Acordei e olhei o relógio digital na mesinha. 03:24h. Um pesadelo sem sentido e assustador me fez saltar da cama àquele horário. Dizem que quando sonhamos com alguém é porque pensamos muito nela, mas eu realmente não acredito nesse tipo de coisa. Porém, nesse caso, até poderia ser verdade. Com minha mãe no hospital era difícil pensar em outra coisa, principalmente nos estudos. Sentei na cama e tateei o abajur em cima do mesinha. Acendi aquela luz fraca e levantei. Ao sentir o chão frio em contato com meus pés, estremeci. Me lembrava gelo. Maldito gelo. Calcei um par de chinelos e caminhei até a cozinha. A casa não era tão grande, até porque eu morava sozinha, portanto era mais um loft... Abri a geladeira e peguei uma cerveja. Antes de tudo eu evitava beber, podia até mesmo dizer que eu não bebia, mas os últimos acontecimentos haviam me deixado meio que em depressão, e a única coisa que me fazia esquecer de tudo era a bebida. Infelizmente. Caminhei até a sala parecendo uma morta-viva com uma garrafa de cerveja na mão, abri a cortina e olhei lá fora. As nuvens densas davam uma sensação ruim, de que desabariam sobre a cidade a qualquer momento, sei lá. Sentei em minha poltrona preferida, tomei um gole da cerveja e suspirei. Olhei em volta e minha mente foi bombardeada com tudo o que houve nos últimos dois meses. Era isso mesmo pra estar acontecendo?, pensei. Joguei a garrafa na parede com força, e ela se espatifou em mil pedaços. Levei as mãos até o rosto e comecei a chorar, sozinha, naquela madrugada fria de agosto.