Os vampiros que se mordam escrita por Gato Cinza


Capítulo 21
Sem emoções, sem trégua




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Elena havia decidido que deixaria Damon pensar um pouco, eles haviam discutido, ambos pressionados por aquele feitiço corporal que havia preso seu namorado no corpo da melhor amiga. Bonnie também havia perdido o controle emocional quando tentara matar seu próprio corpo onde Damon estava preso, talvez “enlouquecer” fosse um efeito colateral da troca de corpos. Então naquela manhã, ela se arrumou e seguiu para a mansão, daria a Damon a chance de reconhecer seus erros e retomar o relacionamento, tudo bem que estivesse difícil, ela bem sabia o quanto sentia falta de contato físico.

De longe vira Mina entrando em combustão e desaparecendo nas próprias cinzas. Não compreendia por que Bonnie considerava o que aquela bruxa dizia, era obvio que Mina não era boa coisa, usava magia imprudentemente e havia feito àquela troca de corpos sem nem mesmo saber como reverter. Elena não confiava em Mina, assim como todos os seres sobrenaturais que ela havia conhecido nos últimos anos, a bruxa ruiva tinha segredos demais, e pessoas com muitos segredos em sua opinião eram capazes de ferir e manipular sem menor esforço.

Ela completou a distancia até a casa do namorado, confiante. Damon á amava, não era um feitiço estúpido que ia separa-los. Abriu a porta sem bater. Damon e Bonnie se beijavam, não era um beijo forçado ou impulsivo, era um beijo apaixonado, envolvente demais para um beijo de amigos.

– Elena! – disseram os traidores em uníssono, ela se virou e saiu correndo.

Não demorou muito para ser alcançada por Damon, mas a vampira chorosa estava relutante em ouvi-lo.

– Me deixa Bonnie – mandava tentando se soltar da mão forte que a segurava, então percebeu que não era a Bonnie, não mais. Arfante e furiosa ela o fitou nos olhos azuis – Damon! É você? Retornou ao seu corpo, é isso que aquela bruxa estava fazendo na mansão? Ela foi desfazer a maldição.

Feliz, por um instante esqueceu-se o motivo de sua raiva e beijou os lábios tão desejáveis do namorado, mas Damon não correspondeu ao beijo, afastou-a olhando seriamente em seus olhos.

– Elena não faça isso.

– Mas meu amor...

– Elena, precisamos conversar. Aconteceu algo entre mim e a Bonnie, nós...

– Estavam confusos eu sei – interrompeu a vampira se animando pela novidade, tinha novamente Damon em seus braços – Não precisa me explicar nada, eu os perdoo por terem se beijado...

– Não estávamos confusos, Elena. Estou apaixonado pela Bonnie – disse direto sabendo que ia magoa-la, mas era melhor não alimentar esperanças.

Os olhos da vampiram saltaram das orbitas, a boca entreabriu-se cheia de palavras mudas, acusações dolorosas que não seriam pronunciadas.

– Damon...

– Sinto muito Elena, mas não pude evitar. Aconteceu.

Elena se afastou dele, pedira para ficar só e antes que ele pudesse responder, ela havia se embrenhado na floresta. Correu até o penhasco onde ficou sentada olhando para a água enquanto chorava amargurada, como puderam fazer aquilo com ela? Há quanto tempo a traíam? Estava tão distraída relembrando a repentina amizade entre Bonnie e Damon que nem percebeu a aproximação do homem moreno e alto que se sentou ao seu lado.

– Uma pena que tenha sido assim – disse ele a assustando

– Não te ouvi chegando – falou se levantando

– É difícil ouvir o próximo quando se está ouvindo suas próprias mágoas, Elena. Quer conversar?

– Sobre meu namorado ter me traído com minha melhor amiga? Não.

– Damon e Bonnie – disse Q’rey fazendo um rapaz de vinte e poucos anos surgir entre eles, o jovem de bela aparência tinha olhos desfocados – Ele se chama Jimmy. Alimente-se.

