A Seleção Semideusa escrita por Liz Rider


Capítulo 15
Monstros sem SA


Notas iniciais do capítulo

Hey, gente! Vocês tão sumidos... me abandonaram, foi? Não me abandonem, eu amo vocês :'(
Mas eu defini. Postagens semanais nos sábados, okay?



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P.O.V America

Está tudo um caos.

Mesmo que Éris ainda não tenha aparecido – apesar de eu ainda estar esperando que ela o faça –, tudo está um enorme caos. Soldados gritam ordens; algumas selecionadas estão estéricas; Maxon tenta em vão acalmá-las; outras – filhas de Ares/Marte, presumo – estão berrando, xingando e ameaçando matar a todos; eu estou ainda no mesmo lugar, encarando essa cena de horror, paralisada, como se eu estivesse no 11 de Setembro.

– America? – alguém me chama, ao meu lado.

Viro-me, ainda um pouco em choque, com movimentos lentos e deparo-me com Maxon. Tenho o impulso de me aproximar dele e abraçá-lo, mas me contenho, não sei como seria “recebida”, afinal, ontem a tarde, eu havia... hmm... será que há um eufemismo para isso?..chutado ele.

Olhei para ele.

– Tudo bem com você?

– Sim. – o sussurro sai de meus lábios automaticamente.

Ele me avalia por alguns momentos.

– Você não parece bem. – replica.

Ignoro seu comentário.

– O que acontecerá com as criadas?

Eu estava segura, eu sabia disso. Mesmo que os monstros invadissem, temo que vários dos soldados colocariam suas vidas em risco por nós, depois, se isso falhasse, tenho certeza que algumas filhas de Ares/Marte iradas iriam liquidá-los e se nada desse certo, Maxon ainda era um deus grego, oras!

Mas e as criadas? Se alguma delas estivesse perto do muro quando os monstros invadiram? Ou se não tiverem tempo de chegar a um lugar seguro? Será que conseguem se defender?

– As criadas? – repete, parecendo perplexo.

– Sim, as criadas. – respondo, com paciência.

Ele me encara, ainda parecendo um pouco surpreso com a minha pergunta. Encaro-o de volta. Ambos sabemos que só uma pequena parte da população da mansão tem o privilégio de ser protegida pelos guardas, só porque nós fazemos parte dessa minoria, não quer dizer que os outros também estão seguros.

Meus olhos ficam marejados só de imaginar algo de ruim acontecendo a Anne, Mary e Lucy. Elas são tão boas e prestativas para mim, me ajudaram tanto. Mas não quero chorar. Não agora. Respiro fundo e acelero minha respiração para tentar conter as lágrimas.

– Elas devem estar escondidas. Os funcionários da mansão também têm onde esperar o fim dos ataques. Os guardas avisam rapidamente todo mundo. Elas vão ficar bem. Costumávamos ter um sistema de alarme, mas na última invasão ele foi destruído completamente. Estamos tentando consertar, mas... – ele suspira.

Olho para o chão, tentando aplacar todas as preocupações na minha cabeça.

– America... – Maxon sussurra suavemente.

Levantei o rosto.

– Elas estão bem. Os rebeldes agiram devagar, e todo mundo aqui sabe o que fazer em caso de emergência.

Concordo. Permanecemos ali, em silêncio, por alguns minutos, até eu perceber que ele está pronto.

– Maxon – chamo.

Ele se volta para mim.

– Sobre a noite passada, eu gostaria de me explicar. Quando fomos preparadas para a viagem, o Sr. D. disse que eu jamais poderia rejeitar você. Não importava o que pedisse. Em nenhuma hipótese.

Ele fica pálido, parece chocado, mas, diferente do choque que teve quando perguntei pelas criadas, parece ser um choque ruim. Ruim não, péssimo.

– O quê?

Sr. D.? Dionísio? – confirmo com a cabeça.

– Pelo que ele me disse, parecia que você ia pedir algumas coisas. E você mesmo me contou que não conviveu com muitas mulheres. Depois de dezenove anos... E você dispensou as câmeras. Fiquei com medo de que chegasse perto demais.

Maxon balança a cabeça na tentativa de processar toda aquela informação. Seu rosto, geralmente tranquilo, contorcia-se de ódio, humilhação e incredulidade.

– Ele disse isso a todas? – ele pergunta, aparentemente abismado com a ideia.

– Acho que sim, pelo menos para as garotas do CHB. Ele falou quando estávamos reunidas antes de virmos para aqui. Mas não conheço bem o suficiente as meninas do Acampamento Júpiter para perguntar, mas duvido que algumas precisem do aviso. Elas provavelmente só estão esperando uma oportunidade para atacar. As de ambos os acampamentos, digo. – aponto a cabeça para o resto da sala.

Ele ri sarcasticamente.

– Mas você não é como elas, até porque não teve receio de me acertar uma joelhada bem naquele lugar, certo? – ele brinca.

– Eu acertei sua coxa. – rebato.

– Por favor. Um homem não precisa de tanto tempo para se recuperar de uma joelhada na coxa – ele argumenta com a voz cheia de ceticismo.

