“E quando as cortinas se abrem
Para o rugir da platéia
Você sentirá tudo à sua volta
Então finalmente acontecerá
E tudo se tornará verdade pra você
E os sons estão tocando novamente e novamente
Até que você faça tudo isso de novo”

Play The Game Tonight - Kansas

Abriu os olhos assustado, tivera sonhos conturbados dos quais não se lembrava.

Sabia que tinha algo importante para se lembrar, mas naquele ambiente escuro e com seu cérebro confuso como estava simplesmente não conseguia.

O medo irracional – ou talvez nem tanto - subiu em ondas por seu corpo sufocando-o, como se criasse mãos muito fortes o estivesse estrangulando, mas todas aquelas sensações assustadoras se abrandaram quando identificou o lugar onde estava.

O cheiro de éter, o colchão fino e a manta que parecia ser de papel. O hospital de Konoha.

Não havia o que temer o ambiente já lhe era velho conhecido. A porta de saída estava ali ao lado da do banheiro, havia um aparelho conectado a seu dedo esquerdo contado seus batimentos cardíacos – cento e dez por minuto e se estabilizando – no seu lado direito ele encontraria as persianas, ele lançou seu olhar até lá procurando saber que horas eram.

As persianas de cor gelo estavam semi-abertas e a noite se estendida através delas, devia ser tarde e iluminada pela luz do luar que se infiltrava pelas fendas das persianas uma figura que ele não estava acostumado a ver por lá, olhava para o céu noturno lá fora.

A penumbra ainda o possibilitava vislumbrar os longos cabelos negros descendo pelas costas cobertas com moletom claro.

Naruto se sentou, a cama gemeu, Hinata se virou para ele, seus olhos brilhavam como o luar que a cobria sem nehum pudor, e ele encarou a garota que o amava.

O sentimento dela parecia tão impróprio tão fantasioso, talvez no fundo, o mundo o fizesse acreditar que não o merecesse, não merecesse ser amado, por isso achava aquilo que ela tinha por ele tão incompreensível, tão errado, enquanto ao mesmo tempo, se sentia sujo ao pensar isso. Estava diminuindo o sentimento dela, enquanto tudo que ela tinha feito era fazer o que ninguém mais pode fazer por ele e o que ele sempre desejara que fizessem. Amá-lo.

A voz doce dela se fez presente, cortando o silêncio:

- Q-que b-bom que... v-você acordou N-naruto-kun – ela sorriu um sorriso ensaiado – você... se... s-sente b-bem?

Ainda surpreso som aquilo tudo ele assentiu rigidamente.

- O que... aconteceu dattebayo?

Ela suspirou languidamente e deu um paço inseguro em direção a cama dele, antes disso puxou o cordão que abria as persianas totalmente iluminando um pouco mais o quarto, o suficiente para ele conseguir vê-la sem muita dificuldade.

- Yamato-san o t-trouxe... d-disse que... v-você passou m-mal ao saber d-dos... últimos a-acontecimentos...

Naruto se sobressaltou e o medo voltou a o apertar na garganta.

- Sasuke! Sakura! Mas que droga’ttebayo! – ele afastou os lençóis e ia se levantando até ela vir rápida como um raio e o forçar a se deitar. – Hinata?! O que está fazendo?! Eu tenho que ir dattebayo!

- N-não... M-me desculpe N-naruto-kun, mas já é t-tarde... o que t-tinha para acontecer já a-acontecu... e-e eu não p-posso deixar v-você ir...

- O que aconteceu’ttebayo!?– ele a olhou com quase horror.

- N-não sei nada s-sobre Uchiha-san e Haruno-san... ninguém v-voltou ainda...

- Então eu vou! Ainda posso ser útil! – ele soltou um som gutural angustiado – Não posso ficar mais tempo parado já perdi tempo demais dattebayo!

- V-você passou mal... pode p-passar de n-novo... – ela parevia tão angustiada... as mãozinhas apertavam a barra do casaco e a cabeça balançava fazendo a cascata negra reluzir sob a luz do luar - N-naruto-kun...! V-você teve algo p-próximo de um i-infarto! T-tem id-déia do q-quanto isso é g-grave!? Poderia ter m-morrido! E além do mais.. Faz h-horas que t-todo mundo s-saiu atrás do U-uchiha-san a e-essa hora...

- Infarto? Hinata-chan só tenho dezesseis anos isso é impossível’ttebayo...

- P-por isso mesmo que é t-tão g-grave N-naruto-kun... N-não era p-para isso a-acontecer...

Naruto se levantou e passou a caminhar em círculos pelo quarto onde o silêncio reinava.

Naruto soltou um longo suspiro.

- Mesmo assim eu vou. São meus amigos Hinata... – disse com a voz séria.

Ela lhe lançou um olhar sofrido.

- N-não p-posso deixar você c-correr perigo a-assim. – disse ela mordendo o lábio inferior.

- O que vai fazer intão’ttebayo? Lutar comigo? – indagou com uma sobrancelha loira levantada.

- N-não... eu p-perderia seu n-nível está m-muito acima do m-meu... Eu... E-eu v-vou com você N-naruto-kun.

- QUE? NÃO NEM PENSAR DATTEBAYO! HINATA-CHAN VOCÊ NÃO...

- V-vai ficar aí a n-noite toda N-naruto-kun? – ela interrompeu os protestos dele indo até a janela, brindo-a e deixando o ar na noite entrar e bagunçar suas longas madeixas escuras, agora que ele sabia se sentia muito mais confiante.

- Hinata... Eu não posso deixar que você vá comigo’ttebayo! – ele cruzou os braços e a olhou com o cenho franzido.

- O-o que v-vai fazer e-então’ttebayo? – ela o imitou – L-lutar comigo?

Os braços dele caíram flácidos ao lado do corpo e ele a olhou surpreso.

Hinata estava diferente e ao mesmo tempo ainda era a doce Hinata que conhecia, mas essa de agora ao mesmo tempo que se conservava tímida, também era sedutora.

Uma Hinata capaz de fazer tudo para proteger o ser amado e cativar este sem perceber.

O sentimento dela não pareceu tão fora do lugar agora.

Ele quase a compreendia.

E algo mudou dentro de Naruto, ele podia sentir.

N/A: Fic curtinha e sem revisão, somente 860 palavras.

Espero que gostem, foi algo que eu quase arranquei de mim, você não tem idéia do quanto eu penei para escrever essa fic, espero que meu bloqueio tenha ido com o vento.

Muito obrigada a todo mundo que sempre me dá apoio na hora de escrever e escuta minhas reclamações chatas do quanto eu acho que tudo que eu escrevo tão argh.

Kisu no Kokoro