar o conteúdo das minhas panelas, aparentemente não notando os motivos reais de eu não querer permiti-la subir as escadas e se engraçar para cima de Kaname Kuran.

E mais uma vez eu me perguntei o que eu vi nessa garota para estar atado tão firmemente a ela, quando ela também era tão cansativamente lerda.

– Não interessa se estão ou não. – Ralhei – Deveria parar com essa obsessão nojenta por aquele vampiro, Hime.

Ela tentou pegar uma prova do molho, mas eu dei um tapa leve em sua mão, impedindo-a. Odiava que as pessoas ficassem cutucando a comida quando eu ainda estava fazendo, era tão enervante quanto à própria Hime.

– Ai! – ela reclamou, com uma expressão magoada – Eu só queria um pouquinho, Zero, não precisa ficar me agredindo. E eu não tenho nenhuma obsessão nojenta pelo Kaname. Eu só queria vê-lo e dar um oi. Não acho que Kaname se importaria... – E coçou o seu queixo delicado, pensativa.

Minha mandíbula se tencionou e senti a raiva misturada com aquele desconhecido sentimento amargo e possessivo me tomar em questão de milésimos.

Ela ainda estava cogitando dar continuidade àquele “relacionamento” que ela e Kaname andavam tendo pelas costas de Yuuki? Hime era realmente tão idiota a esse ponto?

Às vezes, a inocência e/ou a burrice dessa menina me irritava tanto que eu tinha vontade de esgana-la, e daquela vez não foi diferente.

Ela deve ser outra sanguessuga. Não sei por que ainda me preocupo...

Desliguei o fogo assim que a comida ficou pronta, e voltei-me para ela, que olhava para a panela com um brilho desejoso naqueles orbes escuros – e a infantilidade daquilo quase me fez hesitar em minha fúria.

– Eu já disse que não irá! – Falei de maneira firme, dando fim a qualquer discussão.

Mas claro que esse meu tom de voz funcionava com todo mundo, menos com aquela menina tão enervantemente teimosa.

Ela me fitou com uma expressão de completa confusão, que lentamente foi se transformando em uma fúria ferina; os grandes olhos negros dela me fulminaram com uma intensidade poderosa, indignada.

Geralmente reações tão negativas pareciam erradas em rostos como o dela, com uma beleza delicada de boneca, mas em Hime pareciam se acomodar tão perfeitamente.

– Pelo amor do saco plástico, Zero Kiryuu, – esbravejou ela, apontando um dedo em meu rosto que eu estapeei para longe – não comece a achar que você manda em mim. Se eu quiser subir a droga da escada e falar com Kaname, eu irei, e não será você quem me impedirá!

E como se ela desejasse provar para mim o que havia dito, a teimosa virou as costas e começou a caminhar a passos pesados em direção à saída da cozinha.

Eu não entendia como uma garota gostava tanto de me desafiar, e era sempre tão inclinada a fazer o oposto do que eu falava; assim como eu não compreendia porque eu ainda me preocupava se ela era um deles.

Eu rapidamente alcancei aquela criatura teimosa e agarrei seu braço com firmeza, virando-a de frente para mim, perguntando-me se aquela menina era alguma espécie de castigo por cada pecado que eu já cometera em minha vida; pois nunca vi uma pessoa dificultar tanto meu trabalho de protegê-la.

– Não me desafie, Hime! – A avisei, semicerrando meus olhos.

Ela soltou uma risada falsa e irritada, seus olhos pareciam debochar de mim, enquanto ela tentava puxar seu braço de meu aperto; mas eu me mantive firme. Eu não iria permitir que Hime continuasse com aquela estupidez de se insinuar para um vampiro sociopata idiota que poderia machuca-la sem pensar. Já não bastava a mim ferindo-a esporadicamente com minha detestável necessidade de sangue?

Lentamente ela parou de relutar com tanta convicção, seus olhos mudando de uma fúria homicida para algo mais pesado que fizera minha respiração ficar presa na garganta.

