Blondie and Cotton Candy escrita por Boo


Capítulo 9
Capítulo 8 — Um namorado de brinde


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem a leitura.



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Capítulo 8 — Um namorado de brinde

Anteriormente:

Loke era culpado.

Eu acredito em você... Dragneel.

[...]

Pois bem. Os pais dele são muito influentes na França e surgiu a oportunidade de um negócio muito lucrativo com eles. Adoráveis pessoas. E estão pedindo para ir a um lanche da tarde com você hoje.

Não irei!

[…]

— Foi um prazer lhe conhecer, Sr. Bell. - Aproximou-se mais do mesmo, chegando a sussurrar no ouvido do rosado. - Ou seria melhor chamá-lo de Dragneel?

Violette sabia mais do que Loke... e precisava fazer algo quanto a isso. Mesmo que seu filho a odiasse.

[…]

E desde quando Levy achava alguém mais gostoso que o garoto que ela estava afim desde sempre?

Levy McGarden, achei que você achava o Gajeel o mais gostoso!

— Porque ele nem ao menos sabe que eu existo, mesmo. - murmurou, ácida.

[...]

Uma brisa fria passou por eles fazendo com que se arrepiassem. E logo uma garoa fina começou a cair. Todavia eles continuaram ali, de forma solene e melancólica, entretanto também afetiva.

Lucy o fitou com carinho e sorriu, acomodando-se no tecido grosso e ficando com menos frio.

— Obrigada, de novo, Natsu.

____x____

Um espirro delicado foi ouvido e Natsu sentiu os dois braços finos apertarem mais seu tórax. O corpo do rapaz estava extremamente quente e suas bochechas rubras, o sangue bombeando rapidamente. Maldita fosse Heartfilia, por ter pegado um resfriado. Maldita fosse por precisar que alguém cuidasse dela. Maldita fosse por querer dormir na casa dele. Maldita fosse por pedir para dormir na mesma cama que ele. Maldita fosse por impedi-lo de dormir.

Lucy puxou levemente o corpo do rapaz contra si, prensando seus seios contra as costas másculas de Dragneel. O garoto engoliu em seco, sentindo o sangue sendo direcionado para outra direção de seu corpo. Por que não podia simplesmente dormir? Por que a amiga tinha que ficar o atormentando? Ah, sim. Porque ele era o culpado por ela estar doente. Ele quem pedira para ficarem mais tempo no cemitério.

Era realmente insana a forma que ela mexia com sua mente, nunca tivera tanta dificuldade em controlar seus desejos. Talvez porque nunca precisasse. E não é como se ele pudesse virá-la na cama, agarrar os punhos miúdos e beijar todo o seu corpo e fazer loucuras com ele, como realmente queria.

— Hmm... Na... tsu. - A loira resmungou, se remexendo.

Natsu sentiu-se tremendamente feliz por ouvir que ela sonhava com ele, mas estava começando a perder o controle com o chamado que soou quase que desejoso. Tentou levantar, visando ir ao banheiro para se aliviar, porém uma mão tocou seu peitoral e o puxou.

— Luce?

Silêncio. O gesto dela foi quase reflexivo ao sentir o calor se afastando. O rosado suspirou e voltou a se deitar, pondo a face sobre os seios macios da jovem e os usando como travesseiro e enlaçando a cintura fina.

– Loira, você vai me deixar maluco.

[x]

Levy esticou-se o máximo que podia, ficando na ponta dos pés para alcançar aquele chocolate suíço com castanhas. Estava de olho nele há uma semana e finalmente conseguira dinheiro para comprá-lo. Infelizmente, estava muito alto e o atendente estava distante, para que pudesse pedir.

Às vezes, a garota odiava ser tão baixa. Podia ser certamente vantajoso, mas em outras horas...

Ouviu passos apressados e pesados vindo em sua direção e pensou em pedir ajuda, entretanto quando ia virar-se para fazê-lo, a pessoa esbarrou em seu ombro com brutalidade, desequilibrando a jovem. Buscando equilíbrio, tentou segurar na estante ao seu lado, fazendo-a balançar e, assim, três caixas de chocolate caíram sobre ela. Com o susto, levou os braços a frente do rosto para se proteger, e acabou realmente caindo com a bunda no chão, as caixas em seu colo.

— Ei! - gritou com toda a força que pôde.

O rapaz parou, a longa cabeleira negra e bagunçada parecendo muito familiar para Levy, e olhou para trás, sobre o ombro. Seu olhar era feroz e um tanto desinteressado e, pior que isso, nas íris vermelhas, McGarden reconheceu os olhos de Gajeel.

