Angeles DarkShadow estava muito ocupada preparando o almoço então não percebeu de um pequeno ser adentrando na cozinha para pegar alguns cookies.

Charlotte DarkShadow ainda tinha seus oito anos quando tentava subir em cima da geladeira para alcançar o armário. Genética era cruel e por causa da sua mãe, ninguém pensava que Chars iria ser alta.

Depois de quase derrubar o pote, a miniatura de gente olhou para sua mãe para ver se ela estava observando alguma coisa.

A criança suspirou aliviada. Angeles podia ser um bicho horrível quando estava com raiva. Seu pai, Jake, sabia disso mais do que ninguém.

Depois de pegar os cookies, Charlie saiu correndo para seu quarto. Ela guardou os cookies na caixinha que tinha pintado com tanto carinho e olhou para o seu presente.

Sua cara murchou. Não era um presente especial, não era um presente digno de sua mãe.

Triste e decepcionada, a criança decidiu ficar brincando de bola lá na rua até pensar em um plano melhor para um presente digno.

Cinco minutos depois, Colby e James apareceram em suas bicicletas.

— Olá, Charlie — Colby sorriu deixando à mostra um vão no lugar que ficava seu canino esquerdo. Charlotte sentiu uma pontada de ciúme sabendo que a fada madrinha ia visita-lo, mas não veria ela, porém ela nada disse.

— Oi meninos — ela murmurou e voltou a brincar com a bola.

James e Colby se entreolharam, confusos.

Diferente de Charlotte-adolescente, a Charlotte-criança não era tão mal-humorada e irônica assim. Ela ainda tinha sua inocência de criança e por mais que pensasse que meninos são bobões, ela brincava quase o tempo todo com James e Colby.

Antes que Colby ou James perguntasse alguma coisa, alguém gritou.

— James! Venha, sua mãe chegou! — o pai dele disse de seu jardim.

— Vish, tenho que ir. Tchau gente — e com isso, o menino acelerou sua bicicleta.

Colby ficou olhando Charlotte cabisbaixa. Outra coisa que ele notara fora que Charlotte não disse nada quando ele a chamou de Charlie. A menina tem se irritado com isso desde quanto tinham seis anos quando contaram para Chars que Charlie também era nome de menino. Colby, para brincar com ela e vê-la ficar vermelha, ficava chamando ela de Charlie. Isso e porque já tinha se tornado um hábito.

— O que foi, Charlie?

A menina suspirou.

— Eu não tenho um presente legal para minha mãe. Só uma caixa cheia de cookies.

Colby não entendia direito todo esse lance. Sua mãe quase nunca estava em casa, sempre estava viajando com seu pai, por isso qualquer coisa que Colby fizesse estaria de bom tamanho para seus pais, pois estes queriam suprir toda a saudade mimando o filho quando o viam. Até a morte de seu pai, a mãe de Colby era uma mulher que queria estar ao seu lado o tempo todo.

— Já sei! — ele exclamou. — Eu ouvi dizer que tem essas flores lá no parquinho que realizam qualquer desejo. Elas se chamam pêlo-de-leão.

— Pêlo-de-leão?

— É.

Charlie assentiu levemente.

— Tudo bem, vamos buscar esse pêlo-de-leão.

***

Colby teve que guardar sua bicicleta para ir caminhando com Charlotte. Ambos estavam muito animados para buscar a flor.

Encontraram o velho jardineiro que cuidava da pracinha.

— Seu Moriz — Charlotte disse mais animada. — Onde que eu posso achar um pêlo-de-leão?

— Pêlo-de-leão?

— É. A flor dos desejos, sabe?

— Ah! — o velho riu. — Você quis dizer, dente-de-leão?

— Isso, isso mesmo! — Colby exclamou batendo palmas.

— Do lado da gangorra, eu acho que vi uns.

Charlotte foi correndo pegar. Encontrou dois e os pegou.

— Pra quê dois, Charlie?

— Um pra você dar pra sua mãe, ué — ela entregou para ele, sorrindo.

Colby tentou esconder a vergonha de receber uma flor de uma menina tão bonita quanto Charlotte.

No caminho de volta, ambos estavam saltitando pela rua. Porém, começou a ventar muito forte e quando Charlie estava entrando em casa, o vento levou seu dente-de-leão.

A garotinha começou a chorar, como estava tão perto da porta, seus pais ouviram e foram correndo ver o que tinha acontecido.

Colby ofereceu seu dente-de-leão, mas Charlie não quis, ela não podia fazer isso com ele.

— O que foi, meu amor? — Jake perguntou suavemente quando ele se ajoelhou ao lado de Charlotte.

A garota fungava e soluçava.

— Mamãe...presente...dente-de-leão...vento...presenteeeee — e voltou a chorar.

Jake, por entender tão bem sua filha, percebeu na hora o que tinha acontecido e sussurrou algo no ouvido de Charlotte.

Ela parou de chorar na hora e arregalou os olhos.

— Sério?

Ele assentiu sorrindo. Charlie, dando um rápido aceno para Colby, subiu as escadas correndo para pegar seu presente.

Colby voltou pra casa sorrindo, apenas para se deparar com seus pais voltando de viagem. Parece que seu dente-de-leão realizou seu maior desejo.

Angeles que assistia à distância sua filha olhou para Jake e arqueou a sobrancelha.

— O que você disse pra ela?

— Você sabia que dentes-de-leão realizam desejos? — ele disse com um sorriso cúmplice.

Charlie desceu correndo as escadas com dois presentes.

Um era a caixa de cookies que tinha feito. O outro era um perfume importado.

— Mamãe, mamãe! Olha o que eu consegui com o dente-de-leão?

Angeles olhou para sua filha e depois para Jake que sorria com a cena. Ela não pôde deixar de sorrir também.

— Pois é, minha filha, quem diria que dentes-de-leão realizam tantos desejos assim.