O Último Desbravador do Leste escrita por Jel Cavalcante


Capítulo 10
Não se fazem mais garotas apaixonadas como antigamente


Notas iniciais do capítulo

Uma grande corrida contra o tempo misturada com uma pitada de romance dão cor a um capítulo mais que especial. E quanto mais elementos a narrativa vai reunindo, mais emocionante ela se torna.



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"O Mosca é um membro muito importante pro nosso grupo. A gente não pode simplesmente ignorar que ele desapareceu." - Um turbilhão de pensamentos inundavam a cabeça de Samuca enquanto as palavras iam saindo de sua boca.

"Mas o aviso diz claramente que a próxima prova vai começar em duas horas. A gente precisa se apressar!" - Vivi mal conseguia se conter de tanta emoção. Se o sumiço do garoto acabasse prejudicando o grupo, ela poderia deixar de ser considerada o membro mais fraco dentre eles.

"O aviso diz que a prova começa em duas horas, mas não diz pra onde a gente tem que ir. O que a gente faz?" - Binho estava apreensivo com a ausência do seu maior aliado no jogo e o tom de sua voz deixava isso bem claro.

Enquanto discutiam, Maria e Neco continuavam desfrutando da maravilhosa geleia de morango que havia sido entregue a eles para o almoço. Na medida em que o recipiente ia esvaziando, uma coisa estranha grudada ao fundo ia tomando forma. Maria percebeu que se tratava de um pedaço de papel e se apressou para resgatá-lo. Chamou a atenção de todos e leu em voz alta:

"Às duas da tarde, no máximo, as equipes deverão comparecer completas na Ponte da Esperança."

"Exatamente como eu imaginei! A prova se trata de encontrarmos o nosso líder e chegarmos todos juntos em um determinado destino. Sabia que o desafio já tinha começado!" - Samuca deu um pulo involuntário de alegria.

"Ta bom Samuca, todo mundo aqui já entendeu. Agora a gente precisa encontrar o Mosca o mais rápido possível." - Vivi mudou sua expressão completamente. Agora estava desapontada, pois sabia que o desaparecimento de Mosca era algo necessário para a próxima prova e não um simples desleixo.

O grupo Fogo se dividiu da seguinte forma: Vivi, Samuca e Maria foram pela direita, Binho e Neco pela esquerda. O combinado era que, independente de acharem ou não o garoto, os subgrupos deveriam chegar na Ponte da Esperança um pouco antes da hora marcada. E com isso, as buscas começaram oficialmente.

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Uma hora já havia se passado desde que o grupo Ar resolveu se dividir para procurar Duda. Tatu havia encontrado o papel no pote de geleia indicando o destino do próximo desafio e, desde então, as crianças se encontravam no meio da mata em busca de seu líder. À princípio, os quatro permaneceram juntos, mas em um determinado momento do percurso, Pata sugeriu que cada um fosse por um lado. Tatu insistiu em ficar ao lado de Tati e assim três trilhas foram formadas.

Pata estava muito mais preocupada em chegar a tempo para a prova do que em como estaria Duda, ao contrário de Cris, que em nenhum momento deixou de pensar se o garoto estava bem ou não. Já Tati e Tatu chegaram em um ponto onde não tinha mais onde procurar, e decidiram parar um pouco para descansar. Tatu havia copiado uma parte do mapa em seu braço para lembrar o caminho e os dois não se preocupavam em chegar a tempo, já que estavam bastante adiantados. A tal ponte era um dos lugares mais bonitos de toda a floresta e algumas das crianças já haviam passado por lá. Até porque, mesmo que aquela experiência se tratasse de um jogo complexo de eliminações e vitórias, o acampamento ainda podia ser encarado como um passeio de férias inesquecível.

Quando o relógio marcou vinte para as duas, Pata desistiu de procurar e desejou que um de seus colegas já tivessem encontrado Duda. A menina seguiu então para a ponte com medo de perder a hora. Neste momento, Cris estava percorrendo um caminho estreito, se esgueirando entre rochas e arbustos, gritando o nome do garoto desaparecido.

