Já devia ser 3 horas da madrugada e eu ainda não tinha conseguido dormir. Tudo que eu conseguia era ficar deitada de barriga para cima olhando o teto.

O quarto estava quieto mas minha mente estava barulhenta, vários pensamentos aleatórios passavam pela minha cabeça. Coisas sem nexo e sem sentido. Pelo menos pareciam coisas sem nexo e sem sentido.

Eu só conseguia pensar em lobos, eu não sei o porquê mas apenas lobos me vinham a cabeça. Lobos de todos os tipo, bracos, negros, cinzas, lobos das neves, lobos dos desertos. Tudo em emaranhando só. Eu ficava imaginando os lobos se tornando humanos, e os humanos se tornando lobos. Pessoas com garras aparecendo e presas surgindo. Eu também via o sangue secando e feridas se curando.

Eu não conseguia mas aguentar esses pensamentos, por isso me levantei e segui para o banheiro. Ao chegar lá me olhei fixamente no espelho, coloquei a mão na cabeça e me forcei a parar com esses pensamentos. Liguei a torneira e joguei um pouco de água no meu rosto. Suspirei quando a água fria entrou em contato com o meu rosto.

Depois segui até a janela do quarto, abri a persiana e olhei lá fora, o céu estava estrelado e uma lua brilhava na penumbra. Fixei meu olhar na lua, uma linda lua cheia. Eu não sei porquê mas a lua estava me hipnotizando.

Foi ai que as coisas começaram a ficar estranhas. Eu realmente perdi todos os sentidos, eu só conseguia olhar a lua. Eu senti meus músculos se contraindo e meus sentidos se aguçando. Olhei para minhas mãos e vi garras crescendo, isso deveria ter me assustado mas isso não aconteceu.

Eu senti presas de lobos crescendo, eu sentia uma fome inaplacável aumentando. Foi ai que tudo fez sentido. Os lobos dos meus sonhos, as feridas curadas, e as alucinações.

Não eram sonhos, eu era um lobo. Eu me lembrei. Me lembrei de tudo, desde a minha infância, o acidente que eu provoquei, os meus anos como coyote, o dia em que conheci o Scott e Stiles, o dia em que beijei o Stiles pela primeira vez. Eu me lembrei de tudo.

Minha cabeça doía e meus olhos ardiam. A minha fome só aumentava, aumentava muito. Era implacável e insaciável. Eu tinha sede de sangue e fome de carne. Eu me sentia um lobo.

Olhei mais uma vez para a lua e isso foi suficiente para mim soltar um especie de uivo. Senti meus sentidos de lobo aguçando. Senti minha humanidade e consciência se esvaindo. Senti minha fome aumentando mais uma vez. E depois disso não senti mais nada.