Tenshi no Tamashi escrita por AoiTakashiro


Capítulo 116
Capítulo 116 - Desespero


Notas iniciais do capítulo

E enfim o outro capitulo que prometi.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/583124/chapter/116

A chuva começou a cair gradativamente, primeiramente era uma garoa, mas depois aumentara de um jeito leve, os pingos molhavam o rosto ferido de Ralph, que se sentia mais aliviado. Ele usara toda a sua energia, que mal se agüentava em pé, cedendo a ficar de joelhos, com o rosto inclinado para cima, recebendo de bom grado o frescor da chuva. Drago saíra dos escombros, mas logo caíra de cansaço. Nenhum dos dois estava apto a continuar.

– Parece... Que foi empate... – Expressara o loiro.

– Empate uma ova... – Retrucara o anjo do fogo. – Você me acertou com tudo... E me deixou estressado pra inferno... Maldito.

Ralph não segurara uma risada exausta.

– Francamente... – Murmurava Mariah. – Enfim eles se cansaram.

Nesse ouvira algo se aproximando.

– Parece que Gotay está vindo...

O pequeno surgira por entre as folhagens. Mas o que assustou os anjos fora o seu estado. Ele estava completamente machucado, cheio de feridas e queimaduras por todo o seu corpo. Desmaiara assim que aparecera. Mariah e Nesse foram socorrê-lo.

– Então era ai que você estava... – Manifestou-se Flamegg, do alto de uma enorme rocha, um pouco acima de onde Drago se encontrava.

– O quê?! – Chocara-se o loiro. Desabando no chão já lamacento. – Como?...

Drago é que dera uma risada agora.

– O que você esperava? Não se podem vencer todas as batalhas...

Ralph deixara de encarar o anjo do fogo e fitara seus olhos no pequeno filhote de dragão. Sua aparência já dava para ser melhor vista. Ele era um autêntico dragão verde, seus lustrosos olhos vermelhos mostravam um pouco de seu rosto por entre ainda a sua casca de ovo, agora um pouco mais destruída.

– Tsc, ele quebrou um pouco da minha casca... – Retrucara Flamegg.

– Um pouco?! – Murmurara Nesse e Mariah ao mesmo tempo, chocados com o ocorrido. Gotay havia recobrado a razão.

– E – Ele... É muito mais forte... Do que eu pensei...

– Gotay... – Murmurara Ralph, assustado com o que acontecera. Um filhote de dragão poderia ser tão poderoso assim?

– Não subestime a nós, dragões. – Intimidou Drago, tentando se reerguer.

O loiro não conseguia fazer esforço nenhum, estava exausto demais para tentar alguma coisa.

– Eu...

– Vamos embora, Mestre. Não temos mais nada a fazer aqui. – Dissera o pequeno filhote, já ao lado de Drago, tentando ajudá-lo a se levantar.

– Espere! Eu preciso muito da sua ajuda! – Implorou o loiro. – Por favor!

– Eu não irei a lugar nenhum com você. – Amargou Flamegg. – Eu odeio o seu irmão, então eu também devo odiar você.

– Viu? De que adiantou esse discursinho todo? Não pode forçá-lo a fazer o que bem entende. – Completou Drago. – Sabe se quer ser forte, precisa acompanhar os fortes.

– Eu...

– Vou lhe contar porque eu estou nas legiões: Porque Miguel é forte, só isso.

– Só isso?! Acha que isso é motivo para seguir alguém?! – Confrontou Mariah.

– Quieta, olhos verdes. – Dissera o anjo do fogo, tentando intimidar.

– Me chame do que quiser! Mesmo que não possa controlar os meus poderes, ainda tenho os meus próprios ideais que fazem de mim o que eu sou! Não sou marionete de ninguém!

– Mariah... – Expressara Nesse.

– Que papo é esse de controlar seus poderes? – Questionara o loiro, sem entender nada.

– Hum. – Bufara Drago. – Está no nível de um Arconte e não sabe o que são os Poderes Ocultos?

– Arconte?

– Nada. Pelo visto você não sabe de nada, mesmo. – Ironizara o anjo do fogo. – Nós, os Ishins do Fogo, temos um Poder Oculto que é demonstrado por nossos olhos.

– Pelos olhos?

– Sim. Não dizem os humanos que os olhos são as janelas da alma? Então. Conosco é mais ou menos assim.

– Mas não são todos os Ishins que conseguem manipular esse poder. – Acrescentou Mariah. – O nosso poder total é mostrado quando nossos olhos estão vermelhos.

– Vermelhos? Então quer dizer... – Ralph olhou diretamente para Drago.

– Sim. Eu estive usando meu poder total o tempo todo... – Expressara o anjo do fogo, exausto.

Uma onda de empolgação se encheu no loiro.

– É verdade que eu gasto muito da minha energia por manter meus olhos assim... Mas a também um fato: Eu já nasci com os meus olhos assim.

– O quê?! – Agora era Mariah que estava surpresa.

– Isso é possível? – Murmurara Nesse.

– Vocês não sabem de nada sobre mim. – Dissera Drago, meio ignorante. – É por isso que estou com Miguel. Ele sabe como é ser forte...

