Backstage escrita por Gabriela Blanco


Capítulo 2
Capitulo-1


Notas iniciais do capítulo

Gente,eu queria pedir desculpas porque eu sou péssima respondendo os comentários.
Espero que vocês gostem desse capitulo.



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De: V.Catillo22@hotmail.com
Sábado, 8 de junho de 2013 12:42
Para: L.V824@yahoo.com
Assunto: Re: oi

“Você não acha um saco quando as pessoas respondem
e-mails usando emoticons?”

De: L.V824@yahoo.com
Sábado, 8 de junho de 2013 12:59

Para: V.Castillo22@hotmail.comAssunto: “Até que não


De: V.Castillo22@hotmail.com
Sábado, 8 de junho de 2013 13:04
Para: L.V824@yahoo.com
Assunto: Re: até que não

“Vou fingir que não vi isso.”

“Uma vez li que na Rússia as pessoas sempre usam um ponto de exclamação na saudação das cartas.
Não é hilário? Deve parecer que os russos estão sempre gritando uns com os outros. “Ou então que estão muito surpresos por estarem conseguindo falar com o destinatário.”


De: L.V824@yahoo.com
Sábado, 8 de junho de 2013 13:07
Para: V.Castillo22@hotmail.com
Assunto: sem chance

“Ou vai ver eles só estão felizes por estarem escrevendo para a pessoa em questão...”
Tipo eu agora: !!!!!!!!!!!

De: V.Castillo22@hotmail.com
Sábado, 8 de junho de 2013 13:11
Para: L.V824@yahoo.com
Assunto: Re: sem chance

“Hum, obrigada. Só que essa carinha aí... Ser feliz não é assim.”

De: L.V824@yahoo.com
Sábado, 8 de junho de 2013 13:12
Para: V.Castillo22@hotmail.com
Assunto: sem chance

“E como é ser feliz, então?”
De: V.Castillo22@hotmail.com
Sábado, 8 de junho de 2013 13:18
Para: L.V824@yahoo.com
Assunto: Ser feliz é

“Ver o sol nascendo no porto. Tomar sorvete num dia de calor. Ouvir o barulho das ondas
ali no fim da rua. O jeito como meu cachorro se enrosca perto de mim no sofá. Dar um passeio a pé de noitinha. Filmes legais. Tempestades. Um belo cheeseburger. Sextasfeiras.Sábados. Quartas-feiras, até.
Mergulhar a ponta dos dedos do pé na água. Pijama. Musica. Nadar. Poesia. A ausência de emoticons num e-mail.
E pra você, como é ser feliz?”


De: L.V824@yahoo.com
Sábado, 8 de junho de 2013 13:19
Para: V.Castillo22@hotmail.com
Assunto: Ser feliz é


“Conhecer novos lugares e tomar sorvete”


(...)


Pov´s Violetta

Não foi muito diferente de um circo, e chegou à cidade praticamente do mesmo jeito. Só que em vez de carregarem elefantes e girafas, vieram câmeras e microfones.
No lugar de palhaços, jaulas e corda bamba,Trouxeram assistentes de produção, trailers e metros e mais metros de cabos bem grossos.

Teve um quê de mágica na maneira como apareceram, surgidos do nada,
Montando tudo tão depressa, que mesmo quem já estava esperando pela coisa toda acabou sendo pego de surpresa.
E, à medida que o povo de Henley foi se aglomerando para assistir, até mesmo os integrantes mais metidos da equipe de filmagem não tiveram como evitar o ligeiro arrepio
de expectativa, a corrente elétrica que parecia tomar conta da cidade.


Eles estavam acostumados a trabalhar em locações como Nova York ou Los Angeles, onde os nativos preferiam manter distância e ficar resmungando sobre os engarrafamentos enormes e pelo sumiço das vagas de estacionamento, balançando a cabeça para os holofotes que extinguiam a
Escuridão. Em alguns lugares no mundo, um set de filmagens não passa de uma aporrinhação, um transtorno que chega para interromper a vida real.

Mas Henley, no Maine, não é um desses lugares.
Como era junho, em pleno verão, a multidão que se aglomerava para olhar enquanto o pessoal descarregava os caminhões era bem numerosa.

Ao longo de todo o inverno, os moradores perambulavam pelas lojas vazias, tentando ficar sempre bem juntinhos uns dos outros para se protegerem da friagem trazida pelo mar.