Os três piercings acima de cada sobrancelha permaneciam em seu rosto, assim como um abaixo do lábio inferior, mas ele parecia ter adicionado mais pelas orelhas. Continuava com sua característica beleza rudimentar, de traços fortes e angulosos, que sempre a atraíram como puro feromônio.

— Não vai me ajudar ou ao menos pedir desculpas?! - Não se deixou intimidar, apesar do calor que queimava suas orelhas.

Um sorriso debochado se delineou nos lábios de Gajeel, enquanto fez um gesto de displicência com os ombros, sem sinal de reconhecer a antiga colega.

— Não 'tô a fim.

— Tsc, que grosso. - resmungou.

Odiava quando ele tinha essa atitude de valentão, porque várias vezes já tinha visto sua gentileza com pessoas desconhecidas e como se oferecia para ajudar sempre que possível. Era uma pessoa que se escondia por trás de uma armadura de ferro e muitos espinhos.

O rapaz se ajoelhou na frente dela, deixando suas faces bem próximas. Seu olhar era totalmente amedrontador. Levy quis se xingar, pois não estremeceu de medo. Aquele olhar fazia com que se deliciasse, desejava que ele a olhasse diretamente mais vezes, o corpo em torpor. Ele se aproximou mais um pouco e pegou uma das caixas no colo dela, batendo de leve em sua testa. Levantou-se e encarou-a, ainda com um olhar pouco amigável.

— Se coloque no seu lugar, tampinha.

E assim seguiu seu caminho até o caixa, seus longos e bagunçados fios negros balançando levemente. Assim que ele já estava longe o bastante para a garota parar de tremer, ela se levantou com as duas caixas e resmungou:

— Brutamontes. Como é que posso gostar de você?

Seguiu na mesma direção que o rapaz e parou logo atrás dele, sendo assim impossibilitando que o atendesse a visse. Observou o brutamontes RedFox, que rosnava enraivecido.

— Como assim, não tem ração para gatos aqui?! Isso não é coisa de loja de conveniência que preste! Meu gato está morrendo de fome, não é possível!

— Desculpe, senhor, mas não temos, terá que procurar outro lugar. - O jovem franzino respondeu, com certo receio do punk. - Existe um petshop por aqui–

— Vá a merda!

Virou-se, sem saber que Levy estava ali, e trombaram, derrubando-a no chão mais uma vez. A garota lançou um olhar acusador e furioso, aquele cara já estava excedendo os limites de sua paciência. Um riso debochado e rouco escapou dos lábios de Gajeel. Era um som deliciosamente agradável. Balançou a cabeça, dispersando esses pensamentos.

— Me ajude. - A azulada ordenou, em um muxoxo.

— E se eu não quiser?

— Não tem essa, não estará fazendo mais que a obrigação.

— Vai ficar no chão. Bem nessa posição constrangedora, sinto muito. - deu de ombros, com um sorriso malicioso.

Levy corou e fechou as pernas, mesmo que o short preto de cintura alta ocultasse tudo. Como aquele garoto era idiota! O atendente, com pena da jovem, aproximou-se e estendeu a mão para ela.

— Cara, volte ao seu posto. Estou falando com a tampinha.

— Muito obrigada. - Com um sorriso tímido, a azulada aceitou a ajuda e se pôs de pé.

Nem percebera o olhar feroz do moreno, que murmurou um “que seja” e saiu batendo pé. McGarden não poderia estar mais confusa com as atitudes de RedFox.

— O que deu nele?

— Não faço ideia. - A resposta veio carregada de dúvidas.

[x]

— Virgo!

O grito fez a mulher suspirar. Não podia passar roupa em paz? A casa era tão mais harmoniosa quando Layla morava lá, sempre de bom humor, Virgo sempre se sentia contagiada e era muito sorridente, sem a expressão apática que hoje em dia a dominava.

— Chamou, senhor? - perguntou, ao se aproximar da sala do patrão.

— Onde raios está Lucy? Arrumei a chance perfeita para que–

— Ela dormiu fora, Sr. - Virgo respondeu prontamente, sem que a expressão demonstrasse a preocupação que sentiu ao ver a cama vazia sem que tivesse recebido mensagem alguma.

— Fora? Fora onde?! Essa criança fica como uma vagabunda na casa dos outros!

— Não sei lhe dar essa informação, Sr. Jude. Talvez na casa da senhorita Levy?

— É possível. - ponderou - De toda forma, ligue para Levy. Quero Lucy aqui agora.

— Sim, Sr.

