Guerra dos mares escrita por KhatySeraph


Capítulo 2
Fora do mar


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo para vocês desses dois que vão ser uma bela dupla ahhahah :v
boa leitura.



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Você tem uma cauda!

Seu pervertido!

Quem era aquele cara? Tudo que ele disse era verdade? Tritões e sereias realmente existiam? Era uma pergunta esquisita. Nada disso poderia ser verdade, mas se for um sonho por que eu mudei depois de tudo? Eu não estava mais olhando para trás, ignorava aquelas pessoas que antigamente me diziam serem meus amigos, mudei minha vida, meu trabalho.

Aquelas palavras me mudaram... Certamente.

Tente viver. Se afogar não vai resolver seus problemas, apenas deixará uma marca dizendo que você é fraca.

Suspirei colocando a xícara de café na bancada para um cliente idoso que lia um jornal. Ele levantou o olhar para agradecer com um sorriso amarelo. Sorri de volta e me virei para atender outros pedidos. Como tinha dito antes, eu mudei; como mudei de trabalho, fui uma boa advogada onde nunca perdia uma causa, trabalhava numa boa empresa de advocacia, mas desde que fazia esse curso na faculdade nunca me sentia bem. Bom, agora trabalho numa cafeteria da minha cidade com a vista para o mar.

Sorri, olhando pelas vidraças aquelas ondas que hoje estavam altas. Voltei ao trabalho assim que a gerente me chamou para ajudá-la, seria melhor manter a cabeça desocupada para não pensar se existia mesmo um tritão vagando por ai! Ou melhor, vagando pelo mar ai!

Naquela parte da tarde, onde o sol raiava no alto do céu, todos estavam na beira na praia se divertindo. É verdade, quando era uma advogada, tinha tempo para passear e ir a todos os lugares, mas agora fiz outros planos para minha vida.

Virei-me para atender os próximos clientes sabendo que deveria ser mais pessoas idosas ou homens de terno conversando dando uma “paradinha no trabalho”. Fui até o balcão e arregalei os olhos, onde eu era observada por um par de olhos azuis. Pisquei pensando que aquilo só poderia ser delírio, eu não estava bem. Era o mesmo cara daquela noite.

— Vocês admiram os clientes antes deles fazerem seus pedidos? – Ele sorriu, mostrando uma fileira de dentes bem branquinhos.

Balancei a cabeça, confirmando que aquilo era verdade, me aproximei ainda o fitando enquanto ele se divertia com minha situação, o vi girando no banquinho de almofada roxa... E para minha surpresa ele não estava com aquela cauda!

Isso também deveria ser obvio. Como ele teria chegado ali sem chamar atenção com uma cauda grande azul? Pisquei, dando de ombros; eu estava ficando louca mesmo. Ele ainda sorria parando de girar no banquinho. Peguei o primeiro copo de água na bancada e joguei em sua face.

E nada. Mas o que eu queria jogando um copo de água em sua cara? Que sua cauda surgisse no meio do estabelecimento? Isso assustaria as pessoas, certamente. Olhei para o copo não sabendo o que eu falaria. Pediria desculpas? Mas aquilo não foi sem querer, ou foi? Abri a boca para falar algo, mas nada saiu.

Ele tirou o cabelo, que caia em seus olhos, molhado.

— O atendimento é ótimo. – Brincou ele. – Mas precisava me molhar? Está brava por ontem à noite? Eu não tenho culpa se você me chamou de E.T.

Então ele sabia de ontem à noite, tudo aquilo foi verdade. Ele tinha uma cauda. Era um tritão!

— Não vai falar nada? – Ele apenas me olhava de cima a baixo, me analisando porque não falava. Era como se eu estivesse me choque por ver um fantasma. – Katy, o que é isso? – Virei-me, vendo a gerente, com seus cabelos loiros presos num rabo de cavalo, e seu avental branco em seu corpo a deixando-a extremamente linda. Talvez isso explicasse porque sempre vinham alguns surfistas aqui pedindo para ela atendê-los. Ela estava com as mãos na cintura, furiosa vendo o cliente à minha frente, encharcado, e a prova do crime em minhas mãos.

Arregalei os olhos, abrindo a boca para me defender, mas o que eu falaria? Eu diria apenas queria saber se ele realmente era um tritão e seria demitida no meu segundo dia de trabalho? Apenas baixei o olhar não falando nada, seria ridículo.

— Ela me ama, por isso que jogou água em mim. – Se pronunciou meu suspeito tritão. – Não se preocupe com isso, somos bons amigos. – Disse ele, dando ênfase na última palavra.