Elena secou o rosto, podia ter negado, mas sentia sede. Ela cravou as presas no pescoço dele que nem mesmo se moveu. Quando terminou ele caiu imóvel e fraco, mas não morto. Q’rey estalou o dedo e a vitima desapareceu.

– O que fez com ele? – perguntou

– Mandei para o hospital, não se preocupe. Não faço mal aos humanos, precisamos deles vivos e saudáveis produzindo sangue e não mortos em uma floresta. E quanto ao casal traidores, o que pretende fazer com eles?

Elena sentou-se ao lado do feiticeiro, ele parecia uma boa pessoa. Ainda que estranho. Falou sobre a traição da amiga e do ex-namorado. Falou sobre como fora difícil superar suas perdas e como preferia reviver a morte deles á ser consciente da traição. Q’rey a ouvia apenas parcialmente, estava concentrado no sangue que ela havia ingerido do jovem Jimmy que minutos antes havia recebido transfusão sanguínea do próprio Q’rey, Jimmy tinha agora pouco mais de uma semana de vida, infelizmente humanos não tinham forças para sobreviver ao sangue dele. Sem saber a vampira estava se tornando uma casca, alguém que ele podia usar como quisesse quando quisesse e nem lhe causaria problemas.

– Vocês vampiros não tem a capacidade de desligarem as emoções? – perguntou quando ela terminou de choramingar.

Elena assentiu dizendo:

– Não vou desligar minhas emoções por causa deles...

– Não faça por eles, Elena. Faça por si mesma, prefere sofrer desse modo sendo que pode apenas desligar a fabrica de dores e se divertir?

– Sou perigosa quando não tenho emoções, machuco as pessoas.

– Claro que machuca você é uma vampira. É superior.

– Não faria isso novamente... da última vez eu...

Q’rey estalou os dedos mais uma vez.

– Tem razão, sou superior – concordou a vampira desligando sua humanidade.

Então piscou. Olhou com total indiferença para Q’rey, consciente do que ele havia feito questionou:

– Se podia ter me desligado por que simplesmente não fez isso em vez de me fazer falar?

O feiticeiro sorriu se levantando, estendeu a mão para a vampira que aceitou o apoio para se levantar.

– Cara vampira, as influencias que exerço em sobrenaturais é complicado. Para controlar sua mente teria que transforma-la em uma de minhas marionetes, isentas de vontade própria. Mas manipular sua mente e fazê-la aceitar o que realmente deseja, é mais fácil e muito mais apreciativo.

– E o que quer de minha desumanidade?

– Quero o coração de sua ex melhor amiga, não importa o preço. E quero Damon Salvatore morto, para garantia do sucesso de meus planos.

– E eu com isso?

Q’rey inclinou a cabeça, os olhos brilharam ligeiramente amarelos antes de voltar ao tom de carvão usual. Elena sentiu por um instante, frio, ela não sentia isso desde que fora transformada em vampira. Ele concluiu:

– Você mata Damon como lhe convier e eu cuido da Bonnie.

– Eles não me interessam. Mas eu aceito matar o Damon, ele partiu meu coração, vou arrancar o dele... mas e os outros? Eles não irão te deixar matar a Bonnie.

– Não quero a Bonnie morta, Elena. Os outros, você pode matar se assim desejar, não me importam.

O feiticeiro puxou alguns fios do cabelo de Elena, retirou do bolso duas bonequinhas de vudu feitas de pano nas quais enrolou os cabelos da vampira. Ele as lançou no ar e instantaneamente se incendiaram aumentando a forma física e se moldando á semelhança de Elena.

– Companhia para sua distração, use-as como quiser – disse ele desaparecendo e deixando a vampira desumana e suas cópias de pano na floresta.

Três dias depois

Bonnie havia desistido de evitar Damon, o vampiro era persistente e aparecia em todo lugar que ela estava. Contra sua vontade, informaram o que havia acontecido para Caroline e Stefan que estavam preocupados com o repentino desaparecimento de Elena.

– Não acredito nisso – repetiu Caroline andando de um lado para o outro no quarto que dividiram em Withmore – Um escândalo amoroso desse tipo e sou a última a saber.

