Winthrop

Narração em 1ª pessoa

Brynhild – 15 anos

Estou procurando o Kris tem quase meia hora e não consigo achar ele de modo algum. Já estou começando a ficar com raiva desse idiota por sempre sumir assim, eu sei que ele gosta de ficar sozinho às vezes, mas eu não gosto de ter que procurar ele quando ele some. Ainda me pergunto como eu me tornei amiga de uma pessoa dessas.

Enquanto estou andando pra lá e pra cá dentro do castelo, fico pensando nele e acabo sorrindo pro nada. Eu estava meio em transe, até escutar o Katlego me chamar.

— Hey princesinha, vem aqui, por favor - ele deu um sorriso estranho e começou a andar em minha direção saindo de seu quarto.

Não sei se devo ir ou dar uma desculpa e continuar procurando o Kris. Eu realmente quero ele agora, e não ter que dar o fora no Katlego de novo.

Um ano depois que o Rei morreu, seu segundo filho Hupert, sua esposa e os quatros filhos saíram de Winthrop. Há aproximadamente meio ano Katlego, Arseniy e Yrakle voltaram, mas Bannamir preferiu ficar em Brandr. Pelo que eu ouvi falar, ele não quis voltar por causa do irmão.

Apesar de serem irmãos gêmeos, eles não eram nada parecidos, e Katlego acabou se tornando muito popular com as garotas. Por causa de uma briga boba entre os dois irmãos, Katlego acabou “forçando” a prometida de Bannamir a dormir com ele. Na noite em que isso aconteceu , Hupert tinha saído com o filho que nascera primeiro, para resolver coisas políticas em uma cidade vizinha. E para a infelicidade de Katlego, Bannamir chegou mais cedo, quando entrou no quarto viu sua prometida dormindo nua na cama com o irmão.

Em um ataque de fúria, o mais velho acabou batendo muito no gêmeo, e não voltou a falar com ele. Também foi desfeita a promessa de casamento com a jovem, e o clima estava muito ruim. Por causa disso, Katlego pediu ao pai para voltar à Winthrop, já que visto a personalidade do irmão, o perdão era quase impossível. Suas irmãs também pediram para voltar, já que desde o início nunca gostaram de Brandr.

Desde que chegaram Katlego tenta me levar pra cama, e eu sempre tenho que recusá-lo. Metade das jovens da vila já deve ter visitado o castelo pra conhecer o quarto do príncipe, e ainda sim, ele não desiste de me importunar.

— Katlego, sabe me dizer onde o Kris está? – eu não queria ter que conversar com ele, mas já estou cansada de andar por todos os lados sem nem ter ideia de onde encontrar meu amigo.

— Não sei onde ele está meu amorzinho... Mas pode vim aqui, eu posso te satisfazer melhor que ele. Tenho certeza disso. - O que está acontecendo? Foi muito rápido.

Eu estou paralisada, o que aconteceu agora? Um segundo atrás ele estava na minha frente e agora ele está me pressionando contra a parede, segurando meus dois braços e os apertando acima da minha cabeça. Como isso aconteceu? Eu estou muito fraca! E o meu braço, como dói!

Não sei como reagir, mil coisas passam em minha mente enquanto ele se aproxima mais e me dá um beijo, muito próximo da minha boca. Tento puxar um pouco minha mão, mas ele aperta mais. Como dói... Parece que uma adaga está me cortando. O que eu posso fazer? Não estou com forças para agir. Chorar? Não! Eu nunca vou chorar na frente de alguém que não seja o Krist. Alguém me ajuda, meus olhos já estão ardendo. KRIST, me ajuda.

— Katlego, tira a mão dela – não acredito. Kris, você realmente veio.

— Ah, que isso meu querido primo Kristopher, não fique assim – NÃO! Para, por favor, não me aperte mais, está doendo – Ela não é sua. Não tem direito algum de me pedir para soltá-la, já que nossa querida Bryn pode fazer o que quer. – Kris, me ajuda, eu não quero, não quero nada com ele.

— Você está certo, será que eu devo me virar e ir correndo para o meu quarto ó bravo Katlego?

— Boa ideia! Agora, podemos continuar de onde estávamos? – ele me olhou e meus olhos já estavam quase marejados, mas ele se virou de novo, assim que Kristopher voltou a falar, e ele me apertou mais ainda, eu já não conseguia mais prestar atenção em nada que eles falavam.

Depois que o braço de Katlego foi segurado a pressão que ele colocava no meu pulso diminuiu, e então ele soltou um dos meus braços, provavelmente para fazer meu Kris soltá-lo. Eles continuavam conversando, por mais que eu não conseguisse entender nada, e minha vista já começava a ficar embaçada.

