Hoje fomos fazer a matrícula de Bella na universidade e em seguida a minha no colégio. Eu não tava tão animada assim porque eu teria que fazer prova de equivalência dos anos anteriores ao que eu devia estar. Isso me desanimava muito. Preferia continuar sem ir na escola, quem sabe ter aulas particulares em casa não seria uma boa. Falei dessa hipótese a Alice e logo ela descartou com um “não temos dinheiro para isso, não por enquanto”. Ah, poxa, eu sei esperar. Iria ser um mico total eu chegar no último ano sabendo coisas só do 9º ano. Eu tive de deixar de estudar para me dedicar integralmente àquele nojento do Laurent.

Assim que matriculamos Bella e ela ficou na Uni para ver uma palestra, eu e Alice estávamos saindo quando Jazz nos chamou. Sério. Só de ouvir a voz dele fiquei sobressaltada e meu coração entrou em disparada. O mais fofo é que ele se ofereceu para me matricular no colégio. CLARO que eu aceitei. Alice não queria muito, mas logo eu argumentei com a pressa que ela tinha para achar emprego e ela cedeu.

Eu estava agora caminhando em silêncio com ele até a porta da Forks High School.

–Já tinha saudades daqui. – Ele falou olhando o edifício

–Uhum. – Eu concordei dando um sorriso sem dentes

–Você não é muito de falar pois não?

–Hurum. – Neguei abanando a cabeça, ok, eu tava parecendo uma lesada – Desculpe. Eu sou um pouco tímida.

–É, eu notei. – Falou sorrindo. Ok, derreti geral

Entramos na secretaria do colégio e ele entregou os documentos para a mulher.

–Você quer se matricular no 9º, é isso? – A mulher perguntou

–Não, é no último. – Jazz falou firme

–É. Eu quero me matricular no último, mas primeiro tenho de fazer exames de equivalência dos anos anteriores. – Expliquei e a mulher assentiu olhando os papéis

–É, tem aqui a autorização de sua irmã para a candidatura dos exames. – A mulher falou pegando em um papel qualquer assinado por Alice

Jasper me encarava confuso como que se pedisse uma explicação e eu corei brutamente de vergonha. Precisava de um buraco fundo para me enterrar. O que ele iria pensar de mim? Que eu sou burra? Ai droga de vida. Maldita hora que eu aceitei que ele viesse comigo fazer as matriculas.

–Os exames são mês que vem. Depois que saírem os resultados você pode terminar a matrícula. Vai ficar aqui uma nota dizendo que você está inscrita nos exames. – A mulher falou anexando meus documentos em um arquivo escolar

Assim que ficou tudo resolvido no colégio, Jasper me levou a conhecer o edifício. Cumprimentava de vez em quando uma ou outra pessoa mas nunca se alongava muito em conversas extensivas. Ou seja, nunca me deixava sozinha mais que dois minutos. Eu achei isso atencioso. Ok, MUITO fofis. Ele é tão cute. Sério. Dá para babar nele o dia inteiro. Ele é cavalheiro, gentil, carinhoso e tudo o mais. Diferente de todos os outros rapazes que eu me acostumei a ver em L.A. Talvez seja dos garotos de Forks, ou então é só mesmo ele. Só sei que eu consigo ver a verdade no seu olhar.

Eu mal prestei atenção em um único canto daquele colégio. Só tinha olhos para Jasper. Eu sei que isso é meio precipitado, mas desde que o vi que percebi que ele ia ser muito importante em minha vida. Não falo só em termos amorosos, longe disso. Eu não penso me relacionar com alguém tão cedo. Não depois do episódio, Tyler, na estação de serviço. Mas em uma amizade pura e verdadeira. E eu sentia que Jasper era a pessoa indicada para isso. Não que as meninas não fossem. Mas com ele era diferente. Não sei explicar. Era como se ele fosse o primeiro homem em quem eu pudesse confiar de verdade e totalmente. Eu sentia que ele não me iria desiludir nunca. Não sei explicar porquê, mas eu sentia isso.

–Vamos? – Ele me chamou – E então, gostou do colégio? – Perguntou excitado

–Uhum. – Voltei às falas monossilábicas, se é que “Uhum” pode ser considerado um monossílabo

–Desculpe, eu devia ter te dado mais atenção…é que eu não via…

–Jazz. Não precisa se desculpar…eu te entendo…são conhecidos seus…era sua antiga escola, é normal que…

–Eu sei. Mas desculpe na mesma. – Me interrompeu com um sorriso. Que porra. Porque ele tem sempre de ficar sorrindo desse jeito?

