Aos olhos da guerra escrita por maddiesmt


Capítulo 16
O começo do fim - parte I


Notas iniciais do capítulo

Eu sei ..eu sei...faz tempo ..mtuuu tempo q n escrevo..pra falar a verdade pensei realmente em desistir..mas vcs são verdadeiros anjos que me fizeram continuar...me ajudaram a enfrentar o inferno q tm sido esses ultimos anos na minha vida particular...e eu senti q devia a vcs pelo menos um agradecimento..nem q seja em formato de capitulo final dessa estória q eu gostei tanto de escrever...a partir d agora tentarei postar o desfecho o mais breve possivel...mtu obg a todos q n abandonaram essa fic como eu fiz...prometo compensa-los trazendo a vcs as minhas mais belas palavras...



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O roxinol tinha parado de cantar e Renato pôs-se a indagar se não era uma aviso da chegada dela. Sim, pois na sua presença todas as criaturas do mundo se calavam em sinal de respeito e admiração. Ela era a rainha das belezas mais misteriosas e ele sentia-se o maior dos felizardos por estar ali, a sua espera.

Eles mereciam isso. Depois de tudo o que haviam passado, da guerra, do sofrimento, das perdas. Eles mereciam essa segunda chance que só o destino poderia lhes dar.

Lembrou –se de como havia sonhado com esse momento. É claro que as circustâncias nunca foram as desejadas porém, o mais importante era que estavam juntos e que poderiam construir um novo futuro como marido e mulher.

As portas, da pequena igreja da Vila de Santa Fé, rangiram ao abrir mas nada quebrou o encantamento que se seguiu.

O grande amor da sua vida estava deslumbrante em um vestido azul bebê e com um buquê de violetas. O véu rendado que mal lhe cobria o rosto era apenas um toque da elegância que ela sempre esbanjou.

O médico sorriu ao vê-la avançar pela igreja vazia. Eles tinham perdido todos que amavam então não tinha cabimento encher o lugar de curiosos.

Não havia música ou se havia ele não estava prestando atenção. Os únicos sons que ele ouvia eram dos saltos do sapato dela maltratando a madeira velha do piso da igreja e a sua própria respiração...acelerada e quase insuficiente.

Enfim o caminho foi percorrido. Um caminho muito curto para uma vida longa. Um vida calejada. De perdas de amores e de vontades.

Ele estendeu a mão para encontrar a mão fria da noiva. Certamente o nervosismo a dominava mesmo que o ritual do matrimonio ja fosse conhecido para ela.

Os olhos azuis, da moça a sua frente, haviam perdido o brilho natural e cheio de expectativas e feliciadades. Hoje, eram mais simples e apenas refletiam acalanto. Não era amor, o que ele via ali...mas era o mais próximo que poderia ter dela e sabia que não podia exigir mais. Ele se contentava apenas em fazer dos anos seguintes, os melhores da vida dela. Mesmo que ela nunca o amasse como havia amado o falecido marido. Mesmo que ela nunca dissesse um “Eu te amo”. Ele viveria em função de deixa-la o mais próximo possível da felicidade.

Respirou fundo. Era chegada a hora. Antes que se ajoelhassem perante o altar, ele tomou um segundo para se certificar de que aquilo era real. Com a mão livre, o médico tocou levemente os cachos rosados da amada. No entanto, ao deslizar os dedos entre os fios brilhantes reparou que por onde passava o rosa tornava- se negro e liso. Como se ele estivesse varrendo os traços dela e substituindo por outros.

Franzio a testa em sinal de espanto e curiosidade. A professora continuava sorrindo mas os cabelos agora eram lisos e negros como carvão. Não resistiu e tocou-lhe o rosto. A moça fechou brevemente os olhos e quando os abriu o azul havia sumido. Fora trocado pelo castanho vivo. Renato prendeu o ar e continuou a traçar a pele da noiva até encontrar no bustiê do vestido uma mancha vermelha. Identificou imediatamente que se tratava de sangue e se arrepiou quando notou mais uma gota cair bem ao lado daquela ja seca. Antes que pudesse levantar os olhos, os mesmos foram presos pela presença da mão pequena dela onde no dedo anelar, repousava o anel de formatura dele. Não lembrava de ter dado o anel a Juliana e sim a Felicia. Mais uma gota de sangue manchou o tecido do vestido e ele se preparou psicologicamente para a cena que se seguiria.

