Stella chegou à escola que trabalhava há dois anos. Era o primeiro dia de aula, por isso iria conhecer vários rostinhos novos. Uma pequena garota chamou-lhe a atenção. Ela era pequena, aparentava ter uns seis ou sete anos. Ela estava encolhida no chão chorando. Stella se aproxima da garota e abaixa perto dela.

-Hey, querida. Qual o seu nome?

Ela não olha para Stella, não move nenhum músculo, mas Stella percebe que a garotinha prestou atenção, pois seu choro cessou. Stella tentaria de todas as maneiras conseguir uma resposta da garotinha.

-Hey, querida, eu sou Stella Taylor. Não vai mesmo me contar seu nome?

Ela não obtém resposta. Segura o queixo da menina e a faz olhar em seus olhos.

-Conte-me o que está acontecendo, querida. Eu prometo que eu não conto pra ninguém, okay?

-Mamãe falou para eu não falar com estranhos. –a menina diz quase num sussurro.

-Eu não sou uma estranha, querida, eu sou professora.

-Você dá aula aqui?

Stella sorri.

-Sim, meu anjo. Agora... Qual o seu nome?

A garotinha pensa e sorri.

-Meu nome é Lucy. Prazer em conhecê-la, tia Stella.

-O prazer é meu, Lucy.

Elas se abraçam.

-Agora, pequena Lucy, conte para a titia, por que você estava chorando?

-Eu não queria vir para a escola. Eu nunca estudei aqui.

-Está no primeiro ano?

-Uhum.

Stella sorri.

-Acho que eu vou ser sua professora.

-Sério, tia? Que legaaal!

Lucy pula nos braços de Stella. Uma mulher loira de cabelos curtos se aproxima.

Pov. Stella Bonasera

-Quem é você?

-Oh, me desculpe, é sua filha?

Meu Deus, quem é essa mulher? Ela é tão linda. Nunca encontrei uma mulher com tamanha beleza igual a essa. O que é isso, Stella? Você é uma mulher casada! E, além do mais, ela é uma mulher. Não que você seja preconceituosa, mas... É.

-Sim, é minha filha. Quem é você? –ela me pergunta enquanto pega a filha nos braços. Antes que eu responda qualquer coisa, Lucy se adianta.

-Ela é minha titia, mamãe. Ela vai ser minha professora. Ela é tão legal e bonita, né?

Oh Deus, que garota mais fofa. A mulher me olha.

-Oh meu Deus, me desculpe. É que eu te vi perto de minha filha, só que eu não sabia quem era você e...

-Eu entendo, senhorita... –eu digo, esperando que ela diga seu nome.

-Lindsay. Meu nome é Lindsay Monroe.

-Prazer, meu nome é Stella Taylor.

Lindsay Monroe. Vou guardar esse nome em meu coração. Nome lindo, não é? Lindo como a dona. PARE, STELLA! VOCÊ É CASADA, JÁ DISSE.

-Então... Estava difícil convencer essa menina a ficar aqui na escola. Não queria de jeito nenhum.

-Acho que agora ela fica bem, não é Lucy? Ela já é uma menina grande.

-É verdade, mamãe. Eu sou uma menina grande que já está na escola grande.

Eu e Lindsay rimos. Que riso lindo. É música para meus ouvidos.

-Bom, já que minha filha é grande e não precisa de mim, eu vou indo trabalhar, tá bom, meu bem? Se comporte.

-Tá bom, mamãe.

Lindsay da um beijo na cabeça de Lucy e a abraça. Depois disso, Lucy corre até mim e abraça minha cintura. Coloco minhas mãos em sua cabeça e faço carinho.

-Até mais, Stella.

-Até mais, Lindsay.

Ela sorri e vai embora. Observo cada passo seu. Olho para Lucy e sorrio.

-Vamos para a sala, pequena?

-VAMOS!

Ela sorri toda animada, segura minha mão e nós seguimos para dentro da sala de aula, onde já havia alguns alunos.

Lucy se senta de frente para minha mesa e eu sorrio. Coloco meu material em cima da mesa e me dirijo ao centro da sala.

-Olá, meus queridos.

Todos se levantam.

-Bom dia, professora.