Mas, assim que o verão dava as caras, o número de habitantes quadruplicava ou quintuplicava na mesma hora, com multidões de turistas voltando a lotar as lojinhas de suvenires,as casas de veraneio e as pousadas ao longo da praia.

Henley era como um urso gigante, que passava os longos invernos hibernando para então despertar de volta à vida sempre na mesma época, todos os anos.
A cidade inteira aguardava ansiosamente pelo feriado Memorial Day, quando a virada oficial da estação inaugurava os três meses de invasão
Ininterrupta de velejadores, pescadores, casais em lua de mel e veranistas.


Mas eu sempre detestei a alta temporada, e agora, enquanto
Tentava abrir caminho através da massa de pessoas que ocupavam a praça principal, eu me lembrava do motivo desse ódio.

Fora do verão, a cidade era toda minha.Mas naquele dia escaldante do início de junho, entretanto, Henley pertencia aos forasteiros outra vez.

E aquele verão prometia ser ainda pior que os outros.
Porque naquele verão haveria as filmagens na região.
Algumas gaivotas cruzavam o céu, e uma sineta a bordo de algum barco começou a tocar. Enquanto isso eu apressava o passo para me afastar dos turistas boquiabertos e dos trailers enfileirados ao longo da avenida do porto, tal como um acampamento cigano.
Havia um gosto de sal no ar, e o cheiro de peixe frito já começava a emanar do Lobster Pot,restaurante mais antigo de Henley.

O dono do lugar, Antonio, observava o burburinho apoiado no vão da porta, seus olhos se mantinham fixados na agitação na rua.

— Movimentado à beça, hein? — comentou ele, e eu parei para acompanhar o seu olhar. Enquanto nós dois observávamos, uma limusine preta deslizou até a entrada da tenda principal do set, seguida por uma van duas
motocicletas.

— E agora os fotógrafos virão também — murmurou
Antonio.

Eu não consegui evitar franzir a testa enquanto observava a explosão de flashes que acompanhavam a porta da limusine se abrindo.
Ele suspirou.
— Só espero que esse pessoal goste muito de lagosta.
— E de sorvete também — acrescentei.

— É isso aí — concordou ele limpando as mãos sujas de gordura na camisa.
— E de sorvete também.

Quando chegou à entrada da lojinha amarela com toldo verde e letreiro
Desbotado onde se lia SPRINKLES, Eu já estava dez minutos atrasada. Mas não havia motivo para se preocupar; a única pessoa lá dentro era Ludmila,a melhor amiga e pior funcionária que alguém poderia ter , ela estava debruçada no
Balcão de sorvetes, folheando uma revista.

— Dá pra acreditar que nós vamos passar o dia presas aqui dentro, justamente hoje? — perguntou Ludmila revoltada assim que entrei, fazendo balançara sineta que ficava acima da porta.
O interior da loja era todo colorido, cheirava a calda de açúcar e, como sempre, tinha algo que me remetia ao passado, removendo os anos da minha vida um a um, como se fossem as camadas de uma cebola. Eu tinha somente quatro anos quando me mudei para Henley com minha mãe, e depois da longa viagem pela estrada desde Washington com o carro pesado por causa das tralhas que nós duas estavamos carregando, e o silencio por causa de todas coisas que estávamos abandonando fizemos uma parada na cidade
para descobrir o melhor caminho até a casinha de veraneio que tinham alugado. Minha mãe estava ansiosa para pôr um ponto final na jornada iniciada bem antes das últimas dez horas dirigindo.

Mas Eu passei direto pela porta da loja para colar o nariz salpicado de sardas no vidro abaulado do balcão. Assim minhas primeiras lembranças naquela vida seriam os ladrilhos pretos e brancos o ar gelado sobre meu rosto e o doce sabor do soverte de laranja, numa tentativa de recomeçar e esquecer o passado.

Agora eu me abaixava num grande esforço para passar por de baixo do balcão e pegar um avental pendurado no gancho da parede.

— Acredite você não ia querer estar lá fora — Eu disse me dirigindo a Ludmila. —Aquilo está uma loucura.

— Mas é claro que está — respondeu a mesma, saindo de onde estava para sentar-se no balcão ao lado da caixa registradora, mantendo seus pés balançando no ar.

— Acho que jamais aconteceu nada de tão importante assim nessa cidade. — dizia Ludmila, com os olhos brilhantes.