Reconheceu o rosto de Juliana em completo pânico. Ela tinha respingos de sangue pelo corpo inteiro mas um exame rápido pelo corpo da moça não identificou nenhuma ferida grave. Ela gesticulava e falava coisas que ele não conseguia ouvir ou entender. Os olhos começaram a arder e a cada piscada que dava as imagens revezavam. Uma hora era Juliana vestida de noiva, na outra era Felicia. Existia apenas um ponto comum entre elas: O desespero.

Foi então que percebeu que havia esquecido de respirar. E com toda falta de oxigênio, a tontura não tardou a chegar. O médico cambaleou e foi amparado por Juliana. Ele fechou mais uma vez os olhos e quando os abriu percebeu que não estava em Santa Fé e muito menos na Igreja. Bastou um olhar para as mãos que agora estavam posicionadas no peito, de onde a dor irradiava, para que entendesse que aquele não era seu casamento e ele não estava feliz. Aquela era a guerra e ele estava sangrando.

—Renato! Renato! Por favor ! Me ouça! Não feche os olhos Renato! Por favor! NÃO FECHE OS OLHOS!- Juliana soava mais do que desesperada. Ela estava em completo pânico.

Zelão ainda estava em choque e apenas se deixou desabar perto do médico. Ele nunca pensou que aquele doutorzinho fosse capaz de um ato como esse. Ele poderia muito bem ter ficado onde estava. Afinal, Zelão sabia que não tinha perspectiva de uma vida saudável, ou pelo menos achava que não tinha. Ja o doutor...esse sim poderia ter uma vida plena. Casaria com Juliana quando o capataz morresse e a faria feliz construindo uma família de um jeito que ele não poderia. Mas não foi isso que aconteceu. Renato se jogou na frente do tiro destinado a ele. Lhe salvando a vida, pela segunda vez.

Do lado de dentro da ambulância Felicia e Vira tentavam descobri o que estava acontecendo.

—Isso foi um tiro! Eu sei que foi!

—É melhor ficarmos aqui senhorita. Não vamos querer criar confusão. Ou melhor...oce fica aqui com o seu irmão que eu vou lá e vejo o que ta acontecendo...certo?

—Errado! Eu vou! Eu ouvi gritarem o nome do Renato! Eu não vou ficar aqui sem fazer nada.

—Infelizmente a senhorita não tem querer- Viramundo ia afastando a moça para que saísse da sua frente quando ela foi mais rápida e ergueu a arma em sua direção.

—Parece que eu tenho sim. Sinto muito Viramundo. Mas eu preciso me certificar que o Renato está bem. Eu devo isso a ele!

—Felicia ..abaixe essa arma.

—Que isso minha irmã? O que oce ta fazendo.- a voz do jovem soldado saiu fina e espantada.

—Firmino. Oce não se preocupe. O Viramundo vai ficar aqui c’ôce enquanto eu vou ver o que diacho que ta acontecendo.

—Felicia..

—Não adianta tentar me convencer Viramundo!- a arma continuava erguida e Vira soube reconhecer sua derrota.

—Tudo bem então...apenas tome cuidado.

Ela apenas assentiu e saiu da ambulância.

Zelão e Juliana ainda estavam sob a mira do capitão quando Ferdinando os alcançou.

—Vejam só...mais um desertor resolveu se juntar a nossa festinha. Só que esse ai não faz nem questão de esconder o quanto está bem.

—Capitão.Por favor. Mantenha a calma.

—CALMA?! Você me pede calma enquanto eu perco homens todos os dias! Eu estou perdendo verdadeiros patriotas nesse exato momento enquanto vocês brincam de casinha?!