A governanta saiu da sala do patrão, se dirigindo até a mesa de telefone. Chegando lá discou o número da melhor amiga de sua irmãzinha e filha de criação. Podia ela mesma ligar para Lucy, no entanto, precisava cumprir as formalidades do trabalho quando Jude estava por perto, ou mesmo alguns outros funcionários poderiam dedurá-la.

Quando Levy ouviu o telefone tocar, teve grande vontade de ignorá-lo. O toque insistente chegava-lhe aos ouvidos, de forma que resolveu pausar o clássico E O Vento Levou... e atender. Surpreendeu-se ao ver que a ligação era da casa de Lucy, já que pelo que sabia a mesma não estava lá. Talvez fosse importante.

— Alô?

Senhorita Levy, bom dia. Eu gostaria de saber se a patroa Lucy está por aí.

— Ah, bom dia, Virgo. Pare com essas formalidades, mulher! E não, não - deu uma mordida no chocolate antes de prosseguir - está, a Lu dormiu na casa do Dragneel.

Oh, entendo. Como não tenho o número dele, se não for muito incômodo, poderia mandar uma mensagem para ela? A azulada inspirou profundamente, buscando controlar o estresse. Queria terminar seu filme sem interrupções, contudo faria isso pela amiga.

— Imagino que não possa ligar você mesma por causa do Jude, né? Pode falar.

Correto. O Sr. Jude quer que ela venha para casa agora. Muito obrigada, Levy.

— Por nada. Até mais, Virgo. - ouviu um “até” antes de desligar.

Logo escreveu uma mensagem, rápida e urgente, porém carinhosa:

Para: Lu H.

Às 10h17

Lu, teu pai quer você em casa. Agora. Saia dos amassos e vá. Xoxo.

[x]

Lucy levantou a cabeça a ouvir o curto, porém alto barulho de mensagem. Passou a escova na língua e cuspiu, logo limpando a boca. Após a higiene matinal, estava pronta para começar o dia. Sorriu consigo mesmo e se espreguiçou, mas como tudo que é bom dura pouco, logo seu corpo foi balançado por um espirro, que fez com que resmungasse algo. Lentamente, caminhou de volta para o quarto de Dragneel, estendendo a mão para pegar o celular. Quando estava prestes a pegá-lo, uma mão bruta e atrevida agarrou sua cintura, puxando-a de encontro ao tronco masculino.

— Ei, Natsu, me largue. - pediu, dengosa.

— Só se me prometer que não pegará o celular hoje. Você está doente e vou cuidar de você, vamos nos divertir.

— Mas pode ser importante!

Pode ser, então vamos torcer para que não seja, certo? - perguntou, com certo tom de ameaça contido na voz. A loira bufou.

— Certo.

— Boa garota, Loiri–

Natsu foi interrompido pela cotovelada fraca que Heartfilia desferiu em seu estômago, sem querer machucá-lo. Ela se precipitou sobre o celular, quando o rosado virou-a de frente para si, empurrou-a na cama e prendeu seus punhos. A proximidade era perigosa, a respiração descompassada de Lucy se mesclava com a lenta e ritmada de Dragneel.

— E-ei, Natsu, eu prometo que não pegarei o celular, pode me largar.

— Por quê? Está divertido assim. - riu levemente antes de roçar os lábios na mandíbula da amiga, que estremeceu abaixo dele. - Sabe, Luce, às vezes você parece virgem.

O comentário foi quase inocente, com uma provocação azeda. As orelhas da loira queimaram e ela bufou pelo nariz, irritada sob o olhar desafiador do amigo.

— Como ousa?! Sou ótima na cama!

— Então prove.

— Provo.

Um segundo para perceber a besteira que falara para o garoto mais pervertido da cidade. A loira corou e sussurrou um não, sentindo o calor que emanava do corpo de Natsu queimar suas entranhas, a proximidade enorme e os corações acelerados. O não foi um grande erro, aquilo só instigou Natsu a beijar seu pescoço, sedento por ouvir a voz tão suplicante novamente.

— Não, Natsu. Não. - Ela pediu, em meio a suspiros.

O rapaz se afastou subitamente, percebendo o que fazia. Desviou o olhar, franzindo o cenho com óbvio incômodo. Levantou-se, ainda sem olhá-la, e enquanto fazia isso pegou o celular da menina, para logo em seguida jogá-lo no bolso. Lucy também levantou, envergonhada.

— Desculpe. - O pedido foi o bastante para fazê-la encará-lo surpresa. - Você sabe... hmm, você disse não e eu... perdi o controle e... Err, não deveria... eu...

Natsu começou a pronunciar palavras desconexas e a face estava ficando rubra, coisa incomum quando se tratava do rapaz.