– Car, estamos tentando encontrar alguma pista da Elena, lembra-se? – interrompeu Bonnie que estava contando com Liv e Luke para realizarem um feitiço de localização.

– É impossível que ela tenha desaparecido – disse o bruxo loiro largando a mão das bruxas

Haviam tentado todos os feitiços de localização e combinado forças para o caso dela estar em outro país, mas era como se ela tivesse sendo encoberta.

– Talvez ela tenha pedido á uma bruxa para ajuda-la a se esconder – comentou Liv

– Acontece que Elena não conhece nenhum bruxo ou bruxa que nós não conhecemos – informou Caroline impaciente.

O celular de Bonnie tocou:

“Temos más noticias” – adiantou Damon do outro lado da linha

– O que ouve?

“Elena desligou a humanidade”.

– É claro que desligou, afinal que garota aguenta saber que o namorado a trocou pela melhor amiga? – disse Liv em tom de deboche

– Colabore Liv – advertiu Luke á irmã – Elena é sensível.

– Á uma grande diferença entre sensibilidade e imaturidade. Elena é fraca, desligar a humanidade por que levou um chute?

– Não vamos discutir a imaturidade da Elena agora – mandou Caroline se virando para Bonnie – Onde foi que vocês á acharam, Damon?

“Não achamos, ela apareceu no Grill para tomar café da manhã. Matou uma garota no banheiro e mandou uma charada para você Bonnie”

– Charada?

“Sou o sangue que queima nas sombras, sou o fogo que sangra nas cinzas, sou a cinza da sombra que não sangra mais. O que sou?”

– Encontrem a Elena logo – disse a bruxa desligando o celular e saindo ás pressas do dormitório

Caroline correu atrás da amiga.

– Bonnie, o que era aquilo que Damon falou?

– Fogo, sombra, sangue e cinzas é uma visão que eu tive, é o caos.

É minha morte, pensou a bruxa entrando no carro.

...

Era madrugada quando as duas entraram na mansão Salvatore. Por Bonnie teriam ficado na sua casa ou ido para a casa da Caroline, mas a vampira queria saber mais o que Stefan e Damon haviam descoberto.

– São quase três da manhã, vocês não dormem, não? – perguntou Damon descendo a escada e beijando Bonnie.

Caroline olhou a cena com um vago sorriso, estava feliz por Bonnie e preocupada por Elena. Mas não deu muita atenção á sua preocupação, por que o namorado resolvera se espelhar no irmão e beija-la.

– Por mais que eu adore isso, temos que conversar – disse ela encerrando o beijo – O que vocês sabem exatamente sobre Elena ter desligado á humanidade?

Sentaram-se diante da lareira que Bonnie acedera com um aceno.

– Quem ligou para dizer o que havia acontecido foi o Matt – começou Stefan – Ele disse que Elena havia aparecido pouco depois de abrirem, acompanhada de uma garota e foram diretas para o banheiro. Então ouviram os gritos, entraram no banheiro e Elena estava com as presas para fora e a garota no chão, morta. Ele tentou conversar com Elena, mas dela deixou claro que havia desligado a humanidade e que não era para ele perder tempo, deixou o pedaço de papel com a charada para Bonnie e foi embora, deixando todos cientes do que ela havia feito já que o café do Grill tem verbena.

– Isso quer dizer que as pessoas que estava de manhã no Grill sabem que Elena é uma vampira?

– Sabem e estão comentando, são poucos os que acreditam, mas há desconfiança. Que espécie de charada é essa?

Bonnie olhou para Stefan demoradamente, então resolveu o caminho mais curto. A verdade.

– Quando entrei em coma eu tive uma visão. A cidade havia sido destruída por uma criatura de fogo e sombra, por todo lugar que eu olhava havia cinzas e sangue. A charada da Elena é apenas um lembrete de minha visão – a bruxa olhou para Damon – Ele começou a perseguição.

– Que perseguição e de que ele você está falando, Bonnie? – perguntou Caroline

– Q’rey quer se casar com a Bonnie – Damon explicou do jeito dele – Mas isso vai causar o fim do mundo, por isso Bonnie vai se casar comigo para impedir que o fogo consuma Mystic Falls e aquela criatura domine o mundo.

