Sempre sonhei com um príncipe encantado. Daqueles de cavalo branco e capa. Mas o máximo que o destino me deu foi um garotinho bobo que se formou em direito à pouco tempo.

Acho que os filmes da Barbie me estragaram um pouco. E claro, a Disney também teve o seu papel.

Acho que todas as meninas deviam ter a oportunidade de acreditar no príncipe encantado. Será que isso é um pensamento saudável para uma criança? Mas é isso que a mídia incentiva. Me decepcionei com a realidade?

Um pouco.

Morri?

Não sou o Brás Cubas que escreve do além.

Mas o meu pequeno príncipe (mais conhecido como Thomas) sempre foi mais que uma imagem dessas de filme.

Ele sempre foi real.

Acho que o meu relacionamento com ele nunca vai ser perfeito.

Eu espero gestos e ele também. Mas não se adivinha. Mas basta os nossos olhares se baterem que nos beijamos.

Por que estou escrevendo isso em?

Sei lá, tipo... Meio da aula de matemática. Não aguento mais cotangente.

Mas o fato é que o amor entre duas pessoas nunca será perfeito, não pelo sentimento, mas pelas pessoas. Por que são elas que constroem o relacionamento. Então todos tem uma reponsabilidade.

O amor em si já é perfeito ♥

E o pior é que conheci ele de uma forma tão inesperadamente perfeita e simples que fico me perguntando se nossa história fosse um livro: eu o compraria?

Acho que não. As pessoas querem coisas novas. Nada de clichês ou algo parecido.

Mas eu não gostaria que nada tivesse sido diferente. Mudado a nossa história.

Quantas tempestades enfrentamos? Muitas.

Espero não perder essa folha de papel.

É bem minha cara não é príncipe? Haha

Desculpa por estar assim tão chorona hoje. Lembrei do primeiro buquê que você me deu e pensei no quanto não demonstrei o meu agradecimento. Sou assim, dura. Mas com o tempo você me amo amoleceu, desculpa EU QUE ME AMOLECI.

Fui pega de surpresa com tanto carinho como nunca ninguém tinha me dado.

Você simplesmente me amou por quem eu sou, e não por quem eu parecia ser.

Você me desvendou desde o primeiro olha.

Vou parar por aqui por que eu estou chorando aqui no meio da sala de aula.

Só queria dizer que te amo muito.

Meu eterno Thomas.

Oi meu amor.

Depois de tanto tempo achei essa folha mofada.

Fui procurar a bicicleta do Nicolas, o nosso rapaizão, ele me convidou para andarmos juntos. Porque estou escrevendo isso? Você já sabe.

Desculpe, perdi o jeito depois de tanto tempo.

Vi algumas caixas no nosso sótão (depois você tem que me ajudar a limpa-lo aliás), e decidi desvenda-las. Quando se fica velho não se tem muito o que fazer não é meu garoto?

E vi meus antigos cadernos do segundo ano do ensino médio. E vi essa cartinha que está acima. Tinha planejado te entregar no dia do nosso casamento mas esqueci dentro do caderno e também aquele dia foi uma agitação só não é mesmo?

Sei que já estamos desgastados meu amigo, mas vejo que cada dia que se passa mais perto da eternidade ficamos.

Hoje: Dia 19 de maio de 2019, completamos cinquenta e sete anos de casamento e sessenta e um de amor.

Acho que nada melhor que te mostrar como eu me sentia naquela época. Tão jovens, tão carentes de amor. Que bom que nos encontramos para suprir as necessidades um do outro.

Eu te amo com um amor que nem eu mesma consigo explicar. Amor assim nem aqueles filmes de cinema conseguem transmitir para o telespectador.

Vamos amanhã caminhar um pouco no parque?

Por que estou te perguntando isso? Irei lhe perguntar pessoalmente quando entregar a carta.

Mais uma vez: Eu te amo.

Com amor,

Eternamente sua.

Ps.: Obrigada pelas rosas.