Ele parou ao ouvir uma risada suave – e encantadora – vinda da loira. Isso apenas fez com que seu rubor aumentasse e um bico se formasse em seus lábios. Lucy sorriu e apertou as bochechas do amigo, o afeto derretendo o olhar doce, de forma que Natsu sentiu o peito se aquecer.

— Algodão doce estúpido. - brincou e, antes que ele resmungasse algo, beijou seu nariz. - Como uma criança. - comentou, risonha.

— Fique quieta.

— Relaxa, Nats, eu não to zangada.

— Vamos. - pegou o punho dela e puxou-a.

— Aonde?

— Ao cinema.

[x]

— Natsu?

A voz melodiosa soou e logo morreu abafada por um carro, provavelmente sem alcançar qualquer um que estivesse do lado de dentro.

— Natsu, você está em casa?

Era Lisanna. Ela encostou-se a porta para tentar ouvir algum barulho, captando apenas o silêncio. Apertou as mãos contra a porta, como se assim pudesse ouvir melhor. Suspirou, entristecida.

— Tia? - A albina chamou.

Sem resposta. Bateu na porta mais uma vez. Nada. Rodou a casa, e se aproximou da janela do quarto de Natsu. Havia uma rede. Não se lembrava de Natsu gostar de dormir em redes. A cama estava muito zoneada e sobre ela estava uma blusa xadrez feminina. Seu lábio se retorceu de desgosto. Se ele levou alguma garota para lá e a roupa dela estava por ali, não deveriam estar por ali também?

Apoiou-se na mureta e ficou na ponta dos pés, tentando ver se o porta retrato que ele costumava ter, com uma bela foto dos dois, estava lá. Achou o porta retrato, dessa vez mais próximo a janela do que se lembrava. Abriu um grande sorriso, que logo murchou ao ver que a foto era de Rose e Igneel, o pequeno Natsu fazendo uma careta. Isso arrancou um novo sorriso, dessa vez triste.

Bateu no vidro, desanimada, e já estava prestes a dar um passo, quando ouviu um miado. Virou-se e sorriu para o gato que já fora quase seu.

— Happy?

Ele miou em resposta e pulou na janela, batendo com a patinha no vidro. Bateu tanto, que ela abriu, e Lisanna começou a rir, acariciando a pequena cabeça.

— Oh, Happy, que saudades de você! Será que por um acaso o Nat está aí? - perguntou, abraçando Happy. - Natsu, sei que não quer falar comigo, mas... vamos conversar, por favor. - Apenas mais miados. - Como nos velhos tempos, vamos! Eu fiquei com muita vontade de sair com você quando te vi na Karyuu.

Nada se fez ouvido. Soltou um muxoxo e deixou Happy entrar pela janela novamente. E dessa vez, pôde ver algo que tinha passado despercebido antes. Havia um novo porta retratos lá, nele o garoto abraçava alguma garota de cabelos claros por trás, rindo, e uma garota mais baixa ria dos dois com gosto. Engoliu em seco. Então ele realmente encontrou substitutos para sua companhia? Não os amigos como Gray e Erza, que ela compartilhava. Apenas... outros.

Resignada, Lisanna seguiu para sua casa. Estava frustrada. Precisaria informar a Loke que não teve nenhum progresso com o antigo melhor amigo. Mal imaginava que o rapaz tinha ótimas notícias.

[x]

— Ah, Natsu! Não acredito que você me trouxe para Avengers! - deu um soquinho no ombro dele.

— Foi por mim, não por você. - riu.

— Vai se foder! Foi uma ótima escolha. Que horas começa?

— Daqui a pouco, gatinha. Comprou a pipoca?

— Sim, chocolate e duas Sodas também. - Lucy respondeu com displicência. - Sou bem preparada, diferente de outras pessoas.

— Insinuando alguma coisa, loirinha?

— Cala a boca, algodão doce. Vamos entrar?

Ambos entraram, porém um tanto afastados. A loira encarava o rapaz pelo canto dos olhos, envergonhada com a lembrança da última vez que foram juntos ao cinema. Os beijos calorosos, tão frescos em sua memória, causavam chamas que engoliam e queimavam suas entranhas, desejosa por mais contato.

— Você ‘tá vermelha, sua estranha.

— C-cale a boca, como você poderia enxergar aqui?

Natsu deu uma risada sem graça, respondendo com um “é verdade”. Em sua mente, também repassava os momentos da última vez e era necessário um absurdo autocontrole, pois sabia que a amiga tinha os mesmos pensamentos que passavam por sua cabeça.