– Eu não vou me casar com ninguém – replicou a bruxa defensiva

– Vai sim, queremos o mundo como está e não queremos que seu coração vire amuleto de monstro. Vamos nos casar.

– Quais são os votos de um casamento, Caroline? – perguntou a bruxa jogando um papel no fogo

– Amor, respeito e fidelidade até que a morte separe.

– E você já está morto, Damon. Agora vamos falar sério. O que faremos com Elena?

– Temos que fazê-la religar a humanidade

– Como? Matar o Matt de novo? Não vai funcionar.

– Podemos trazer o Jeremy ou pedir ajuda ao Ric, eles são a família dela – decidiu Stefan

– Jeremy está na Califórnia, e Ric está reorganizando a vida na Geórgia, agora ele é pai de família.

– Jeremy está na Califórnia? Ele não está na...

– Acha mesmo que ele ia deixar de ser caçador do dia para a noite, Damon? Está na natureza dele agir contra o sobrenatural, nós somos seus amigos, mas os outros que ele não conhece. Esses são tão descartáveis como os humanos são para alguns de nós – Caroline falou com certa convicção que não permitiu discussão.

Ela estava certa, Jeremy era caçador e como caçador qualquer ser sobrenatural era um inimigo. Depois de encerrar o assunto voltaram a falar sobre como reaver a humanidade de Elena. Terminaram a noite sem nenhuma conclusão.

...

– Acorda Malévola – ela ouviu Damon sussurrando, virou de um lado para o outro e abriu os olhos.

– O nome da bela adormecida é Aurora – informou a bruxa sonolenta

– Eu sei, mas a bruxa da história é a malévola e não a princesa.

Bonnie empurrou o vampiro caindo-se no travesseiro novamente, tivera sonhos tranquilos, tão tranquilos como não tinha desde que descobrira seus poderes.

– Vamos Bonbon, Stefan e Caroline saíram em busca de Elena. Precisamos de um feitiço localizador.

– Não podemos acha-la, Damon. É como se ela tivesse escondida por alguém e o celular dela está desligado para ser rastreado.

– Eu sei disso, por isso espero que você chame certa bruxa ruiva que sabe de coisas que outras bruxas não sabem.

– Me dê dez minutos.

...

Duas horas depois o casal estava aproveitando o silêncio da casa para namorarem, mais especificamente no sofá. Bonnie havia enviado uma mensagem-enfeitiçada para a ruiva que ainda não havia aparecido, tentaram achar Elena também e discutiram algumas ideias de como reaver a humanidade da vampira, mas acabaram ficando sem ideias.

– Vocês não tem um quarto não? – perguntou Mina se materializando

O casal se separou a encarando, ofegantes.

– Estamos em casa, é você quem devia bater na porta antes de aparecer – respondeu Bonnie

– Por que me chamaram?

– Elena desligou a humanidade e desapareceu, não conseguimos localiza-la. E achamos que Q’rey está... envolvido.

– Envolvido como?

– Elena desapareceu há quatro dias e ontem ela apareceu, matou uma garota e me deixou um recado: Sou o sangue que queima nas sombras, sou o fogo que sangra nas cinzas, sou a cinza da sombra que não sangra mais. O que sou?

Mina inclinou a cabeça.

– Morte?

A bruxa morena assentiu lentamente, a ruiva suspirou enfiando o braço dentro da bolsa que sempre carregava, desta vez tirou apenas uma pedrinha e um pedaço de giz rosa. Traçou uma runa no chão e colocou a pedra em cima.

Alea myrt’rha. – a pedra se incendiou e surgiu uma imagem de Elena

– Isso é a casa dos Gilbert, no lago – disse Bonnie

Damon murmurou que devia ter pensado antes naquele lugar e se afastou para ligar para o irmão.

– Quem é aquela? – perguntou a bruxa apontando para a imagem flamejante, era outra Elena se aproximando da primeira – Katharine?

– Quem é Katharine?

– Alguém que deveria estar morta. Temos que ir para a cabana agora – disse.

