Príncipe Légolas escrita por America Singer


Capítulo 23
Capítulo 23: Melinyë


Notas iniciais do capítulo

Só descobrirão no final o que significa o título.
Mas, deixo bem claro aqui que o capítulo é altamente meloso, não indicado pra quem odeia esse tipo de coisa.
Não postei ontem por causa do aniversário da minha avó que foi aqui em casa e não tive paz pra escrever e postar.
Tentei fazer da melhor maneira possível. Foquei esse capítulo apenas nos momentos durante e depois da música do capítulo anterior. Muitas coisas ainda precisam ser reveladas.
Boa Leitura.



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Os pingos de chuva se intensificavam. Gotas grossas desciam por sob meus dedos que prosseguiam nas teclas do piano, enquanto as sentia também em minha face, misturando-se com as lágrimas quentes. No início eu não quis olhar pra ele, não quis nem saber se ele estava mais ali depois da primeira estrofe. Eu queria apenas que ele soubesse que, se por acaso aquelas palavras batiam com seus sentimentos, ele poderia me dizer. Eu sentia o mesmo por ele, não tinha mais como negar.

Não soube como minha voz soara. Ela, provavelmente, estava mais fina pelos momentos de choro constante, mas não me importava também.

Senti sua presença chegar mais perto quando disse “Não haverá luz do sol, se eu te perder, querida”. Aquelas palavras me despertaram de um modo intensificado, pois ele era o único que insistia em me chamar de Luz. Dizer que não haverá luz do sol, caso ele me perdesse, era o mesmo que afirmar duas vezes que a luz iria deixá-lo. Talvez algo ridículo de minha parte. Talvez Légolas não gostasse de mim a esse ponto. Afinal foram muitos anos para ele se apaixonar, então porque ele se apaixonou tão depressa por mim? Era uma questão a se pensar, a perguntar à ele. Acho que para entregar seu coração de vez, no mínimo, você tem que ter certeza da escolha que fez, e elfos não são como os humanos, eles não fariam tal coisa precipitadamente.

“Se você se afastar, todo dia irá chover.”

O banquinho não cabia os dois, mas Légolas me fez afastar um pouco para sentar-se diante o piano também. Foi quando finalmente abri os olhos.

Seus olhos azuis fitavam-me. Sua expressão ainda estava severa por debaixo daquelas gostas de chuva em sua face. Seu corpo molhado encostava-me ao meu naquele espaço apertado. Quando ele decidiu por suas mãos nas teclas, me acompanhando no ritmo enquanto as próximas estrofes não chegavam.

Seus olhos se fecharam, sua boca entreabriu-se e me surpreendi ao ouvi-lo cantar junto comigo as primeiras palavras.

“Eu nunca serei o favorito da sua mãe”

“Seu pai não pode nem me olhar nos olhos”

Sorri. Légolas não tinha exatamente uma voz perfeita para cantar, mas ele tentava. Aos poucos abriu os olhos para ver minha reação. Talvez uma mistura de surpresa, felicidade e um coração que se derretia aos poucos estivessem estampados em minha face enquanto eu sorria para ele quando cantava. Nunca, em toda a minha vida, havia experimentado um momento tão maravilhoso como esse. Inexplicavelmente, o frio e a chuva fizeram me sentir ainda mais aconchegada, e o corpo dele ali, grudado no meu, era o que produzia os arrepios e o coração acelerado.

No refrão cantei junto com ele, que abria seu sorriso aos poucos, iluminado ainda mais pelos relâmpagos que insistiam em cruzar os céus e intensificar a chuva. As luzes douradas que pendiam sempre por todo o castelo iam se apagando aos poucos, deixando-nos parcialmente escondidos, parcialmente visíveis. Mas, quem quer que aparecesse não me importava. Eu já estava com quem eu queria estar, só não percebi isso enquanto meu orgulho e teimosia gritavam comigo e impediam de ouvir a voz que crescia aos poucos dentro de mim.

“Apenas não diga (apenas não diga)”

“Adeus (Adeus)”

Um sentimento de súplica ministrava minha voz, como se essas palavras resumissem por tudo. Eu não queria deixar Légolas, não queria que ele me odiasse e levasse consigo algo de ruim, muito menos queria que ele me esquecesse. Encostei minha cabeça em seus ombros e me deixei o sentir tocar sozinho e cantar as partes finais. Como ele conhecia aquela canção era um mistério, mas pude agradecer por isso. Ele me seguiu na letra, nas emoções, nas teclas e agora nos sorrisos.

“Se você se afastar, todo dia irá chover”

“Chover, chover”

E a chuva de fato caia. Não como algo ruim, mas como uma amiga que servia pra grudar ainda mais nossos corpos.

Légolas parou. Abraçou-me logo após fundando seu rosto por sob meus cabelos molhados pela chuva. Seus braços apertavam-me como se suplicassem que eu não escapasse, que esse momento não virasse fumaça. Que não fosse um sonho.

– Ai. – Gritei quando senti Légolas morder meu ombro. – Por que fez isso?

– Pra ver se é real. – o príncipe disse ainda se escondendo em meus cabelos.

– Mas o certo é mutilar-se a você mesmo. – resmunguei um pouco. Como se não bastasse os hematomas da noite passada na floresta.

– Sim, mas prefiro fazer isso com quem já me machucou demais.

Senti raiva de mim mesma, mais uma vez. Ele tinha razão em querer descontar sua raiva.

– Eu sinto muito. – confessei tornando nosso abraço ainda mais apertado. – Eu não quero mais fazer isso com você, eu peço perdão por todas as vezes que fui completamente estúpida com você.

