Eu arrumei algumas coisas em minha mochila azul turquesa com a ajuda de meus irmãos. Meu arco e flechas, que eu havia achado perto dos alvos, era mágico, se transformava em um anel que agora eu estava usando. Prendi minhas facas em meus jeans, como um cinto, e meu colete se transformava em um suéter com uma flor de lótus no meio. Isso tudo era incrível. Will havia me dado um saco cheio de dracmas para emergências. Todos do chalé 7 me abraçaram antes que eu colocasse minha mochila no ombro e me dirigisse para o chalé de Nico.

A porta do chalé 13 estava entreaberta, então eu entrei. Nico estava sentado em sua cama, olhando uma figurinha que segurava em sua mão. Quando me viu, rapidamente enfiou a figurinha no bolso de sua jaqueta aviador.

— Oi, eu não havia visto você entrar. - ele sorriu.

— Está pronto para irmos? - perguntei.

— Sim. Tecnicamente, essa é minha primeira missão também. - ele disse, e eu podia dizer que ele estava tão nervoso quanto eu, já que girava o anel de caveira prateada no dedo. Eu havia conhecido um outro menino que também usava um anel de caveira, mas essa era uma outra história - Mas antes, - Nico continuou - eu quero lhe dar uma coisa. Eu ia te dar só no Natal, mas acho que você precisa agora.

Ele foi até uma outra beliche e segurou algo comprido, perfeitamente enrolado com seda negra e amarrado com uma única fita de cetim violeta. O toque perfeito. Ele me entregou.

Senti meu rosto se avermelhar completamente. Lentamente, desfiz o laço e prendi a fita em meu rabo de cavalo. Desenrolei a seda negra para ver uma lâmina brilhante. Em minhas mãos estava uma espada longa, de lâmina em forma de folha, que brilhava como o sol nascente.

— Essa espada foi feita nas forjas de Hades, para você. - disse Nico - É feita tanto de Ouro Imperial quanto de Bronze Celestial, ambos são raros e difíceis de juntar. O cabo é de obsidiana e prata, e tanto as ametistas quanto a safira são do jardim de Perséfone e ela mesma deu a benção as pedras. - ele me olhou intensamente; eu ainda estava sem fala - É por isso que eu andava sumindo tanto a noite, para checar o progresso da espada. Espero que o equilíbrio esteja bom.

Eu ainda encarava a espada brilhante em minha mão. O equilíbrio era perfeito.

— Nico... - olhei para ele - Ela é... linda, perfeita e magnífica! Obrigada... - eu não sabia como descrever a espada. Estava sem palavras.

Lancei meus braços ao redor de Nico e beijei seu rosto múltiplas vezes.

— Fico feliz que tenha gostado. - ele estava completamente vermelho, mas talvez não mais do que eu - Toque na safira.

Achei sua fala um pouco estranha, mas toquei na pedra do meio, a safira azul, e a espada se transformou em um disco dourado, pouco maior que uma moeda.

— Ah! - exclamei.

— Agora gire o disco. - ele pediu. Girei o disco em minha mão e a espada tornou a surgir - Você pode carrega-la em seu bolso, como Percy e Ariana fazem com as deles.

— Obrigada, Nico. - eu não conseguia parar de sorrir - Eu amei. - falei, e então me lembrei da missão - Mas agora temos que ir, Ariana deve estar esperando. - eu abri mais a porta com meu ombro, não largando o cabo da espada em nenhum momento.

Os campistas que passavam por nós não tiravam os olhos de minha espada, cochichando...

Nico e eu caminhamos até o pinheiro de Thalia, e enquanto caminhávamos eu ia testando e girando a espada. Ela era perfeita... mas eu ainda não conseguia entender por que Nico di Angelo me dera algo tão lindo e perfeito.

Ariana, Quíron, Richard e Argos estavam nos esperando na colina.

— Bela espada. - disseram Ariana e Richard simultaneamente.

— Nico mandou fazer para mim. - falei.

Quíron ergueu as sobrancelhas e Ariana sorriu torto.

— É a sua cara. - disse Richard.

— Eu sei. - sorri, olhando mais uma vez para a espada e então toquei na safira e guardei a moeda em meu bolso.

— Sinto muito, Rory, mas preciso ir agora. Tenho que dar aula de esgrima. - Richard me abraçou apertado - Boa sorte, minha querida. - os olhos dele brilhavam com certa tristeza, mas também orgulho - Eu sei que você vai conseguir.

— Tchau, pai. - eu falei, porque era isso o que ele era, independente de minha linhagem.

Ele desceu a colina, as vezes olhando para trás.

— Você está pronta? - perguntou Ariana.

— Na medida do possível. - respondi.

— Desejo a vocês o melhor, e que os deuses estejam com vocês. - Quíron curvou sua cabeça e então desceu a colina trotando.

Argos nos levou até uma van branca. Eu achei engraçado o fato de que minha mochila era turquesa, a de Nico era preta e a de Ariana era vermelha; como se nós tivéssemos nossas próprias cores de identificação.

Argos nos deixou na primeira estação de ônibus que achou, que era, coincidentemente, na frente daquele museu dos filmes Uma Noite no Museu. O Museu Americano de História Natural.

O nosso ônibus sairia apenas daqui a cinco minutos. Subimos nele e nos sentamos nos lugares ao fundo, eu ao lado de Ariana e Nico em nossa frente. O ônibus não estava cheio. Guardamos nossas mochilas nos compartimentos que ficavam a cima de nossas cabeças. Eram compartimentos meio estranhos, como os daqueles trens antigos, mas não me incomodei... me lembrava o Expresso de Hogwarts.

— Acho melhor descansarmos. - disse Ariana - Muito provavelmente não teremos mais tantas chances de dormir com calma.

— Acho que só teremos até o solstício de inverno para completar essa missão. - Nico disse e trocou um olhar preocupado com Ariana - O dia mais sombrio do ano.

— Faz sentido. - murmurou a filha de Ares.

— Ótimo. - esfreguei minha têmpora, mas não fiz perguntas.

Eu olhei pela janela, imaginando várias coisas que poderiam dar errado nessa missão e acho que Ariana e Nico também estavam profundamente perdidos em pensamentos, porque nenhum deles ouviram o anuncio do motorista:

"Bom dia a todos. Espero que estejam confortáveis, pois serão dois dias até Buffalo e faremos apenas duas paradas. Os banheiros ficam nos fundos."

Nós deveríamos estar no ônibus para Washington D.C.