— É como aquelas coisas que a gente vê nos filmes, se não fosse literalmente um filme mesmo. — Ela voltou a pegar a revista que estava lendo e a ergueu para me mostrar.

— E não é qualquer filminho alternativo, não, tem astros de verdade envolvidos na produção. Lara Bolçone e Leon Vargas. Leon Vargas. Passando um mês inteiro bem aqui.

Semicerrei os olhos para enxergar a foto que Ludmila sacudia, a imagem de um rosto que eu já vira milhares de outras vezes: um sujeito de cabelos claros e olhos catanho-esverdeados de testa franzida enquanto acotovelava um bando de fotógrafos para abrir caminho.


Mesmo sabendo que ele tinha mais ou menos a idade das duas, algo o fez parecer mais velho. Eu tentei visualizá-lo aqui em Henley, escapando dos paparazzi distribuindo autógrafos, batendo papo com sua linda colega de cena nos
Intervalos das filmagens, mas não conseguiu fazer sua imaginação cooperar.
— Todo mundo acha que ele e Lara estão juntos, ou que é só questão de tempo até isso acontecer — falou Ludmila. — Mas quem sabe? Vai ver o cara gosta mais de garotas do interior. Será que ele vai aparecer na sorveteria algum dia desses?

— Só existem doze lojas na cidade inteira — respondi.

— Então, estatisticamente, as chances provavelmente estão a seu favor.
Ludmila ficou olhando enquanto Eu começava a enxaguar as conchas de sorvete na pia.

— Como você consegue ficar assim tão inabalável com essa história
toda? — indagou. — Isso tudo é tão empolgante!

— É um saco — retruco sem erguer os olhos das conchas.

— É bom para os negócios,mas é um saco.

— Parece até que o parque de diversões chegou à cidade.

— Exatamente — concordou Ludmila com um ar triunfante. — E parques de diversão são ótimos.

— Não para quem odeia montanha-russa.

— Bem, mas dessa vez você já está sentada no carrinho e não tem mais como sair — argumentou Ludmila, rindo. — Então é melhor apertar bem o cinto.
As manhãs na loja eram sempre bem tranquilas. O movimento só começava mesmo após o almoço, mas, com aquela agitação na cidade, algumas pessoas começaram a aparecer querendo comprar pacotinhos de balas, que ficavam em vidros nas prateleiras, ou atrás de uma casquinha fora de hora para amenizar o calor. Já quase no finalzinho do meu turno,
Eu ajudando um garotinho na difícil decisão escolher o sabor do sorvete enquanto Ludmila preparava o milk-shake de chocolate para a mãe dele, que estava ocupado com uma conversa no celular.

— Que tal menta com gotas de chocolate? — sugeri debruçando o corpo no vidro frio enquanto o menino, que não devia ter mais que uns 3 anos, ficava nas pontas dos pés para espiar os diversos sabores.

— Ou creme com biscoito?
Ele balançou a cabeça, fazendo a franja cair nos olhos.

— Eu quero porco.

— Pouco?

— Porco — repetiu ele, agora com menos segurança na voz.

— Que tal esse de morango? — Eu disse apontando para a massa de sorvete cor-de-rosa. O garoto fez que sim com a cabeça.
— Porco é cor-de-rosa — explicou ele, enquanto eu servia uma bola do sorvete num copinho.
— É verdade — concordou ela, entregando o copo ao garoto. Mas sua cabeça já estava longe, pensando no e-mail que tinha recebido umas
Semanas antes de... Bem, eu não sabia exatamente quem era o remetente; não de verdade, pelo menos.


Mas a mensagem contava que o porco dele,
Wilbur, para horror do dono, dera um jeito de roubar um salsichão da grelha durante um churrasco.


Meu porco, dizia o e-mail, agora é oficialmente um canibal.
Não faz mal, Eu escrevera de volta. Duvido que tenha alguma carne de verdade no tal salsichão, mesmo.

O torpedo inicial dera origem a uma longa sequência de mensagens sobre o que de fato havia na lista de ingredientes de um salsichão, fato que, obviamente, fez a conversa se desviar para outros temas, desde as comidas favoritas de cada um a pratos mais gostosos das datas festivas, até que eu
Notei o relógio mostrando que já eram quase duas horas da madrugada.

Mais uma vez, nós dois tínhamos conseguido conversar sobre tudo sem falar de fato sobre coisa alguma, e mais uma vez eu ficara acordada até muito tarde.