Notei tardiamente como eu a puxara para perto demais de mim, até que sua presença estivesse preenchendo meu espaço pessoal e tudo que eu pudesse respirar fosse o seu perfume de madressilva misturado com um aroma doce e delicioso que pertencia somente a ela.

Eu nunca fiquei tão consciente de alguém na minha vida quanto eu fiquei consciente dela naquele instante, da sua proximidade e de como ela era perturbadoramente linda. Eu sabia disso desde o momento que a trouxera para minha casa, e estava sempre arriscando um olhar em sua figura, mesmo quando sabia que não tinha o direito.

Eu a vi florescer sob meus olhos, se tornando mais bonita a cada dia, mas Hime parecia tão alheia a sua transformação que eu tinha dúvidas se era uma tapada completa ou apenas não tinha ideia de como era linda.

E isso era o que eu me negava a ver e a admitir a mim mesmo todos os dias: que eu a achava extremamente linda.

Parada ali a minha frente, olhando-me como se eu fosse a pessoa que havia criado o ar, Hime me parecia a garota mais bonita que eu já vira em toda a minha vida. Ela tinha um rosto oval de traços delicados, seus lábios carnudos eram tão tentadoramente avermelhados e tinha a forma de um coração; seus grandes olhos negros eram muito expressivos – e eu me perguntava como olhos tão comuns poderiam ser tão lindos e carregarem chamas dentro deles. Os cabelos longos dela eram extremamente brilhantes e tão escuros quanto o ônix, em contraste com a tez pálida e macia.

“Você não tem o direito de deseja-la, Zero”, disse aquela conhecida voz repreendedora em minha mente, “Não tem o direito de ficar perto dela, então por que não a está afastando?”

Eu sabia que aquela voz tinha razão, que eu devia afasta-la, mas não encontrava a força de vontade para colocar mais distância entre nós do que já havia.

Fitei aqueles olhos negros que brilhavam com tantas emoções, e senti como se uma flecha me atingisse o peito. Em meu âmago, ardia um desejo compulsivo por ela, a fonte de minha incapacidade de permiti-la ir para os braços de seu noivo ou de Kaname Kuran.

Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, porque eu estava sendo tão egoísta por permitir que aquilo prosseguisse ou desde quando eu estava sentindo aquilo tudo por ela; tudo que eu entendia naquele instante era que eu estava cansado de me privar de tudo... De me privar dela.

Estava lutando para manter minhas mãos longe dela, para tentar no mínimo ficar imóvel até que ela desistisse de mim e partisse comigo quebrando seu coração mais uma vez.

Ela colocou uma mão sobre meu peito e sorriu suavemente, apreciativa, com a sensação dos meus batimentos descontrolados sob a palma de sua mão. Hime deu mais um passo em minha direção, decidida, diminuindo ainda mais qualquer chance minha de evitar que aquilo acontecesse e fazendo mais um pouco da minha razão evaporar. Meu corpo ficou tenso com a expectativa do que ela planejava fazer.

A morena ficou na ponta do pé e deslizou a ponta de seu nariz em meu pescoço, aspirando meu cheiro suavemente. Seu toque criou uma trilha de fogo em minha pele, sentimentos tão puros e prazerosos correndo por minhas veias que eu fiquei surpreso que ainda pudesse sentir tal coisa, quando minha alma já era tão negra.

Somente alguém tão ingênuo quanto ela para despertar tal coisa em mim.

Meu coração martelava em um ritmo veloz e descompassado, a respiração superficial.

Minhas mãos se moveram involuntariamente e agarraram a cintura dela firmemente, não desejando que ela colocasse sequer mais um milímetro de distância entre nós – e eu sabia que estava sendo fraco, que estava perdendo minha razão, mas eu tinha uma necessidade tão intensa dela. Eu precisava senti-la.

Hime recuou sua bela face e dirigiu seus olhos para o meu rosto, a paixão queimando naquelas íris negras parecia poderosa o suficiente para me fazer entrar em combustão.

Ela engoliu em seco, antes de me perguntar com um sussurro falho:

– É possível que você não sinta esse fogo entre nós?

