Recomeçar escrita por Ehmiel


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Hey gente!
Eu tava revendo o episódio "Consumed" (S5E6) e mudei um pouco o local e a conversa do episódio, porque eu tava encabulada com essa coisa de "Recomeçar" do Daryl pra Carol. Em que sentido mais especificamente?
Ai decidi escrever essa "shortfic", porque né.
Então, boa leitura!



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O caminho silencioso até o abrigo que um dia ela residiu, mesmo que por pouco tempo, com sua falecida filha Sophia, não significava muita coisa. Carol permanecia quieta por simplesmente não saber o que falar. E Daryl respeitava isso.

Desde que ela voltara, ele tem a observado. Ela mudou muito. Não era mais a mulher que um dia foi agredida pelo marido, que chorava todas as noites por não encontrar uma solução, que fazia isso pelo bem da filha. Na verdade, antes de partir ela já não era mais assim. Mas tinha algo diferente agora.

Talvez a companhia dos fantasmas das pessoas que ela matou por um bem maior, a deixaram assim. Ela se sentia culpada e se sentiria pelo resto que sua vida teria. Não havia como se perdoar, ninguém no mundo – mesmo que devastado como agora – tinha o direito de tirar a vida de alguém. Mas Daryl não a culpava por isso.

Ela tinha suas razões. E ele concordaria com qualquer que fossem seus motivos, mesmo que não demonstrasse isso com ninguém, sequer com ela.

Até o momento em que entraram no abrigo, ela não expressou nada. Seus lábios sequer se curvaram para sibilar qualquer palavra.

Mas quando ela visualizou a cama que um dia, afagou os cabelos da filha e lhe disse que tudo ficaria bem, ela parou. Encarou a cama por uns momentos e pode visualizar a pequena silhueta de Sophia, com lágrimas nos olhos.

Daryl certificou-se de olhar o local antes de enfim, descansarem pelo resto da noite. E quando voltou, encontrou Carol parada, os olhos focados na cama vazia. Ele se aproximou.

- Tá limpo. Não tem ninguém aqui.

Ela sequer se mexeu para assentir ou ter qualquer tipo de reação. Ela estava na mesma situação que passou durante os últimos meses, recordando memórias.

Memórias essas que ela odiava quando vinham à tona, lhe trazendo momentos tão dolorosos, como estava sendo agora. Ela era forte, se tornara forte, mas não podia evitar a dor e o sentimento, o vazio em seu peito. Momentos que, ela não poderá presenciar de novo, estão expostos diante de seus olhos e isso a corrói. Mas Carol Peletier não está sozinha. Ela tem Daryl ali, firme e forte para apoiá-la no que fosse preciso. Ajudá-la a recomeçar. Ele propôs isso. E o faria, mesmo que agora, perdida em pensamentos, ela não o escute.

- Você está bem? – ele agarrou o braço dela, fazendo finalmente ela lhe dar alguma atenção.

- Sim... Sim, sim. – Ela passou a mão pelos olhos e voltou a encarar a cama, agora vazia. – Sophia e eu ficamos um dia e meio neste abrigo. Até eu voltar correndo para o Ed. Eu apanhei e a vida continuou. Eu rezei pra que algo acontecesse, mas não fiz nada.

Daryl continuava a observando, quieto, esperando que ela prosseguisse.

- A pessoa que eu era, com Ed, queimou. E na prisão, tive que ser, quem sempre achei que deveria. E então, ela foi incendiada.

Ele demorou um tempo pra entender se tratava dela. Até que as palavras seguintes, explicaram.

- E isso consome você.

E então, Daryl entendeu porque ela estava tão quieta. Estava se corroendo, a culpa tomando conta de si, pouco a pouco. E ele sabia que se fosse total, chegaria um momento no qual ela não agüentaria mais e o deixaria pra trás. O deixaria definitivamente, não como fora da última vez. E ele não a perderia, prometeu a si mesmo que não a deixaria ir de novo.

Ele ficou quieto, tempo o suficiente pra encontrar as palavras certas.

- Não somos cinzas.

Ela o encarou quieta. Expressando no olhar um obrigado. E ao mesmo tempo, certo alívio.

A realidade é que, em todos aqueles meses, Carol se esqueceu que não precisava agüentar tudo aquilo sozinha. Não era a única que perdera alguém e muito menos a única a cometer erros. Ela tinha Daryl e se esqueceu disso. Mesmo que ele não estivesse ali para apoiá-la, sabia que onde estivesse ele lhe enviava certo apoio, rezava todas as noites para que ela estivesse bem.

- Eu já disse não foi... Podemos recomeçar.

Ela se sentou na cama ao seu lado. Há alguns anos, Sophia estaria ali ao seu lado. Até que Daryl se deitou.

-Você recomeçou? – ela fechou os olhos, respirando fundo.

- Estou tentando. – Ele não poderia recomeçar sem ela. Ela sabia disso.

- E o que falta pra você recomeçar de vez?

- Estou esperando você. Não posso recomeçar sem você.

Ambos permaneceram quietos. Sequer se mexeram. Daryl, com o braço sobre os olhos e Carol encarado o teto.

- Eu estou aqui, não estou?

Ele se virou para encará-la. Ela então aceitou recomeçar. Já estava mais do que na hora de deixar o passado, deixar os fantasmas para trás e seguir em frente. Ela fez o que achou certo e ele teria feito o mesmo na situação dela. Era pra proteger sua família, todas às vezes, tratou-se disso. E ele a apoiou sem pensar duas vezes.

Mas agora, ela não precisava mais pensar nisso. Pagou suas dívidas, seus erros, salvando a todos dos canibais anteriormente. Ela estava de volta. Estava ali pra seguir em frente.

Ele olhava pra ela, que permanecia imóvel. Até que depois de alguns segundos, se virou para retribuir o olhar. E assim permaneceram.

Ele, olhando os olhos azuis dela, tão bonitos que o acalmavam, fazendo-o esquecer daquela merda toda acontecendo lá fora. Ela, olhando seu rosto, que um dia imaginou nunca mais ver.

E assim permaneceram. Até que finalmente, depois de tudo, um sorriso sincero, um sorriso aliviado, surgiu nos lábios de Carol. Sorriso que expressava a gratidão. Expressava que ela estava livre. Estava pronta pra seguir em frente, ao lado dele. Pronta pra se arriscar novamente, por ele, por todos. Ela estava aliviada. E jurou para os céus que estava feliz por isso. Daryl Dixon a salvou novamente.

- Obrigada.

- Eu quem agradeço... Carol.


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Notas finais do capítulo

Bem, eu entendo com o recomeçar do Daryl, algo como "esquecer esse passado de merda antes que você enlouqueça e vamos viver o restante das nossas vidas antes que seja tarde demais". É o mais plausível e é o que a Carol realmente precisa. Dá pra ver com o passar dos episódios que ela não tá bem, justamente pela culpa. E é isso que eu quis passar aqui.
Carol fez o que achou certo, por um bem maior e não pra se divertir, ou dar uma de Lizzie, entendem?
O pior é que ainda existe gente que fica praticamente "atirando facas" nela e isso me entristece muito.
Mas tudo bem. Desculpem o tamanho e obrigado pela leitura. :3