O filme logo começou, prendendo a atenção de ambos. Entretidos com toda a ação, os jovens nem percebiam quando um encarava o outro, admirando o olhar empolgado para a tela. Divertiram-se e fizeram alguns comentários durante o filme, o que incomodou algumas pessoas próximas. No entanto, Natsu não saiu tão satisfeito.

— Para com essa cara emburrada, qual foi o problema?

— O filme foi muito pouco para o que eu esperava. Gostei muito mais do primeiro.

— Deixa de ser chato, cabelo de chiclete! Eu adorei, pode me ajudar a escrever!

— Aquele livro parado? Duvido! - provocou.

— Babaca!

— Vou te mostrar quem é o chato! - Natsu exclamou, atacando-a com cócegas.

— Natsu, para! - gritou, gargalhando. - Não aqui, estamos no meio do shopping! So-corro, - gritou, sem fôlego - você vai me matar!

— Essa é a intenção, Heartfilia, morra de rir!

Os gritos e gargalhadas ressoaram pelo ambiente, tamanha sua intensidade, enquanto Lucy tentava fugir. Depois de Dragneel parar a tortura, a garota recostou-se a uma parede, buscando respirar melhor.

— Eu irei me vingar, Dragneel.

— Pode tentar, Heartfilia. - desafiou, zombeteiro.

— Vai se arrepender. - rebateu, se aproximando demais, e acabou com o resto do autocontrole de Natsu, que sussurrou roucamente:

— Vou.

E quebrou a distância entre seus lábios. A garota relutou por um momento, para logo corresponder o beijo voluptuoso. Separaram as bocas por um instante e Dragneel seguiu os beijos por toda a extensão do pescoço dela, seguindo para a clavícula e o colo. Podia ouvi-la ofegando, o que o deixou satisfeito, antes de selarem os lábios novamente. O beijo foi se tornando mais calmo e terno, até que o ar começou a faltar. Deram diversos selinhos rápidos antes de pararem por completo.

Ambos ofegavam bastante e evitavam contato visual, tentando entender o que houve, até que Natsu se pronunciou:

— Lucy, eu...

— Então era verdade. - Lisanna falou para si mesma, um tanto alto demais.

O rosado sentiu seus músculos se enrijecerem e o maxilar travar ao ouvir aquela voz, um arrepio tomando todo seu corpo. Dirigiu a Strauss um olhar frio e vazio, olhar esse que Lucy não mais via há algum tempo.

— O que era verdade, Strauss? - perguntou duramente, fazendo-a se encolher. Aquilo doeu nele.

— Que a garota do Loke está com você agora.

— Ela não–

— Não me entenda mal, Lisanna, eu não estou mais com o seu Loke, mas também não estou em um relacionamento com o Natsu. - Lucy esclareceu, fazendo Natsu soltar um som de irritação.

Não queria chegar naquele ponto, discutir sentimentos e relacionamento, e Lisanna simplesmente trazia isso à tona. Idiota. Ele pôs uma das mãos na cintura da loira e disse, em tom ácido:

— Não que devamos alguma explicação a você. Se era só isso, não temos mais nada a conversar.

— Nós temos, na verdade...

— O que você quer? - Natsu perguntou de uma vez. Não obteve resposta e deu um passo para trás.

— Natsu. - A albina chamou, fazendo o rapaz parar. - Me desculpe.

O garoto já perdera as contas de quantas vezes ela já fizera esse pedido desde aquela época. E de quantas já se controlara para não abraçá-la e dizer que estava tudo bem. Diferentemente do que sua mente projetava, apenas deu de ombros e seguiu caminho ao lado da loira.

— Eu te amo.

Ele quase parou. Forçou seu pé a se mover e o pescoço a continuar direcionando sua cabeça para frente.

— Você é meu melhor amigo e eu sinto a sua falta.

Falou mais alto, pois reconhecia os cabelos claros que vira na foto. Eram de Lucy. E provavelmente a blusa também. Trincou os dentes, se sentindo amarga pela perda e substituição.

Lucy tentava focar seus pensamentos no amigo e em Lisanna e não em seus beijos, o que se mostrava uma tarefa árdua. Tocou o ombro dele enquanto andavam.

— Natsu... um dia você terá que perdoá-la.

— Ainda bem que ainda tenho muitos e muitos dias para viver, não?

— Mas... - pensou em continuar, quando recebeu um olhar cortante e magoado.

Ela então se calou, deixando-o perdido em pensamentos.

[x]

Ao chegar em casa, Lucy já fora mandada para a sala de seu pai, o que deixou-a um tanto temerosa. Natsu devolvera seu celular assim que saíram do shopping, de forma que a loira pediu desculpas e correu para casa.