Mas sempre valia a pena. Mesmo agora, durante meu turno na sorveteria, eu me flagrava sorrindo com a lembrança dos
e-mails, que pareciam tão verdadeiros e sinceros quanto qualquer conversa cara a cara que eu já tivesse experimentado.

Vinha acontecendo praticamente no fuso horário da Califórnia, comigo ficando acordada até tarde para esperar o endereço dele surgir na telinha do celular, sentindo os pensamentos vagarem constantemente para a outra extremidade do país. Sim,eu tinha noção de que aquilo era
ridículo. Ambos não sabiam nem o nome um do outro. Mas na manhã seguinte à tal primeira mensagem enviada por engano, ela encontrou um novo recado assim que acordou:


Bom dia, V, dizia a mensagem, aqui está bem tarde e acabei de entrar em casa e dar de cara com Wilbur dormindo dentro de meu guarda-roupa.
Geralmente ele fica na área de serviço quando estou fora, mas o “passeador de cachorro” que saiu com ele deve ter esquecido o portãozinho aberto. Se
você morasse mais perto, com certeza iria fazer um trabalho muito melhor...
Eu, que tinha acabado de sair da cama, fiquei parada diante da
escrivaninha, a luz matinal entrando pela janela, piscando, bocejando e sorrindo sem saber muito bem o motivo.


Bom dia, L.
Sentada ali, eu me lembrava da troca de mensagens da noite anterior, e como todas as noites eu me sentia tomada por uma onda de euforia. E, por mais que a idéia de nem saber o nome dele às vezes me pareça estranha, havia alguma coisa que me impedia de perguntar. Porque aquelas duas simples palavrinhas, nome e sobrenome, eu sabia muito bem, inevitavelmente resultariam numa reação imediata, tanto por minha parte quanto a dele:
Primeiro a barra de buscas do Google, depois o Facebook,depois o Twitter, avançando mais e mais, vasculhando os quatro cantos da internet até todo o mistério finalmente ser solucionado.

E talvez os fatos não fossem tão importantes quanto o restante da história: a sensação de expectativa que tomava conta de mim enquanto os meus dedos pairavam no teclado do celular, ou a maneira como uma interrogação que pulsara em meu peito durante a noite toda podia ser substituída rapidamente por um ponto de exclamação assim que chegava um e-mail dele. Talvez houvesse um quê de segurança nesse não saber, algo que dava a sensação de que todas as perguntas, na verdade, não eram tão
Importantes assim.
Eu olhei para a tela mais, depois toque as teclas
Querido L escrevi, e assim a coisa prosseguiu.

Eu acreditava que a nossa “relação” se baseava muito mais em detalhes do que fatos, coisas bobas mais intimas que costumam dizer tudo sobre a sua personalidade, como pequenas migalhas dele, uma pessoa que eu construía em minha mente baseado em detalhes.
E os detalhes eram a melhor parte, eu sabia, por exemplo, que L.V — como eu havia me acostumado a pensar nele —, quando criança, tinha ganhado um corte na testa ao tentar pular do teto da van da família.
E que, em outra ocasião, fingiu estar se afogando na piscina de um vizinho, dando um baita susto
em todo mundo quando foram tentar resgatá-lo.
Ele que ele gostava de desenhar edifícios — prédios altos, ou aqueles clássicos com fachada de tijolos, ou ainda arranha-céus com fileiras e mais fileiras de janelas — e que, quando ficava ansioso, acabava rabiscando cidades inteiras. Eu sabia
Que ele tocava violão, mas não muito bem.
Que tinha planos de um dia morar no Colorado. Que a única coisa que sabia fazer na cozinha era queijo quente.
E detestava trocar e-mails com a maioria das pessoas, mas que isso não se aplicava a mim.
Você é bom em guardar segredos?, Eu o perguntei um dia,
Porque era uma coisa que eu achava importante saber. Para mim, a maneira como a pessoa lidava com segredos podia dizer muito a seu respeito — se
Conseguia guardá-lo, quanto tempo levava até contar a alguém, a maneira como agia quando estava tentando não deixar o segredo vazar, coisas assim.
Sou, ele respondeu. E você?
Também, eu disse, simplesmente. E a conversa acabara ali.
Durante toda a minha vida segredos foram sinônimos de coisas pesadas e incômodas. Mas aquilo? Aquilo era diferente.