O ar estava imóvel, aquela eletricidade misturada com as chamas que a própria Hime recitara envolvendo-nos em uma bolha que parecia manter o resto do mundo do lado de fora.

Dois. Quatro. Seis segundos que eu me esqueci de respirar enquanto ela se inclinava mais uma vez em direção ao meu pescoço para depositar um beijo suave que arrepiou toda a minha pele. Meus dedos se apertaram mais em sua cintura, enterrando-se levemente na carne macia dela, e eu senti com prazer um pequeno pedaço de sua pele descoberta pela barra blusa nas pontas de meus dedos – não pude deixar de me perguntar como seria poder sentir seu corpo desnudo contra o meu, ardendo e sofrendo por mim como eu sofria por ela naquele instante.

Puxei seu corpo para mais perto do meu, desejando sentir pelo menos um pouco do que era ter Hime tão próxima, e a sensação foi sublime. Foi como uma dor que procurava ser aliviada havia tempo demais ou uma bochecha corada apertada a um travesseiro frio em uma noite muito quente.

Eu preciso tanto dela...

Ela ergueu seus olhos para o meu rosto mais uma vez, analisando-o com uma atenção minimalista, absorvendo cada pequeno detalhe. Então eles caíram para minha boca, a cor negra se tornando pesada e desejosa, e aquela visão acelerou ainda mais meus batimentos cardíacos. Hime deslizou a ponta de sua língua rosada em seus lábios, e eu acompanhei o movimento com certa fascinação, desejando captura-la com meus dentes e suga-la para dentro da minha boca.

Ela voltou seus olhos para mim com expectativa...

Um.

Quatro.

Seis segundos se passaram e eu não me movi, uma batalha acontecendo dentro de minha cabeça sobre se eu deveria aniquilar aqueles últimos centímetros entre nós. Então ela suspirou, desapontada.

– Esqueça – murmurou.

Ela estava prestes a se afastar.

Prestes a subir aquelas escadas, onde aquele vampiro Sangue-Puro nojento que fica a rondando e iludindo está.

Mantive meu aperto firme, não permitindo que ela se distanciasse nem mais um pouco, tomando a minha decisão em base a um impulso primitivo que rosnou:

Ela é minha!

– Eu não vou esquecer, Hime.

E então a puxei para mim, moldando meus lábios sobre os dela – e a sensação quase me fez gemer. Eram mais macios do que qualquer coisa que já conheci e deliciosamente doces sem fazer esforço.

Ela permaneceu imóvel nos primeiros instantes do beijo, completamente surpresa, enquanto eu deslizava uma mão para sua nuca e meus dedos enterravam-se em seu cabelo, sentindo a maciez sedosa dos fios. A outra mão, que ainda segurava a cintura fina dela, deslizou para a base de sua coluna e eu a puxei ainda mais para perto até que eu sentisse as formas de seu corpo coladas no meu.

Então ela finalmente se moveu, erguendo os braços e agarrando o cabelo da minha nuca, puxando-me ainda mais para ela. Hime enfim abrira aqueles deliciosos lábios o bastante para que eu pudesse deslizar minha língua para dentro de sua boca, aprofundando aquele beijo.

Beijei-a com toda a intensidade e força, até que tivesse seu gosto marcado em mim tão profundamente que eu nunca seria capaz de esquecê-lo, até que pudesse memorizar o toque dos seus lábios contra os meus e perceber que eu nunca me cansaria da sensação.

Deslizei minhas mãos pelo seu corpo, desejando decorar cada curva que a compunha, e amaldiçoei aquele tecido que a cobria, impedindo-me de sentir sua pele pálida sob as palmas de minha mão.

Prendi o lábio inferior dela entre meus dentes, puxando-o de leve, e a ouvi gemer baixinho, agarrando meus fios com demasiada força. Mas eu não me importei com a dor, estava tão hiperconsciente dela e o som de seu gemido me pareceu tão maravilhoso e excitante que eu tive vontade de provoca-la ainda mais apenas para ouvi-la outra vez.

