Seus olhos estavam vidrados no mar que ela via ir e voltar pela janela. Faziam agora seis meses que ela tinha voltado para o orfanato de Creta.
Naomi Acácia. Ela só sabia o seu sobrenome porque estava bordado no lençol que veio com ela. Era a única coisa realmente sua aquilo.
A única menina de 10 anos de idade cuja vida se resumia a sonhar com o que tinha lá fora e tentar realizar, mesmo sabendo que não era capaz daquilo sozinha. Não sozinha.
Mas essa história não é só sobre Naomi e sim sobre sua família. Não aquela família que a deixou ali, mas a que a levara para lugares que ela, mesmo com sua mente fértil e força de vontade, jamais poderia imaginar estarem lá fora.
Nossa pequena grega observava um casal que falava uma língua estranha se aproximar do orfanato. Ela não sabia do que se tratava, mas as motos deles chamaram sua atenção.
O pouco que ela sabia falar em inglês usou para chama-los e perguntar a eles onde arranjaram motos 'tão legais'.
- Compramos no Brasil, querida - respondeu a mulher com um sorriso gentil. - É de onde viemos.
O homem parecia ser um pouco mau, mas ao se aproximar dela e falar com uma tranquilidade contagiante, essa ideia sumiu da cabeça de Naomi.
- Para que vocês tem elas? E de quem é aquela rosa pequena ali? - perguntou a garota, apontando para um ponto rosa atras das duas grandes motos.
- É da nossa menina, Olívia.
Joanna, a mulher gentil, abriu um largo sorriso ao ver os olhos da garotinha brilharem de uma forma que ela não viu muitas vezes, mas sabia bem que era de pura admiração.
Ao falar o nome de Olívia, uma garotinha dos olhos negros esbugalhados e os cabelos dourados como ouro saiu de trás do homem. Ela estava com as duas mãos juntas na frente do corpo, um vestidinho rosa e um sorriso tímido.
- Qual o seu nome? - perguntou ela, com uma vozinha doce de menina.
- Eu sou Naomi. Sua moto é muito legal. Queria poder andar de moto! - ela falou e abriu um sorriso, o qual logo se desfez ao lembrar de onde estava.
O homem, que logo mais a grega iria descobrir chamar-se Matias, sentiu um afeto inesplicável por aquela garota e colocou algo que iria mudar sua vida na cabeça: essa menina tem que ser livre.
E foi assim que uma mocinha grega, dos olhos azuis e cabelos negros como a noite finalmente ganhou uma família.
E assim como o começo da história de Naomi, o resto dela é tão incrível que eu preciso relata-lo para vocês.

Classificação: 16+
Categorias: Histórias originais
Personagens: Indisponível
Gêneros: Drama, Romance
Avisos: Álcool, Bissexualidade, Homossexualidade, Nudez, Sexo, Violência

Capítulos: 2 (2.527 palavras) | Terminada: Não
Publicada: 09/01/2015 às 05:31 | Atualizada: 16/01/2015 às 11:40