O medo foi o primeiro a tomar conta de todo meu corpo e em seguida foi o panico. Aquele som alto do ferro se chocando contra algo,o escuro e o espaço pequeno. Minha respiração estava tão irregular e meu estomago se embrulhava mais a cada segundo. Tentava agarrar alguma coisa,mas não tinha nada que me proporcionasse algum tipo de conforto ou segurança. Gritava por ajuda,mas tinha certeza de que meus gritos não era ouvidos. Estava presa em um tipo de caixa metálica a mais de meia hora,não tinha muita noção do tempo ali dentro já que para todos os lados que olhava a única coisa que via era a escuridão. Batia no piso metálico na esperança de que alguém escutasse. Nada.

Aos poucos foi se colocando de pé e tateando as coisas ao seu redor. Sentiu a palma da mão encostar em uma superfície fria,só poderia ser a parede daquela caixa. Era tão pequeno e parecia que a cada segundo ficava menor,começava a implorar para aquilo acabar. Encostei-me na parede fria,ficando abraçada as minhas próprias pernas. O barulho do ferro ficara mais alto e criava um habiente mais assustador. Abaixei a cabeça e fiquei pressionando minhas mãos contra minhas orelhas,esperava abafar o som ou faze-lo desaparecer,mas não tive essa sorte. Sentia que meu ar estava acabando.

Eu preciso sair daqui!-esse pensamento tomava conta da minha mente por completo.

Dei mais algumas batidas no chão e nas paredes,ninguém iria me tirar dali. Gritava mais alto que me era permitido,mas agora parecia que meus pulmões explodiriam a qualquer momento. Sentia grande falta de ar e percebia que minha cabeça não parara de girar. Acabei caindo de novo no chão e fiquei ali jogada até perder a consciência.

...

–Está morta?-pude escutar uma voz masculina. -Por que mandariam uma garota morta?

Não estou morta...-pensava enquanto tentava abri os olhos,mas a claridade do lugar incomodava demais meus olhos e me obrigava a fecha-los com força.

–Não. Ela está viva.-dizia outra voz masculina.

Pude sentir alguém passando a mão em meu rosto para tirar umas mechas de cabelo do meu rosto. Estava atordoada demais para me mexer ou responder,mas aos poucos minha respiração foi se normalizando e pude abrir meus olhos sem ter minhas retinas queimadas pelo sol. Corri com o olhar por todos os cantos,não estava mais dentro daquela caixa,isso era bom. Mas onde estava?

–Bem-vinda,fedelha.-dizia um cara com olhos azulados.

Não reparei muito no mesmo pois começava a entrar em panico. Não fazia a menor ideia de onde estava e nem de quem eu era. Me coloquei de pé em um gesto rápido e acabei por empurrar o cara que me dera as boas vindas. Não parei para pensar apenas vi uma grande passagem e era para lá que eu ia. Não ficaria para descobrir onde estava ou quem eram aquelas pessoas.

Corria o mais rápido que podia,mas antes de chegar perto da abertura já estava ofegando,acho que não fui feita para correr tanto e o surto de adrenalina que tive não durou tanto quanto o esperado. Tentava correr mais rápido,mas parecia aqueles pesadelos que seu corpo pesa uma tonelada e sair do lugar é uma missão impossível. Por fim,acabei desabando de novo. Dessa vez não perdi a consciência,mas estava mais ofegante que antes.

–Já desistiu de se tornar Corredora. -o tom de zombaria era presente na voz do garoto de olhos azulados.

O mesmo se abaixou para ficar no mesmo nível que eu. Agora percebia que seu cabelo era curto e loiro,mesmo zombando de mim conseguia manter sua voz rouca.

–O-onde estou?-perguntava um pouco ofegante.

–Com eu estava dizendo. Bem-vinda a Clareira,fedelha. Sou Jason e da próxima vez escute antes de sair empurrando as pessoas e correndo feito uma louca. -dizia o maior se colocando de pé e estendendo a mão para me ajudar. -Sabe seu nome ou os Criadores tiraram até isso de você?

Segurei na mão do garoto e foi a primeira vez que parei para pensar. Eu não sabia nada de mim,nem minha idade e nem de onde era. Nenhuma memoria de infância,nenhum aniversario...Nada. Acho que fiquei uns cinco minutos segurando a mão de Jason e tentando me lembrar de alguma coisa sobre mim,mas era como olhar para uma densa neblina. Não via nada. Apenas algumas palavras que julgava ser meu nome.

–Kat.-apos dizer o que julgava ser meu nome percebi que Jason me fitou de cima a baixo e abriu um sorrido um tanto quando malicioso.