"Duda, você ta aí?" - A cada grito, seu coração disparava carregado de um sentimento estranho, como se nunca mais fosse ver o garoto que tanto amava.

Andou um pouco mais para frente e avistou alguém sentado embaixo de uma árvore com as mãos grudadas nos joelhos. Ao ver que se tratava de Duda, Cris correu em disparada para ajudá-lo a se desvencilhar das cordas que o prendiam ao chão.

O garoto estava acuado, com medo do vazio da floresta ao seu redor, e só despertou de sua dor quando pousou os olhos no rosto da menina à sua frente. Os cabelos de Cris reluziam ao sol, da mesma forma brilhante e encantadora de quando Duda a viu pela primeira vez ao chegar no acampamento. As bochechas de ambos coraram ao mesmo instante, quando os dois sentiram que estavam completamente sozinhos no meio do nada. Duda estava envergonhado pois dava para notar em seus olhos que havia chorado. Mas Cris nem sequer percebeu a vulnerabilidade do garoto pois tudo com que se preocupava era em saber como tirá-lo dali. Vasculhou algo em sua bolsa que pudesse ajudar e encontrou um cortador de unha, mas de nada adiantou. Depois começou a roer a corda, próximo ao ombro direito de Duda, e também não obteve sucesso algum.

"Você fica muito linda quando surge no meio do nada pra me salvar." - Duda estava rindo da garota, que logo se zangou e parou o que estava fazendo com uma feição cheia raiva.

"Se você continuar rindo da minha cara, eu não vou mais te ajudar." - Por dentro, Cris queria rir junto dele mas a timidez a impediu de demonstrar o quanto estava contente em tê-lo encontrado.

"Algumas dessas pedras são pontiagudas. Você poderia tentar achar uma que sirva pra romper as amarras." - Duda olhava ao redor á procura de algo que ajudasse a soltá-lo.

Cris pegou uma pedra qualquer e começou a raspar a corda aos poucos. Estava tão próxima do garoto que poderia sentir seu cheiro. Uma mistura de perfume adocicado com suor e protetor solar. E quanto mais tempo passava ali, mais suas pernas tremiam. Por um segundo pensou em largar o que tinha nas mãos, abrir os braços e apertá-lo de forma descomunal. E não se importaria se seus ossos arrebentassem com os dele, tamanho era a força de sua paixão incontrolável.

"Cris? Você parou de repente. Ta tudo bem?" - Duda olhava bem no fundo dos olhos de Cris e, ao descer um pouco a visão, vislumbrou os lábios frágeis da garota, como um casal de pássaros indefesos aprendendo a levantar o primeiro vôo. Nunca havia olhado assim para ninguém, tão de perto.

Cris também parecia não saber o que estava fazendo. O peso do seu coração a inclinou para frente, olhando fixo na boca do garoto, que parecia convidá-la para mais perto ainda. E quando o rosto dos dois se juntaram, foi ela quem deu o primeiro passo para o beijo com que tanto sonhava. Como suas mãos eram as únicas que estavam soltas, Cris segurava na nuca de Duda, apoiando seu joelho na coxa dele e pressionando suas costas na árvore.

Duda seguia os passos de Cris. Para ele, um beijo de verdade era similar a uma dança, e naquela dança específica, era a moça que conduzia o rapaz. Não por falta de experiência, mas sim por excesso de encantamento. A mão esquerda da menina permanecia em sua nuca enquanto a direita se adiantava para a bochecha, acariciando de leve, com os dedos seguindo em direção aos seus cabelos. Era um beijo mudo, sem muitos estalos, talvez até tímido demais para dois jovens em uma paisagem tão bonita como aquela, mas era também um gesto repleto de sinceridade. De repente as duas almas pareciam se fundir, e nenhum barulho daquela floresta poderia ultrapassar as batidas dos corações que ali estavam, feito tambores de uma grande marcha provincial.

