"De mãos dadas, olhos faiscando
Os dias são brilhantes, assim como as noites
Por que quando estou com você, estou sorrindo
Uma vez estive ferrado, mas agora acho que estou vencendo

Eu não vou te deixar ir
Agora que você sabe
Que eu estive louco por você todo esse tempo
Mantive isto perto
Sempre esperando
Com um coração em chamas
Um coração em chamas"

***

– Tem alguma maneira de isto ser mais constrangedor? - Ivory resmungou, bufando levemente e observando enquanto a lufada de ar morno entrava em contraste com o ar frio ao seu redor na forma de uma pequena nuvem pálida, que padeceu tão rápido quanto foi criada.

– Bem, o filho do meu captor desfilou comigo pendurada em seu braço, estando de saltos, vestido e maquiada, na frente de todos que conheço antes de enrolando aqui, sentada na mesa da excluídas sob o olhar reprovador de três décimos da família dele. Mas, merda, não dá para ficar irritada com aquela cara e, francamente, já deu uma olhada na bunda dele? - Noryne argumentou exaltada, sua língua enrolando em algumas palavras, o halito de vinho facilmente notável - Ah, sim! E agora estou bêbada!

– Eu fui o bibêlo de desfile do Príncipe Joffrey. Acredite, estamos empatadas. - Ivory retrucou antes de pousar a mão sobre a taça de vinho a meio caminho dos lábios da Greyjoy, pousando-a na mesa e tirando-a do alcance da mulher em roxo e grafite ao seu lado - E eu tenho certeza que nossa boa Rainha adorou o desafio dessa competição de quem bebe mais velada, mas é questão de educação deixá-la ganhar.

Nory choramigou como uma criança que faz pirraça.

– Oh, qual é, Ivy, sua estraga prazeres! - suas mãos se estenderam debilmente direção de bebida, abrindo e fechando - Se eu estivesse com Jon e Theon já estaríamos muito muito bêbados e cantando "A Mulher do Dornês"! Não é como se eu estivesse bebendo rum!

–Bem, eu não sou Jon, e, definitivamente, não sou Theon! Graças aos Deuses! - bufou.

– Hey, pode reclamar o quanto quiser, mas uma coisa você não pode contestar! - ela ergueu o dedo em riste, encarando a amiga com certa irritação.

– É mesmo? - perguntou, sobrancelhas arqueadas por duvida e surpresa de que pudesse haver algo para completar tal argumento.

– Sua habilidade pélvica. - um sorriso sacana decorou sua face quando ergueu ambos os punhos na frente de seu busto e moveu sua cintura para frente e para trás.

– Santo Deus, Nory! - Ivy, reclamou virando o rosto para o outro lado, permitindo que a morena risse o quanto quisesse até se engasgar com sua saliva e tossir algumas vezes.

***

Bebericava seu vinho enquanto analisava as pessoas do salão, bêbadas, alegres e ruidosas. Em algum lugar, Nory estaria do mesmo jeito, a filha da mãe que a abandonara ali.

Franziu as sobrancelhas para a movimentação suspeita de Lorde Stark, que abandonara a mesa seguido por seu primogênito.

– Me concederia esta dança, milady? - foi interrompida pela fala de Jon, que esboçava um sorriso de canto.

Queria dizer a verdade para ele, que não queria dançar, não com ele. Porém se limitara a abrir um leve sorriso e aceitar.

Ele puxou-a pela mão até o meio do salão, onde parou e pousou sua mão na cintura de Ivy, que descansou sua mão sobre o ombro de Jon num gesto resignado.

Seus corpos se moviam lentamente, porem a uma distância razoável, que Jon tentara reduzir mas fora repreendido por ela.

– Ivy? - ergueu seu rosto e para olha-lo, tentando evitar seus olhos. - Tem algo de errado? Por que está me ignorando?

Negara com a cabeça a fim de mudar de assunto, ele deu de ombros e continuou dançando, mas a tensão que pairava no ar tirara sua atenção.