Bateu levemente na porta, as tão conhecidas e vazias três batidas. Ao invés do costumeiro entre, a porta se abriu segundos depois. Lá estava a imponente figura de Jude Heartfilia. Ele fechou a porta quando a loira entrou e se sentou, aguardando que ela fizesse o mesmo.

— Lucy. Pensei tê-la chamado pela manhã, estou enganado?

— Desculpe, papai. Eu estava sem meu celular. - olhou para baixo, fazendo o papel de arrependida.

— Levy não te avisou? Você estava na casa dela, não?

— Ela não quis me acordar e depois acabou esquecendo. Não a culpe, ela estava cansada e cheia de coisas para fazer, mesmo assim quis minha companhia.

— Amigos tão inúteis quanto a própria. - comentou, com maldade e displicência e Lucy teve de conter a fúria dentro de si. - De toda forma, arrumei um jeito de resolver todos esses problemas que você causou. Não é ótimo? - A filha arqueou uma sobrancelha.

— E eu causei, por acaso, algum problema?

— Não seja insolente, criança! Sabe muito bem que seu término com Loke prejudicou minhas chances, a mim! Você não se preocupa com o futuro dos nossos negócios, o legado da nossa família, e eu tenho que impedi-la de destruir isso. Quero que reate com ele.

— Mas, pai, ele estava me traindo! E trairia outras vezes! - O homem lançou um olhar carregado de escárnio.

— Isso não interessa. Mulheres inúteis com você, que não são capazes de satisfazer o próprio namorado, não têm direito de reclamar.

— Como pôde dizer isso?! Você acha isso certo?! Com a sua própria filha?

— Você é apenas uma peça, Lucy. Achei que soubesse disso. - A resposta foi seca, dita sem quaisquer trocas de olhares. - Marquei um jantar. Eu, você, Loke e os pais, que dessa vez estão em uma cidade próxima. Para essa noite, sem a possibilidade de negar ou remarcar.

— Mas...!

— Nada de mas! Pare de ser rebelde, essa é a minha decisão! Agora vá pra o seu quarto, se arrume e só saia quando eu mandar. Fique bonita, quem sabe eles se interessem por você e logo logo consigamos um noivado.

A loira assentiu, engolindo em seco, e saiu do escritório. Correu para seu quarto e bateu a porta com extrema força, revoltada. Como ele consegue dizer isso para mim, se perguntava, sem o menor remorso?. As lágrimas teimavam em quase cair, o lábio sendo mordido enquanto fungava e tentava contê-las. Foi até o banheiro e abriu a torneira, para encher a banheira. Em seguida, pegou o celular e mandou uma mensagem para a azulada e o rosado:

Para: Levy; Algodão doce

Às 16h25

Terei que jantar com os pais de Loke hoje e provavelmente iremos reatar, meu pai está manipulando o jogo. Me ajudem (;^;)

De seus olhos escorriam, finalmente, algumas lágrimas, prova concreta da raiva que sentia. Despiu-se e entrou na banheira, mergulhando até os olhos. Precisava relaxar. E se arrumar.

[x]

— Erza, se me permite perguntar, para quem está comprando esse vestido? - Mira inquiriu, curiosa, avaliando o vestido roxo que ressaltava as curvas da ruiva.

— Como para quem? Para mim, ué. Não combina, Mirajane?!

— Calma. - riu do nervosismo da melhor amiga. - Digo, vai sair com alguém em especial?

— P-por que precisa ser para alguém?! N-não sou como você, que ao colocar um vestido faz vários homens caírem aos seus pais, como o La–

— Ora, Erza, você realmente não faz ideia do efeito que tem? - interrompeu-a, corada a simples menção do nome de seu peguete ocasional. - Os rapazes te amam. E as garotas mais ainda, devo dizer. Apesar disso, eu estava apenas curiosa, você comprou maquiagem e joias mais cedo, então me perguntei se não seria para um encontro ou algo assim.

A ruiva entrou no provador, descartando a roupa que usava. Pegou outra. Sua face estava extremamente vermelha, por isso se escondeu, a Strauss não perceberia. Saiu do mesmo com um vestido que fez a albina abrir um grande sorriso, satisfeita com o decote elegante que certamente demarcava os grandes seios de forma sutil e quase assassina.

— Você sabe, - sussurou - é para ele. Eu o chamei para sair, um jantar para relembrar os velhos tempos.

— Você o quê? Erza, se ele aceitou, é porque está ao menos um pouco interessado. E depois que a vir assim, não terá outra escolha a não ser se apaixonar. Você está simplesmente esplendorosa!