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"Eu não quero sair pra procurar ninguém." - Reclamava Dani, tentando fazer com que seus colegas desistissem de chamá-la para procurar Rafa.

"Mas Dani, a gente é um time. Precisamos ficar juntos. A prova termina daqui à pouco e o Rafa precisa estar com a gente." - Bel tentava, sem sucesso, convencer a menina de procurar o amigo.

"Esse bilhete sobre a Ponte da Esperança não ta muito claro. É só pra gente chegar nessa tal ponte ou será que a gente precisa mesmo achar o Rafa?" - Comentou Ana atenta aos mínimos detalhes do papel em suas mãos.

"Por mim, a gente ia sem ele, mas por via das dúvidas é melhor procurar. Eu e a Bel vamos por esse lado. Ana e Teca, vocês seguem por ali." - André guiava o grupo como um verdadeiro líder - "Dani, já que você não quer ir, pelo menos toma conta do acampamento, que logo logo a gente ta de volta. Só espero que esse gorducho apareça..."

Ana e Teca saíram apressadas, deixando Dani para trás. A menina permaneceu sentada onde estava e sua expressão não era das melhores. Pela primeira vez, sentiu que o grupo estava do lado de Teca, atingindo o limite máximo de sua ira. Ao ver que todos já estavam bem longe, se direcionou para a bolsa de Rafa e tirou de lá a caixa de fósforos que usavam para acender a fogueira. Olhava em volta atentamente e sorria cada vez que imaginava alguma daquelas coisas ardendo em chamas.

"Então vocês preferem a chata da Teca , né? Seria uma pena se a gente não tivesse mais onde dormir…" - Dani dizia aquelas palavras como se estivesse sendo filmada, com um sorriso macabro no rosto e um olhar penetrante na direção das bagagens do grupo - "Ops…"

O fósforo escapou das mãos da garota e encostou na superfície da barraca. A menina estava achando aquilo realmente engraçado e ansiava ver a cara dos colegas quando se deparassem com o acampamento em ruínas. Ao ver que o fogo poderia se alastrar, retirou as bolsas e algumas folhas do chão, impedindo maiores prejuízos, mas ainda assim jogou toda a comida do grupo nas chamas.

Ao notar um sinal de fumaça no céu, vindo da direção do acampamento, Bel e André correram de volta com medo do que poderia estar acontecendo. Quando retornaram, encontraram Dani caída ao lado das bolsas e se apressaram para socorrê-la. Dani permanecia imóvel, mas por dentro se continha com todas as suas forças para não rir. André despejou toda a água do reservatório, mas foi em vão. O fogo já havia consumido a barraca das meninas por completo.

Ao ver que Dani estava bem, Bel perguntou o que havia acontecido e recebeu como resposta algo muito mais confuso do que toda a situação em si. Por mais que a menina insistisse, não acreditava que o vento pudesse ter soprado uma brasa tão forte para o lado da barraca, até porque Rafa havia tomado o devido cuidado ao fazer a fogueira em um local onde não prejudicasse o acampamento.

Após o susto que tiveram, Bel resolveu ficar de olho em Dani enquanto André continuava a procurar Rafa. O tempo ia passando e a equipe Terra parecia estar ficando para trás.

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Bia ainda não tinha total certeza se deveria ajudar seu grupo na busca por Janjão. Fora ela quem achara o bilhete alertando sobre ir para a Ponte da Esperança, mas quando olhava para Marian e Janu juntas como se fossem bffs, sentia um nó muito forte na garganta. Fábio ficou de cobrir a maior parte da área que haviam reservado para fazerem as buscas, deixando uma parte pequena para as garotas. Marian e Janu seguiram em frente, sem ao menos perguntarem se Bia gostaria de ir junto. Ignorar a menina fazia parte do plano de Marian, que torcia para ver Bia longe daquele jogo o mais rápido possível. Deixando ela de lado seria mais fácil convencer a todos para votarem nela no próximo conselho.