Haviam se passado apenas três meses desde a primeira mensagem, mas parecia muito mais tempo. Se minha mãe tinha reparado em alguma coisa diferente, ela não disse. Se Ludmila havia começado a achar que eu estava agindo de um jeito meio estranho, também não fez qualquer menção.
Provavelmente, a única pessoa que devia estar percebendo a diferença nela era a pessoa do outro lado dos e-mails.Eu já me flagrava sorrindo.Mas de repente um clique atrás de mim me trás de volta a realidade.
Quando viro o corpo para olhar, dou de cara com os resultados de uma explosão de milk-shake de chocolate. Havia meleca por toda parte, nas paredes, no balcão e no piso, mas principalmente em Ludmila, que piscou duas vezes e depois limpou o rosto com as costas da mão.
Por um instante, eu tinha certeza de que ela iria começar a chorar. A camisa estava empapada de chocolate, e havia ainda mais milk-shake escorrendo dos cabelos. Ludmila parecia recém-saída de um ringue de luta nalama — depois de ter perdido o round.
Mas então o rosto dela se abriu num sorriso.
— Você acha que Leon Vargas aprovaria este visual?
E eu dei risada.
— Quem é que não gosta de um bom milk-shake de chocolate, né?
A mãe do menininho tinha baixado o celular, boquiaberta, mas agora já estava pegando a carteira para deixar umas notas no balcão.
— Acho que vamos levar só o copinho de sorvete mesmo — falou conduzindo o filho porta afora, virando a cabeça uma vez só para Ludmila que continuava encharcada.
— Assim sobra mais para nós — comentou ela, e começamos a rir outra vez.
Quando conseguimos limpar toda a bagunça, me turno já estava acabando.
Ludmila deu uma olhada para o relógio, depois para a própria camisa.
— Sortuda. Eu ainda vou ter que passar mais duas horas aqui com essa cara de quem acabou de escapar da fábrica do Willy Wonka.Mas então eu me lembrei.

— Eu vim de camiseta por baixo — disse, tirando a camisa azul. — Você pode usar a minha.
— Valeu — ela murmurou, entrando no banheiro minúsculo que ficava perto dos freezers no fundo da loja.


— Acho que tem chocolate até dentro das minhas orelhas.


—Você quer que eu fique com você até o Federico aparecer? Mamãe não se incomoda se eu demorar.

— Não precisa — disse Ludmila, então surgiu de volta, parecendo um robozinho causa da camisa pequena.
— Ficou meio apertada — admitiu ela rindo,e eu fiz careta.

—Você não tem culpa de ser baixinha Vilu. —Ela disse dando uma tapinha na minha cabeça como se fosse uma criança,e eu revirei os olhos.Eu já estava acostumada com aquele tipo de gozação,mas tinha uma vantagem em tudo aquilo,sendo aquela pessoa miudinha e não me destacaria na multidão,o que desde que e minha mãe nos mudamos pra cá vem sedo nosso principal objetivo.

–Ta bom, sua ingrata eu vou em borá.-Eu disse caminhando em direção a porta.

Mas antes que eu pudesse abri-la,alguém a puxa do lado de fora.Um sujeito de casaco preto e por mais estranho que pareça,pois já era noite de óculos escuros.

Eu fico parada na expectativa que ele saia do caminho,mais nada.Então de repente suas mãos que até então se encontravam em seus bolsos,vão em direção o seu rosto,e lentamente ele retira seus óculos.

Eu tenho uma péssima memória— Eu disse ao L uma vez.


Mas eu realmente me surpreendi por não ter reconhecido aquela figura de primeiro, mas assim que ele tirou os óculos...
Aquele olhar era inconfundível.


Então nós dois ficamos lá nos encarando por alguns segundos. Minhas bochechas ficaram coradas, eu parecia uma daquelas pré adolescentes histéricas?- Pensei, porque no momento eu estava estática, não fazia sentido então eu me lembrei das palavras de Ludmila mais cedo:

— Bem, mas dessa vez você já está sentada no carrinho e não tem mais como sair — argumentou Ludmila, rindo. — Então é melhor apertar bem o cinto.-E talvez ela tivesse razão porque por algum motivo eu me sentia de cabeça pra baixo.


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Notas finais do capítulo

Comentem se não vou mandar o Winbur morder a orelha de vocês,brincadeirinha.
Espero que vocês tenham gostado,no próximo capitulo vocês vão conhecer o Leon melhor.



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