– Ivory. Preciso saber a verdade.. Por que está me ignorando? - sua expressão estava diferente, não era mais sorridente e alegre, e sim rígida. Nunca parecera tanto com o pai, nunca parecera tanto um Stark.

– Jon, não há nada. - Sua voz falhou.

– Claro que há, e eu quero saber! -exigiu, antes de abaixar um pouco a voz que nem se quer notara que erguera - Tenho o direto.

– Não podemos mais fazer isso... - Falou, mas ele pareceu não entender - Isso. - Falou gesticulando para os dois que haviam parado se dançar - Nós não podemos acontecer. De certa forma, somos primos, e não devíamos fazer isso. Isso acaba hoje. Me desculpe, você achará alguém melhor, alguém feito para você. - Esforçara-se para ficar firme e não deixar que as lágrimas aparecessem naquela hora, tinha que ser firme.

Depois de pronunciar tais palavras afastara-se de Jon e saíra para fora do salão, deixando Jon para trás, junto ao futuro que poderiam ter juntos, mas sentia que era o melhor...

Para os dois.

***

Alysson avaliou os homens ao seu redor, deduzindo qual seria o mais fácil de se seduzir para conseguir uma boa diversão nortenha.

Seus olhos pousaram sobre um homem de cabelos castanhos cacheados e sorriso sacana que cantarolava algo que supunha ter tido a intenção de soar como "O Urso e a Bela Donzela".

Andou com passos cautelosos se aproximando aos poucos da mesa com sua taça em mãos próxima ao seu rosto, já que o cotovelo deste braço apoiava-se sobre um braço cruzado sob seu busto.

Então seus olhos faiscaram para a beldade em roxo e cinza com quem ela vira o garoto Stark fazer sua grande entrada de braços dados. Aproximando-se do mesmo homem que estivera observando todo esse tempo.

"Oh, qual é!", reclamou por dentro, grunhindo de leve e batendo o pé sob seu vestido carmim "Querida, você não pode ter todos os caras bonitos da festa!"

Então ela se apoiou sobre os ombros entoando o último verso da música em alto e bom som, fazendo todos os homens que ouviram sua voz virarem-se em sua direção e sorrirem, brandando "Noryne!".

" Filha da..."

O homem sorriu puxando-a para seu colo, o que a fez rir antes de lhe dar um soco no ombro e for ainda mais dos protestos de dor dele.

"Theon" foi o nome que conseguiu entender na conversa de ambos.

"Theon, hum?" Pensou, sorrindo antes de virar sua taça e dar as costas para a cena, esbarrando sem querer num homem de cabelos negros encaracolados e olhos que eram janelas para um coração partido.

"Demos graças pelos homens nortenhos", pensou.

Encarou-o mas ele apenas a ignorou e contornou-a para voltar a seguir seu caminho, indo sentar-se ao lado de Theon e a beldade ainda sem nome, que franziu as sobrancelhas e pousou uma mão sobre seu ombro em um gesto de carinho.

"Sera possível que ela conheça todos os homens que me interessem, bons deuses?!", bufou.

***

Ivy e Jon tinham terminado. Isso era demais para sua mente bêbada.

Precisava achar Ivy, Theon já estava ajudando ao embebedar Jon e ouvi-lo choramingar seus problemas, mas ela precisava... Esquecera a palavra. Merda. Ivy! Pronto, era o que importava! Ivy!

Apoiou-se numa parede para tentar recobrar um pouco de seu raciocínio.

– Você precisa começar a cortejar alguma Lady. Eu e sua mãe lhe demos tempo, mas já é hora. - Espere, ela conhecia aquela voz... Eddard? - Você é o herdeiro, será o próximo Lord Stark depois de minha morte e precisa de uma esposa!

– Pai, você precisaria ser cego para não ver que já cortejo uma.

Robb? Cortejando uma Lady? Seu estomago embrulhou-se e ela sentiu a urgência de sair dali tirar-lhe o folego.

Tentou dar um passo para longe mas sua mão que se apoiava sobre a parede por um infeliz acidente entreabrira a porta.