Enrolei meus braços ao redor dela e tentei pressiona-la ainda mais contra mim, sentindo meu desejo desesperado por ela como uma dor em cada célula de meu corpo, que rivalizava com tudo que eu já havia sentido na minha vida, com cada momento feliz ao longo dos meus anos.

Deixei seus lábios para beijar vagarosamente a tez pálida e macia de seu pescoço, deliciando-me com o aroma de sua pele, e ouvi-a suspirar e estremecer. Guiei-a cegamente até a ilha de granito, sem interromper os beijos por sua garganta e a linha de sua mandíbula, até me aproximar de sua orelha, que eu mordisquei o lóbulo, e senti sua pele se arrepiar.

Oh, Hime... O que eu não poderia fazer com você.

Assim que alcançamos o lugar onde eu queria, segurei-a pela parte detrás de suas coxas e ergui seu corpo facilmente, colocando-a sentada na bancada. Voltei a tomar seus lábios com ainda mais sede do que antes, ansiando mais dela, querendo senti-la tão intensamente que ela estaria impressa em minha memória; e não me importava se alguém apareceria. Eu queria devora-la, tirar cada uma das peças de seu corpo. Hime enrolou as pernas em minha cintura e me puxou ainda mais para ela, e o atrito da ereção pulsante aprisionada na minha calça jeans contra ela me tirou o fôlego.

Desejava beijar seu pescoço outra vez, deslizar minha língua por cada centímetro de sua pele até alcançar aquela deliciosa veia que pulsava sob a ponta de meus dedos e então perfura-la com meus dentes e...

Espera!

Afastei-me dela mais que imediatamente, sentindo minha garganta arder intensamente, como se eu tivesse bebido ferro quente. Senti as presas me arranhando o lábio inferior e eu nem precisava de espelho para saber que meus olhos estavam vermelho sangue...

Hime ainda estava sentada sobre a ilha de granito, ofegante e descabelada, olhando-me com confusão. Ela não podia continuar perto de mim, não comigo nesse estado deplorável e a um triz de saltar sobre ela e mata-la; ela tinha que sair imediatamente.

Fechei as mãos em punhos, tentando me manter sobcontrole, e fitei o chão.

– Saia daqui, Hime. – Eu pedi, minha voz rouca por causa da ardência na garganta.

Vi-a apertar a beirada da bancada de granito com minha visão periférica, mas ela não se moveu nem um centímetro para sair.

– Zero, eu não vou sair por isso. – Ela disse teimosamente, gesticulando para mim.

Por Deus, como ela pode ser tão estúpida e inconsequente?

Voltei meus olhos para ela, fulminando-a, e sentindo meu autocontrole se desintegrar gradativamente. Se ela não saísse dali logo, eu poderia mata-la, será que ela não percebia?

– Eu não estou pedindo, Hime. – Rosnei enfurecido, mas quando vi sua expressão ferida, eu engoli em seco, e implorei: – Por favor, por favor, me escute apenas dessa vez e me deixe sozinho.

Hime avaliou meu rosto brevemente e então sua expressão mudou.

– Muito bem – cedeu.

Quando ela se pôs de pé eu senti minha postura aliviar.

Graças aos Deuses!

Enquanto Hime caminhava para fora, notei que ela parecia magoada, ferida até, mas eu não faria nada para mudar aquilo. Talvez fosse melhor assim.

Eu nunca poderia dar a ela o que queria.


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Notas finais do capítulo

*Snif, snif* tadinho do Zero lindo, amor de mai laifi... Parece que nosso gatinho branquinho está finalmente sacando o que anda acontecendo em seu interior – tolinho, acha que não é capaz de sentir coisas boas, que tem a alma negra...
Enfim, o que acharam do capítulo na versão do Zero? Gostaram? Amaram? Babaram arco-íris? Tiveram hemorragia nasal? Contem pra titia Milla!!! Eu prometo responder o MAIS RÁPIDO QUE EU PUDER!!!!
Adoro vocês, meus amores! Muito obrigada pela paciência.
Até a próxima o/