Sentada diante do banquete, Bia notou que ninguém havia pensado em procurar no riacho, que era um dos cenários mais importantes para a competição, e poderia muito bem ter sido o local escolhido para esconderem Janjão.

"A minha única chance de permanecer mais um dia nesse lugar é achando o Janjão… Que seja então…" - Bia se levantou e andou apressada rumo ao riacho. Levava consigo um pedaço de madeira um pouco maior que ela mesma, com uma lâmina na ponta para o caso de se ver em perigo. Era uma espécie de lança que havia confeccionado no tempo ocioso em que passou na caverna, longe dos colegas de grupo.

Chegando lá, Bia avistou Janjão ao longe, preso em uma rocha no meio da água. A menina correu segurando sua lança e nadou rapidamente na direção do garoto. Janjão estava temeroso por se encontrar preso numa superfície estreita cercada de água por todos os lados. Quando viu Bia vindo em sua direção, notou que a garota estava trazendo consigo uma arma e não soube identificar de primeira do que se tratava exatamente.

"O que é essa coisa aí com você? Ficou maluca? Cuidado com isso aí, ou você pode acabar me machucando!" - Alertou Janjão encolhendo ainda mais as pernas.

"Ta com medinho, é?" - Bia dava risada enquanto usava a lâmina para romper a corda. Quando Janjão se encontrou completamente livre, ergueu os braços para que Bia o tirasse dali e recebeu ainda mais risadas em troca.

"Anda, para de rir da minha cara e me tira logo daqui, senão a gente vai acabar perdendo a prova." - Janjão mantinha um semblante sério no rosto.

Bia agarrou Janjão com cuidado e o puxou devagar. Quando os dois estavam bastante próximos, ela se deu conta de que ele poderia ter pulado na água ao invés de pedir sua ajuda. E antes que pudesse falar qualquer coisa, foi surpreendida por um beijo apressado, quase roubado, que mal teve tempo de processar.

"O que você pensa que ta fazendo?" - Bia olhou furiosa para Janjão, segurando a lança com a mão esquerda e o pescoço dele com a direita.

"Calma Bia. Foi só um beijinho" - Janjão estava com medo que a menina se descontrolasse e usasse sua arma sem querer.

Ao perceber o que estava fazendo, Bia soltou o pescoço do garoto e nadou apressada para a superfície. Janjão veio em seguida, quieto e um pouco envergonhado com o fora que havia acabado de levar. Bia corria na frente, rumo à ponte onde deveria chegar em menos de dez minutos.

"Espera aí. Eu não acredito que você vai me dar um fora assim, sem dizer nada e sair correndo depois." - Janjão parou um pouco mais atrás esperando que Bia desse alguma satisfação sobre beijo.

"A gente não tem tempo pra falar sobre essas besteiras agora. Anda, vem logo. A prova vai acabar em dez minutos e eu preciso te levar até a Ponte da Esperança." - Bia falou apressada e continuou a correr. Mais atrás, ouviu a voz do garoto resmungando baixinho.

"Não se fazem mais garotas apaixonadas como antigamente" - Janjão seguia triste e cabisbaixo arrancando com força os galhos das plantas que se metiam em seu caminho.

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Vivi, Samuca e Maria já estavam bastante cansados e seguiam direto para a ponte.

"Não é possível! A prova parecia tão fácil e a gente ainda perde." - A menina estava nitidamente descontente com o resultado das buscas.

"Calma, Vivi. Pode ser que o Binho e o Neco tenham encontrado o Mosca." - Maria tentava acalmar Vivi mas por dentro sentia um friozinho na barriga. Se o grupo tivesse que ir a um conselho naquele dia, talvez ela fosse eliminada.