– Nory? - a voz alarmada e incerta de Robb a atingiu, ela virou-se em direção aos portões do Grande Salão - Nory!

Ela já estava se afastando quando ouviu Lord Stark chamar o filhio de forma repreendedora. Só queria ir embora. Como pudera ser tão tola?! Vestidos e maquiagens, e sapatos, e presentes, e... E...

Deuses, ela não era uma Lady! Era uma Greyjoy, e tinha que manter isso em mente!

– Me daria a honra de sua primeira dança?

Noryne ergueu os olhos negros para a figura que barrava sua saída do salão, com leve irritação antes de erguer as sobrancelhas em ligeira surpresa.

– Não vou deixar você ir, Nory. - Robb afirmou, seu semblante serio destoando com os olhos gentis que imploravam que ficasse - Não agora que você sabe.

– Que sei o que? - perguntou, erguendo seu nariz e estudando seu peito em uma estabanada tentativa falha de intimida-lo.

– Você não ouviu? - ele perguntou, hesitante e algo que sua mente embriagada não conseguia distinguir entre esperançoso e desapontado, antes de duvida e descrença refletirem tanto em sua voz quanto em seus olhos - Você está bêbada?

– Não ouvi nada, meu Senhor. Com sua licença. - ela o assegurou, contornando-o e seguindo para a porta antes que a mão masculina segurasse seu antebraço, um gesto tão comum entre ambos, tão intimo. Um calafrio percorreu sua coluna antes que virasse seu rosto minimamente para encara-lo.

– Então, talvez eu tenha que dizer tudo diretamente à minha Lady durante nossa dança. - ele disse esperançoso, fazendo sua mente fraquejar frente a tal homem.

– Não sei dançar. - jogou, num sussurro, sua ultima cartada, o único argumento que sua mente anestesiada pudera formular.

Um sorriso aliviado e alegre decorou os lábios do herdeiro Stark.

– Nós dois sabemos que isso não é verdade. - sua mão deslizou por seu braço, fazendo seus pelos se arrepiarem e seus olhos tremeluzirem quase fechando antes de segurar sua mão e guiá-la até seus lábios, pousando um leve beijo, olhando-a com olhos imploradores - Por favor?

– Merda... - xingou sob sua respiração, fechando os olhos e apertando sua mão - Apenas uma dança.

Novamente seus lábios ostentaram um sorriso digno do Gato de Cheshire, puxando-a para perto a medida que andava de costas, de volta a direção do centro mais iluminado e movimentado por jovens casais dançarinos do salão.

– É tudo que peço. - segredou.

O salão parecia mais quieto, sob a luz de velas e candelabros que esquentavam o salão de pedra, os únicos seres existentes eram os dois.

Com certa hesitação, ergueu sua mão entrelaçada a dela, guiando-a até seu ombro antes de escorregar sua mão pela lateral de seu corpo sobre o tecido roxo aveludado antes de ajustá-la a sua cintura.

Noryne arfou fechando os olhos ao senti-lo segurar sua outra mão, entrelaçando seus dedos. Com um gesto de cabeça, Robb indicou aos músicos que começassem a tocar, movendo-se no compasso da música ao redor do salão, rodopiando a bela mulher em seus braços e vendo sua respiração acelerar a medida que ambos aceleravam os movimentos.

Tudo nela chamava por ele, sua própria essência o atraia e quando ele desviou os olhos dos dela por um segundo e mirou seus lábios vermelhos entreabertos em busca de folego, soube que estava perdido.

Enlaçou sua cintura, puxando-a para mais perto e permitiu-se olhar para a face incrédula de sua mãe e a face austera e repreensiva do pai.

– Robb... - ele falou, sua voz não chegou até ele mas pode ler seu nome em seus lábios num aviso meio ameaçador.

– Você não pode... - Noryne tentou argumentar, mas ele sabia que ela era apenas uma amontoado de sentidos a flor da pele agora, tal como ele.

– Me observe. - sussurou antes de inclinar-se e tomar os lábios dela nos seus num beijo voraz. Estava condenado. E amava cada segundo daquilo.