Mina olhou por cima do ombro, Damon estava explicando á Stefan como ele sabia que Elena estava na casa do lago, a ruiva revirou os olhos. Homens eram sempre complicados, não importava a espécie. Ela estendeu a mão para Bonnie e pediu que a bruxa se concentrasse na casa do lago dos Gilbert. Assim que a bruxa tocou na mão da ruiva, ela sentiu o corpo se aquecendo rapidamente, como se estivesse com febre alta, entrou em combustão e no segundo seguinte estava diante do lago, á poucos metros de distancia da casa onde Elena e suas copias se encontravam.

As duas seguiram para a casa fazendo o menor barulho possível. Mas não foram muito longe, pois a ruiva caiu de joelhos sentindo uma corrente elétrica percorrendo seu corpo.

– O que é isso? – perguntou Bonnie tentando tocar a ruiva sem ser eletrocutada também

– Él-Lir, ele está aqui.

A bruxa morena se preparou para atacar, mas todas suas defesas caíram quando o feiticeiro saiu da casa, seguido por Elena e suas cópias. Bonnie sabia que devia fazer algo, mas seu corpo não respondia seus comandos, era como se algo dentro dela quisesse correr para os braços de Q’rey em vez de correr para longe dele, era como se fossem imãs atraindo e repelindo ao mesmo tempo. Q’rey não se aproximou delas, permaneceu onde estava enquanto lhes falava, gentilmente.

– Lumina, não precisa se curvar diante de mim. Mas também não precisa se levantar... Bonnie minha doce bruxa, o que faz em companhia dessa criatura que rasteja aos nossos pés?

Bonnie olhou para Mina que tentava inutilmente se erguer. Ela olhou para trás de Q’rey onde “as três” Elena a olhavam com indiferença. Ela queria falar, mas nem isso era capaz de fazer.

– Não... são... reais... – balbuciou a ruiva apontando para as copias de Elena -... é... magia...

– Ah! as cópias de Elena. De certo modo não são reias, são apenas fantoches. Achei que Elena fosse precisar deles para acabar com aqueles vampiros intrometidos Salvatore... Não me olhe assim, Bonnie. Culpe á Lumina por ter trapaceado. Foi ela quem usou magia élfica para te achar e vir direto até você enquanto eu precisei levar meses para descobrir para onde ir e quem procurar.

Bonnie olhou para Mina, que parecia ter controlado a onda elétrica, já que não estava mais se contorcendo, ainda que permanecesse de joelhos e cabeça baixa. Q’rey prosseguiu:

– Achou que eu ia desistir da Bonnie se você chegasse antes e a preparasse para os acontecimentos futuros, Anaryeldë? Patético uma Tári pensar que pode manipular o destino.

– Ela se casou com você, Él-Lir, ser patética é defeito de fabrica – disse uma mulher se materializando atrás de Mina.

A ruiva havia riscado alguns símbolos no chão, invocando a irmã. Bonnie sentiu-se leve de repente, o feitiço que Mina usou para paralisá-la e evitar que a morena corresse para os braços do mago, desapareceu quando a bruxa-ruiva desmaiou.

– Tire minha irmã daqui, senhorita Bennett – mandou a mulher que Bonnie reconheceu como a irmã de Mina que ela vira uma vez em um bar em Withmore

Bonnie embora sentisse uma grande necessidade de ficar ao lado de Q’rey e protegê-lo contra aqueles que o queriam mal, se agachou e começou a arrastar Mina. Sabia que ela não podia ficar perto de Q’rey sem ser eletrocutada, mas tinha imaginado algo menos nocivo, a ruiva parecia ter morrido. Não que ela fosse viva. Uma das copias de pano de Elena atravessou o caminho das bruxas, as impedindo de se afastar, Bonnie tentou causar um aneurisma, mas descobriu que aquilo não funcionava com as fantoches.

Incendia – ordenou e a copia se incendiou, em seguida a bruxa tornou-se invisível.

...

– Então ela te chamou para salvá-la, lastimável – zombou Q’rey – Lembro-me quando Lumina era a mais poderosa das Anaryeldë. Agora ela precisa da proteção de minha Fírima indis.