–Tudo bem. – Assenti mordendo meu lábio e encarando o chão

–Então… - ele falou desconcertado passando a mão na nuca – Porque você não terminou o liceu? Digo, você deveria estar no último ano…

–Meu padrasto… - falei sem pensar e logo tampei a boca com uma mão e arregalei os olhos me dando conta da burrada que eu ia fazer

Eu estive a “milímetros” de contar para Jazz o meu segredo, o segredo das meninas. Entrei em desespero e sai da beira dele correndo. Ele correu atrás de mim e conseguiu me parar, me puxando por um braço.

–Porque você fugiu? Que tá acontecendo Nessie? – Ele perguntou preocupado

–Eu… - Mordi meu lábio com força a ponto de o rasgar e reprimi o grito que eu queria dar

Eu queria puder ter alguém para desabafar e contar meus segredos, mas eu não podia trair as meninas. Esse não era um segredo só meu e eu não podia pôr em risco tudo o que conseguimos conquistar em tão pouco tempo. Eu não podia retribuir com ingratidão tudo o que elas fizeram por mim. Elas salvaram a minha vida sem nem questionar a vida delas. Elas me acolheram e me receberam como mais um membro dessa irmandade. Elas eram minhas amigas e acima de tudo eram minhas irmãs. Não. Eu não podia falar.

–Nessie, Nessie. – Jasper me chamava me abanando

–Desculpa…mas…eu…não…posso…falar. – Falei pausadamente medindo cada palavra demoradamente

–Tudo bem. Só não chore. – Ele falou passando a mão na minha face molhada. Nem notei quando comecei a chorar

Ele me olhava com olhos de dor. Dor por me ter feito inconsequentemente e inconscientemente sofrer. A distância entre nós estava ficando cada vez mais curta e eu sentia a respiração dele cada vez mais próxima. Comecei a ofegar com essa proximidade e quando dei por mim estava correndo de novo para longe dele. Que droga. Já não conseguia controlar mais esse meu medo.

Eu sou mesmo idiota, fraca. Quando é necessário fugir eu me borro de medo e paraliso esperando que o mal seja feito. Quando devo ficar queta, parada, esperando o melhor vir, o que é que eu faço? Fujo, claro. Idiota!

Mais uma vez ele correu atrás de mim e me parou.

–Desculpe, desculpe, desculpe. – Pediu ofegante – Eu não devia ter…tentado…Desculpe. – Pediu de novo

–Por favor…não tente…nada…de novo… - Articulei a medo

–Tudo bem. Desculpe…mais uma vez. – Ele pediu me olhando de novo com aquela cara de cachorro que caiu da mudança. Assim não dá, droga. Como eu vou resistir! FOCO Renesmee, foco. Ai droga. Enganei meu nome. É VA-NE-SSA. E não Renesmee. Renesmee é passado, esquecido e enterrado.

–Bom…Já que você tem que fazer provas…eu poderia te ajudar a estudar…isto se você não se importar é claro. – Falou prontamente e eu ponderei. Eu queria ele como amigo, então…estudar junto não iria me fazer mal algum

–Tudo bem. Amanhã podemos começar? – Perguntei esboçando um sorriso nervoso

–Claro. Em sua casa ou na minha?

–Na minha…por favor… - Meu refúgio, ué. Me sentiria melhor lá.

–Tudo bem. Estarei lá às três. Pode ser?

–Excelente. – Confirmei

–Você vai esperar Alice? – Ele perguntou

–Ah…acho que ela vai demorar bastante. – Falei trincando meu lábio

–Posso te oferecer carona? Sem segundas intenções. – Ele falou elevando as mãos à altura do peito em sinal de paz e deu AQUELE sorriso

Eu sorri de volta e me senti corar abrutamente de novo.

–Tudo bem. Mas eu escolho a música pra gente ouvir! – Falei firme

–A srta é que manda! – Ele falou me guiando até seu carro que estava parado perto da universidade

Escolhi uma música alegre e fomos cantando o resto da viajem, feito duas crianças bobocas mas extremamente alegres.

Ele me deixou na porta de casa e se despediu com o demorado, mas leve, beijo na bochecha que me fez estremecer.

–Até amanhã Nessie. – Falou com uma voz rouca

–Até. – Me despedi