— O-obrigada, Mirajane. Isso me deixa mais confiante para usar roupas assim. Se não fosse por você, eu não teria conseguido. Sou péssima com esses assuntos femininos, prefiro lutar, é tão mais simples! - deu uma risada nervosa, erguendo o punho.

— Acredite, até eu me apaixonaria.

— Obrigada. - sorriu novamente. - Mas estamos indo só como amigos! Sabe que ele tem namorada. Talvez eu até esteja parecendo um pouco over.

— Ah, quê isso. Coloca um blazer ou um bolero por cima e voilá. O vestido não é tão longo, é só usar um sapato baixo e parecer desinteressada.

— Você é a melhor, Mira. Dreyar é um cara de sorte.

A albina sentiu as bochechas tingirem-se de vermelho.

[x]

O sorriso deslumbrado que Loke deu ao ver a ex-namorada com aquelas vestes foi mais que o bastante para satisfazer Jude.

A loira trajava um elegante vestido preto, com bordas e uma faixa dourada, que apesar de ser longo possuía uma enorme fenda na lateral. A gargantilha enorme e floral combinava com uma semi manga e o prendedor de cabelo. Um scarpin de mesma cor completava o look. Os fios dourados estavam presos em um coque, porém duas longas mechas laterais adornavam seu rosto. A maquiagem era leve e conferia um ar de ingenuidade a garota, embora a expressão fosse bem desagradável.

— Sr. Cloud, Sra. Violette, Loke. Boa noite. - O patriarca Heartfilia cumprimentou, com o nível certo de formalidade. A resposta logo veio por parte do casal:

— Sr. Jude.

— Olá, Lucy. - O rapaz sorriu timidamente.

Não era para menos, sabia que ela provavelmente ainda guardava ressentimento pelo que descobriu. Não esperava da menina gentil, no entanto, o olhar frio e cruel que recebeu em troca.

— Olá, Regulus.

Lucy precisava imitar Natsu quando este se encontrava com Lisanna; não podia deixar seu coração acelerar por aquele ruivo inescrupuloso, do qual ainda gostava um pouco.

[x]

Natsu desceu da moto após frear de forma descuidada. O suor escorria por seu pescoço, mas isso não impediu que corresse até a porta branca e desse diversas batidas. Houve certa espera, então bateu novamente, com impaciência, pouco antes de um senhor de cabelos negros abrir a porta.

— Boa noite, Sr. McGarden!

— Boa noite. Posso ajudá-lo, rapaz? - O homem arqueou uma sobrancelha, um livro de Logosofia em mãos.

McGarden perceptivelmente analisava o rosado, e não parecia com a melhor das impressões, principalmente depois da interrupção de sua leitura.

— Eu precisava falar com sua filha por um instante.

— Levy? - A sobrancelha subiu mais, os óculos reforçando o efeito. - Posso saber o que deseja com ela? Você por acaso veio pedi-la em namoro?

— Não, senhor! - As bochechas coraram. - Preciso apenas de uma infor–

— Papai, o que está fazendo?! - Levy perguntou, surgindo na porta. Os óculos de leitura caíram levemente pela ponte de seu nariz, e ela estava obviamente envergonhada. - Ele é um amigo. Meu e da Lucy, fique calmo, Dragneel não quer me namorar.

— Se você diz...

— Levy, por favor, eu preciso saber onde é esse jantar! - clamou, desesperado.

— Desculpe, Natsu, mas eu realmente não faço ideia de onde seja. Certamente recebi a mesma mensagem que você. Por que não vai à casa da Lucy e pergunta para a Virgo?

— Excelente. Tá, valeu.

Subiu no veículo e deu a partida, seguindo a toda velocidade. Logo chegou em frente a mansão Heartfilia, e parou, abobalhado com a grandeza do local. Desceu e tocou a campainha insistentemente, até que uma das secretárias do lar atendeu a porta.

— Boa noite, em que posso ajudá-lo?

— Preciso falar com a governanta, Vigo! - pediu, afobado. Uma risadinha escapou da boca da jovem, que devorava Natsu com o olhar.

— Só um instante, logo chamarei ViRgo.

Ele coçou a cabeça, envergonhado pela mancada. Devolveu o olhar desejoso, porém não era hora para isso, então deixou clara a sua impaciência. A secretária foi chamar a governanta, que logo apareceu na porta. Demorou-se um instante encarando o rapaz, até que falou, por fim:

— Devo supor que você é o Sr. Dragneel?

— Sim, desculpe, mas não tenho tempo para introduções! Virgo, preciso saber onde a Lucy está!

— O jantar, é o que pergunta? O endereço é bem conhecido, a direção é fácil, apesar de que é um pouco longe.