– Noiva? Aquela bruxinha sabe que são noivos? – perguntou Aizzah

– Não preciso do consentimento dela, apenas do coração. As coisas teriam sido diferentes se sua irmã tivesse morrido quando a matei – então ele ergueu a voz – Lumina, não pode manter a Bonnie sob sua proteção o tempo todo, ela me pertence.

De onde estava Bonnie sentiu calafrio, então viu o céu escurecendo e de longe um trovão. Ouviu Q’rey dizendo a distancia:

“Não tenho pressa Bonnie, quando resolver agir com a razão chame por mim que virei”

Mais um trovão, antes da chuva fina e fria começar a cair. Mina despertou ao toque da chuva, ela estava evaporando, como se jogasse água em uma fogueira. A bruxa ruiva foi em direção de uma árvore que se incendiou á sua aproximação para que ela absorvesse o calor.

– Você está bem? – perguntou Bonnie mais por gentileza que por preocupação

– Não. Água não me faz bem, não sei quanto tempo vou aguentar permanecer. Espero que essa chuva não dure mais que algumas horas.

– Vai durar o tempo que for preciso – disse Elena parando na frente delas – Tem medo de água então?

– Elena, pare com isso – começou Bonnie – Não me obrigue a te ferir.

– E vai fazer o que, bruxa? Me causar um aneurisma? Me incendiar? Sou sua amiga e você não machuca seus amigos.

Bonnie deu alguns passos para frente dizendo:

– Sem humanidade você é apenas uma casca vazia, lamento Elena, mas diferente de você e Q’rey, eu não preciso desligar minhas emoções ou arrancar meu coração para ser cruel.

Com um movimento de mão, a bruxa morena quebrou as pernas da vampira e os braços e o pescoço, Elena caiu retorcida, como se fosse uma contorcionista se dobrando para entrar em uma caixa pequena.

– Boa – disse Mina ainda junto da árvore em chamas – Mas é melhor sairmos daqui, há outra fantoche Elena na casa.

– Mas e sua irmã?

– Ela se transportou quando a chuva começou, mas agora ela sabe que o inimigo está perto e vai ficar atenta aos passos dele. Él-Lir desapareceu também. Pelo menos ele não tem nenhum efeito sobre você quando não está na sua frente.

– Eu não entendo como ele pode me atrair tanto, eu sei o que ele é, mas é...

– Magnético? Entendo, já fui casada com ele Bonnie. Sei como é difícil dizer não á ele.

– Mas no fim o enganou

– Tarde demais, se tivesse sido menos emotiva quando tinha tempo ele não seria imortal, teria morrido quando o matei. Vamos sair daqui antes que sua amiga idiota desperte.

– Vamos leva-la, podemos tranca-la até que recupere a humanidade.

– Há sangue de Él-Lir nas veias dela. Por isso ela não está agindo como todos os vampiros sem emoção agem, ela é racional o bastante para escolher o que faz. Humanidade não é mais uma opção.

– Mas... mas... disse que sangue dele é veneno.

– E é para seres vivos. Vampiros legalmente falando são mortos.

– O que ele quer com Elena? Usa-la para me fazer casar com ele?

– Não, ele está a usando como canalizador, certos tipos de magia requerem sacrifícios e uma vampira é um sacrifício permanente.

– Como pode ser um sacrifício se...

Mina se deslocou velozmente para frente de Bonnie no exato momento em que uma copia de Elena avançou para junto da bruxa. A mão da fantoche atravessou o corpo de Mina que se desintegrou em cinzas. Não fazia aquilo por voluntariamente, sempre que o corpo estava fraco demais ela era “sugada” para casa onde permanecia em estado de inconsciência até o corpo se regenerar. Bonnie olhou para o fantoche, zangada, a cópia de pano se rasgou em vários pedaços. Sozinha na chuva ela correu para dentro da casa dos Gilbert. Lançou um feitiço para que Elena não entrasse na casa e ficou esperando, Damon ou alguém viria para tentar falar com Elena, ela só precisava esperar um pouco mais.


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