A promise escrita por Selina Kyle


Capítulo 1
Capítulo único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/584438/chapter/1

"Oliver Queen está morto."

As palavras de Malcolm Merlyn assombravam minha mente. Estavam presentes em meus pesadelos. Minha dor era forte demais para que eu me permitisse pensar em outra coisa. Eu havia me tornado incapaz de fazer algo da minha vida que não fosse desabar em lágrimas.

No vazio da saudade, lamento a solidão. Sim, ainda tenho Diggle e Roy, mas após a morte de Sara, não estava preparada para outra perda. Menos ainda, a perda do grande amor da minha vida.

Durante os tempos de faculdade, eu me apaixonei por Cooper, mas nem mesmo o que eu sentia por ele durante minha adolescência conseguia ser um sentimento tão forte quanto o amor que eu nutria por Oliver.

Sinto-me culpada. Não por ele ter morrido, mas por não ter dito tudo que queria dizer antes dele partir. Suas últimas palavras também estavam em meus pesadelos. Assombrando-me por eu não ter dito que também o amava.

A memória do homem que um dia havia sido minha alegria, hoje é a minha tristeza.

Aquele que me fez sorrir, hoje me fazia chorar.
Até mesmo as boas lembranças...

Roy, Diggle e eu ainda fazemos o que costumávamos fazer quando ele ainda estava entre nós. Continuamos o que ele começou. Nós fazemos isso todas as noites, sem excessão. Nosso maior desejo é honrar a memória não apenas do Arqueiro, mas também do homem por trás da máscara.

Thea estava desolada. Era fácil notar, mesmo com ela esforçando-se ao máximo para não demonstrar seus sentimentos.

Laurel também parecia querer lidar com seu sofrimento. Ela ainda o amava... Sim, eu sabia disso. Esse sentimento cresceu ainda mais quando ela descobriu que ele era o Arqueiro. Mas não era amor como o que eu sentia. Ela não o amava com todas as suas forças, não desejava tê-lo por perto a cada minuto do seu dia. Mas quem sou eu para julgar o quão forte era o que ela sentia por ele? O importante era que ela sentia sim algo e parecia estar quase tão triste quanto na noite em que Sara morreu.

Quando Barry ficou sabendo, ele pareceu tentar ser forte, para que pudesse me consolar. Só que o conhecia bem demais para não perceber as lágrimas que ele tentava conter.
Todos que conheciam Oliver e receberam a notícia não conseguiam seguir com suas vidas. E quando digo conhecer, não estou falando do bilionário mulherengo, mas sim do homem que ele havia se tornado após sobreviver há cinco anos no inferno.

Já haviam se passado dois dias que eu não ia trabalhar.
Provavelmente demoraria um bom tempo até que me sentisse capacitada novamente para concentrar-me em meu trabalho. Ray e eu havíamos conversado sobre o assunto e ele me deu permissão para faltar alguns dias. Óbvio que não disse nada sobre a pessoa que perdi ser Oliver, afinal, Diggle e eu havíamos combinado com os outros de não dizermos sobre isso até que tivéssemos certeza absoluta.

E eu não tinha...

Não importava quanto tempo se passasse, eu nunca teria.

- Felicity... - Diggle me chamou, tirando-me dos meus pensamentos.

- Vai ficar tudo bem... - Completou Roy, parecendo querer me consolar.

Não respondi nada. Nós três sabíamos que não ficaria. Nunca. Jamais ficaria tudo bem. Nossas vidas não seriam as mesmas sem Oliver Queen. Todos ali se importavam com ele. Para Dig, ele era o melhor amigo. Para Roy, ele era o mentor. Para mim, ele era a pessoa com a qual eu mais me importava. Era o homem que eu amava.

(...)

Eu havia acabado de chegar em casa, onde finalmente pude desabar em lágrimas como tenho feito nos últimos dias. Sempre que chegava ao meu apartamento, deitava em minha cama e permitia-me chorar.

Tentava dormir, mas não conseguia. Passava meus dias tentando me mostrar forte, tentando superar a perda, mas quando anoitecia e eu chegava em casa, todo o meu esforço era em vão. Passava grande parte das minhas noites acordada, chorando e lembrando do homem que sempre amaria, estando ele vivo ou não.