Deixo uma risadinha escapar. Felizmente, Maxon me acompanhou. Foi então que outro projétil atingiu a janela e interrompemos o riso ao mesmo tempo. Por alguns instantes, eu esquecera onde estou. Preciso de um pouco mais de tempo. Minha saúde mental necessita.

– E então, como é ter que lidar com uma sala cheia de mulheres em prantos? – pergunto.

– Nada no mundo pode ser mais confuso! – ele cochicha rapidamente. – Não tenho a menor ideia de como fazê-las parar.

– Você pode tentar pôr a mão no ombro delas e dizer que vai ficar tudo bem. Quando choram, as mulheres nem sempre querem que você resolva o problema. Ás vezes elas só querem ser consoladas – sugiro.

– Sério? – ele parece espantado.

– Ahaam. – confirmo com a cabeça.

– Não pode ser tão simples. – replica ele, ainda parecendo não entender.

– Eu disse “nem sempre” e não “nunca”. Mas certamente irá funcionar com essas garotas.

Ele faz careta.

– Não tenho tanta certeza como gostaria. Duas já me perguntaram se eu as deixaria sair quando o ataque chegasse ao fim.

– Achei que a gente não tivesse permissão para te pedir isso.

Mas, pensando bem, eu não deveria estar surpresa. Se ele havia autorizado minha permanência como sua amiga, simplesmente para ajudar-lhe em sua escolha, os detalhes técnicos não pareciam estar sendo muito utilizados.

– E então, o que você vai fazer? – questiono.

– O que eu posso fazer agora? Não vou manter ninguém aqui contra vontade, America.

– Tenho certeza que mudarão de ideia até o fim do ataque.

“Nunca vi semideusas mais frouxas, afinal, essa é nossa realidade: sobreviver a monstros. Claro. Depois da Profecia dos Sete nunca mais tiveram aglomerações tão grandes de monstros para matar semideuses. Com a “morte” de Gaia, parece que tudo voltou a ser como deveria ser. Menos os monstros, que continuam indo e voltando, mas eles não parecem ser muito fãs de se unir para acabar conosco. Ou melhor, pareciam...”, reflito comigo mesma.

– Talvez. – ele concorda, alheio a minha zombaria para com essas semideusas medrosas. – E você – ele se volta para mim com um ar brincalhão – já está assustada o suficiente para sair também?

– Para falar a verdade, achei que seria mandada embora depois do café da manhã. – admito.

– Eu também pensei. – confessa e um sorriso sereno nasce em nossos rostos. Nossa amizade – se é que podíamos

chamar assim – era estranha e cheia de furos, mas pelo menos era honesta.

– Mas você não me respondeu. – diz, quebrando o silêncio. – Quer sair?

Como se fosse sua deixa, outra coisa é jogada contra a parede, causando mais um pequeno abalo. A ideia era realmente bastante tentadora. Em casa, o maior ataque que poderia haver era Gerad comer o meu cereal. As garotas ali não se importavam comigo, as roupas me sufocavam, as pessoas queriam ferir meus sentimentos e toda aquela história me deixava desconfortável. Maxon parecia, de fato, meio perdido, e eu tinha prometido ajudá-lo. Quem sabe eu mesma não escolheria a sua esposa?

Olho bem nos olhos dele.

– Enquanto você não me enxotar, eu vou ficando... – sorrio para ele, ele sorri para mim.

– Bom, sendo assim, você precisa me passar mais dicas, tipo essa da mão no ombro.

Depois de alguns segundos de silêncio, onde apenas nos encaramos, Maxon diz:

– America, você poderia me fazer um favor? – assinto com a cabeça. – Para todos os efeitos passamos a tarde de ontem toda juntos e se alguma garota perguntar, você poderia, por favor, dizer que eu nunca... que eu jamais...

– Com certeza. Realmente sinto muito pelo que aconteceu.

– Eu já deveria saber que se alguma das garotas fosse desobedecer uma suposta regra, esta seria você.

Vários objetos pesados atingiram a parede novamente,causando um enorme estrondo que, por sua vez, fez várias das garotas gritarem de pavor.

– Esses monstros! – murmuro com raiva.

– Pois é. – concorda Maxon. – Da última vez eles acabaram com várias das minhas câmeras.

– Câmeras? – questiono.

– Sim. Amo fotografia.

Sorrimos juntos. Dei-me conta de que se Maxon fosse apenas Maxon Schreave e não
Maxon, o deus menor filho do Rei do Olimpo, seria o tipo de pessoa que gostaria que morasse na casa ao lado, um vizinho com quem conversar.

Ele limpou a garganta.

– Suponho que eu deveria ver como estão as outras garotas.

– Sim, imagino que muitas delas estão se perguntando por que está demorando tanto.

– E então, parceira, alguma sugestão de quem deve ser a próxima? – diz, em tom brincalhão.

Sorrio e olho para trás, para conferir se minha candidata a mulher de um deus ainda aguentava firme. E ela parece aguentar.

– Está vendo aquela loira ali, de rosa? É Marlee. Um doce. Ela é muito gentil e adora filmes. Vá.

Maxon dá uma risadinha e caminha na direção dela, me deixando sozinha com meus pensamentos novamente.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Ataque dos monstros...



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