[x]

— Bem, por tudo que vi em todo esse tempo de namoro, acho que nossos filhos tiveram um relacionamento ótimo, que infelizmente terminou. Acontece muito isso nos dias de hoje, nada dura, mas é perceptível que há um sentimento muito forte entre esses dois e acredito que cabe a nós salvar um relacionamento tão belo. É possível que continue. - Jude disse, após um brinde ao primeiro encontro das famílias.

— Também acho que cabe a nós por juízo nas crianças! - concordou Cloud, com entusiasmo. - Fora que percebo a tristeza de Loke desde que esse relacionamento deu uma parada. - Violette soltou um muxoxo, incomodada com o rumo da conversa, e logo sugeriu:

— Acho que temos mais experiência, contudo devemos ver como eles se sentem, deixar que os jovens tomem as rédeas das próprias vidas. Ademais, não é como se eles não estivesse na mesa. Lucy, querida, quais são seus sentimentos em relação ao meu filho?

— Oh, minha Lucy ainda o ama, não há dúvidas.

A loira desviou o olhar, evitando encarar o pai após tal “constatação”. Como poderia se livrar dessa, se ele não deixava uma brecha? Era a intenção, afinal. Repugnante. Ele incentivou o rapaz a se manifestar, com o olhar.

— Eu... sobre a Lucy... Sei que não fui o melhor dos namorados, mas eu a amo! - disse firme, deixando-a constrangida.

Jude sorriu, apertando as mãos suadas. Não havia como nada dar errado. A não ser o olhar sofrível de Lucy, que mal disfarçava a tristeza com toda a situação. Que garota maias insolente, grunhia.

— Sinto muito que ame, porque eu sou o namorado dela!

A voz soou prepotente e alta, fazendo todos encararem o rosado na entrada. Ele ofegava bastante. Se aproximou da mesa encarando os pais de Loke, a raiva perceptível quando se aproximou do ruivo e o olhar intrigado fixo na Sra. Regulus. Jude estalou a mandíbula, enraivecido. Lucy estremeceu, antes de se virar e exclamar, assustada:

— N-namorado, Nats?! - O rapaz virou o rosto, como uma criança insatisfeita e envergonhada.

— Que reação lenta, Luce.

— Não faça comentários inconvenientes, você! – resmungou, as bochechas rubras.

— Minha filha, - iniciou Jude, respirando fundo - não se reconhece como sua namorada, jovem. Ela pareceu surpresa. Acho que um amigo não deveria interromper um momento desses e envergonhar a amiga na frente dos sogros.

— Bem, devo concordar que esse é um gesto incomum. - Cloud disse, confuso, apertando o ombro de Loke, que só conseguia olhar para baixo, amargurado.

— Isso é porque não oficializamos. Eu queria fazer o pedido hoje, mas não tive tempo, por causa desse jantarzinho. Eu não posso permitir esse relacionamento, Lucy não gosta mais de Loke, e nós estamos completamente apaixonados!

A face da garota explodiu em vermelho, ela estava extremamente envergonhada. A mãe de Loke deu uma risadinha, tentando contornar a situação.

— Ora, veja só. O que podemos fazer? Não podemos obrigá-la a ficar com meu filho depois de descobrir isso, seria ultrajante e cruel. – comentou, mais alegre do que deveria.

Seu filho lançou a ela um olhar do mais profundo ódio e levantou, produzindo um estrondo. Empurrou a cadeira de Viollete, que quase caiu, assustada.

— Que seja! - Loke saiu, deixando a todos atordoados.

— Lucy, você vai namorar o Loke, não essa criança irresponsável e melequenta!

— Você não pode me obrigar, pai!

— Já estou obrigando, eu mando em você! - gritou.

— Não manda, não. - Foi a vez de Natsu defender a amiga, raivoso. Lucy deu a mão para ele, chorosa, e saíram correndo.

— L-Luce, o que você está fazendo?! Temos que enfrentá-lo!

— Seu idiota, o que VOCÊ está fazendo?! Por que tinha que aparecer? Você só faz besteira, Natsu... Ande, pilote essa moto e vamos!

— Eu só queria te ajudar. - disse, baixinho. - Desculpe. - E então deu a partida.

Ela apenas encostou a cabeça nas costas dele e deu um sorriso. Mesmo que negasse... ele era seu príncipe de cavalo... Melhor dizendo, seu príncipe de moto vermelha. E a salvara mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

Nhooooi!
Desculpem o atraso, eu tive uma semana de provas complicada e logo em seguida caí de cama, a doença me pegou forte, não conseguia nem sentar no computador sem me sentir esgotada, quanto mais escrever. Mas estou de volta!
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