"Maria, me diz uma coisa. Se por acaso a gente tivesse que ir pro conselho hoje, em quem você votaria?" - Perguntou Vivi tentando disfarçar o grande interesse que tinha sobre as opções de voto da menina.

Samuca, que estava um pouco mais à frente, parou para ver o que Maria tinha a dizer.

"Eu… eu ainda não pensei nisso… Talvez eu vote no Binho ou no Neco…" - Falou Maria com medo.

"Você só ta falando isso porque ta na nossa frente. Aposto que você vai votar em mim, não é? O Mosca já deve ter feito a sua cabeça. Eu sei que ele ta tentando reunir todo mundo contra mim." - As palavras de Vivi soavam agressivas na medida em que Maria ia tentando se esquivar de suas perguntas.

"Pera aí Vivi, desse jeito você vai acabar assustando a Maria.” - Samuca tentava contornar a situação, aproveitando o momento para tentar conquistar a confiança da menina - "Olha só Maria, você tem dois caminhos nessa competição. Ou você segue comigo e com a Vivi, ou você continua com o Mosca e os outros. Se você optar por nós, talvez você chegue muito mais longe do que com o Mosca. Eu não sei se você sabe mas... o Mosca com certeza prefere proteger os garotos do que você."

Ao ouvir tudo aquilo de uma vez só, Maria saiu correndo assustada. Vivi e Samuca correram atrás, tentando impedir que a menina permanecesse com medo deles, mas já era tarde demais. Só restava torcer para que Binho e Neco aparecessem com Mosca na ponte, ou senão o grupo Fogo inteiro estaria em apuros.

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Quando Cris lembrou sobre a prova, já era tarde demais. Havia passado todo o tempo ao lado de Duda, conversando sobre o quanto ela o admirava e sobre o momento em que começou a perceber que era apaixonada por ele. E depois de muita conversa fora, viu que tinha feito tudo errado. Ainda era cedo demais para saber se Duda queria mesmo alguma cosia séria com ela, e tudo que ele menos precisava saber era dos detalhes à respeito dos seus sentimentos.

Duda pediu que ela o desamarrasse, e foi quando Cris lembrou da pedra que havia escolhido para tentar rasgar a corda. Continuou por alguns segundos e por fim Duda estava livre daquela maldita árvore. Agora podia abraçar Cris com vontade. Puxou a menina mais para perto e envolveu seus braços nas costas dela. Foi esse o momento em que descobriu que haviam acabado de perder a prova. E, se por um lado era triste perder, por outro Duda havia ganho uma tarde e tanto.

"Desculpa ter esquecido de te contar sobre a gente ter que ir pra Ponte da Esperança e tudo mais..." - Cris completou o pedido de desculpas com um beijo de leve na bochecha de Duda.

"Na bochecha? Você quer que eu te desculpe com um beijo na bochecha?" - Duda riu e puxou Cris para junto de si. A menina já estava até se acostumando com os puxões que recebia do garoto. Sempre com cuidado para não machucá-la. E agora o beijo parecia curar toda e qualquer tristeza sobre a derrota que haviam causado ao grupo.

"Cris, eu quero te pedir uma coisa. Não conta pra ninguém sobre a gente, ta? Tenho medo do pessoal querer nos eliminar. Casais chamam muita atenção nesse tipo de jogo." - Duda tentou falar aquilo com um jeitinho todo especial, mas não conseguiu evitar que a menina fechasse a cara para ele.

O clima parecia ter diminuído um pouco após aquele pedido e os dois se levantaram para irem juntos à ponte. Cris ainda tinha muita coisa para dizer, e algumas nem sabia ao certo se deveria de fato colocar para fora. Como por exemplo, o colar de imunidade. Talvez aquele fosse o momento certo para contar sobre sua grande descoberta. Mas ao ver que Duda começou com o papo de não contar a ninguém, a menina resolveu deixar aquele detalhe para outra hora. Antes de começarem a caminhar, Duda a trouxe para junto de si uma última vez e a beijou profundamente. Olhou em seus olhos e disse: "Aconteça o que acontecer, eu vou estar sempre do seu lado."