–Pelo menos faz jus ao nome. -respondia o mesmo soltando minha mão. -Bem,Kat. Eu adoraria ficar aqui conversando,mas tenho coisas pra fazer...-o interrompi de uma forma meio desesperada.

–O que? Não pode me deixar sozinha!-estava realmente apavorada com a ideia de ficar sozinha naquele lugar.

–Calma,vou te deixar com alguém...Hum...Se te deixar com a Blondie ou com o Kevin acho que você vai ser morta.

–O que?-acho que gritei porque percebi alguns olhares voltados para mim.

–Relaxa. Era só brincadeira. Ninguém vai te mata...-antes de terminar a frase Jason parou e pareceu refletir sobre o que dizia. -Se matarem juro que serão punidos.

Agarrei a blusa preta do garoto pela manga curta,tentando impedi-lo de se afastar.

–Não pode me deixar com maniacos! -exclamava enquanto apertava sua blusa.

–Tá...Pode ficar com a Abbie. -dizia o garoto olhando a redor e depois chamando por Abbie que passava ali perto.

Abbie era uma garota alta,deveria ter mais ou menos 1,75 cm. Seu corpo era realmente de dar inveja,mesmo não tendo muito de seio. Seus olhos possuíam um tom cinzento e seus lábios era avermelhados. Suas mechas loira iam até metade de suas costas e pelo visto nunca cobriam seus rosto. Suas roupas eram feitas de couro preto,parecia uma militar,vitoriana,steampunk.

–Abbie,você cuida da nova trolha. Qualquer coisa não me procure. Dessa vez vai reclamar com outro encarregado. -dizia Jason revirando os olhos e começando a se afastar. -Até mais tarde,Kat. Tente não morrer no seu primeiro dia,okay?

Acho que fiquei alguns minutos parada tentando me lembrar de algo,mas assim como da ultimava apenas neblina.

–Então você é a nova fedelha? Prazer. Me chamo Abbie. -dizia a garota com um largo sorriso em seus lábios vermelhos. -Deve estar com fome.

–Quero saber onde estou na verdade.-respondia enquanto erguia a cabeça e fitava a maior.

Abbie soltou um breve suspiro e deixou sua cabeça tombar um pouco para o lado.

–Fica calma,okay? Vamos arrumar alguma coisa para comer dai respondo todas suas perguntas...Ou quase todas. Todas que não forem idiotas demais.

Abbie parecia bem simpática,pelo pouco tempo que fiquei perto dela um sorriso sempre esteve estampado em seu rosto. Caminhava ao lado da loira até uma velha árvore.

–Fiquei ai. Eu vou pegar alguma coisa para você comer. Tente não morrer nesse meio tempo,fedelha.-apos dizer isso Abbie saiu em disparado e nem tive tempo de manda-la parar com aquele ''fedelha''.

Sentei abaixo da árvore e tentei me lembrar de alguma coisa,mas nada fazia sentido na minha cabeça. Era tanta confusão e toda vez que me forçava a lembrar de algo era como se uma muralha fosse colocada na frente das minhas memorias.

–Não deveria se esforçar tanto.-dizia Abbie. Nem reparei a garota se aproximar.

Ela me entregou um sanduíche e uma maça.

–Já vi pessoas ficarem loucas ao se lembrar do passado.-dizia a mesma sentando ao meu lado.

–Tem como?-perguntava um pouco empolgada.

–Tem,mas você teria de ser picada por um Verdugo e creio que nossas memórias não valem a dor.

–Verdugo?

–Ah! São as criaturas que vivem no labirinto. Acredite em mim,o melhor lugar para se ficar é na clareira,nem pense em sair.

–Como assim labirinto?-cada palavra que Abbie fala me deixava mais confusa.

–Fica calma. Olha,logo Jason vai responder todas suas perguntas. É melhor você não saber das coisas que acontecem aqui. Vai acabar enlouquecendo.

A curiosidade estava me matando por dentro,mas acho que seria melhor isso do que ficar louca. Dava uma mordida no sanduíche e sentia o gosto do queijo e do presunto. Era uma sensação ótima sentir o gosto da comida. Era como...Eu não sei ao certo descrever. Era uma coisa tão simples.

–Bem,agora que está aqui presa com a gente. -falava Abbie enquanto dava algumas mordidas em sua maçã. -Acho que deveria saber de coisas para sobreviver.

Olhava com atenção para Abbie e percebia que seu tom continuava o mesmo amigável de sempre.

–Você já conheceu Jason. Ele foi o primeiro a chegar aqui por isso que é meio o líder. Ele é bem legal e provavelmente amanha vai te contar tudo amanha.