O olhei com vontade de acertar agora o copo na cabeça dele, mas assim perderia meu emprego. A gerente suspirou, balançando a cabeça, sem fazer mais perguntas e se virou para atender outros clientes.

— O que faz aqui? Não deveria estar na água? E como você consegue sair?

— Quantas perguntas, pode repetir? – Perguntou ele, apoiando o cotovelo na bancada.

— Você realmente é um tritão?

Ele assentiu, dando de ombros, parecendo que aquilo era a coisa mais comum, mas não era! Isso não era nada comum, existir um tritão! Coloquei o copo de volta no balcão suspirando irritada.

— O que vai querer?

— Você, depois que sair daqui. – Sorriu ele para mim, mas apenas semicerrei os olhos fazendo-o suspirar. – Você é difícil. Eu apenas quero conversar. Não sou pervertido, como você me chamou.

Arregalei os olhos sentindo minhas bochechas arderem. Sim, eu tinha o chamado de pervertido depois de vê-lo quase em cima de mim na beira do mar, mas era diferente, não era? Desviei o olhar não querendo mais falar com ele. E pelo jeito ele não entendeu esse sinal.

— Quero um sorvete de flocos e uma garrafa de água mineral. – Sorriu ele.

Apenas revirei os olhos e adentrei a cozinha do estabelecimento furiosa. Por que ele estava aqui? E o que ele queria? Suspirei pedindo um sorvete para uma das garotas da cozinha. Não cederia tão fácil a ele. Ele era um tritão, isso realmente era estranho.

Quando saí do estabelecimento, estava sendo escoltada por um moreno alto de olhos extremamente azuis, mesmo ele sendo realmente lindo, não cederia tão fácil. Ele me seguia para onde eu ia, sorrindo como se aquilo fosse realmente divertido para ele, mas para mim não era. Fui direto para praia, furiosa. Ele parou de sorrir arqueando uma sobrancelha, apenas o olhava de soslaio.

Virei-me, fazendo-o quase me atropelar, principalmente porque ele era o dobro do meu tamanho e eu odiava isso. Ele piscou, esperando me pronunciar.

— Por que está me seguindo?

— Eu queria falar com você, mas está me evitando.

— Você é esquisito.

— Diz alguém que me chamou de E.T

— Pare com isso!

— Isso o quê? – Ele se divertia com a minha situação, mas apenas suspirei reprimindo o impulso de dar-lhe um soco.

Primeiramente não seria certo, e segundo porque ele tinha me salvado. Cruzei os braços esperando-o prosseguir; não falaria mais nada... Nada.

— Se quer me bater, pode me bater. Baixinha.

Arregalei os olhos, mas não por ele ter me chamado de baixinha e sim por ele ter falado algo que queria fazer segundos atrás. Olhei-o, que apenas me analisava com um sorriso divertido nos lábios.

— Ou podemos parar de brigar. – Propôs ele.

Desviei o olhar.

— Sim, eu sou um tritão, tenho uma cauda quando estou no mar. – Dizia ele, aproximando sua face da minha. Dei um passo para trás para não deixar nossos lábios se encontrarem. – Eu posso sair da água e possuo forma humana.

— Você é estranho. – Resmunguei.

Ele apenas deu de ombros, sorrindo.

— Sou Bruce, um tritão estranho.

— Um título ótimo para um filme. – Disse, rindo.

Ele riu junto enquanto não tirava os olhos em mim. Mesmo não gostando dele, gostava da presença. Era agradável e divertida. Bruce sorriu para mim e depois voltou a olhar para o mar como tinha feito da última vez que nos vimos.

— Por que sempre olha para o mar?

— Cuidando. – Disse sua única palavra. Mas cuidando o quê?

Olhei para o mar, seguindo seu olhar e não vi nada além daquelas águas escuras. Suspirei, ainda olhando aquele ponto, até ver algo se mexendo. Semicerrei os olhos tentando enxergar melhor, nada.

— Você precisa ir? – Perguntei tristonha, todavia, não sabia porque estava... triste!

— Nós precisamos ir. – Sorriu ele.

Pisquei não entendendo.

— Nós?

— Quero apresentá-la a alguém. Espero que não tenha medo de águas escuras. –Piscou ele para mim.

Arquei a sobrancelha, não entendendo. Conhecer quem? E aonde nós iríamos? Para baixo da água? Mas eu não respiro debaixo da água. Ele se esqueceu disso? Mas apenas suspirei e assenti. Bruce sorriu, animado e puxou minha mão.


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Notas finais do capítulo

agora vem a trama :v quem será que katy vai conhecer? u.u
Deixem seus comentarios, amores ♥ Obrigada :3