—Não é isso que está acontecendo senhor...se eu puder explicar..- Ferdinando tropeçava nas palavras toda vez que via o estado do amigo. O sangue, agora, encharcava o chão.

—Eu estou farto de explicações!

—E eu to farta d’ôce...e então como que fica?- a voz da ruiva pareceu um trovejar em meio as tentativas de calmaria.

—Gina!Entre em casa agora!- Nando sabia que não ia adiantar. Mas rezava que ela compreendesse a gravidade dos eventos e o escutasse uma vez que fosse.

—Mas isso aqui ta uma baderna mesmo!É melhor acabar logo com isso...antes que vire uma epidemia ser desertor!

O capitão mudou a mira da arma e agora apontava para Ferdinando que logo colocou as mãos para cima em sinal de rendição. Foi nesse exato momento que Gina aproveitou para se aproximar um pouco mais do marido e , com cuidado e rapidez, retirou a arma que ele carregava na cintura. Com a mesma velocidade que se armou, a moça engatilhou a arma e agora mirava o capitão.

—Ahh mas não vai mermo!

—Oce não brinque com isso menina...arma não é brinquedo pra mulher.

—Oce é que pensa..

Ferdinando estava pronto para defender a amada quando se ouviu mais um barulho de tiro.

Mais gritos foram ouvidos mas apenas um corpo caiu inerte no chão.

Os olhos do homem ainda estavam abertos quando ele atingiu o solo. Apesar do tiro ter sido certeiro e te-lo poupado do sofrimento de uma morte dolorosa, os olhos evidenciavam supresa, terror ou seria apenas o olhar da morte estampado em seus olhos? A porta que abrimos para o mundo são as mesmas que se fecham quando morremos. Mas no caso inesperado do capitão, seus olhos permaneceram escancarados enquanto seu sangue regava a terra da cidade.

Todos estavam em choque mas Juliana e Zelão logo voltaram a realidade assim que ouviram Renato lutar para puxar o ar.

—Renato!Renato! Por favor !Respire! Nós vamos tirar você daqui.

O médico segurou as mãos da professora enquanto ela tentava estacancar o sangramento com um pedaço rasgado do roby.

Zelão não entendia o motivo que levara o médico a salvar sua vida mais uma vez. E, por esse motivo, não se conteve em perguntar.

—O doto tomou esse tiro...só pra me sarvar?

—Não seja tão convencido meu caro. Eu não salvei só a você. Eu salvei a Juliana também. E você sabe que eu faria qualquer coisa por você não é Juliana?

—Shiii...não diga nada..por favor...concentre-se apenas em respirar.

—Não. Eu preciso falar.

—Por favor Renato! Tente se poupar.

—Eu não tenho tempo Juliana. Escutem. Zelão por favor , não desista ...o seu caso tem tratamento. Eu sei que tem! Basta você querer! Não desista de si meu caro e não desista da sua esposa...dê valor ao que você tem de mais precioso, nós nunca sabemos quando isso nos vai ser tirado.

O capataz apenas assentiu, com lágrimas nos olhos.

—E Juliana...seja feliz...nada no mundo vai me fazer mais aliviado do que saber que você foi e será feliz para sempre.

—Renato...

—O meu coração está livre agora.E o meu único arrependimento foi não ter encontrado um amor tão grande e bonito como o de vocês..

De longe, Felicia observava a tudo. As mãos da moça ainda estavam tremulas. Poderia ser o nervosismo ou até mesmo o mecanismo de rebatimento da arma pós disparo. Fato era que seus dedos agora estavam sujos de pólvora e seu destino marcado para sempre. Tratou de se concentrar em voltar a respirar e não se conteve quando o expirar se tornou um grito desesperado

—RENATOOO!!

Ela correu a breve distância que a afastava do médico e chegou a tempo de ouvi-lo falar seu nome como se suspirasse...o último dos suspiros.

—Felícia...- e dizendo o nome dela....com um sorriso nos lábios...o médico se calou para sempre.


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