Eu rio. Acho que já no primeiro dia de aula a diretora já colocou coisas na cabeça deles.

-Meus queridos, para que tanta formalidade? Nós vamos ser grandes amigos, okay?

Eles assentem com a cabeça.

-Bom, o que acham de me contar o nome de vocês? Eu começo falando o nome, idade e o que gosto, depois vai a princesinha aqui –eu digo apontando para Lucy que sorri. –Depois vai o de trás... E assim por diante, pode ser?

-Pode!

Todos se sentam.

-Bom, meu nome é Stella Bonasera Taylor, tenho 35 anos e gosto muito de brincar de esconde-esconde.

-Meu nome é Lucy Messer, tenho 7 anos, gosto de brincar de boneca.

Assim, todos falaram seus nomes, idade e o que gostam. Decido passar algo leve para ales, já que ainda é o primeiro dia de aula.

-Quem aqui gosta de desenhar?

Todos levantam a mão e gritam “EU”. Sorrio e pego um grande papel, canetinhas, lápis preto e lápis de cor. Abro o grande papel no chão e me sento.

-Todo mundo senta em volta do papel.

Todo mundo se senta em volta do papel.

-Todo mundo lembra o que gosta?

-Sim! –eles respondem juntos.

-Então todos peguem um lápis e desenhem no papel aquilo que gostam. Depois vemos como o desenho ficou, está bem?

-Sim! –eles respondem em coral novamente.

Sorrio e, depois que todos começam seus desenhos, sento-me em minha mesa e começo a bolar algumas coisas para a aula de hoje. Tudo light, porque, como eu disse, é o primeiro dia de aula.

Depois de duas horas desenhando e pintando, eles gritam em coral.

-TERMINAMOS.

Eu sorrio e me ajoelho perto deles.

-Vamos ver... UAU, que lindo, meus amores. Vocês desenham bem, hein?

Olho para cada desenho. Todos mostram carinhas felizes brincando com algo que eles gostam. Claro que os traços não são perfeitos, pois são crianças entre seis e sete anos, mas é lindo do mesmo jeito. Dá pra ver o quanto esses alunos são espertos.

-O que acham de colocar esse desenho na parede da sala, hum?

-Todos ficam eufóricos. Eles sorriem e afirmam com a cabeça. Pego o desenho e me levanto. Vou até a parede e, com a ajuda de uma fita adesiva, o colo na parede.

-E aí, crianças, o que acharam?

-Ficou bonito.

-Ficou legal.

Vários comentários diferentes que alegram ainda mais meu coração. Poxa, como eu amo minha profissão. O sinal bate.

-Hora do lanche!

Todos gritam um “Uhul” e correm para suas mesas para pegar suas lancheiras.

-Vejo vocês daqui a pouco, pequenos. Não corram.

Mas parecem não dar ouvidos. São sempre assim. Você implora para que não corram, mas tem sempre um que desobedece. Amo isso. Sei que é estranho eu dizer que goste de desobediência, não gosto, mas essa sim.

Depois do recreio, espalho várias peças de montar no chão.

-O que acham de brincar um pouco, hum? Antes de ir embora arrumamos tudo, okay?

Eles afirmam com a cabeça. Parecem animados. Será que os pais falaram alguma coisa? Tipo: Seja educado, obedeça a professora, não faça bagunça, tudo será diferente esse ano. Eles parecem surpresos de mais.

Observo eles brincarem e percebo que Lucy não brinca com ninguém. Fica olhando para mim.

-Não vai brincar com os outros, Lucy?

-Prefiro ficar te olhando. Você é tão bonita.

Eu sorrio.

-Você é mais bonita que eu, sabia, Lucy?

-Não sou.

-Nós duas somos bonitas então, pode ser?

-Pode. –ela diz sorrindo.

-Por que não vai brincar com os outros, Lucy?

-Quero ficar com você, tia.

-Olha, tive uma ideia. O que você acha de ir brincar agora e depois eu levo você para comer biscoitos na minha padaria favorita?

-EBAA! Eu quero, tia.

Eu sorrio. Ela vem até mim e me abraça.

-Você é a melhor tia do mundo.

Depois do abraço, corre para o meio da sala para brincar com as outras crianças.