***

Acheron, Quarto Céu.

Miguel se encontrava sentado em um dos tronos reservados aos Cinco Arcanjos. O trono reservado a ele era o que ficava no auge, e os outros tronos vazios se localizavam abaixo dele. Quatro anjos, mais precisamente Querubins, se aproximaram da sala trazendo um prisioneiro acorrentado.

– Mestre Miguel, há este aqui que desejas entrar em tuas Legiões. – Anunciara um dos Querubins. Depois que fora acorrentado, o prisioneiro e Miguel foram deixados a sós.

– Quem é você? – Dissera, num tom frio e nada interesseiro.

– D – Drago... Senhor. – Respondera assustado.

– Porque desejas entrar em minhas Legiões? Qual o seu interesse? – Questionara o Arcanjo.

Drago se encontrava num estado deplorável. Todo sujo, e muito desamparado.

– E – Eu quero ser forte, meu Senhor.

– Forte? – Resmungara o Arcanjo, num tom ignorante. – Você sabe o que é ser forte inútil?

– Eu...

– Não pense que trato vermes como você como um anjo soldado! Não conseguiu nem ao menos me mostrar interesse! – Miguel o encarava com olhos ameaçadores.

De repente, o ambiente daquela sala ficou pesado. Tão pesado, que o anjo não conseguia respirar.

Q – Que aperto no meu peito... I – Isso é a força dele? Isso é ser forte? E – Eu não consigo... Eu apenas sinto... Um aperto no meu coração... Pensava consigo mesmo, pressionando, agarrando sua mão contra o próprio peito, amassado o farrapo que era as suas roupas.

Uma aura diferente se emanou do corpo de Drago.

Miguel parara com a tensão no ar.

– Tão jovem e tolo... E ainda teve forças para ser um Hospedeiro e de suportar meu Campo de Tensão...

Enquanto o anjo ofegava, por poder respirar novamente, o Arcanjo o analisava.

– Muito bem. Eu farei um teste com você, se passar, será aceito nas minhas Legiões.

– Sério? Ah, quer dizer, muito obrigado, Senhor!

– Não seja presunçoso. Não comemore antes de ter conseguido. – Intimidara o Arcanjo. Ele ordenara que alguns anjos trouxessem o desafio para Drago. Quando os Querubins retornaram, ambos traziam uma enorme jaula feita de luz, trazendo vários seres rosados dentro.

– Está vendo? Esses insetos são um incômodo. Quero que mate uma centena deles e traga-os para mim.

– Uma centena...

Miguel fitara os seres rosados de dentro da jaula, e com somente uma olhadela ele destruíra todos de uma vez. Tudo fora tão rápido que Drago somente havia piscado e se assustara.

– Se quer ser forte, precisa deixar de mostrar compaixão com os outros. É um sentimento inútil que só serve para trazer desespero para os corações.

– S – Sim, senhor!

*

Algum tempo depois, Drago retornara.

– S – Senhor! E – Eu consegui! Matei a centena de insetos que você queria! – O anjo aparecera com um saco cheio dos corpos dos seres rosados. Todo o seu corpo estava coberto de sangue.

Um ar de satisfação surgiu no rosto de Miguel, fazendo Drago ser aceito em suas Legiões.

***

Ralph continuava a encarar Drago e Flamegg. Ele não queria que fosse comparado com algo que ele sabia que não havia feito mesmo sem saber o que poderia ter acontecido.

Ele se ajoelhou completamente, tocando sua cabeça no chão lamacento.

– Por favor! Eu sei que possui ódio de Fred, e eu não sei o que ele poderia ter feito que o magoasse, mas te suplico que eu não seja assim! Quero encontrá-lo, para saber o que aconteceu no passado! Não queria que isso o ferisse tanto!

– Pelo visto você não é egoísta... – Murmurou Drago, se levantando. – Acho que gostei do seu jeito. Dá pra servir como um bom rival.

– Isso quer dizer... – Murmurara Mariah.

– Não vou denunciá-los pelo o que aconteceu. Mas que fique bem claro, não vou tolerar outra invasão dessas novamente. – Ameaçara.

Ralph levantara a sua cabeça, a chuva molhara todo o seu rosto, não somente, seus olhos também estavam molhados, e suas lágrimas se misturavam com as gotas de chuva. Flamegg se aproximara dele, deixando que ele o visse de um jeito melhor.

– Não posso ajudá-lo, Ralph. Mas me enganei em relação a você, e peço desculpas. – O filhote de dragão criara um orbe de fogo, e o entregara para o loiro. O orbe era de tamanho pequeno, mas não queimava. – Você pode localizar o Fred com isso. Crie um portão para o Sheol, e assim você poderá encontrá-lo.

– O – Obrigado. Muito obrigado, Flamegg. Ainda farei com que tudo isso acabe. Para podermos voltar a sermos amigos juntos.

O filhote de dragão ficou comovido, mas não chegou a dizer mais nada. Apenas de apressou a acompanhar Drago para o interior da floresta, onde desapareceram perante as árvores, que eram banhadas pela infinidade de pingos que a chuva trouxera.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!