O príncipe afastou seu rosto e encarou-me com um sorriso calmo.

– Foram muitas vezes. – ele disse enquanto acariciava meu rosto. – Umas trinta vezes, mais ou menos.

– Você contou? Inacreditável.

– Sim. É só contar a partir do dia que resolvi ter um encontro com você. Já começou partindo meu coração em múltiplos pedaços quando eu tinha a esperança de que você seria a primeira garota que eu me desse bem.

Lembrei-me do dia. Realmente eu fui uma grossa.

– Mas se eu não tivesse sido, provavelmente não haveríamos nos tornado amigos, não é? – perguntei. Sabia que para querer me aproximar do príncipe como fiz naquela época, seria apenas no intuito de ter sua amizade. Naquele caso, só pra ajudar ele a conquistar uma garota, mas nunca em me apaixonar. - Acho que gosto desse romance bem do jeito que ele é.

Aproximei meu rosto, focando na boca dele. Sentia falta de seu beijo.

Légolas respondeu minha aproximação com seus lábios grudados nos meus logo após. Algo quente em meio ao frio que fazia, mas que ignorava por completo. Uma mistura de corpos frios e beijos quentes tomava conta, e aos poucos começava a sentir que algo dentro de mim também esquentava. Algo que subiu, tomou conta do corpo, e aquela sensação de total entrega começava a fazer sentido para mim. Minha vontade foi de consumar tudo ali mesmo, pois algo dizia que a oportunidade era única.

Por um momento senti medo do que estava fazendo, mas não deixei tomar conta. O sentimento que passei a nutrir pelo príncipe era muito maior do que qualquer outro, e passava por cima dos meus antigos sonhos e de meus desejos mais insanos. Algo de que me arrependeria depois? Talvez. Mas eu queria descobrir o gosto do arrependimento nos braços de Légolas e de ninguém mais.

Como cheguei a essas conclusões, se há um mês eu não cogitava sequer ter um encontro com ele, era um gostoso mistério. O filme dos nossos dias passou em minha mente enquanto ele começava a beijar meu pescoço como da primeira vez. Seus movimentos me faziam suspirar e pedir intimamente por mais, por algo mais íntimo talvez.

Queria que me tocasse, que me fizesse dele. E percebi que nunca imaginei algo assim vindo de qualquer outro homem – nem mesmo Runel, que me despertara para os desejos adultos com nosso primeiro e único beijo.

Afastei-me. O desejo me levaria à loucura se deixasse, e cada centímetro do meu corpo dizia que sim quando percebia as mãos do príncipe passear por sobre ele, rumando para lugares inusitados enquanto tentava ultrapassar as barreiras do vestido.

Passei a rir. O nervosismo começava a tomar conta de mim, e se misturava ao desejo intenso que seus lábios provocaram ao passear por meu colo bem devagar.

– Me desculpe. – Seus olhos brilharam ao abrir e encarar-me um pouco envergonhados. – Eu não sei porquê deixo meu corpo me levar quando estou com você.

– Desejo? – disse, percebendo o príncipe envergonhar-se ainda mais.

– Não deveríamos fazer nada disso antes de nos casar. – Légolas tomava uma expressão séria.

– Tá me pedindo em casamento? – sorri ainda mais por aquela perspectiva.

A chuva parava aos poucos. Até ela parecia querer ouvir o que nós dois estávamos falando. Era como se o tempo inteiro tivesse parado naquele momento pra mim.

– Estou. – Légolas sequer piscava. Seu corpo tornara-se rígido, e percebi que sentia medo da resposta que eu daria. – Quer se casar comigo?

Suspirei e sorri, mas antes mesmo de dar a resposta, Légolas retomou a palavra.

– Eu prometo que será feliz ao meu lado. Que nós teremos a vida que você desejar, que te levarei para conhecer o mundo, que te ensinarei tudo o que quiser. Eu prometo te dar as coisas que mais amar, que te deixarei livre para ir onde quiser também. Que eu e você seremos amigos, confidentes, amantes. Em troca, eu só peço que continue ao meu lado e que me ame, se for possível. – O príncipe pegava em minhas mãos e as apertava em súplica.

– E quanto ao seu coração? – perguntei levando em consideração o que aprendera sobre os elfos.

– Meu coração?

– Elfos se apaixonam mesmo uma vez?

Légolas deixou seu corpo relaxar um pouco enquanto fitava o céu. Fechou os olhos na perspectiva do que diria nesse momento, como se fosse algo completamente sem volta, e eu sabia que era.

– Melinyë. – Ele disse, fitando-me logo após.

– Melinyë. – respondi vendo a expressão do príncipe mudar completamente. – Amraline. – completei.

– O que?

– Significa amor meu. – esclareci dando um beijo nele logo após. – Não sei em que língua.

– Amraline. – Légolas repetiu beijando-me ainda mais. – E a sua resposta?

Preciso responder?

– Eu aceito.


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Notas finais do capítulo

Melinyë: Eu te amo.
Amraline: mais forte que eu te amo, talvez. Não é da linguagem dos elfos, nem dos anões. sua origem é desconhecida. Aqui e ali tem um significado diferente, usei como meu amor (mais no sentido de afirmação que ama)
Capítulo dedicado à leitora que recomendou a história Arya Drottning Greenleaf, muito obrigada Flor.
Quase trezentos comentários já lol.
A garota linda do avatar sou eu. usuauhshuahushuahsashuhua mas é puro efeito de foto, eu não sou ruiva u.u
O que acham que vai acontecer a partir de agora? Casamento? hummm será?
Beijos e até o próximo ♥