Eu olhei diretamente para os olhos negros do Kristopher e me assegurei nisso. Ele não me olhava, pois nesse momento ele tinha os olhos fixos nos olhos do outro garoto. Depois de dizer alguma coisa, Katlego soltou meu outro braço e então Krist olhou no fundo dos meus olhos ternamente e depois desceu seu olhar para o meu pulso.

Nesse momento eu tive até mesmo um pouco de medo dele. Seus olhos, ficaram vermelhos de raiva e ele voltou a falar algo para o jovem de cabelos negros. Minha visão estava mais embaçada ainda, e agora era por lágrimas. Segurei o meu pulso direito com a mão esquerda e tentei ficar em pé, mas eu já estava sem forças. Escorreguei pela parede e me sentei no chão, soltei um pouco meu pulso e com as unhas apertei minha perna para ver se a dor em outro lugar ajudava a diminuir a dor do pulso. Não adiantou.

Voltei a colocar minha mão no pulso e olhei para Krist. Seus olhos ainda me pareciam ter uma cor vermelha, como o fogo, um vermelho vivo. Minha mente estava uma bagunça, mas isso deve ser só impressão minha, é impossível não é? Não pode ser verdade. Não pode ser ele mesmo, se for, o que eu vou fazer de agora em diante.

Eu estava perdida no meus pensamentos, quando percebi que ele estava se ajoelhando na minha frente. Olhei pro lado e vi Katlego virando o corredor, não tinha percebido que tudo tinha acabado. Voltei a olhar àquele que estava na minha frente, seus olhos, ainda tinha um resquício de vermelho... Não pode ser ele. Realmente não pode. Eu não quero. Por favor, não seja você!

Senti seu toque e sai do transe, voltei a sentir toda aquela dor. Fechei os olhos, o que eu devo fazer? Uma lagrima desceu.

— Seu braço machucado, certo? – confirmei – O que ele fez?

Eu tenho que explicar não é verdade? Eu estava tão confusa, não me lembrava direito como tudo começou, mas eu sabia que estava procurando por ele. Por quê? Por que mesmo eu te procurava Krist? O que aconteceu?

Tentei organizar os acontecimentos, mas eu não posso contar isso. Não posso falar. Não posso falar que é ele. Se eu falar, vou perde-lo. Comecei explicar o que aconteceu, mesmo não entendendo muito bem. No final olhei em seus olhos e eles já não tinham mais nenhum resquício de vermelho. Agora eles pareciam ter a cor roxa.... Não pode ser ele!!

— Desculpa Bryn.... – o que? Por que você está me pedindo desculpa?

Ele segurou meu braço direito e colocou a outra mão na minha cintura e me puxou. Quando fiquei em pé, senti sua mão em meu rosto e não consegui desvia meus olhos do dele, estavam tão lindos, e então ele me abraçou forte.

— Me desculpe de verdade. Eu não estou conseguindo te proteger Bryn. – ele me soltou. Ainda estou em transe, e quando ele me olhou novamente eu comecei entender que realmente era ele. Seus lábios tocaram minha testa em um gesto singelo e com muito dor na voz, ele me disse – Me desculpe, e não desista de mim, eu te imploro.

Kristopher Millard eu que tenho que me desculpar com você. Minhas sinceras desculpas, eu nunca deveria ter te amado. Será que foi realmente um erro tão grande querer te encontrar? Ah, não sei dizer, mas quando eu ia embora, você não deixou não é mesmo? Será que devo me despedir agora? Ou ainda posso esperar? Já estou fraca... Muito fraca... Mas eu ainda quero ficar com você, de verdade.

— Kris, eu nunca vou desistir de você, nunca – será que essa vai ser a última vez que vou sentir seu abraço? Me desculpe, é inevitável, mas eu já estou chorando – Te amo Kris! Você é o melhor amigo que eu já pude ter em toda minha vida. – ele tinha me levantado, ah, como eu amo quando ele faz isso. Eu realmente te amo e realmente te peço desculpa... Espero que eu possa te encontrar novamente.

— Eu também te amo Bryn. Nunca vou te deixar! – Não diga isso Krist... Me faz tão feliz te ouvir dizer que me ama. Me faz tão feliz ouvir de você que nunca vai me deixar. Me faz tão culpada te ouvir dizer que me ama. Me faz tão culpada ouvir de você que nunca vai me deixar.

Desculpa... Será que algum dia, você me perdoa?