Os dois começaram a andar de mãos dadas, mas ao ver que se aproximavam da ponte, Duda soltou as mãos de Cris e fingiu estar desapontado com a derrota na prova. Pelo visto, um novo tipo de aliança começava a tomar forma na competição.

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Alguns membros das equipes já se encontravam na Ponte da Esperança mas nenhuma delas estava completa. Pata estava muito nervosa, se movendo de um lado para o outro. Quando Tatu e Tati chegaram, ficou ainda mais assustada. Faltavam poucos minutos para encerrar a prova e nada de Duda nem de Cris.

"Será que ela teve sorte?" - Perguntou olhando para Tati, e as duas permaneceram em silêncio esperando os dois chegarem.

Mais adiante, Marian, Janu e Fábio já se davam por vencido, imaginando o que poderia acontecer caso nenhuma equipe conseguisse estar completa antes das duas horas. Binho e Neco também estavam ali, à espera de algo que os salvasse. Do grupo Terra, Teca e Ana conversavam em um canto afastado, esperando seus colegas de grupo, que poderiam chegar a qualquer momento.

Bárbara permanecia no meio da ponte, de óculos escuros, torcendo para que no mínimo uma equipe conseguisse completar o desafio. Seu rosto se mantinha sério mas por dentro estava sentindo uma ponta de dúvida sobre a dificuldade da prova - "Se nenhuma equipe chegar a tempo, eu vou ter que cancelar essa prova… e eu não quero ter fazer isso." - Pensava sem tirar os olhos da entrada da ponte.

Faltava menos de um minuto para as duas quando, de repente, no fim do horizonte duas silhuetas corriam apressadas. Nesse momento, todos que estavam na ponte correram para ver quem eram aqueles dois. Os ponteiros do relógio iam se apertando cada vez mais, e aqueles dois pareciam dispostos a darem tudo de si para chegarem a tempo.

Foi através de um graveto gigante de ponta afiada, que Marian pôde anunciar em um grande berro: "É a Bia! Ela conseguiu!"

Bia e Janjão pousaram os pés na ponte sem quase nenhum fôlego restante em seus corpos. Todos se sentiram na obrigação de aplaudi-los no que parecia ser a prova mais difícil da competição até o momento. Com isso, Bárbara decretou que somente o grupo Água estava a salvo do conselho que aconteceria ainda naquela noite. Os outros três grupos deveriam se reunirem com ela, um por vez, e decidirem em conjunto qual membro deveria ser eliminado.

Janu abraçava Janjão bem forte e, por cima de seus ombros, o garoto firmava os olhos em Bia. Ainda tímido com o episódio que tinham passado juntos no riacho, mas com uma grande admiração pela garota. Bia estava bastante cansada e parecia uma verdadeira guerreia amazonas com a lança nas mãos. A menina mal podia acreditar que tinha acabado de salvar todo o grupo da eliminação.

Logo em seguida, Duda e Cris vinham de um lado, ao mesmo tempo que Samuca, Vivi e Maria do outro. Dava para notar de longe a decepção nos olhos de Pata, que nem mal conseguia levantar a cabeça. Dentre as equipes perdedoras, o grupo Ar foi o que chegou mais perto de vencer e isso deixou a menina ainda mais furiosa. Bárbara se dirigiu aos membros do grupo Terra para informar onde eles poderiam encontrar Rafa, e fez o mesmo com o grupo fogo para acharem Mosca. Com isso, as equipes voltaram para seus respectivos acampamentos, como verdadeiros heróis diante de um grande combate.


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Notas finais do capítulo

Tinha dado uma pausa e resolvi voltar com tudo. Alguns comentários me deixaram bastante contente para voltar a escrever. Espero que tenham gostado.



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