Letícia tinha acabado de chegar de seu passeio com Maria. Fernando ainda estava trabalhando no galinheiro. Aquilo era impressionante se tratando de Fernando. Ele nunca despendia tanto tempo em uma coisa por vontade. Letícia preferiu não ficar se torturando mais e entrou na casa com Maria.

No mar, Atílio e Aldo conversavam.

–Quem é a Aurora, papai? Digo, de onde ela veio? Eu nunca a vi por aqui antes. Pergunta Aldo.

–É de outra cidade Aldo. Ela é apenas uma moça que acolhemos. Ela estava sem sorte na vida.

–E o Fernando?

–Esse eu salvei no mar, ele estava se afogando.

–E não tem família?

–Tem, mas não é conveniente que ele volte agora.

–Fernando, ele não me é estranho. Acho que o conheço de algum lugar.

De volta ao litoral, na casa, Maria tinha acabado de fazer uma laranjada, encheu um grande copo e pediu para Letícia levar para Fernando. Ela, meio a contragosto, acaba levando.

–Para o senhor! -Diz Lety esticando o braço para entregar-lhe o copo.

–Obrigado. Estou morrendo de sede. - diz Fernando pegando o copo.

Ao pegar o copo, Fernando sem querer esbarra seus dedos nos de Aurora, ele sente algo estranho, quase como um choque. Será que estava ficando louco, ou pior, se apaixonando por Aurora? Ele só tinha sentido aquilo com Letícia.

Lety percebeu que algo aconteceu. Tentou disfarçar, mas o simples toque de seu Fernando fez suas pernas bambearem.

–Está uma delicia. Agradeça a dona Maria, por favor. -Diz Fernando tentando cortar o estranho clima que se formou.

Letícia apenas consente e, com custo, se retira dalí.

Ao anoitecer, Atílio e Aldo já haviam retornado. Atílio ficou impressionado com o galinheiro. Para comemorar, convidou todos para irem se divertir num barzinho lá perto. A única que resistia era Lety.

–Vamos, Aurora, será bom. -Pede Aldo.

–Acho melhor não, Aldo. Não estou, ou melhor, não gosto muito de sair. -Retruca Lety.

–Bobagem! Vamos sim. Vai pela sua vontade ou terei que carrega-la? -Pergunta Aldo já fazendo menção de levanta-la no colo.

–Tá bom, eu vou.

Ao chegarem no bar, pedem várias porções de petiscos e muitas cervejas. No bar havia uma banda local que se apresentava. Atílio tirou Maria para dançar, Aldo tentou tirar Aurora, mas ela não quis. Ele acabou indo dançar com uma antiga amiga que encontrou por ali. Lety já não aguentava ficar sentada levantou e foi caminhar um pouco.Fernando não conseguiu resistir e foi logo atrás.

Quando Aurora já estava um pouco afastada do bar, da música, ela notou a presença de Fernando.

–Que susto, homem! -exclama Aurora ao se deparar com Fernando.

–Desculpe, não queria te assustar.

–Volte pra lá, parece assombração.

–Só se você dançar comigo, Aurora.

–Claro que não. Está louco? -mesmo que quisesse, não poderia. Se dançasse, Fernando descobriria que ela era a Lety, ela pensou.

–Só uma dança e te deixo em paz. -Diz Fernando já se aproximando e segurando ela pelo braço.

–Me solte ou eu vou gritar!

–Não vai gritar, sei que não vai. Hoje cedo você sentiu o mesmo que eu, não sentiu? Quem é você Aurora e por que você foge de mim?

Continua.