- Felicity Smoak. - Ouvi sua voz, vinda da minha janela.
Aproximei-me dele, com total convicção de que estava em um sonho. Só tive certeza que o homem em meu quarto era realmente real ao ser abraçada por ele. Sonho ou alucinação nenhuma me fariam sentir daquela forma.

- Merlyn disse que você... - Comecei, ainda envolvida por seu abraço.

- Eu sei. - Afirmou, me encarando com uma expressão indecifrável. - Ele não mentiu.

- C-Como assim? - Perguntei, hesitante.

- Não sei bem como explicar... - Respondeu, aparentemente tão confuso quanto eu. - Eu tinha certeza que havia morrido. Eu tinha certeza que Ras Al'Ghul havia me matado... Mas... Eu... Estou vivo... - Ele tentava encontrar as palavras certas. - Ele cravou uma espada em meu peito, me jogou de uma montanha... Eu realmente não sei como posso estar vivo...

Sua expressão mudou então para completa seriedade.

- Eu não deveria estar aqui. - Falou. - Ras Al'Ghul não pode saber disso. Não conte a ninguém que estou vivo. Estarei de volta em breve, para sempre. Mas por enquanto, terá que manter esse segredo.

- Tudo bem... - Concordei, me afastando de seus braços para vê-lo melhor. Só então notei que ele vestia uma roupa muito parecida com a que Malcolm Merlyn usou durante o empreendimento. - Por que está vestido assim?

- Meu acordo com Ras Al'Ghul. - Enunciou, calmamente. - Ele ficará longe de Starling se eu for capaz de completar o treinamento. Se eu não conseguir, serei prisioneiro da Liga por dois anos, tempo suficiente para que ele "concerte" a cidade. Nesse último caso, terei permissão para retornar e continuar a ser o Arqueiro, desde que não me intrometa em seus planos para a cidade.

- Você está arriscando muito, Oliver. - Afirmei. - Tem muita coisa em jogo neste seu "acordo". - Fiz aspas com as mãos. - Está colocando o destino de Starling e o seu próprio em risco!

- Eu não o faria se não achasse que posso fazer. - Assegurou.

- Foi o que disse antes de enfrentá-lo. - Lembrei.

- Felicity... Eu sei o que estou fazendo... - Disse com convicção. - Quando enfrentei Ras Al'Ghul, não imaginei que suas habilidades fossem tão extraordinárias. Acredito que completar esse treinamento, não seja tão difícil quanto derrotá-lo.

- O que veio fazer aqui? - Interpelei. - Você mesmo disse que ninguém poderia saber que você está vivo...

- Não aguentava mais a tortura de ver você sofrendo. - Afirmou, com expressão extremamente séria. - Eu precisava que você soubesse que estou bem.

Nada consegui dizer. Aproximei-me um pouco mais dele e o pressionei meus lábios contra os seus. Ele em momento algum hesitou em corresponder.

Era um beijo delicado, lento, cheio de paixão e saudade...

Oliver então se afastou. Olhei para ele, visivelmente decepcionada pela inespera interrupção.

- Dizem que antes de morrer, nós não vemos toda a nossa vida passar diante dos nossos olhos, mas sim as pessoas que amamos. - Disse ele. - Eu vi meu pai... Minha mãe... Thea... E... Eu vi você, Felicity...

Ele então voltou a me beijar. Dessa vez era um beijo intenso, urgente e profundo. E dessa vez só paramos quando nos faltou ar.

- Eu também te amo... - Fui sincera ao dizer tais palavras. Palavras que aliás, eu já deveria ter dito há muito tempo.

- Quando eu voltar ficaremos juntos. - Assegurou. - Eu finalmente percebi o que já deveria ter percebido há muito tempo, Felicity. Você já corre riscos ao saber do meu segredo. Você já corre riscos estando ao meu lado, como minha amiga e parceira. Sendo assim, de que adiantaria reprimir o que sinto por você? Eu sempre te protegi! E sempre irei te proteger, porque não posso viver sem você.

Meus olhos brilharam ao ouvir aquelas palavras. Em momento algum de minha vida imaginei ouvir uma declaração tão sincera e ao mesmo tempo tão linda.

- Eu tenho que ir... - Lembrou, beijando minha testa. - Mas eu prometo voltar...

Oliver então deixou o meu quarto, sumindo de meu campo de visão.

A ferida em meu coração havia sido curada...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A promise" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.